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O Aquapolo é a maior estação de reúso de água da América do Sul e uma das maiores do mundo. Ele fornece água de reúso para o Polo Petroquímico de Capuava e indústrias da região do ABC Paulista. O projeto sustentável tem capacidade de produzir até mil litros de água de reúso por segundo, utilizando vários métodos para tratar parte do efluente descartado pela Estação de Tratamento de Esgoto ABC da Sabesp, e que seria destinado ao Córrego dos Meninos. Esse volume equivale ao do abastecimento de uma cidade de 500 mil habitantes.
O gerente da TNC Brasil, organização não governamental que promove a preservação da água, Samuel Barreto, explica que o Brasil precisa de mais investimentos em infraestrutura de saneamento e, ao mesmo tempo, não pode esquecer de nenhuma boa medida na busca pela segurança hídrica, como o reúso de água. Ele explica que a prática evita que um esgoto tratado de forma secundária seja descartado em um rio, reciclando essa água, ao mesmo tempo em que atende ao setor produtivo e alivia a pressão da demanda pelo abastecimento humano.
“Ao utilizar essa água, imagina a quantidade de água necessária para esse polo petroquímico, então, você está tirando esse volume, essa demanda, para levar ao abastecimento das pessoas. Você acaba podendo ter uma maior disponibilidade e diversificação das fontes. Sem dúvida nenhuma é importante considerar também essa alternativa do reúso, que precisa ganhar escala não só no estado de São Paulo, mas em outras regiões do Brasil”, explica Barreto.
Alguns países, como Cingapura, utilizam a água de reúso para consumo humano, mas, na maioria dos casos, a prática entrega água tratada para fins menos nobres, como a chamada água industrial, utilizada em torres de resfriamento e caldeiras. No Aquapolo de São Paulo, mais de 20 quilômetros de adutoras passam pelos municípios de São Caetano do Sul, Santo André e Mauá, abastecendo os clientes do polo.
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Um dos passos mais importantes do Brasil rumo à segurança hídrica foi o novo Marco Legal do Saneamento, que promete universalizar os serviços de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto à maioria da população brasileira até 2033. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), publicados em 2021, mais de 35 milhões de brasileiros não têm acesso a água potável e cerca de metade da população não conta com esgotamento sanitário.
Um dos problemas mais sérios é a falta de qualidade da infraestrutura atualmente instalada, que permite, por exemplo, o desperdício de 40% da água coletada, água que simplesmente se perde nos canos. Sancionado em 2020, o novo marco estabeleceu metas de eficiência e prevê investimentos superiores a R$ 590 bilhões nos próximos 12 anos para universalizar os serviços de saneamento. Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mais de R$ 42 bilhões desse montante devem ser investidos apenas para reduzir o índice de perdas de água.
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) destacou que o Brasil precisa administrar melhor o recurso e parte dessa boa administração depende dos governos estaduais e municipais.
"Não há dúvida de que a gente precisa usar água de modo mais eficiente, mas, ao mesmo tempo, é importante destacar que as soluções mais eficientes do ponto de vista legislativo passam pelos estados e municípios", destaca Zambelli.
Após o Marco do Saneamento, o Congresso Nacional continua discutindo várias alternativas para assegurar o abastecimento de água e um deles, o Projeto de Lei 10108, de 2018, trata da regulamentação da atividade de reúso. A ideia do projeto, que ainda passa por comissões na Câmara dos Deputados, é apontar fontes alternativas para o abastecimento de água, tais como reúso, água de chuva e águas residuais.
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