28/09/2025 04:50h

Especialistas defendem a modernização da legislação para impulsionar a mineração subterrânea no Brasil, destacando seus benefícios para a sustentabilidade, segurança e inovação no setor.

Na abertura do seminário “Avanços da Legislação de Mineração Subterrânea”, realizado dia 23 de setembro, em Brasília, o presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração (ABPM), Luís Maurício Azevedo, defendeu a modernização da legislação e destacou a transformação tecnológica e ambiental pela qual passa a atividade. Nas últimas três décadas, os avanços em automação, controle remoto e ventilação reduziram drasticamente os riscos aos trabalhadores. Azevedo apresentou dados internacionais que mostram a queda da taxa de mortalidade em minas subterrâneas de países como Estados Unidos, Canadá e Austrália, de 30 por 100 mil trabalhadores na década de 1990 para menos de 1 atualmente, mesmo índice de acidentes no Brasil.

Para Azevedo, a escassez de novas descobertas a céu aberto e a pressão por práticas sustentáveis consolidaram a mineração subterrânea como alternativa estratégica. “O que antes era visto como risco ou limitação, hoje se tornou sinônimo de eficiência, inovação e segurança”, afirmou. Por ocupar menos área na superfície, a mineração subterrânea diminui poeira, ruídos e conflitos de uso da terra, além de preservar ecossistemas e proteger comunidades. “Trata-se de uma atividade mais silenciosa e menos visível, que pode conviver de forma harmônica com a sociedade”, comentou o representante da ABPM.

Outro ponto positivo da mineração subterrânea mencionado por Azevedo é a jornada de trabalho. No Brasil, apenas 15 minas estão concentradas em Minas Gerais e ainda limitadas por barreiras regulatórias e trabalhistas. “Temos um enorme potencial mineral inexplorado. Precisamos superar nossas próprias ineficiências para sermos competitivos globalmente”, disse ele, destacando a necessidade de modernização da legislação, principalmente no tocante à jornada de trabalho”. Para o futuro, Azevedo enxerga a mineração subterrânea como vetor de sustentabilidade e inovação. “A expectativa é de expansão global da atividade, impulsionada pelo uso de inteligência artificial e automação avançada. Se quisermos um setor mineral moderno e competitivo, a mineração subterrânea deve estar no centro da estratégia nacional”, concluiu.

Já o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Alexandre Luiz Ramos, disse que o seminário permitiu uma visão global sobre o setor, compreender as operações e a diversidade de operações de cada tipo de mineração, especificamente da mineração subterrânea, que possui desafios logísticos, trabalhistas, regulatórios. “Então este seminário é de fato um marco para o esclarecimento do setor privado e do setor público quanto aos desafios do setor”. Para o ministro, a justiça do trabalho é especializada em generalidades, embora cada setor mereça atenção específica. “Nós vamos descobrindo que as transformações do mundo atual impactam nas relações de trabalho de uma forma que a legislação trabalhista não consegue acompanhar”.

O ministro comenta que a reforma trabalhista de 2017, e o julgamento do tema pelo Supremo, estabeleceu um padrão de constitucionalidade para todas as negociações coletivas, ainda que limitando ou afastando direitos trabalhistas que promovam a adequação setorial negociada. “Nada é mais injusto e perverso do que uma legislação que não dialoga com a realidade, uma legislação desatualizada”, afirmou. “Qual é a solução para isso? É a adequação setorial, não por parte do poder público, mas a adequação setorial negociada. Ninguém melhor do que as partes envolvidas no problema para achar as soluções correspondentes. Então, o Supremo reconheceu essa constitucionalidade. Que são inconstitucionais as decisões que negam constitucionalidade à adequação setorial negociada.”.

Segundo ele, o TST, como órgão de cúpula na uniformização da jurisprudência trabalhista, tem se esgrimado com esse tema, porque a negociação coletiva abrange vários setores, vários níveis de direito. “Nós não temos ainda consenso em muitos temas, mas um consenso que começa a se formar, porque também a legislação de 2017 assim dispõe, que jornada de trabalho não é um direito absolutamente indisponível vedado à negociação coletiva. Então, as jornadas específicas do setor de mineração subterrânea, desde que fruto de um processo negocial legítimo, honesto, transparente, baseado na boa fé, deve ser validada pelo Poder judiciário”, afirmou.

Já o deputado Zé Silva, presidente da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin) destacou que a Câmara dos Deputados aprovou apreciação em regime de urgência de uma política nacional de minerais críticos, que tem como pilares a segurança dos trabalhadores e do meio ambiente. “Minha presença neste seminário é a responsabilidade do parlamento em aprovar essa política”, disse o deputado.

Representando o Ministério de Minas e Energia, José Luís Ubaldino de Lima, o diretor do Departamento de Geologia e Produção Mineral, disse que o MME entende a importância da mineração subterrânea, principalmente nesse contexto da produção de minerais estratégicos para transição energética e mobilidade urbana. E que o governo tem promovido diversas ações voltadas ao setor, citando, entre elas, a parceria ANM e B3 visando dar maior vazão ao processo de disponibilidade por meio de leilões de áreas; e o financiamento da mineração. “Desde 2023, esse Governo tem buscado o desenvolvimento de ações que incentivem e fomentem o financiamento da mineração no âmbito do BNDES”.

Ubaldino disse que o governo busca promover um ambiente cada vez mais adequado ao uso eficiente dos recursos minerais e desenvolvimento tecnológico e do estabelecimento de políticas de melhores práticas para segurança e relacionamento com as comunidades do entorno dos empreendimentos, bem como com a Governança da mineração. “Vamos continuar a trabalhar impulsionados pela inovação e pelo compromisso com a sustentabilidade. Em linha com as diretrizes do Presidente Lula, seguiremos em busca da agregação de valor aos nossos bens e produtos minerais”, afirmou.

Paulo Maurício Siqueira, presidente da OAB-DF e anfitrião do seminário, disse que a entidade tinha como objetivo promover o debate em um setor tão importante para a economia. “Para nós é um prazer propiciar esse diálogo, num setor tão importante no Brasil, de investimentos tão vultosos, mas que precisa ter segurança jurídica. Então, hoje nós somos a casa da mineração subterrânea e vamos trabalhar muito para ajudá-los nesse sentido”, disse Siqueira.

O Seminário Avanços da Legislação de Mineração Subterrânea buscou estimular o debate sobre as condições operacionais da mineração subterrânea no Brasil e sobre os avanços recentes da legislação trabalhista, ao reunir especialistas, representantes do poder executivo, legislativo e judiciário e empresas que atuam no setor de mineração no país. Organizado pela ABPM em parceria com o Comissão de Direito Minerário da OAB-DF, o evento mostrou que soluções negociadas em curso e a consolidação dos entendimentos sobre o arcabouço legal são o caminho para elevar os padrões de saúde e segurança ocupacional, reduzir os riscos de acidentes e de exposição dos trabalhadores, promover a qualidade de vida no trabalho e alinhar essas práticas à evolução técnica e econômica do setor mineral.

