O governo de Minas Gerais, através da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG) e da Invest Minas firmou um Memorando de Entendimentos (MoU) com a empresa australiana Lightning Minerals Limited visando impulsionar a extração de lítio na região de Salinas, que faz parte do Vale do Lítio, no estado de Minas Gerais.
Pelo acordo, a empresa se compromete a um investimento inicial de R$ 20 milhões e a geração de cerca de 20 empregos diretos na primeira fase dos projetos Caraíbas, Canabrava e Esperança. Este é o primeiro compromisso firmado entre a equipe do governo de Minas e empresários do ramo de mineração em solo australiano, durante a missão para prospecção de novos investimentos.
“O projeto Vale do Lítio foi criado para promover não apenas o desenvolvimento econômico local, mas também melhorar as condições de vida da população, por meio da geração de empregos e renda. Essa parceria com a Lightning Minerals é ainda fundamental para posicionar Minas Gerais como referência em tecnologia, sustentabilidade e na transição energética global”, disse o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio.
Conforme comunicado, o MoUdestaca a atuação conjunta entre a Invest Minas e a empresa australiana para impulsionar os projetos de extração, abrangendo desde a interlocução junto a órgãos ambientais até o suporte para operações. A parceria também fortalece a cadeia de lítio e materiais para baterias, um setor estratégico para o estado.
“Esta parceria reforça nosso esforço para posicionar Minas Gerais como líder na cadeia global de fornecimento de lítio e materiais para baterias, promovendo crescimento econômico local e o desenvolvimento sustentável”, atesta o diretor-presidente da Invest Minas, João Paulo Braga.
O representante da Invest Minas na Austrália, Mauro Lopes, afirmou que a Lightning Minerals “é mais uma mineradora australiana a direcionar investimentos para o Vale do Lítio, reconhecendo o imenso potencial da região. Com fundamentos técnicos sólidos e um ambiente favorável para a pesquisa mineral, a empresa visa aproveitar a crescente demanda por lítio, impulsionada pela transição para energias renováveis e veículos elétricos”.
De acordo com o MoU, a empresa se compromete a utilizar serviços e fornecedores locais para fomentar a economia regional; introduzir expertise no setor de lítio e desenvolver parcerias estratégicas; além de estreitar relações com comunidades locais e governos, demonstrando seu compromisso com o crescimento sustentável.
“A assinatura deste MoU com o Governo de Minas Gerais é uma prova clara do apoio que recebemos para nossas atividades extrativas na região do Vale do Lítio. Estamos comprometidos em desenvolver uma relação sólida com o governo e as comunidades locais, acreditando no potencial de Minas Gerais como líder global no setor de lítio”, garante o CEO da Lightning Minerals, Alex Biggs.
A Lightning Minerals é uma empresa listada na Bolsa de Valores Australiana (ASX: L1M), dedicada à extração de lítio e minerais estratégicos. Além de seus ativos no Brasil, a empresa possui projetos relevantes na Austrália e no Canadá.
Os projetos socioambientais e as obras de saneamento nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo vão receber a maior fatia dos R$ 100 bilhões de dinheiro novo que estão previstos no acordo de reparação dos danos do acidente de Mariana, que deverá ser assinado no dia 25 de outubro, envolvendo o Governo Federal, os Governos dos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, os Ministérios Públicos Federal e Estaduais e Defensorias Públicas, e demais entidades públicas brasileiras. O acordo prevê os seguintes valores:
Dos R$ 100 bilhões em dinheiro novo, além dos projetos socioambientais e saneamento nos estados, que receberão, respectivamente, R$ 17,85 bilhões e R$ 11 bilhões, estão previstos: R$ 8,40 bilhões para um Fundo Perpétuo para investimentos em saúde; R$ 8,13 bilhões para um fundo ambiental da União; R$ 8,0 bilhões para auxílio a indígenas, povos e comunidades tradicionais; R$ 6,10 bilhões para repasse aos municípios; R$ 6,0 bilhões para um fundo ambiental dos Estados; R$ 5,12 bilhões para o Fundo Popular da Bacia do Rio Doce; R$ 4,60 bilhões para rodovias; R$ 4,0 bilhões para auxílio mensal a pescadores e agricultores atingidos; R$ 3,60 bilhões para infraestrutura de saúde; R$ 3,0 bilhões para revitalizar!ao de atividades agrícolas; R$ 2,50 bilhões para um plano de reestruturação da gestão da pesca e aquicultura; R$ 2,09 bilhões para para ações de educação, ciência, tecnologia e inovação; R$ R$ 2,0 bilhões para ações de promoção de negócios geradores de emprego e renda; R$ 2,0 para um fundo contra as enchentes; R$ 1,52 bilhão para encerramento da ação civil pública de Mariana; R$ 1,0 bilhão para auxílio às mulheres vítimas de discriminação durante o processo; R$ 1,00 bilhão para fortalecimento da ANM; R$ 640 milhões para o Sistema Único de Assistência Social dos Municípios da Bacia do Rio Doce; R$ 500 milhões para ressarcimento à União dos gastos extraordinários com a Previdência; R$ 380 milhões para manutenção da assessoria técnica independente; além de outras rubricas. L
