Crise hídrica

28/06/2022 10:00h

Solução estaria em aumentar investimentos em saneamento básico e no uso de fontes alternativas, como o reúso de água

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Em Santa Catarina, os extremos climáticos, somados ao pouco investimento em infraestrutura, ocasionam falta de água e ameaçam tanto o abastecimento à população quanto ao setor produtivo. Depois da crise hídrica no fim de 2021, alertas de estiagem e seca preocuparam produtores em fevereiro, segundo o mapa do Monitor de Secas, produzido pelo governo do estado, com seca grave no leste de Santa Catarina e de seca extrema no oeste. Já entre maio e junho deste ano, ainda de acordo com informações do governo do estado, a grande quantidade de chuvas prejudicou o abastecimento de água em várias regiões.  

De acordo com o Painel Hidrológico de Santa Catarina, da Secretaria Executiva do Meio Ambiente (Sema), integrada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE), as situações mais graves de abastecimento de água hoje são Chapadão do Lageado e São João Batista, que se encontram em situação de emergência. Já a Barragem Taió Montante, que atende ao município de Taió, se encontra em situação de alerta.

O deputado federal Celso Maldaner (MDB-SC) ressalta que em Santa Catarina, dos sete milhões de habitantes, aproximadamente cinco milhões ainda não têm saneamento básico e mais de 800 mil não têm acesso à água potável, o que é “uma vergonha para o estado”. O parlamentar alerta que é necessária uma melhor gestão tanto dos investimentos no setor quanto do recurso em si.

“Se gastou mais em 2021 em marketing e propaganda do que em saneamento básico. Isso é muito ruim para Santa Catarina. Recentemente enfrentamos uma crise muito grave provocada pela estiagem em nossa região. Os prejuízos atingiram produtores rurais, empresas e casas. Muitos municípios não tinham água nas torneiras para beber. Acredito que com o marco do saneamento básico vamos resolver uma parte dos problemas, mas é preciso ir além, com aumento de reservatórios e melhor gestão do uso da água”, aponta Maldaner.

O deputado lembra que o montante investido no setor por meio do marco do saneamento não só vai ajudar a afastar o risco de futuras crises hídricas, como também vai garantir a saúde da população, o que poupa recursos que podem ser reinvestidos justamente em melhorias no setor. “Investir em esgoto é investir em saúde. A cada R$ 1 investido em saneamento, economizamos R$ 4 em saúde e evitamos graves doenças”, destaca.

Saneamento no Brasil

O Brasil tem 12% da reserva mundial de água doce, mas a distribuição é desigual, falta infraestrutura e os desafios impostos pela mudança climática, pelo desperdício e pela má gestão do recurso causaram crises hídricas graves nos dois últimos anos. Os dados são da Associação Latino-Americana de Dessalinização e Reúso de Água (Aladyr) e ligaram o alerta para a necessidade de uma visão mais integrada do uso da água no país, bem como o uso de fontes alternativas para que o Brasil alcance a segurança hídrica, essencial para a população, os animais e para a geração de emprego e renda.

Eduardo Pedroza, representante brasileiro da Associação Latino-Americana de Dessalinização e Reúso de Água (Aladyr), explica que o Brasil começou a encaminhar a busca pela segurança hídrica com o novo marco do saneamento, com investimentos que devem levar água e esgotamento sanitário à maioria da população até 2033. Mas que é preciso, ainda, um trabalho integrado da sociedade civil, iniciativa privada e governo, em diversas áreas, para garantir a disponibilidade de água em qualidade e quantidade suficientes.

“Para construir a segurança hídrica, o Brasil precisa, primeiro, universalizar o saneamento, qualificar a estrutura de saneamento, para reduzir as perdas de água que ainda são altas, investir na interligação de bacias hidrográficas e é fundamental incentivar o uso de fontes alternativas, como o reúso da água e a dessalinização”, enumera Pedroza.

Desde 2019, com a publicação do Plano Nacional de Segurança Hídrica, a Agência Nacional de Águas (ANA) alerta para a necessidade de investimentos em infraestrutura hídrica estratégica para o país, além de estímulo ao uso de fontes alternativas. As estimativas são de que, se os investimentos não forem feitos, cerca de 70 milhões de brasileiros estarão em situação de risco hídrico em 2035. A indústria e a agropecuária, bem como a renda e os empregos que os setores geram, também devem sofrer com isso: as perdas econômicas podem ultrapassar os R$ 518 bilhões.