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25/09/2025 04:45h

Evento teve como tema principal “Rumo à COP: Governança e Sustentabilidade na Amazônia” e que reuniu representantes das principais companhias mineradoras que atuam no estado do Pará, autoridades nacionais, estaduais e municipais, membros da Academia e especialistas.

Abertura de um canal permanente de diálogo entre o setor público e a iniciativa privada. Este é um dos principais avanços obtidos no III Congresso Técnico Simineral, realizado no dia 16 de setembro, em Santarém, que teve como tema principal “Rumo à COP: Governança e Sustentabilidade na Amazônia” e que reuniu representantes das principais companhias mineradoras que atuam no estado do Pará, autoridades nacionais, estaduais e municipais, membros da Academia e especialistas.

O evento foi aberto com falas de Marcello Brito, enviado especial da COP 30 e Secretário Executivo do Consórcio Amazônia, de Rodolfo Zahluth, Secretário Adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da SEMAS (Pará), de Anderson Baranov, presidente do Simineral e CEO da Norsk Hydro Brasil, e de Carlos Martins, vice-prefeito de Santarém.

Marcello Brito afirmou que um dos grandes problemas do Brasil é a lentidão das organizações governamentais e a falta de planejamento, acrescentando que não se consegue entender por que um licenciamento ambiental no Brasil pode demorar até 20 anos, numa época em que a Inteligência Artificial se dissemina. Para ele, não faltam recursos para financiar a transição verde, já que o mundo vive a maior liquidez financeira da história. Mas faltam projetos de qualidade para serem financiados. E lamenta o fato de o Brasil não ter planos consistentes para aproveitar esse momento, argumentando que o País tem amplas possibilidades de fazer a transição energética de forma sustentável. Mas, em sua visão, a sociedade precisa entender que não há desenvolvimento econômico sem impactos. “O importante é entender esses impactos e identificar quais os processos de mitigação que devem ser adotados”. Nesse sentido, ele defende a necessidade de coesão entre sociedade civil, setor privado e governos. No caso da Amazônia, Brito diz que é preciso discutir a evolução da bioeconomia, lembrando que o Brasil tem um ano inteiro de atuação pela frente, já que se manterá na presidência da COP até novembro de 2026. Como mensagem final, ele diz que o País precisa ter coragem para fazer as transformações necessárias e que a sociedade deve dar o consentimento para isso. “O Brasil precisa de um plano de longo prazo que agregue valor à riqueza natural”, finaliza.

Construindo agendas

O painel 1, que teve como tema “COP30 - Construindo Agendas para o Pará e para o Brasil”, moderado por Ana Carolina Alves, presidente do Simineral e executiva da Vale, reuniu Alex Carvalho (Fiepa), Anderson Baranov (Simineral) e Rodolpho Zahluth (SEMAS).

Alex Carvalho também lembrou que a COP 30 não se encerra em 22 de novembro de 2025 e elogiou que o setor mineral tenha sido um dos primeiros a se engajar no processo. Para ele, a COP 30 é uma excelente oportunidade para mostrar que o Pará deve ser a primeira província mineral do País. E defendeu a necessidade de se avançar na cadeia de produção, para que o estado possa diversificar o seu parque industrial através da mineração, lembrando que 45% da população do Pará vive abaixo da linha de pobreza.

Anderson Baranov, por sua vez, disse que a mineração “tem que dar a cara a bater” e que o setor está com foco no meio ambiente e nas pessoas. Com a questão das terras raras, a mineração voltou a ficar em destaque, pelo papel que pode desempenhar no combate às mudanças climáticas, quando o Brasil recebe a COP 30. O executivo também elogiou a ênfase que o setor tem dado ao desenvolvimento de fornecedores locais e a priorização de contratação de pessoas do próprio estado, lembrando que, no caso da Hydro, cerca de 80% da força de trabalho é formada por paraenses.

Rodolpho Zahluth disse que um dos temas mais importantes na Amazônia é a energia, ressaltando a necessidade de se promover a integração do território com menor uso de energia fóssil. E que o governo procura incentivar ao máximo as Parcerias Público-Privadas.

Carlos Martins, vice-prefeito de Santarém, afirmou que a mineração é cada vez mais importante para o estado do Pará e que a Carta Santarém (documento aprovado no final do congresso) vai ficar para a história. Ele reconheceu que há conflitos entre a mineração e o modo de vida da população, mas que a COP 30 possibilita um maior entendimento entre o setor e a população, também defendendo maior agregação de valor à produção mineral.

Descarbonização com a mineração

O painel 2, com moderação de Rafael Benke (Proativa), debateu o papel dos minerais críticos para a transição energética, créditos de carbono e conservação florestal, reunindo Janaína Donas (ABAL), Rodrigo Lauria (Vale), Rodolpho Zahluth (SEMAS) e Miguel Castro (OCDE).

Janaína Donas disse que o alumínio é estratégico para a descarbonização e ressaltou a competitividade do Brasil em termos de matriz energética limpa, além dos avanços na questão da circularidade, lembrando que 60% do alumínio produzido no Brasil é reciclado, enquanto a média mundial é de 30%. Essa vantagem competitiva, diz ela, foi construída.

Miguel Castro, da OCDE, observou que a demanda por minerais considerados estratégicos vai dobrar até 2030 e quadruplicar até 2040. Porém, a produção desses minerais está concentrada em 3 produtores, que respondem por mais de 2/3 da produção. Para ele, o Brasil detém posição estratégica, em razão das reservas que possui, e pode se tornar protagonista como produtor e detentor de reservas. Para isso, no entanto, é necessário que haja uma política pública com relação a esses minerais.

Rodrigo Lauria, da Vale, disse que as metas de redução das emissões dos Escopos 1 e 2 são “dever de casa” das empresas, que a Vale está empenhada em substituir o óleo diesel de suas operações (cerca de 1,2 bilhão de litros por ano) e o combustível em suas unidades de pelotização. Ele admite que a empresa está muito atrás de onde deveria estar, mas lembra que a descarbonização é também uma decisão econômica.

Rodolpho Zahluth, por sua vez, disse que a o estado do Pará tem priorizado o licenciamento de empreendimentos voltados à produção de minerais estratégicos e que tem um programa de cooperação com a ANM para saber quem está pesquisando minerais estratégicos no estado. No entanto, falta que o governo federal defina o que pretende com relação a esses minerais.

Mineração irregular x mineração sustentável

O terceiro painel discutiu os impactos da mineração ilegal e o papel da mineração legal no desenvolvimento sustentável, sob a moderação de Paula Marlieri (Hydro) e com a participação de Larissa Rodrigues (Instituto Escolhas), Eduardo Leão (G Mining), Adriano Espeschit (Belo Sun), Marcelo Moreno (SEMAS) e do General Vendramin (Comando Militar do Norte).
Para Larissa Rodrigues, quem mais sofre com a extração ilegal de ouro no País em primeiro lugar é o garimpo legal e depois as mineradoras, lembrando que a produção de ouro registrada pelos garimpos no País caiu 45% entre 2022 e 2023 e 84% entre 2022 e 2024. Um dos principais motivos para essa redução foi o fim da “presunção de boa fé” e a obrigatoriedade da nota fiscal eletrônica nas transações com ouro oriundo de garimpos, além da maior fiscalização e operações de combate ao garimpo ilegal, sobretudo em áreas indígenas. Para Larissa, um dos caminhos mais viáveis para a legalidade do garimpo seria a proliferação das cooperativas.