O Governo do Estado, por meio da equipe técnica da Diretoria de Geologia e Mineração (DIGM) da Agência de Mineração do Estado do Tocantins (Ameto), visitou a região de Monte Santo do Tocantins, para realizar a segunda etapa do mapeamento geológico em áreas estratégicas de interesse do Estado. O trabalho ocorreu entre os dias 14 a 18 e teve como objetivo produzir um relatório e um mapa com todos os pontos de ocorrência de esmeraldas na região, integrados a dados geológicos, geofísicos e altimétricos, e disponibilizá-los para uso das cooperativas de garimpeiros, mineradores e da comunidade em geral.
“Com a pesquisa em campo sendo efetivada, temos dados e comprovações que irão contribuir tanto para o pequeno investidor quanto para o grande, com levantamentos precisos e seguros. Só em Monte Santo, são cerca de cinco cooperativas legalizadas que trabalham com a extração de esmeraldas, gerando emprego e renda na região”, comentou o presidente da Ameto, Milton Neris.
De acordo com o geólogo da Ameto, Sanclever Peixoto, este levantamento também atende ao termo de compromisso estabelecido entre a Ameto e a Universidade de Brasília (UnB), no projeto coordenado pela professora dra. Suzi Huff Theodoro, para o desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais (APL) de esmeraldas e o uso do pó de rochas da região como fertilizante natural (remineralizadores de solos) para as plantas. “O Governo do Tocantins reconhece a importância do município para o desenvolvimento do setor mineral. Uma prova disso é que, além desses projetos, também está buscando recursos para a implantação das escolas de lapidação de pedras preciosas em Monte Santo e Palmas. O projeto já foi elaborado pela equipe da DIGM e está em fase de captação de recursos para sua implementação”, ressaltou o geólogo da Ameto.
A Petrobras e a Vale firmaram acordo para fornecimento de produtos com foco em competitividade e no avanço da pauta de descarbonização. O acordo inclui o uso do Diesel R em veículos da mineradora e foi assinado pela presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e pelo presidente da Vale, Gustavo Pimenta. O acordo prevê a ação conjunta das empresas para avaliação de oportunidades de negócios em baixo carbono, incluindo, entre outros, diesel coprocessado com conteúdo renovável, gás natural e bunker com 24% de conteúdo renovável.
Fornecido pela Petrobras, o Diesel R abastece atualmente uma locomotiva que faz o trajeto da estrada de ferro do Espírito Santo a Minas Gerais; além de um caminhão fora de estrada com capacidade para 214 toneladas, que opera na mina Fábrica Nova, no Complexo Mariana (MG).
Esta é a primeira vez que a Petrobras vende o diesel coprocessado com conteúdo renovável diretamente para um consumidor final. Produzido pela companhia a partir do coprocessamento de derivados de petróleo com matérias-primas de origem vegetal, o diesel B R5, além do seu conteúdo renovável, conta ainda com a mistura obrigatória de 14% de biodiesel, entregando ao cliente um combustível com 18,3% de conteúdo sustentável.
“Estamos desenvolvendo combustíveis cada vez mais verdes e honrando nosso compromisso de descarbonização das nossas atividades. A parceria com a Vale é mais uma concretização do objetivo da Petrobras de aperfeiçoar a capacidade produtiva e a estrutura logística da empresa, para entregar ao mercado produtos mais verdes. Como o Diesel R e reforçar nossa estratégia de descarbonização”, afirma a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, diz que a parceria irá gerar benefícios para ambas as companhias e cria valor para o Brasil. "O acordo reforça o compromisso da Vale de promover a descarbonização das suas operações e de oferecer soluções para reduzir as emissões de seus clientes, aproveitando, assim, o diferencial competitivo do Brasil em combustíveis renováveis”.