Ainda segundo o Plano Nacional de Recursos Hídricos, para evitar futuras crises, o Brasil precisa de ações de revitalização de bacias, uso de soluções baseadas na natureza e estímulo ao reúso da água nos próximos 18 anos.

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Água de reúso

Dentre as fontes alternativas, o reúso de água está entre as mais baratas e viáveis para ajudar o Brasil a se prevenir contra a escassez, mesmo em momentos climáticos mais complicados. A técnica consiste na própria existência do ciclo natural da água, que é usada, descartada e retornada a nós por meio da chuva. No caso do reúso, empresas especializadas usam o efluente de companhias de esgoto e indústrias, ou seja, aquilo que é descartado, fazem o tratamento deste volume e disponibilizam a água limpa para ser reutilizada nos mais diversos fins.

O próprio reúso ajuda tanto o saneamento básico quanto a segurança hídrica, uma vez que parte do esgoto que seria descartado em um rio acaba passando por novo tratamento e é utilizado por uma indústria, por exemplo. Segundo a Aladyr, quase 80% das águas residuais do mundo são despejadas na natureza sem nenhum tratamento. Com o reúso, é possível reduzir a poluição nos cursos d’água, promover a longo prazo uma fonte confiável de abastecimento de água e gerenciar a demanda do recurso nos períodos de seca.

De acordo com estudo divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil tem potencial para aumentar em quase 13 vezes a capacidade instalada para produzir água de reúso. Atualmente, o país produz pouco mais de um metro cúbico por segundo. Para isso, seriam necessários investimentos de R$ 1,89 bilhão em infraestruturas de reúso de água, que trariam um incremento na economia de quase R$ 5,9 bilhões.

Ainda segundo o estudo, o Brasil precisa investir R$ 593,3 bilhões nos próximos 12 anos para universalizar os serviços de saneamento básico, sendo que R$ 42,7 bilhões devem ser direcionados para a redução do índice de perdas de água para níveis satisfatórios. Atualmente, as concessionárias desperdiçam pelos canos cerca de 40% da água captada.
 

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17/05/2022 03:06h

O aumento médio do consumo mundial de água nos próximos anos deve ser de 50%. Universalização dos serviços de saneamento deve levar água potável a 99% dos brasileiros

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O aumento médio do consumo mundial de água nos próximos anos deve ser de 50%. E países como o Brasil devem ter aumento em torno de 80%. A tendência de aumento do consumo até 2050 se deve tanto ao crescimento da população como à maior demanda provocada pela universalização do saneamento. É o que aponta o gerente da TNC Brasil, organização não governamental que promove a preservação da água, Samuel Barreto.

“O ponto é que em muitas localidades essa água não vai estar disponível, porque além de se usar além da capacidade de reposição, nós estamos também degradando esses ambientes. Desmatando, poluindo, e aí começa a haver as questões de conflito por escassez”, alerta Barreto.

Segundo o especialista, mais da metade da população brasileira não tem acesso à coleta e tratamento de esgoto, mas terá nos próximos dez anos, com os investimentos previstos no setor, e isso vai gerar um círculo virtuoso: com menos esgoto sendo despejado nos rios, o Brasil conseguirá despoluir mais cursos d’água e, consequentemente, haverá mais do recurso para atender ao aumento da demanda por água potável. Ele destaca a importância do novo marco legal do saneamento nesse processo.

“É preciso avançar com a implementação desse marco legal, porque vai ser uma transformação muito importante do ponto de vista da recuperação dos rios. Porque quando a gente fala de poluição de água, um relatório da ANA (Agência Nacional de Águas) mostra que nós temos algo em torno de 116 mil quilômetros de rios com algum comprometimento. Isso é quase um terço do caminho entre a Terra e a Lua. É o que temos de rios com algum tipo de poluição no Brasil. Investir no saneamento e no acesso à água é fundamental”, destaca o gerente de águas da TNC.

O novo marco legal do saneamento estabelece que 99% dos brasileiros devem ter acesso à água potável até 2033 – hoje, mais de 35 milhões não têm isso. Segundo dados da Agência Nacional de Águas, o atual consumo para abastecimento urbano de água é de 482 mil litros por segundo, algo em torno de 29 milhões de litros por minuto. A previsão é de que esse consumo aumente para 537 mil litros por segundo até 2040. Isso sem contar o aumento da demanda para o setor produtivo e a agropecuária. Atualmente, a irrigação consome 964 mil litros de água por segundo, mas esse número pode saltar para quase 1,8 milhão de litros nos próximos 18 anos.