Eduardo Leão disse que a empresa na qual atua, a GMining, tem procurado conviver com garimpeiros, inclusive incentivando-os a promover sua legalização e que a convivência entre a mineração empresarial e garimpeiros não tem sido conflituosa, pelo menos na área do Tapajós. No Maranhão, a empresa tem feito acordos com garimpeiros numa área detida por ela em Gurupi, enquanto continua com as atividades de exploração e preparação de um plano para implantação de um empreendimento para produção do metal.

Adriano Espeschit afirmou que o garimpo traz problemas para a imagem das empresas legalizadas. Como forma de amenizar conflitos entre garimpeiros e a empresa, ele sugere o incentivo ao empreendedorismo.

Já Marcelo Moreno disse que o governo do Pará tem procurado promover um processo de inclusão social da mão de obra de garimpos e paralelamente adotar ações de fechamento de lavras irregulares. Ao mesmo tempo, busca legalizar operações, através da emissão de licenças ambientais. Ele informou que até o final de 2025 serão realizadas 25 audiências para emissão de Licença Prévia (LP).

O general Vendramin informou que o Exército tem realizado diversas operações de combate à extração ilegal de ouro na Amazônia, mas que é uma luta muito difícil. Segundo ele, na Amazônia Oriental foram realizadas, em 2024, nada menos que 1 mil ações de combate ao garimpo ilegal, sobretudo em territórios indígenas. E na Amazônia Ocidental o número de ações chegou a 2 mil. Para o general, o crime organizado está fortemente inserido na atividade garimpeira e inclusive prepara vereadores e deputados. Essa atuação, conforme o general, começa com pistas de pouso e se intensifica com o domínio econômico local. Para ele, uma forma de amenizar isso seria uma maior presença do poder público nessas localidades. E propõe um pacto conciliatório.

Mineração e desenvolvimento econômico-social

A mineração como fator de desenvolvimento econômico e social foi o tema do Painel 4, que reuniu dois membros do Ministério Publico (Paulo de Tarso, do MPF e Herena Maués, do MPE) e o Diretor de Operações da Ero Copper, Aldo Lenzi. O mote da discussão foi investimento social, diálogo com as comunidades e transição justa.

Herena Maués, do MPE, enfatizou que é preciso se distinguir entre aquilo que são condicionantes e o que de fato é compensação efetiva, argumentando que o investimento precisa trazer desenvolvimento socioeconômico de fato. Ela observou que a OIT 169 parece um terror para o empreendedor, que vê a exigência como um obstáculo e não como um instrumento efetivo de consulta às comunidades. Para ela, trata-se de um processo necessário, que deve ser seguido e respeitado pelas empresas, que precisam ser éticas e adotar boas práticas colaborativas.

Paulo de Tarso ressaltou que o bem mineral é da União e deve ser lavrado no interesse da coletividade, ou seja, “olhar com o olhar do outro”. Ele disse, ainda, que o Ministério Público precisa ser visto como parceiro no processo – e não como adversário – porque “previne um mal maior”. Com relação à OIT 169, o promotor argumenta que a consulta deve ser feita pelo estado e que não se deve querer o enfraquecimento de organismos como a Funai e Incra, porque isto é prejudicial aos negócios, em longo prazo.

Aldo Lenzi, citando exemplos de práticas adotadas pela Ero Copper em seu projeto Tucumã, no estado do Pará, disse que a empresa se entende com as comunidades e tem seu empreendimento apoiado por elas. Ele recomenda que, antes de iniciar a implantação de um projeto, a empresa deve investir em um correto diagnóstico da comunidade, para conhecer sua realidade e identificar problemas em cuja solução a empresa pode colaborar. “Isto é essencial”.

Indo além das obrigações legais

O último painel do congresso teve como tema “Beyond Compliance” e discutiu como as empresas podem ir além das obrigações regulatórias, tendo como moderadora Patrícia Procópio e como debatedores Miguel Castro (OCDE), Henrique Anadan (Alcoa) e Rafael Benke (Proativa).

Miguel Castro disse que 70% dos países da Europa já incorporam leis de regulação ambiental, mas várias empresas se antecipam a essas regulações, de forma proativa.

Rafael Benke seguiu na mesma linha, afirmando que muitas empresas adotaram práticas de ESG bem antes de que elas virassem moda e que tem havido um verdadeiro engajamento por parte de muitas companhias do setor nas metas de descarbonização.

Henrique Anadan, por sua vez, afirmou que a Alcoa também age proativamente, mencionando a adoção de lavra de bauxita com recuperação simultânea em Juruti (PA) e a dragagem do porto (também em Juruti), que não estava prevista em projeto. Além disso, a empresa adota práticas de economia circular e descarbonização, com redução de 50% das emissões de escopo 1 até 2030. Ele acrescentou que os acordos de PPP firmados pela Alcoa no Pará somam mais de R$ 7 milhões nos últimos anos.

João Camargo, diretor de Planejamento e Política Mineral do MME, queixou-se do contingenciamento dos 7% da CFEM que cabem à ANM (Agência Nacional de Mineração) e disse que, mesmo assim, o MME conseguiu R$ 1 bilhão para a agência. Ele fez a promessa de que os dados da ANM serão disponibilizados online, em tempo real e que o governo está em vias de anunciar a Política Nacional de Minerais Estratégicos.

Patrícia Procópio, fechando o painel, disse que a mineração deve “olhar o passado e pensar no futuro com o legado que vai deixar”.

O congresso foi encerrado com a assinatura da Carta Santarém, documento firmado entre o Simineral e a SEMAS objetivando o levantamento e análise de todos os dados de desempenho da mineração paraense no que se refere à sustentabilidade. Veja mais clicando aqui.

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23/09/2025 04:45h

Governo, setor e parceiros internacionais se unem em Brasília para o Fórum Brasileiro pelo Ouro Responsável, buscando avanços na regulação, rastreabilidade e combate à ilegalidade na cadeia do ouro.

A Agência Nacional de Mineração (ANM), o Conselho Mundial do Ouro (World Gold Council) e o Fórum Intergovernamental sobre Mineração, Minerais, Metais e Desenvolvimento Sustentável (IGF) promovem, nos dias 23 e 24 de setembro o Fórum Brasileiro pelo Ouro Responsável, que reunirá governo, setor e parceiros internacionais para avançar em regulação e rastreabilidade da cadeia do ouro, prevenção à lavagem de dinheiro e cooperação contra o crime organizado, incorporando as lições da crise humanitária Yanomami.