A Petrobras é pioneira no desenvolvimento de diesel com conteúdo renovável. O Diesel R é um diesel S10 que possui percentual de HVO (óleo vegetal hidrotratado, na sigla em inglês) em sua composição. A parcela renovável é quimicamente idêntica ao óleo diesel mineral, mas obtida a partir do hidrotratamento de matéria-prima renovável (óleos vegetais). Desta forma, o combustível não requer qualquer alteração em veículos ou estruturas de armazenagem para que seja usado. Trata-se de produto patenteado pela Petrobras que, até o momento, conta com 5% de renováveis.
O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) divulgou que o setor mineral registrou faturamento de R$ 56,7 bilhões no terceiro trimestre de 2024, um aumento de 5% sobre o mesmo trimestre do último ano. O saldo da balança comercial do setor foi de US$ 8,74 bilhões, o que equivale a 50% do saldo total da balança comercial brasileira no período. “Esse resultado da mineração foi expressivo, uma vez que contribuiu para amenizar a queda do saldo da balança comercial”, disse o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Raul Jungmann. O saldo da balança comercial brasileira caiu 35%, passando de US$ 26,99 bilhões, no terceiro trimestre de 2023, para US$ 17,51 bilhões em igual período deste ano.
Segundo o IBRAM, o setor mineral gerou mais de 221 mil empregos diretos (e mais de 2 milhões indiretos) entre janeiro e agosto, o que significa a geração de mais 8.786 novas vagas, segundo dados oficiais.
O recolhimento de impostos pela mineração somou R$ 19,6 bilhões no trimestre e cresceu 5% sobre o terceiro trimestre de 2023, enquanto a arrecadação da compensação sobre a exploração mineral (CFEM) totalizou R$ 2 bilhões no trimestre. Neste período, 2.760 municípios arrecadaram CFEM, que superou os dois trimestres iniciais de 2024. Minas Gerais, Pará e Goiás lideraram o faturamento setorial, com participações de 41,3%, 31,5% e 4,4%, respectivamente, no terceiro trimestre. O minério de ferro se destacou, respondendo por 55,4% do faturamento total do setor e registrou R$ 31,4 bilhões.
As exportações da indústria mineral atingiram cerca de 114,2 milhões de toneladas, um aumento de 5,6%, em volume, e aproximadamente US$ 11,2 bilhões, em receita, um incremento de 0,6% no comparativo com o mesmo trimestre de 2023. O minério de ferro respondeu por 70,1% das exportações. As vendas externas de ouro caíram quase 34% em toneladas no trimestre, de 22,1 toneladas para 14,6 toneladas. Mas, em termos de faturamento houve aumento de quase 10%, de US$ 868 milhões para US$ 953,7 milhões.
O Brasil ampliou, em dólar, as exportações de bauxita (51,4%), cobre (23,2%) e caulim (10,4%) no 3T24, mas reduziu as de manganês (33,8%). O cobre respondeu por 9,3% das exportações no trimestre, enquanto o ouro teve participação de 8,5%. Já as importações minerais recuaram 0,9% em valor, totalizando US$ 2,4 bilhões, mas cresceram 8,1% em volume, com 11,6 milhões de toneladas. A importação de enxofre se destacou, com aumento de 127% em dólar e de 104% em toneladas: US$ 60,8 milhões e 592,30 mil toneladas.
O setor mineral projeta investimentos de US$ 64,5 bilhões em projetos para o período de 2024 a 2028, “reforçando seu compromisso com o desenvolvimento econômico e sustentável do Brasil”, conforme o IBRAM.