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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) destaca que o Brasil tem muita disponibilidade de água, mas sofre com escassez hídrica por causa do pouco investimento em infraestrutura, principalmente de saneamento.

“A gente não pode ignorar que o baixo investimento em infraestrutura é tão responsável pela crise quanto quaisquer outros agentes. O Brasil tem um índice pluviométrico intenso e a gente é a maior reserva hidrológica do mundo. Se existe crise hídrica, isso se dá por sucessivos governos que deixaram de cuidar desse item tão caro à vida das pessoas. E você pode ter certeza, o maior problema é o saneamento básico”, aponta a parlamentar.

O novo marco do saneamento, sancionado em 2020, e o Plano Nacional de Segurança Hídrica, publicado em 2019, preveem investimentos superiores a R$ 500 bilhões em infraestrutura nos próximos 11 anos para garantir a universalização dos serviços de saneamento básico e a conquista da segurança hídrica. Segundo o setor de Planejamento de Recursos Hídricos da Agência Nacional de Águas, caso os investimentos não sejam feitos, estima-se que o Brasil vai chegar a 2035 com mais de 70 milhões de pessoas em situação de risco hídrico, além de acumular perdas econômicas da ordem de R$ 518 bilhões para a indústria e o setor agropecuário.
 

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12/05/2022 14:45h

Polo petroquímico localizado em São Paulo transforma esgoto em água industrial

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O Aquapolo é a maior estação de reúso de água da América do Sul e uma das maiores do mundo. Ele fornece água de reúso para o Polo Petroquímico de Capuava e indústrias da região do ABC Paulista. O projeto sustentável tem capacidade de produzir até mil litros de água de reúso por segundo, utilizando vários métodos para tratar parte do efluente descartado pela Estação de Tratamento de Esgoto ABC da Sabesp, e que seria destinado ao Córrego dos Meninos. Esse volume equivale ao do abastecimento de uma cidade de 500 mil habitantes.

O gerente da TNC Brasil, organização não governamental que promove a preservação da água, Samuel Barreto, explica que o Brasil precisa de mais investimentos em infraestrutura de saneamento e, ao mesmo tempo, não pode esquecer de nenhuma boa medida na busca pela segurança hídrica, como o reúso de água. Ele explica que a prática evita que um esgoto tratado de forma secundária seja descartado em um rio, reciclando essa água, ao mesmo tempo em que atende ao setor produtivo e alivia a pressão da demanda pelo abastecimento humano.

“Ao utilizar essa água, imagina a quantidade de água necessária para esse polo petroquímico, então, você está tirando esse volume, essa demanda, para levar ao abastecimento das pessoas. Você acaba podendo ter uma maior disponibilidade e diversificação das fontes. Sem dúvida nenhuma é importante considerar também essa alternativa do reúso, que precisa ganhar escala não só no estado de São Paulo, mas em outras regiões do Brasil”, explica Barreto.

Alguns países, como Cingapura, utilizam a água de reúso para consumo humano, mas, na maioria dos casos, a prática entrega água tratada para fins menos nobres, como a chamada água industrial, utilizada em torres de resfriamento e caldeiras. No Aquapolo de São Paulo, mais de 20 quilômetros de adutoras passam pelos municípios de São Caetano do Sul, Santo André e Mauá, abastecendo os clientes do polo.

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Desperdício

Um dos passos mais importantes do Brasil rumo à segurança hídrica foi o novo Marco Legal do Saneamento, que promete universalizar os serviços de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto à maioria da população brasileira até 2033. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), publicados em 2021, mais de 35 milhões de brasileiros não têm acesso a água potável e cerca de metade da população não conta com esgotamento sanitário.

Um dos problemas mais sérios é a falta de qualidade da infraestrutura atualmente instalada, que permite, por exemplo, o desperdício de 40% da água coletada, água que simplesmente se perde nos canos. Sancionado em 2020, o novo marco estabeleceu metas de eficiência e prevê investimentos superiores a R$ 590 bilhões nos próximos 12 anos para universalizar os serviços de saneamento. Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mais de R$ 42 bilhões desse montante devem ser investidos apenas para reduzir o índice de perdas de água.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) destacou que o Brasil precisa administrar melhor o recurso e parte dessa boa administração depende dos governos estaduais e municipais.