Ao longo dos dois dias de evento, a pauta contemplará temas como due diligence, interoperabilidade entre sistemas públicos e privados, redução do mercúrio, integração de dados e aprimoramento da fiscalização. Estão previstos painéis com ANM, Ministério de Minas e Energia (MME), Banco Central do Brasil, Polícia Federal, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Casa da Moeda do Brasil, universidades e representantes do setor. A abertura será aberta à imprensa credenciada, mas o evento é fechado ao público.

O Fórum Brasileiro pelo Ouro Responsável será realizado no Auditório térreo do Ministério de Minas e Energia (MME) Esplanada dos Ministérios, Brasília e o credenciamento obrigatório está aberto até o meio-dia de 23 de setembro, com o envio de nome completo, veículo, função e celular para [email protected]. A programação completa pode ser acessada clicando aqui.

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21/09/2025 04:55h

O consumo interno de alumínio no Brasil cresceu 4,6% no primeiro semestre de 2025, impulsionado pelos setores de eletricidade e embalagens, apesar da desaceleração da economia global e recuo nas exportações.

A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) divulgou que o mercado interno consumiu 947 mil toneladas de alumínio no primeiro semestre de 2025, um crescimento de 4,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. No comparativo com o 2º semestre de 2024, observa-se recuo de cerca de 3% no volume consumido. As exportações de produtos transformados também recuaram 11% se comparado ao 1º semestre de 2024. “Os números confirmam a resiliência da indústria brasileira do alumínio, mesmo em um cenário global marcado por desafios como o tarifaço e a desaceleração da economia mundial. Ainda assim, é importante destacar que já observamos sinais de arrefecimento na demanda, o que reforça a necessidade de mantermos atenção redobrada ao contexto internacional e às políticas comerciais que impactam diretamente nossa competitividade”, avalia Janaína Donas, presidente-executiva da ABAL.

O levantamento apontou, ainda, que praticamente todos os produtos transformados de alumínio registraram incremento no consumo, com destaque para cabos, fundidos e chapas. Já os segmentos consumidores que mais contribuíram com a alta foram eletricidade e embalagens. O segmento de eletricidade foi 18% superior e consumo de 128,9 mil toneladas, impulsionado pelo significativo aumento da demanda por cabos elétricos para transmissão e distribuição de energia, devido à antecipação dos consumidores de parte do cronograma de compras, deslocando a demanda futura para o período mais recente. O alumínio se destaca como material preferido para fios e cabos elétricos graças à sua alta condutividade e menor peso em comparação a outros metais, como o cobre.

O segmento de embalagens representou 33% do volume total, alta de 7% e consumo de 308,8 mil toneladas em laminados de alumínio. O desempenho do setor refletiu a mudança do comportamento do consumidor em refeições dentro de casa, em detrimento da alimentação fora do domicílio, devido ao clima atipicamente frio nas principais regiões metropolitanas do país, além da melhora no nível de emprego e renda dos trabalhadores. Já o setor de transportes registrou aumento de 2,4% impulsionado pelas vendas de implementos para caminhões de menor valor agregado, bem como a produção de ônibus e veículos leves, enquanto a construção civil consumiu 169,2 mil toneladas, e o segmento registrou estabilidade em relação ao mesmo período de 2024, refletindo a moderação do crescimento no mercado imobiliário. Máquinas e equipamentos manteve desempenho consistente, com crescimento de 0,6% do consumo de alumínio, em linha com a expansão da produção do setor, enquanto o consumo no segmento de Bens de Consumo caiu 1,1%, devido à piora na confiança dos consumidores e do clima mais frio que fez reduzir a aquisição de ar condicionado.

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20/09/2025 04:15h

Câmara dos Deputados aprova urgência para projeto de lei que cria a Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, visando fortalecer a mineração sustentável e a soberania nacional na transição energética.

A Câmara dos Deputados aprovou, dia 18 de setembro, o regime de urgência para o Projeto de Lei 2.780/2024, que institui a Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos (PNMCE). Com a decisão, a proposta poderá ser votada diretamente no Plenário, sem necessidade de análise prévia pelas comissões da Casa. O projeto prevê a criação do Comitê de Minerais Críticos e Estratégicos (CMCE), vinculado ao Conselho Nacional de Política Mineral, e estabelece diretrizes para promover o desenvolvimento sustentável e estratégico da mineração no Brasil. A aprovação da urgência foi garantida pelo REQ 3764/2025, com 369 votos favoráveis e 38 contrários.

“A aprovação da urgência é essencial para que o Brasil avance em uma política moderna para minerais críticos, alinhando-se às melhores práticas globais, fortalecendo a soberania nacional e ampliando as oportunidades de desenvolvimento sustentável”, comentou o presidente da FPMin, deputado Zé Silva (Solidariedade/MG).

O PL 2.780/2024 busca posicionar o Brasil como líder no fornecimento de minerais essenciais à economia verde, como lítio, nióbio, terras raras, cobre e grafite natural.

A proposta estabelece normas para uso sustentável e competitivo dos recursos, incentivos fiscais, linhas de crédito, além de exigir investimentos em pesquisa, inovação e economia circular. O Deputado Arnaldo Jardim (Cidadania/SP), Diretor da FPMin, foi designado pelo Presidente da Câmara, Deputado Hugo Motta (Republicanos/PB), como relator de Plenário do PL 2.780/2024, reforçando a condução do projeto que fortalece a mineração estratégica e sustentável no Brasil.

A tramitação acelerada do projeto ganha mais relevância com a proximidade da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada no Brasil em 2025. A FPMin destaca que essas medidas reforçam a soberania nacional, atraem investimentos, reduzem a dependência externa e alinham o país às demandas da transição energética global.

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19/09/2025 04:20h

Especialistas discutem como o país pode transformar suas reservas em liderança sustentável, unindo ciência, indústria e responsabilidade socioambiental.

O avanço da transição energética e das tecnologias de ponta recoloca as terras raras no centro das discussões estratégicas globais. Elementos fundamentais para a produção de baterias, ímãs permanentes, turbinas eólicas e equipamentos de alta tecnologia, esses minerais críticos estão no radar de países que buscam segurança de suprimento e independência tecnológica.

O Brasil, detentor de importantes reservas, tem diante de si o desafio de transformar esse potencial em liderança sustentável, conciliando inovação, competitividade e responsabilidade socioambiental. Para aprofundar esse debate, com foco no desenvolvimento da cadeia produtiva das terras raras em Goiás, o Minde (Sindicato da Indústria da Mineração do Estado de Goiás e Distrito Federal) e o Senai realizaram na sede da FIEG, em Goiânia, dia 16 de setembro, o seminário “Terras Raras: da Mineração ao Beneficiamento e Fabricação de Produtos Tecnológicos de Alto Valor Agregado”. O evento contou com o patrocínio das empresas Anglo American, Grupo Curimbaba, Lundin Mining, Aclara Resources, Power Minerals e Mineração Serra Verde.