Sobre os dados setoriais positivos do terceiro trimestre, Jungmann disse que o resultado da mineração se reflete diretamente no desempenho da economia brasileira. “Portanto, se a mineração tem segurança jurídica, previsibilidade com estabilidade de regras e menos custos, inclusive tributários, ela responde com relevantes contribuições para dinamizar os indicadores econômicos”, comenta o dirigente. Jungmann abordou a discussão no Senado Federal sobre a regulamentação da reforma tributária, que poderá forçar a mineração a recolher o imposto seletivo, um custo extra para a atividade. “O imposto seletivo é rejeitado pelo IBRAM, já que o setor já recolhe uma compensação pelos seus impactos, porque prejudica a competitividade internacional da mineração do país e porque este tributo é direcionado apenas a bens que podem causar problemas à saúde ou à vida, como bebidas, cigarros, armas, entre outros. “Os minérios não são produtos que se encaixam nesta relação. Eles são de utilidade pública, são matérias-primas para todas as indústrias e fundamentais para o agronegócio e para a transição energética. Portanto, não podem estar sujeitos ao imposto seletivo” afirma Jungmann.
Na coletiva, o IBRAM forneceu mais detalhes sobre diversas questões, inclusive ambientais e climáticas, envolvendo a Amazônia, que serão debatidas de 6 a 8 de novembro na segunda edição da Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, em Belém (PA), que tem o IBRAM na organização, em parceria com o governo do Pará.
A Equinox Gold pretende colocar em produção, até 2028, a lavra subterrânea na mina Aurizona, localizada em Godofredo Viana, no estado do Maranhão, onde a empresa já realiza a lavra a céu aberto, produzindo a uma escala de 120 mil onças de ouro por ano. De acordo com César Torresini, VP de Public Affairs e Permitting da Equinox Gold no Brasil, a implantação da mina subterrânea deve se iniciar em meados do próximo ano e a previsão é que seja investido um valor da ordem de R$ 900 milhões.
Ele informa que a empresa colocou em operação recentemente uma outra mina satélite em Aurizona, para exploração do depósito Tatajuba, próximo ao corpo principal, o Piaba. Este novo depósito que entrou agora em produção é resultado do trabalho de exploração que a empresa vem realizando e que já adicionou vários alvos, que aos poucos vão se transformando em minas.
"Nós recebemos a portaria de lavra em agosto do ano passado, fizemos o licenciamento ambiental e entramos em produção este ano, gerando mais minério para alimentação da planta. Este é um ponto positivo, porque a lavra em Piaba já está a certa profundidade, portanto o material é mais rochoso", diz o executivo. Com o minério de Tatajuba, que é um material saprolítico, proveniente da lavra inicial, a empresa está fazendo um blend, o que favorece a operação de moagem na planta de processamento. A Equinox Gold já está fazendo, inclusive, uma atualização do novo PAE (Plano de Aproveitamento Econômico), porque o corpo está sendo ampliado com mais sondagens.
"Estamos trabalhando também numa outra área, que denominamos Genipapo, cujo relatório está sendo entregue à ANM (Agência Nacional de Mineração). Também devemos entregar brevemente o PAE também para esse corpo satélite, que deve entrar em operação em 2027", acrescenta Torresini.
Ele acrescenta que todo esse trabalho tem contribuído para aumentar a vida útil da mina em Aurizona. Inicialmente, previa-se que a vida útil, com a lavra a céu aberto, iria até 2026. Mas depois, quando a empresa fez o PAE acrescentando os recursos e reservas da mina subterrânea, o prazo foi estendido para 2032 e agora, com as sondagens adicionais que estão sendo realizadas, a previsão é que a lavra em Aurizona pode se estender até pelo menos 2037.
"Estamos vendo, pelos perfis geológicos, que o corpo continua em profundidade, sendo muito semelhante aos depósitos que existem em Minas Gerais. Assim, o que estamos prevendo é que podemos ter entre 20 e 40 anos de mina subterrânea, porque chegamos a um ponto agora em que não temos mais como fazer sondagem do corpo a partir da superfície, para bloquear esses recursos e reservas em profundidade, que estão a mais de 1 mil metros. Então, à medida que vamos aprofundando a lavra, fazemos mais sondagens, acrescentando novas reservas", observa o dirigente, acrescentando que, nesse aspecto, Aurizona lembra Fazenda Brasileiro, um outro ativo da Equinox Gold, na Bahia, que nos anos 1980 se previa que tinha reservas para 10 anos de operação e a mina continua produzindo até hoje.