"Não há dúvida de que a gente precisa usar água de modo mais eficiente, mas, ao mesmo tempo, é importante destacar que as soluções mais eficientes do ponto de vista legislativo passam pelos estados e municípios", destaca Zambelli.

Após o Marco do Saneamento, o Congresso Nacional continua discutindo várias alternativas para assegurar o abastecimento de água e um deles, o Projeto de Lei 10108, de 2018, trata da regulamentação da atividade de reúso. A ideia do projeto, que ainda passa por comissões na Câmara dos Deputados, é apontar fontes alternativas para o abastecimento de água, tais como reúso, água de chuva e águas residuais.
 

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24/09/2021 00:15h

O projeto de lei 414/2021 foi aprovado no Senado Federal no início de 2021 e, atualmente, está em debate na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados

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Pelo menos 62 municípios de Minas Gerais registraram um apagão no último fim de semana e, segundo o deputado federal Domingos Sávio PSDB-MG), o problema pode estar relacionado à falta de investimento no setor elétrico. “Esse setor tem uma interface com a vida de todos os brasileiros, mas, infelizmente, o crescimento econômico do País tem sido pequeno nos últimos anos, e isso pode ter contribuído para o apagão”, disse.

O contratempo foi notado na Zona da Mata após uma falha na Subestação de Rocha Leão, da hidrelétrica de Furnas, situada em Rio das Ostras, Rio de Janeiro. A situação ocorreu ao passo em que os parlamentares, no Congresso Nacional, discutem o projeto de lei 414/2021. A medida estabelece o Novo Marco Regulatório do Setor Elétrico.

Segundo Domingos Sávio, a aprovação do PL pode representar um avanço na área, com a melhoria de serviços de distribuição de energia elétrica.

“Há muito tempo o setor elétrico não tem os investimentos necessários. Reservatórios como o de Furnas, por exemplo, estão na sua cota mínima e isso gera prejuízos e sofrimento para milhares de pessoas que dependem da água. Não podemos ficar dependentes, quase que na totalidade, da matriz hídrica e de combustíveis fósseis. Hoje, ainda temos fragilidades na legislação”, pontua.

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Dados do Operador Nacional do Sistema (ONS) revelam que o nível dos reservatórios no Sudeste está em torno de 18,38% da capacidade. Para o economista da FGV IBRE, André Braz, o quadro exige a tomada de providências alternativas.

“A geração de energia hidrelétrica é mais barata, mas quando o nível dos reservatórios fica muito baixo, não é possível gerar a quantidade de energia que a economia demanda. Por essa razão, os custos de geração de energia, pela necessidade de acionamento e de outras fontes mais caras de energia, acabam provocando esse encarecimento nas contas de luz”, destaca.

Alternativas

Pelos termos da proposta, haverá mudança no acesso ao Mercado Livre, no formato dos leilões de energia, na tarifação do consumidor na Baixa Tensão, e nos descontos para fontes incentivadas, na separação entre lastro e energia. 

Segundo o deputado Domingos Sávio, a ampliação do mercado livre trará maior competitividade ao setor elétrico, estimulando a concorrência e melhorando o atendimento comercial dos consumidores. O parlamentar afirma, ainda, que a população poderá comprar energia elétrica mais barata.

“Se você tem mais oferta, você tem como consequência uma maior competição no mercado. Eu imagino que no futuro precisamos pensar no consumidor doméstico. Além disso, é importante dizer que, quem produz energia, também deve ter responsabilidade ambiental”, destaca.

O projeto de lei 414/2021 foi aprovado no Senado Federal no início de 2021 e, atualmente, está em discussão na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. O deputado Paulo Ganime (NOVO/ RJ) solicitou audiência pública na próxima terça-feira, dia 28, com Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e associações do setor energético.
 

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24/09/2021 00:05h

Pelos termos da proposta, haverá mudança no acesso ao Mercado Livre, no formato dos leilões de energia, na tarifação do consumidor na Baixa Tensão, e nos descontos para fontes incentivadas

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Os reservatórios de água que abastecem o Rio de Janeiro operam com apenas 24% da capacidade e, como o quadro pode acarretar falta de geração de energia elétrica, o deputado federal Paulo Ganime (NOVO-RJ) entende que a situação é um sinal de que o parlamento precisa aprovar o PL 414/2021. A medida trata do Novo Marco Legal do Setor Elétrico.