Conforme explicou André Rocha, presidente da FIEG (Federação das Indústrias do Estado de Goiás), a proposta é construir, de forma colaborativa, um conjunto de diretrizes que possa subsidiar a Federação na formulação de uma política industrial voltada ao aproveitamento econômico e tecnológico das terras raras extraídas no estado. Além de ampliar a geração de empregos e renda, a verticalização da cadeia pode consolidar Goiás como um polo estratégico para a produção de insumos essenciais à transição energética global — como baterias, ímãs e componentes eletrônicos. “Precisamos ir além da simples extração para focar em inovação, pesquisa e desenvolvimento (P&D) que viabilizem a industrialização de terras raras. A iniciativa, alinhada aos temas globais de mudanças climáticas, transição energética e inteligência artificial, busca posicionar o estado como um polo estratégico na nova economia”, defendeu Rocha.
Joel Braga, Secretário de Estado da Indústria, Comércio e Serviços, salientou que Goiás demonstra pioneirismo e liderança no setor: “foi o primeiro estado a registrar seu Plano Estadual de Recursos Minerais (PERM) na Agência Nacional de Mineração (ANM), garantindo segurança jurídica, e tornou-se o primeiro das Américas a exportar terras raras. O projeto Serra Verde, com um investimento de quase 600 milhões de dólares, já exporta o material, atraindo grande interesse internacional, evidenciado pela visita de uma delegação japonesa de alto nível (incluindo executivos da Toyota) logo após uma missão goiana ao Japão”.

Potencial geológico e vantagens competitivas do Brasil

A apresentação de Marcelo Carvalho, diretor Executivo da Meteoric Resources, teve como tema “Brasil – Centro de novo mercado sustentável de terras raras? Perspectivas e desafios”. Segundo ele, o Brasil reúne condições geológicas e estratégicas para se tornar um dos principais players globais no mercado de terras raras, insumos fundamentais para a transição energética e para a indústria de alta tecnologia. “Eu não vim falar da minha empresa, vim falar sobre o setor e as oportunidades que os depósitos de terras raras do Brasil oferecem para o país”, disse o executivo logo na abertura de sua apresentação.

Para Carvalho, a trajetória brasileira nesse campo ganhou destaque com as descobertas de lítio no Vale do Jequitinhonha, porém, mais recentemente, os depósitos de terras raras vêm atraindo investimentos expressivos. “Hoje, não tenho a menor dúvida de que o Brasil tem os melhores depósitos de terras raras do mundo”, afirmou.

O executivo explicou que, apesar de os elementos conhecidos como “raros” não serem escassos na natureza, a dificuldade está na sua separação. Quatro deles têm valor estratégico crescente: neodímio, praseodímio, térbio e disprósio, fundamentais para a produção de ímãs de alta potência utilizados em turbinas eólicas, veículos elétricos, equipamentos de defesa, robótica e medicina. “A demanda desses elementos deve ao menos dobrar nos próximos dez anos, e os institutos ainda subestimam esse crescimento porque setores como a robótica sequer entram nas projeções atuais”, ressaltou.

O executivo alertou, entretanto, para a dependência global da China, que hoje controla cerca de 90% do mercado industrial e 70% da produção mineral. “Se a China fechar a torneira, em cinco semanas montadoras europeias param suas linhas de motores elétricos. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos compra 100% dos ímãs que utiliza da China. A dependência é total”, enfatizou.

Carvalho destacou que o Brasil tem uma vantagem competitiva relevante: depósitos de argilas iônicas, semelhantes aos chineses, mas em condições geológicas mais favoráveis. O exemplo emblemático é a Caldeira de Poços de Caldas (MG), considerada por ele um “unicórnio geológico” pelo volume e teor mineral. “Só dentro da caldeira nós temos reservas equivalentes ao dobro do Vietnã. Esse depósito pode se tornar para as terras raras o que Carajás representa para o ferro”, comparou.

Outro polo promissor está no norte de Goiás, com depósitos de granitos alcalinos ricos em elementos pesados. “São os maiores teores de terras raras pesadas do mundo. Isso é altamente relevante, porque esses elementos têm maior valor agregado e uma demanda explosiva”, destacou.

Se projetos como os da Meteoric, Aclara, Viridis e Serra Verde avançarem simultaneamente, o Brasil poderá produzir entre 30% e 35% da oferta mundial em poucos anos. “Estamos no lugar certo, na hora certa. O desafio é transformar esse potencial em produção real”, disse Carvalho.

Entre os principais entraves, o executivo citou a previsibilidade no licenciamento ambiental, o financiamento de projetos e a necessidade de políticas públicas consistentes. “Como explicar a um investidor estrangeiro que o licenciamento pode levar de dois a cinco anos, dependendo do estado? Isso compromete a competitividade”, criticou.

Sobre financiamento, ele apontou limitações do BNDES, que exige garantias incompatíveis com empresas juniores. “Se não conseguirmos financiar no Brasil, teremos que buscar fora. Mas aí viramos exportadores de commodities, porque o financiamento externo vem amarrado a contratos de venda antecipada”, avaliou.

Carvalho defendeu a criação de mecanismos de parceria público-privada e maior engajamento governamental, citando exemplos internacionais. “A Austrália aportou US$ 1,7 bilhão em um projeto que nem era economicamente viável. Os Estados Unidos investiram US$ 300 milhões em uma empresa no ano passado e vão investir mais US$ 500 milhões agora. Esses governos estão garantindo que os depósitos saiam do chão”, comparou.

Para o diretor da Meteoric, o passo inicial é claro: “Não adianta falar em indústria sem antes falar em mineração. Esses depósitos ainda estão no chão. Primeiro precisamos tirar o minério, produzir carbonato, e depois estruturar a cadeia industrial”. Ele concluiu reforçando a oportunidade de o Brasil criar uma cadeia ocidental de suprimentos de terras raras sustentáveis, com rastreabilidade, padrões de ESG próprios e competitividade internacional. “Podemos ser a base de um novo mercado global, oferecendo não apenas volume e qualidade, mas também sustentabilidade. Essa é a grande chance do Brasil”, finalizou.

Brasil será “gota no oceano” diante da demanda global

O Brasil está diante de uma oportunidade histórica para se consolidar como fornecedor de terras raras estratégicas, mas o desafio é grande diante da escala de demanda mundial. A avaliação é de Murilo Nagato, country manager da Aclara no Brasil, que destacou em sua apresentação o avanço tecnológico da empresa e o papel que o país pode desempenhar nessa cadeia de valor.

“O que vamos produzir naquela cadeia de valor é um elemento que chamamos de carbonato de terras raras. O nosso, produzido em Aparecida de Goiânia, vem com uma qualidade muito superior ao material chinês”, afirmou. Segundo ele, enquanto a pureza média do produto da China gira em torno de 60% a 70%, a planta piloto da Aclara já alcançou 97%.

Esse diferencial, explica Nagato, amplia a atratividade do material brasileiro para parceiros internacionais. “Uma qualidade tão elevada abre portas para novas parcerias e reduz os riscos ao longo da cadeia de valor, hoje dominada pela China, que não compartilha facilmente tecnologia e conhecimento”, destacou.

O executivo lembrou ainda que o Brasil tem vantagens em relação às terras raras pesadas, de alto valor agregado, que estão nos planos da Aclara para serem produzidas em escala industrial a partir de 2028. “Hoje, os depósitos em Nova Roma representam cerca de 10% do que a China produz e algo em torno de 5% a 6% do mercado global. Isso já é o dobro do que se produz em algumas regiões asiáticas”, observou.