"À medida que se foi aprofundando a mina, foram sendo acrescentadas reservas e hoje já se tem mais de 40 anos de operação. Então, a perspectiva lá em Aurizona é para o longo do prazo e isso se reflete em benefícios para todo mundo, porque a área noroeste do Maranhão, onde a Aurizona está localizada, tem desenvolvimento precário. E com a presença da nossa atividade no local, temos feito girar a economia, gerando benefícios sociais, impostos, impulsionando a arrecadação do município. Para se ter uma ideia, entre 2017 e 2023, nós aportamos, só de ISS (Imposto sobre Serviços), R$ 77 milhões para o município. É um imposto que foi direto para o município de Godofredo Viana, uma cidade de apenas 10 mil habitantes. Além disso, foram mais R$ 42 milhões de CFEM, porque começamos a produzir em 2019. Sem contar que o município recebeu, do Fundo Participativo da União, um total de R$ 14 milhões em 2023. Então, nosso projeto tem um impacto muito grande na região. E penso que Aurizona tem um futuro longo pela frente", diz Torresini.
A mina de Aurizona foi operada pela Luna Gold, entre 2010 e 2015, quando a empresa pediu a suspensão da lavra, porque na época o preço do ouro estava baixo e a planta não apresentava produtividade, porque não tinha moinhos, pois a planta previa apenas o processamento do material saprolítico. Mas quando começou a ser lavrado o material de transição, o rendimento da planta baixou, assim como o preço do ouro, e a empresa pediu a suspensão da lavra e partiu para a busca de investidores interessados no projeto. No final de 2016, segundo Torresini, a Equinox Gold entrou e aportou R$ 750 milhões para efetuar a reforma da planta e instalar os moinhos (de barras e de bolas). Em 2019, a Equinox Gold concluiu a implantação e começou a produção comercial, em julho daquele ano e desde então vem produzindo a uma média de 120 mil onças por ano, alimentando 3 milhões de toneladas de minério por ano na planta.
Veja a entrevista completa na edição 443 de Brasil Mineral
O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) divulgou que o setor mineral registrou faturamento de R$ 56,7 bilhões no terceiro trimestre de 2024, um aumento de 5% sobre o mesmo trimestre do último ano. O saldo O saldo da balança comercial do setor foi de US$ 8,74 bilhões, o que equivale a 50% do saldo total da balança comercial brasileira no período. “Esse resultado da mineração foi expressivo, uma vez que contribuiu para amenizar a queda do saldo da balança comercial”, disse o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Raul Jungmann. O saldo da balança comercial brasileira caiu 35%, passando de US$ 26,99 bilhões, no terceiro trimestre de 2023, para US$ 17,51 bilhões em igual período deste ano.
Segundo o IBRAM, o setor mineral gerou mais de 221 mil empregos diretos (e mais de 2 milhões indiretos) entre janeiro e agosto, o que significa a geração de mais 8.786 novas vagas, segundo dados oficiais.
O recolhimento de impostos pela mineração somou R$ 19,6 bilhões no trimestre e cresceu 5% sobre o terceiro trimestre de 2023, enquanto a arrecadação da compensação sobre a exploração mineral (CFEM) totalizou R$ 2 bilhões no trimestre. Neste período, 2.760 municípios arrecadaram CFEM, que superou os dois trimestres iniciais de 2024. Minas Gerais, Pará e Goiás lideraram o faturamento setorial, com participações de 41,3%, 31,5% e 4,4%, respectivamente, no terceiro trimestre. O minério de ferro se destacou, respondendo por 55,4% do faturamento total do setor e registrou R$ 31,4 bilhões.
As exportações da indústria mineral atingiram cerca de 114,2 milhões de toneladas, um aumento de 5,6%, em volume, e aproximadamente US$ 11,2 bilhões, em receita, um incremento de 0,6% no comparativo com o mesmo trimestre de 2023. O minério de ferro respondeu por 70,1% das exportações. As vendas externas de ouro caíram quase 34% em toneladas no trimestre, de 22,1 toneladas para 14,6 toneladas. Mas, em termos de faturamento houve aumento de quase 10%, de US$ 868 milhões para US$ 953,7 milhões.
O Brasil ampliou, em dólar, as exportações de bauxita (51,4%), cobre (23,2%) e caulim (10,4%) no 3T24, mas reduziu as de manganês (33,8%). O cobre respondeu por 9,3% das exportações no trimestre, enquanto o ouro teve participação de 8,5%. Já as importações minerais recuaram 0,9% em valor, totalizando US$ 2,4 bilhões, mas cresceram 8,1% em volume, com 11,6 milhões de toneladas. A importação de enxofre se destacou, com aumento de 127% em dólar e de 104% em toneladas: US$ 60,8 milhões e 592,30 mil toneladas.