“O novo marco seria uma solução para evitar que novas crises, como essa, acontecessem. Se a gente não fizer isso agora, vamos ficar sempre à mercê das condições climáticas e das hidrelétricas. A gente precisa antecipar e aprovar o PL 414/2021 o quanto antes”, defende o congressista.

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Em setembro do ano passado, o volume dos reservatórios chegava a 32%. O menor índice registrado foi em janeiro de 2015, quando os reservatórios da Bacia do Paraíba do Sul atingiram 2,23%. A informação consta no último levantamento divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA).

“Se tivéssemos esse Novo Marco Regulatório Vigente, hoje, com certeza estaríamos em outro momento. Isso porque ele traria mais liberdade para o setor, com maior concorrência, mais fontes alternativas de energia, maior participação do cliente, do usuário, da população, com mais responsabilidade também”, considera Ganime.

Alternativas

Pelos termos da proposta, haverá mudança no acesso ao Mercado Livre, no formato dos leilões de energia, na tarifação do consumidor na Baixa Tensão, e nos descontos para fontes incentivadas, na separação entre lastro e energia. 

Na avaliação do economista da FGV IBRE, André Braz, o Brasil precisa evoluir e investir mais em outras fontes de energia, o que também garantiria maiores economias aos consumidores.

“A geração de energia hidrelétrica é mais barata, mas quando o nível dos reservatórios fica muito baixo, não é possível gerar a quantidade de energia que a economia demanda. Por essa razão, os custos de geração de energia, pela necessidade de acionamento e de outras fontes mais caras de energia, acabam provocando esse encarecimento nas contas de luz”, destaca.

O projeto de lei 414/2021 foi aprovado no Senado Federal no início de 2021 e, O PL 414/2021 foi aprovado no Senado no início do ano e, atualmente, está em discussão na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. Paulo Ganime solicitou audiência pública na próxima terça-feira, dia 28, com Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e associações do setor energético.
 

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21/09/2021 15:30h

De acordo com informações do Operador Nacional do Sistema (ONS) no início da semana, o nível dos reservatórios no Sudeste estava em 18,38%

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A falta de chuvas em algumas áreas estratégicas do Sudeste brasileiro provoca queda no nível dos reservatórios que abastecem a população dos estados da região. De acordo com informações do Operador Nacional do Sistema (ONS) no início da semana, o nível dos reservatórios estava em 18,38%. E diante da atual crise, parlamentares no Congresso Nacional voltam a dar ênfase no PL 414/2021, que trata do Marco Regulatório do Setor Elétrico.

O quadro se torna preocupante, pois, com a redução do volume de água nos mananciais, a tendência é de aumento do valor da conta de luz. É o que explica o economista da FGV IBRE, André Braz.

“A geração de energia hidrelétrica é mais barata, mas quando o nível dos reservatórios fica muito baixo, não é possível gerar a quantidade de energia que a economia demanda. Por essa razão, os custos de geração de energia, pela necessidade de acionamento e de outras fontes mais caras de energia, acabam provocando esse encarecimento nas contas de luz”, destaca.

Primavera chega nesta semana. O que isso pode significar para a crise hídrica no Brasil?

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Essa preocupação gerou alerta entre parlamentares, que defendem a aprovação do Novo Marco Regulatório do Setor Elétrico, previsto no PL 414/2021. O deputado federal Ted Conti (PSB-ES) é um deles. Segundo o congressista, a medida possibilitará ao consumidor alternativas de serviços que deixam a conta de energia mais barata.

“O fato de o consumidor poder escolher o gerador ou comercializador junto ao qual comprará sua energia elétrica, tende a reduzir o preço dos serviços. Para evitar que o consumidor seja enganado em relação aos preços, o PL prevê que nas faturas das distribuidoras seja informado, de forma separada, o valor da energia elétrica fornecida, bem como o valor do transporte, de forma a garantir transparência”, pontua.

Alternativas

Pelos termos da proposta, haverá mudança no acesso ao Mercado Livre, no formato dos leilões de energia, na tarifação do consumidor na Baixa Tensão, e nos descontos para fontes incentivadas, na separação entre lastro e energia. 

Segundo Ted, a ampliação do mercado livre trará maior competitividade ao setor elétrico, estimulando a concorrência e melhorando o atendimento comercial dos consumidores.  O parlamentar destaca, ainda, que os consumidores poderão comprar energia elétrica de acordo com a necessidade de cada um.