A projeção é que a demanda mundial por esses elementos dobre até 2030, puxada pelo crescimento de setores como mobilidade elétrica, turbinas eólicas, defesa e robótica. “Mesmo com todo esse potencial, o Brasil não vai ser suficiente para absorver tudo. Só para dar uma ideia, o que pretendemos produzir em 2028 seria suficiente para abastecer de quatro a cinco milhões de carros por ano. A indústria nacional não tem como consumir esse volume, portanto grande parte terá que ser exportada”, disse.

Nagato ressaltou, porém, que o país precisará ter clareza sobre seu papel no mercado global. “Hoje falamos em dois dígitos de participação, mas no futuro essa fatia pode cair para algo próximo de 2% ou 3%. Nosso colega da Aclara costuma dizer que o Brasil será apenas uma gota no oceano. E é isso mesmo: diante da demanda crescente, seremos uma fração, mas uma fração altamente qualificada e estratégica.”

Mineração responsável do início ao fim

O avanço da exploração de terras raras no Brasil não depende apenas de viabilidade geológica e financeira. Para garantir sucesso e legitimidade, os projetos precisam nascer com uma base socioambiental sólida. Essa foi a mensagem central de Rolf Fuchs, presidente da Integratio Consultoria.

Fuchs tem experiência direta no tema, incluindo a assessoria à Serra Verde, desde o estágio inicial até a licença de instalação, e o trabalho com a Aclara. “Se mineração fosse apenas geologia e engenharia, seria muito fácil. A viabilidade econômica é essencial, mas hoje não existe mais empreendimento que não tenha sua viabilização socioambiental”, afirmou.

O especialista ressaltou que os projetos de terras raras em argilas iônicas possuem características singulares. “Essas jazidas funcionam como uma ‘lavra-caminha’: à medida que você avança na lavra, já é possível recuperar a área atrás. Mas, se o pós-mina não for planejado desde o início, o risco de errar é muito maior”, explicou, comparando o modelo ao de minas de bauxita em Minas Gerais ou de titânio no Rio Grande do Sul.

Entre os desafios apontados, estão diagnósticos de saúde e ambientais, fundamentais para evitar mitos e boatos sobre radioatividade. “Se não tivermos indicadores claros, as narrativas de que mineração de terras raras aumenta câncer ou contaminação vão se espalhar. O único jeito de combater isso é com argumentos técnicos e transparentes”, alertou.

Outro ponto crucial é o relacionamento com comunidades locais. “Ninguém gosta de ter um vizinho barulhento, poluidor ou desconhecido. Então, por que a mineração seria vista de forma diferente? Se o empreendimento não se integrar à comunidade, aumenta o risco de oposição, boatos e conflitos”, disse Fuchs, defendendo planos de comunicação, convivência e educação ambiental desde a fase inicial.

Ele também destacou a importância de pensar no encerramento das operações. “Algum dia a mina vai acabar. A obrigação de vocês, geólogos e executivos, é prolongar esse momento ao máximo, mas é preciso preparar o terreno para quando isso acontecer. O fechamento de mina tem que ser integrado, com participação de empresas, governos, cadeias de fornecimento e da própria comunidade”, afirmou.

Como exemplos de boas práticas, citou projetos que devolveram áreas à vocação agrícola, garantindo mais produtividade aos pequenos produtores com assistência técnica. Mas Fuchs também apontou alternativas inovadoras: “Por que não instalar fazendas solares em áreas já mineradas? Assim, além de encerrar a mina de forma responsável, se gera uma nova fonte de riqueza e desenvolvimento regional.”

Para o consultor, a mineração de terras raras no Brasil só terá futuro sólido se houver esforço conjunto entre empresas, universidades, centros de pesquisa, governos e sociedade civil. “A mineração é necessária, mas precisa ser responsável. O pós-mina não é um detalhe; é parte essencial da viabilidade de qualquer empreendimento”, concluiu.

Cadeia completa de ímãs de terras raras

A construção de uma cadeia produtiva nacional para os ímãs permanentes de terras raras – essenciais na transição energética e em setores de alta tecnologia – foi o tema central das apresentações de Luís Gonzaga Trabasso (Instituto Senai de Inovação/SC), Ysrael Vera (CETEM/RJ) e André Luiz Nunis da Silva (IPT/SP). Os especialistas destacaram avanços, desafios tecnológicos e a importância de integrar empresas, institutos de pesquisa e governo em um projeto de país.

O professor Luís Gonzaga Trabasso apresentou o projeto Magbras, concebido como um “demonstrador industrial” de ciclo completo para produção brasileira de ímãs de terras raras, da mineração à reciclagem. “É um projeto de país, fruto da integração de 28 empresas e sete instituições de ciência e tecnologia. O nosso lema sempre foi da mina ao ímã”, explicou.

Segundo Trabasso, a aprovação do projeto em edital estruturante do Senai e Fundep, após uma primeira tentativa frustrada, foi um divisor de águas. “Na primeira submissão não havia mineradoras. Agora temos 12 empresas do setor integradas, o que garante uma visão completa de ciclo de vida”, destacou.

Ele enfatizou que o objetivo do Magbras não é suprir a demanda nacional de ímãs – estimada em 10 mil toneladas por ano – mas estabelecer uma referência tecnológica. “O que estamos propondo não é resolver a demanda, mas apresentar um demonstrador industrial, com todas as etapas da cadeia, incluindo reciclagem”, afirmou.

Na sequência, Ysrael Vera, pesquisador do CETEM/RJ, detalhou os avanços nos processos de separação e purificação de terras raras, etapa considerada o “coração tecnológico” da cadeia. “Os chineses demoraram 30 anos para dominar essas técnicas. O Brasil não pode perder tempo. Precisamos investir em pesquisa e planta piloto agora, porque sem domínio da separação não há independência tecnológica”, alertou.

Vera ressaltou ainda a importância de reduzir impactos ambientais nos processos de beneficiamento. “O mundo não aceita mais tecnologias poluidoras. Temos que mostrar que o Brasil pode produzir terras raras de forma sustentável e com padrões internacionais de ESG”, defendeu.

Encerrando as apresentações, André Luiz Nunis da Silva, engenheiro químico e pesquisador do IPT/SP, mostrou o trabalho desenvolvido pela instituição ao longo de mais de uma década na etapa de redução de óxidos a metais e na produção de ligas magnéticas.

“As terras raras são chamadas de raras não porque sejam escassas, mas pela dificuldade em processá-las. Transformar óxidos em metais exige superar barreiras termodinâmicas. É um desafio científico e industrial”, explicou.

Ele informou que o IPT vem testando rotas metalotérmicas e eletroquímicas para produção de metais como neodímio e disprósio, além de desenvolver técnicas para obtenção de ligas e pós metálicos usados na fabricação dos ímãs. “A rota eletroquímica tem mostrado maior eficiência e possibilidade de escalabilidade. Já conseguimos produzir amostras de ímãs em escala piloto, com qualidade comparável à internacional”, revelou.