O setor mineral projeta investimentos de US$ 64,5 bilhões em projetos para o período de 2024 a 2028, “reforçando seu compromisso com o desenvolvimento econômico e sustentável do Brasil”, conforme o IBRAM.
Sobre os dados setoriais positivos do terceiro trimestre, Jungmann disse que o resultado da mineração se reflete diretamente no desempenho da economia brasileira. “Portanto, se a mineração tem segurança jurídica, previsibilidade com estabilidade de regras e menos custos, inclusive tributários, ela responde com relevantes contribuições para dinamizar os indicadores econômicos”, comenta o dirigente. Jungmann abordou a discussão no Senado Federal sobre a regulamentação da reforma tributária, que poderá forçar a mineração a recolher o imposto seletivo, um custo extra para a atividade. “O imposto seletivo é rejeitado pelo IBRAM, já que o setor já recolhe uma compensação pelos seus impactos, porque prejudica a competitividade internacional da mineração do país e porque este tributo é direcionado apenas a bens que podem causar problemas à saúde ou à vida, como bebidas, cigarros, armas, entre outros. “Os minérios não são produtos que se encaixam nesta relação. Eles são de utilidade pública, são matérias-primas para todas as indústrias e fundamentais para o agronegócio e para a transição energética. Portanto, não podem estar sujeitos ao imposto seletivo” afirma Jungmann.
Na coletiva, o IBRAM forneceu mais detalhes sobre diversas questões, inclusive ambientais e climáticas, envolvendo a Amazônia, que serão debatidas de 6 a 8 de novembro na segunda edição da Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, em Belém (PA), que tem o IBRAM na organização, em parceria com o governo do Pará.
O pesquisador Hélio Elias da Silva desenvolveu tijolos sustentáveis a partir da combinação de resíduos de mineração, retalhos de têxteis e garrafas PET. O produto é resultado de seu doutorado em Ciências Ambientais pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (Ciamb) da Universidade Federal de Goiás (UFG), sob orientação do professor Nelson Antoniosi, do Instituto de Química (IQ/UFG).
A criação dos tijolos ocorre por meio de resíduos de mineração de ferro e esmeraldas, com pó de tecidos de poliéster e pó de garrafas PET. Segundo Elias, "a mistura é prensada em moldes metálicos e aquecida, resultando em tijolos que possuem qualidade comparável aos tradicionais tijolos de solo-cimento". Os tijolos sustentáveis são uma alternativa mais barata, resistente e ecologicamente correta aos tijolos tradicionais. Segundo o pesquisador, os tijolos ecológicos apresentam uma série de vantagens. Além de serem mais baratos de produzir e comercializar, os tijolos também são mais resistentes e duráveis. Graças à sua composição, os novos tijolos podem ser utilizados em diversas aplicações na construção civil, como em muros, paredes e lajes. A utilização desses materiais feitos a partir de reutilização de descartes contribui para a redução do impacto ambiental, diminuindo a quantidade de resíduos enviados para aterros sanitários e a demanda por recursos naturais.
A invenção representa um avanço significativo e abre um caminho para um futuro mais sustentável e economicamente viável, principalmente no âmbito de moradias populares. A utilização de tijolos ecológicos pode proporcionar diversos benefícios para a sociedade, como a redução dos custos de construção, a geração de empregos e a preservação do meio ambiente. Elias esclarece ainda que a medida é útil no reaproveitamento de materiais que são poluentes, se descartados de forma inadequada e contribui para a conservação de matérias-primas naturais. O pesquisador acredita, inclusive, que a abordagem pode diminuir "significativamente a extração de materiais virgens da natureza, evitando a degradação ambiental". A técnica evita a derrubada de árvores nativas do Cerrado, comumente utilizadas na queima de tijolos cerâmicos, e também impede a extração de argila das margens de córregos e rios, o que preserva os recursos hídricos e a fauna.
O Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação (CZPE) aprovou o projeto da Fortescue para implantação de uma planta de Hidrogênio Verde (H2V) no Setor 2 da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Complexo do Pecém, no Ceará. A decisão saiu menos de duas semanas após o presidente Lula sancionar, em 30 de setembro, o Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono e Investimentos (PHBC).