“Um consumidor pode aceitar pagar mais caro pela energia durante a noite, se o gerador ou comercializador aceitar um preço menor durante o dia, de forma que seu gasto total seja reduzido. Então, o consumidor terá ciência se o preço que um gerador ou comercializador está lhe oferecendo é maior ou menor do que o preço da energia elétrica vendida pela distribuidora”, explica.

O projeto de lei 414/2021 foi aprovado no Senado Federal no início de 2021 e, atualmente, aguarda deliberação do presidente da Câmara dos Deputados.
 

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19/09/2021 16:20h

Estação se inicia na próxima quarta-feira (22). Meteorologista indica previsões climáticas para o trimestre

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Na próxima quarta-feira (22), a primavera se inicia e marca um novo trimestre climático no Brasil. A estação significa o retorno das chuvas regulares pelo País e, apesar de ter seu início ainda neste mês, a primavera começa a apresentar maiores resultados apenas a partir de outubro.

As estimativas são da meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Andrea Ramos. Segundo ela, as previsões climáticas de setembro ainda são um conjunto da estação anterior, o inverno, com a primavera, e por isso só é possível prever maiores níveis de chuva no próximo mês.

Com exceção da Região Nordeste, pode-se esperar níveis de chuva espalhados por todas as regiões no início da estação, principalmente em uma faixa que se estende desde o oeste do Amazonas e Acre até a Região Sudeste do País, passando pelo Centro-Oeste. Apenas no mês de dezembro que os níveis se intensificam e também atingem o Nordeste brasileiro.

Crise hídrica

Em relação às regiões com baixos níveis de reservatórios, a meteorologista Andrea Ramos destaca que algumas delas ainda podem receber acumulados de chuva abaixo do esperado. Porém, ela explica que este cenário já é estabelecido por anos:

“Nessas bacias, nós estamos há pelo menos quatro anos com chuva abaixo da média, por isso que estamos nessa questão de crise hídrica. A questão maior é que foram anos com chuva abaixo da média e você vai acumulando, ao longo dos anos, esse déficit.”

Segundo acompanhamento da Agência Nacional de Águas (ANA), a seca ficou mais forte em 15 estados de junho para julho deste ano: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

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08/09/2021 03:00h

A nova bandeira escassez hídrica, criada essa semana, reajustou o preço da energia de R$ 9,4 por 100 kwh (quilowatt-hora) para R$ 14,2 kwh

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A Aneel criou uma nova faixa de cobrança na conta de luz, a bandeira “escassez hídrica”, com valores mais altos do que já eram praticados na bandeira vermelha 2, que era a mais alta do sistema e estava em vigor. Essa nova taxa reajustou o preço em 50%, passando de R$ 9,4 por 100 kwh (quilowatt-hora) para R$ 14,2 kwh. De acordo com a Aneel, a bandeira “escassez hídrica” valerá até abril de 2022 e o reajuste médio aos consumidores paulistas deve ser de 6,78%. 

Em São Paulo, os valores cobrados nas contas de energia elétrica sem o acréscimo das bandeiras tarifárias variam entre R$ 0,53 e R$ 0,71 por kwh (quilowatt-hora) consumidos. 

Além de “mordida” mais forte no bolso do consumidor, a nova taxa de energia elétrica vai impactar na meta inflacionária para 2021, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que tinha estimativa de variar entre 3,75% e 5,25% no início do ano. No entanto, o Banco Central já vislumbra uma taxa de inflação de 7,11% ao final do período. Em julho, antes dos novos reajustes na energia elétrica, o IPCA acumulava quase 9%, em 12 meses, e a tendência é que esse número continue em alta. 

Nos estados da região Sudeste do País, a tarifa média cobrada na energia elétrica, sem a bandeira escassez hídrica, é de R$ 0,61 por kwh consumido. 

Arte: Brasil 61

“Remédio” 

A principal medida usada para frear a alta da inflação é o controle da taxa básica de juros da economia, a Selic, realizado pelo Banco Central. A dinâmica é simples: quando os preços ao consumidor disparam, o BC aumenta a taxa de juros e o dinheiro e o crédito ficam mais caros, a procura por produtos e serviços diminui e, por consequência, força a queda dos valores no comércio. Entretanto, essa “receita” é indicada quando a inflação dispara por forte consumo, ou seja, diferente da realidade atual. 