Nunis destacou que, além do desafio tecnológico, é preciso criar um ecossistema de inovação integrado. “Estamos falando de uma cadeia que vai da mineração à manufatura avançada. Nenhum instituto sozinho consegue dar conta disso. A chave é a cooperação entre ICTs, empresas e governo”, afirmou.

O encerramento do encontro coube a Luiz Antônio Vessani, presidente e fundador do Movimento Nacional da Mineração e Desenvolvimento (Minde), que reforçou a importância de transformar o debate em ação concreta para consolidar a cadeia de terras raras no Brasil e fortalecer a indústria mineral como um todo.

“Conseguimos dois objetivos: mostrar a abundância mineral brasileira e a complexidade de todo o ciclo, da mina até o ímã”, afirmou Vessani, destacando que Goiás se apresenta como um dos polos estratégicos para essa agenda. Ele elogiou o apoio do governo estadual, da FIEG e do Senai, ressaltando a necessidade de integrar instituições de ciência e tecnologia, empresas e entidades da indústria em um projeto de país.

Ao lembrar os entraves enfrentados pelo setor, como o monopólio tecnológico da China e a dificuldade de atrair a indústria nacional para essa cadeia, Vessani foi categórico: “Temos potencial maior do que o da China em termos de recursos minerais. O exemplo que precisamos seguir é o de aproveitamento inteligente, que passa por política de Estado e continuidade, independentemente de mudanças de governo.”

Em sua fala, ele reforçou o papel do Minde como articulador político e institucional para garantir que o setor mineral tenha voz ativa em Brasília. “O nosso esforço é ligar as pontas, juntar competências e trazer a indústria para perto. O Minde nasceu justamente para defender e desenvolver a mineração no Brasil, mostrando que o setor não é problema, mas solução para o desenvolvimento nacional”, declarou.

Vessani encerrou emocionado, agradecendo a participação de pesquisadores, empresas e entidades que se uniram ao debate. “Cumprimos nossa função hoje. Agora, é hora de transformar esse movimento em resultados concretos para a sociedade”, concluiu, lançando o compromisso de seguir trabalhando pela criação de um Grupo de Trabalho em Goiás, como base de apoio às iniciativas que integrarão ciência, indústria e governo.

As reflexões deste encontro demonstram que o Brasil reúne não apenas recursos minerais abundantes, mas também capital humano, conhecimento científico e capacidade industrial para ocupar um papel estratégico na cadeia global de terras raras. O desafio que se coloca é transformar esse potencial em realidade por meio de políticas públicas consistentes, parcerias entre academia e indústria, inovação tecnológica e compromisso socioambiental. Se esses elementos convergirem, o país poderá não apenas atender à crescente demanda internacional, mas também se consolidar como referência mundial em produção sustentável de terras raras, agregando valor à sua economia e contribuindo para a transição energética global. (Mara Fornari)

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14/09/2025 04:50h

Vale obtém licença do Ibama para o Projeto Serra Sul +20 Mtpa, que ampliará em 20 milhões de toneladas a capacidade da mina S11D até 2026, com investimento de US$ 2,8 bilhões.

A Vale anunciou que recebeu do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a licença de operação para as atividades ligadas ao Projeto Serra Sul +20 Mtpa, no Sistema Norte, no Pará. 

De acordo com a mineradora, o projeto já se encontra em linha com o cronograma estabelecido, com início do comissionamento previsto para o segundo semestre de 2026. A iniciativa prevê a expansão da capacidade anual da mina-planta S11D em 20 milhões de toneladas, a partir de um pacote de obras que inclui a abertura de novas áreas de lavra, a instalação de um britador semimóvel, a duplicação da correia transportadora de longa distância já existente e a implantação de novas linhas de processamento.

Os investimentos totais são estimados em US$ 2,8 bilhões. Até o momento, o projeto atingiu 57% de avanço financeiro e 77% de progresso físico, consolidando-se como uma das principais frentes de expansão da Vale.

O Serra Sul +20 Mtpa integra o conjunto de iniciativas estratégicas da empresa, ao lado dos projetos Vargem Grande e Capanema, voltadas à ampliação sustentável da produção de minério de ferro e ao aumento da flexibilidade do portfólio de produtos.

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13/09/2025 04:35h

Diretor do SGB defende a importância de pesquisas geológicas para impulsionar a cadeia produtiva de minerais estratégicos e garantir a soberania nacional, destacando o papel da instituição na geração de conhecimento sobre o território brasileiro e suas reservas minerais.

O diretor de Geologia e Recursos Minerais do SGB, Valdir Silveira, disse que é necessário avançar com as pesquisas geológicas e impulsionar a cadeia produtiva sustentável dos minerais estratégicos para garantir a soberania nacional durante audiência promovida pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informática do Senado Federal, no dia 10 de setembro. “O setor mineral está dividido nas etapas iniciais de pesquisa e avaliação da pesquisa. Apenas depois, se instala um empreendimento mineiro. Para chegar a esse processo, existe um longo caminho a ser trilhado e que passa por muita pesquisa”, afirmou Silveira.

Ele mencionou ainda que o Brasil tem dimensões continentais, com 8,5 milhões de km² e mais 5,7 milhões de km² de área marinha, e o SGB é o responsável por gerar conhecimento sobre o território nacional. “Quem pesquisa sobre geologia e recursos minerais, quem traz conhecimento geológico primário do país é o Serviço Geológico do Brasil (SGB)”, disse, enfatizando que há 56 anos o SGB realiza estudos e desenvolve projetos voltados para atender o setor mineral, como o “Projeto Avaliação do Potencial de Terras Raras”.

Na ocasião, o diretor reforçou que o Brasil tem vasta diversidade geológica e áreas propícias para a ocorrência de diversos minerais: “O Brasil tem pelo menos um depósito de classe mundial desses elementos que são considerados críticos para o mundo, especialmente para transição energética, segurança alimentar, defesa e corrida espacial”. O Brasil detém 94% das reservas globais de nióbio, com 16 milhões de toneladas, é o segundo maior em reservas de grafita, com 74 milhões de toneladas (26%), e terras raras, com 21 milhões de toneladas (23%). As reservas de níquel somam 16 milhões de toneladas (12%) e o Brasil tem a terceira maior reserva no ranking mundial. Os dados são da publicação “Uma Visão Geral do Potencial de Minerais Críticos e Estratégicos do Brasil”, do SGB, e são do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).

Atualmente, 30% do território está mapeado na escala 1:100.000, considerada mínima ideal para investimentos, por apresentar informações mais detalhadas sobre as potencialidades minerais. Segundo o diretor Valdir Silveira, é preciso fortalecer as pesquisas para que o país conheça todo seu potencial e tenha ainda mais destaque no cenário internacional. O SGB tem avançado com os trabalhos, orientado pelas diretrizes do governo federal, estabelecidas em documentos como Plano Nacional de Mineração 2030, Plano Plurianual 2023-2027 e Plano Decenal de Pesquisa de Recursos Minerais 2025-2034.