O projeto está em consonância com a ZPE e consolida um esforço conjunto e integrado do Governo Federal, do Estado do Ceará, do Congresso Nacional, da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIVH) e da Fortescue para a consolidação da indústria de produção e distribuição de Hidrogênio Verde no Estado. “Esse é mais um passo para garantir que o Brasil possa realizar seu potencial de ser líder global na transição para a economia de baixo carbono, o que passa necessariamente pela concretização do Hidrogênio Verde como fonte de energia e insumo industrial viável”, afirmou Luis Viga, country manager da Fortescue no Brasil.
Segundo Viga, regimes como a ZPE são fundamentais por conta dos diferenciais competitivos estabelecidos entre todos os agentes envolvidos, como o poder público Federal, Estadual, Complexo Industrial e Portuário do Pecém e a indústria.
Para Sebastian Delgui, diretor regional de Assuntos Públicos, Comunidades e Comunicações da Fortescue, “este é um importante marco para o desenvolvimento do projeto no Brasil, pois a Fortescue sempre considerou o apoio da ZPE como um ativo para esta iniciativa”. O pré-contrato assinado para execução do projeto prevê investimentos de R$ 20 bilhões para construção de uma das maiores plantas de Hidrogênio Verde do mundo. A expectativa da indústria gira em torno da regulamentação e certificação da lei para que investimentos sejam destravados. O avanço do Projeto Fortescue no Pecém ainda depende de uma decisão final de investimento (FID, por sua sigla em inglês), que deve ser avaliada em 2025 pela diretoria da empresa.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) informa que já foram anunciados mais de 60 projetos de hidrogênio a partir de fontes renováveis no Brasil, que somam R$ 188,7 bilhões. Apenas o Ceará conta com mais de 40 memorandos de entendimento.
O Projeto Pecém visa produzir cerca de 500 toneladas diárias de H2V a partir da eletrólise da água, utilizando 1,2 GW de energia renovável. Além de gerar energia limpa, o hidrogênio produzido pode ser utilizado no transporte e na fabricação de outros produtos verdes, desenvolvendo áreas transversais da cadeia de valor do H2V em todo o Brasil, com a produção sustentável de fertilizantes, aço e e-combustíveis.
A Fortescue trabalha atualmente nas últimas definições e ajustes do projeto de engenharia que serão importantes antes de iniciar a preparação da área da planta de Hidrogênio Verde, cumprindo com todas as normativas socioambientais.
Por outro lado, a Fortescue está discutindo com atuais e possíveis fornecedores detalhes do projeto para, assim, seguir avançando com a contratação de serviços e produtos locais necessários para seu desenvolvimento. A companhia recebeu recentemente a Licença de Instalação da autoridade ambiental do Estado do Ceará, a Semace, para iniciar as obras de preparação do terreno e espera anunciar, em breve, a data de início das intervenções de preparação do terreno, que devem começar até o final do ano. Como parte de sua transparência, a Fortescue continuará a comunicar o progresso de seu projeto e suas atividades às partes interessadas locais à medida que se avança nas definições do empreendimento.
O recente e positivo início de produção comercial da mina de ouro Tocantinzinho, em Itaituba (PA), reforça as boas perspectivas no Brasil para a G Mining Ventures, que segue prospectando novos alvos para ampliar sua presença no País. A companhia busca investimentos consistentes, com segurança, de rápido desenvolvimento e implementação: “ao contrário das empresas de pesquisa mineral que levam entre 10, 15 anos de estudo, queremos projetos que possam ser transformados em uma mina num prazo entre dois e quatro anos. Esse é o nosso alvo”, diz Eduardo Leão, Vice-presidente de Sustentabilidade da G Mining Ventures e Presidente da Brazauro (subsidiária da G Mining Ventures Corp.).
A dificuldade está em encontrar projetos que tenham padrão internacional, com relatório NI 43-101, norma canadense que estabelece que todas as informações técnicas e científicas divulgadas devem ser revisadas e verificadas por uma Pessoa Qualificada (Qualified Person), com conhecimento técnico e experiência adequada no setor. “O que temos são propostas querendo vender de privado para privado, não pensando que o grande alvo é uma empresa pública. A G Mining é uma empresa privada-pública listada em bolsa, com investimento internacional”, esclarece Leão. Mesmo com esses entraves, a G Mining acabou de adquirir da BHP o projeto Centro Gold, que já pertenceu à Oz Minerals e Avanco Resources, cujo estudo de pré-viabilidade indica uma vida útil da mina de 10 anos, com produção média anual de ouro entre 100 mil e 120 mil onças – ou seja, projeto que tem sustentação.