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“Quando você dá um ‘remédio’, que seria o aumento da taxa de juros, para uma inflação que não tem origem no consumo, ela tem origem na oferta, você gera desaquecimento da economia. O crédito e os produtos ficam mais caros e você desestimula da economia”, explica Luiz Carlos Ongaratto, especialista em Economia e Administração. 

No entanto, o “remédio” tem contraindicações perversas sobre a produção industrial e na capacidade do setor produtivo realizar investimentos, já que a Selic também influencia nos valores dos créditos, desvaloriza a moeda brasileira e contribui para a falta de insumos e matérias-primas nas indústrias. O combo da política de contenção da inflação desestimula a atividade econômica. 

“É um resultado danoso porque o aumento de juros aumenta as dívidas federal, dos estados e municípios. Os investimentos vão diminuir porque os juros vão tornar os financiamentos mais caros. Então, é um erro essa decisão”, ressaltou Carlos Zarattini, deputado federal – PT/SP. 

Este ano, a Selic teve quatro reajustes e já acumula alta de 3,25% a.a., saindo de 2% a.a., em janeiro, para 5,25% a.a., em agosto. O BC manteve o reajuste em 0,75% nos três primeiros movimentos do ano, em março, maio e junho, mas elevou a taxa em 1%, este mês. 

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06/09/2021 03:00h

A nova bandeira reajustou o preço da energia de R$ 9,4 por 100 kwh (quilowatt-hora) para R$ 14,2 kwh

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A meta inflacionária para 2021, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tinha estimativa de variar entre 3,75% e 5,25% no início do ano. No entanto, o Banco Central já vislumbra uma taxa de inflação de 7,11% ao final do período. Em julho, por exemplo, o IPCA já acumulava quase 9% em 12 meses e a tendência é que esse número continue em alta, já que os valores cobrados da energia elétrica subiram na última semana. 

A Aneel criou uma faixa de cobrança na conta de luz, a bandeira “escassez hídrica”, com valores mais altos em comparação aos praticados na bandeira vermelha 2. A nova cobrança na tarifa de energia elétrica reajustou o preço em 50%, passando de R$ 9,4 por 100 kwh (quilowatt-hora) para R$ 14,2 kwh. De acordo com a Aneel, a nova bandeira valerá até abril de 2022 e o reajuste médio aos consumidores deve ser de 6,78%. 

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Nos estados da região Nordeste do país, por exemplo, a tarifa média cobrada na energia elétrica, sem a bandeira de escassez hídrica, é de R$ 0,60 por kwh consumido. Na Bahia, a tarifa convencional cobrada é de R$ 0,62 por kwh. 

“Remédio”

A principal medida usada para frear a alta da inflação é o controle da taxa básica de juros da economia, a Selic, realizado pelo Banco Central. A dinâmica é simples: quando os preços ao consumidor disparam, o BC aumenta a taxa de juros e o dinheiro e o crédito ficam mais caros, a procura por produtos e serviços diminui e, por consequência, força a queda dos valores no comércio. Entretanto, essa “receita” é indicada quando a inflação dispara por forte consumo, ou seja, diferente da realidade atual. 

“Quando você dá um ‘remédio’, que seria o aumento da taxa de juros, para uma inflação que não tem origem no consumo, ela tem origem na oferta, você gera desaquecimento da economia. O crédito e os produtos ficam mais caros e você desestimula da economia”, explica Luiz Carlos Ongaratto, especialista em Economia e Administração.

No entanto, o “remédio” tem contraindicações perversas sobre a produção industrial e na capacidade de o setor produtivo realizar investimentos, já que a Selic também influencia nos valores dos créditos, desvaloriza a moeda brasileira e contribui para a falta de insumos e matérias-primas nas indústrias. O combo da política de contenção da inflação desestimula a atividade econômica. 

“Automaticamente, quando você dá um ‘remédio’, que seria o aumento da taxa de juros, para inflação que não tem origem no consumo, você vai gerar desaquecimento da economia. O crédito fica mais caro, os produtos ficam mais caros”, lembrou Daniel Almeida, deputado federal do PC do B/BA. 

Este ano, a Selic teve quatro reajustes e já acumula alta de 3,25% a.a., saindo de 2% a.a., em janeiro, para 5,25% a.a., em agosto. O BC manteve o reajuste em 0,75% nos três primeiros movimentos do ano, em março, maio e junho, mas elevou a taxa em 1%, este mês. 

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