Voltando a Tocantinzinho, já em produção comercial, Leão informa que 80% do ramp up foi alcançado em dois meses e que uma das dificuldades que a empresa ainda está enfrentando é em relação à oscilação de energia. O projeto está no final da linha de transmissão da companhia Equatorial, que tem início no Mato Grosso – “nos últimos dias ficamos três horas sem energia na planta, o que implica em queda de produção. Por mais que tenhamos todo um sistema de back-up, de compensadores síncronos para estabilizar a rede, a transmissão tem falhado”, comenta Leão, descartando o uso de uma planta total a diesel, de custo elevado. Para tentar amenizar o problema, a empresa tem adotado unidades auxiliares a diesel.
A expectativa da GMin é atingir 100% da produção de Tocantinzinho até dezembro: tirando o percalço da energia, a equipe está bem treinada. E movimentos de expansão já são percebidos – a companhia que já possui uma CIL Pond – bacia para rejeito perigoso, pretende construir uma segunda para entrar em operação daqui a três anos: “vamos deixar tudo preparado, pois estamos com 19 alvos de pesquisa em curso, muitos dos quais bastante promissores”, indica Leão, acreditando num adicional de minério em curto prazo dentro da atual área de concessão. Nas áreas no entorno, a GMIN também possui autorizações de pesquisa e os alvos que estão sendo prospectados devem levar ainda uns cinco ou seis anos. O alvo de produção de Tocantinzinho está hoje em 175 mil onças por ano, com alimentação da planta em torno de 1,4%, o que significa algo em torno de 60 mil t/ano.
A mina situada em Itaituba (PA) foi implantada em 22 meses – “não era exatamente um projeto complicado”, prossegue Leão. Ele relata que antes da GMIN, a Eldorado Gold tentou viabilizar o projeto por 10 anos, mas sempre esbarrava na falta de disponibilidade de recursos e na linha de transmissão de energia. Para tornar Tocantinzinho viável, a atual proprietária executou e doou ao Governo Federal a linha de transmissão de energia, o que acrescentou R$ 200 milhões na conta do projeto, investimento que Leão classifica como “interessante do ponto de vista de tarifas”.
Mas, em seu entendimento, o que impediu mesmo o desenvolvimento do projeto pelas outras companhias foi a falta de recursos – “a Eldorado Gold decidiu investir na Grécia em 2015/2016, deixando Tocantinzinho em segundo plano. Quando a GMIN fez a aquisição, em 2021, já sabia dos custos adicionais de energia e o valor foi considerado no Capex”, prossegue Leão. No mais, o projeto não teve qualquer dificuldade do ponto de vista de engenharia e nem social, mesmo estando localizado numa área remota. O acesso é fácil por Manaus: com a pista de pouso construída dentro da unidade, o deslocamento de pessoal leva em torno de duas horas. A BR 163 ajudou na logística dos grandes equipamentos importados, que chegaram pelo Porto de Santos e, em duas semanas, já estavam na área da mina, depois de 100 km de estrada construída pela companhia.
Do ponto de vista social e ambiental, a mina Tocantinzinho é a única regular dentro de um território garimpeiro – “por esta razão, nossas licenças dentro da SEMAS (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e de Sustentabilidade do Pará) foram obtidas de forma relativamente rápida, com o cunho de tentarmos induzir o desenvolvimento sustentável da região”, explica Leão, lembrando ainda a boa parceria que a empresa mantém com a prefeitura de Itaituba (PA), cujos impostos pagos ajudam no desenvolvimento do município. Desde que chegou ao local, a GMIN já promoveu diversos feirões de empregos e desenvolveu uma rede de fornecedores locais, entre outras melhorias. O projeto foi concluído com cerca de 85% de mão de obra do Pará. A mineração não era tão desconhecida da população de Itaituba, pois, devido ao garimpo, muitos já tinham contato com bombas, tratores de esteira, retroescavadeiras – “o que faltava era um trabalho de certificação e qualificação dessa mão de obra para nos ajudar no desenvolvimento da mina”, prossegue Leão.
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