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09/09/2025 04:45h

Apesar da queda de 2,5% nas vendas de cimento em agosto de 2025, o acumulado do ano registra alta de 2,8%, com o setor otimista devido à sazonalidade e à meta do programa Minha Casa, Minha Vida.

Segundo números do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), as vendas de cimento somaram seis milhões de toneladas em agosto de 2025, uma queda de 2,5% na comparação com o mesmo mês de 2024. No entanto, no acumulado do ano até agosto, as vendas totalizaram 44,2 milhões de toneladas, um crescimento de 2,8% em relação ao mesmo período do último ano.

O mercado imobiliário, importante indutor do consumo do cimento, registrou queda de 6,8% dos lançamentos no segundo trimestre de 2025 em relação ao ano anterior. Houve ainda uma reversão de tendência na performance do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) no último trimestre. Os lançamentos do MCMV caíram 15,5% na mesma base de comparação, reduzindo sua participação no total do mercado imobiliário. A piora na expectativa para os próximos meses também afetou a construção civil, que registrou queda no indicador da confiança para o menor nível desde maio de 2021. A escassez de mão-de-obra e o acesso ao crédito permanecem como as principais limitações atuais dos negócios.

Na indústria, a queda do indicador de confiança ao menor patamar desde a pandemia reforça a tendência de insegurança entre os empresários. A combinação entre a contração da política monetária e o aumento da incerteza, intensificada pelas novas taxações americanas sobre produtos brasileiros, configura um cenário desafiador para o setor frente a eventuais reflexos negativos a economia, afetando o consumo de cimento. Ainda assim, o setor cimenteiro segue otimista com a sazonalidade nas vendas do produto que tem, historicamente, um melhor desempenho no segundo semestre. “A meta estabelecida pelo governo federal para o programa Minha Casa, Minha Vida de atingir dois milhões de moradias de 2023 a 2026, e possibilitará um consumo de 10 milhões de toneladas de cimento no período. Os sistemas construtivos em alvenaria estrutural e parede de concreto têm avançado em todo o País, devido à economia, agilidade, competitividade e ao trabalho que a indústria brasileira do cimento tem feito de engajamento e capacitação dos profissionais nas empresas da construção civil”, disse Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC.

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06/09/2025 04:20h

A Vale inaugura a mina Capanema, em Minas Gerais, com tecnologia de ponta e foco em sustentabilidade, e anuncia R$ 67 bilhões em investimentos no estado até 2030, impulsionando a produção de minério de ferro e o desenvolvimento local.

A Vale inaugurou, dia 4 de setembro, a mina Capanema, em Ouro Preto (MG), em solenidade com o governador Romeu Zema e outras autoridades. A retomada da operação marca o início de uma nova fase da Vale em Minas Gerais, com investimentos de R$ 67 bilhões até 2030. Os recursos serão destinados para processos produtivos mais seguros, inovadores e sustentáveis, além de priorizar a redução do uso de barragens, reduzir as emissões de carbono e ampliar a mineração circular, com o apoio de novas tecnologias nos cinco complexos operacionais da empresa em Minas Gerais.

A mina Capanema vai operar a umidade natural, sem a utilização de água no processamento do mineral e sem gerar rejeito, eliminando a necessidade de barragem. O novo modelo contempla cinco caminhões fora de estrada autônomos e soluções de circularidade, com o reprocessamento de minério de ferro contido em uma antiga pilha de estéril. A mina vai adicionar aproximadamente 15 milhões de toneladas por ano à produção de minério de ferro da Vale, contribuindo para o alcance do guidance de 340–360 milhões de toneladas anuais em 2026. A Vale investiu cerca de R$ 5,2 bilhões na reativação da unidade, que estava paralisada havia 22 anos, incluindo a modernização das instalações e a integração com outras minas da região para a otimização de processos e redução de impactos ambientais. As obras tiveram duração de cinco anos, envolveram cerca de 40 empresas e mais de 6 mil trabalhadores no pico das atividades, com priorização de mão de obra local. A operação conta com 800 empregados. “Minas Gerais está no centro da transformação da Vale. Temos uma longa história de aprendizados, de uma profunda evolução cultural e, sobretudo, de parceria com os mineiros. Seguimos juntos nessa jornada, na certeza do nosso legado para o desenvolvimento sustentável do Estado. Capanema exemplifica a nova fase da mineração em Minas Gerais e reforça nosso compromisso com um processo produtivo mais responsável, minimamente invasivo e com tecnologia e inovação aplicadas para o melhor aproveitamento dos recursos minerais e para iniciativas de descarbonização”, afirma Gustavo Pimenta, presidente da Vale.

O investimento de R$ 67 bilhões em Minas Gerais está inserido na estratégia da Vale para 2030 para oferecer um portfólio de minério de ferro mais flexível, impulsionado por melhorias no desempenho operacional. Os aportes neste período devem gerar cerca de R$ 440 milhões em royalties por ano, movimentando R$ 3 bilhões anuais em salários para cerca de 60 mil profissionais, entre próprios e contratados. A maior parte dos investimentos será destinada a soluções para ampliar a filtragem e o empilhamento a seco do rejeito, com o objetivo de reduzir de 30% para 20% o uso de barragens nas operações da empresa no Estado. “Esses projetos oferecerão mais segurança na produção do portfólio de alta qualidade, que requer etapas de concentração do minério, especialmente o pellet feed high grade, essencial para as rotas de redução direta na produção de aço com menor emissão de gases de efeito estufa. Minas Gerais é estratégico no fornecimento desse produto, contribuindo diretamente para a descarbonização da indústria siderúrgica”, explica Rogério Nogueira, vice-presidente executivo Comercial e de Desenvolvimento da Vale.

A Vale investirá também na modernização dos cinco complexos operacionais da mineradora, além do aumento na gestão de estruturas geotécnicas das minas, incluindo conectividade, renovação de frota, instrumentação e monitoramento, entre outros processos que garantem a segurança, sustentabilidade e inovação na produção de minério de ferro no Estado. Os recursos abrangem a eliminação de barragens e diques do Programa de Descaracterização de Estruturas a Montante. Desde 2019, cerca de 60% do programa foi executado. Das 13 estruturas remanescentes, oito estão em obras. Todas estão inativas e são monitoradas 24 horas por dia pelos Centros de Monitoramento Geotécnico da Vale. “Continuamos avançando na gestão de nossas estruturas geotécnicas, aprimorando os controles e estudos técnicos e desenvolvendo tecnologia de ponta, em parceria com nossos fornecedores, para eliminar nossas barragens a montante, com foco absoluto na segurança dos nossos empregados, das comunidades vizinhas e na proteção do meio ambiente. Esse é um passo essencial para uma mineração mais segura e alinhada às expectativas da sociedade”, ressalta Rafael Bittar, vice-presidente executivo de Serviços Técnicos da Vale.

Desde 2020, a vale tem intensificado práticas de mineração circular em Minas Gerais com o reprocessamento de minério de ferro de estruturas geotécnicas em descaracterização, como as pilhas de estéril da mina Serrinha e a barragem Vargem Grande da mina de mesmo nome. O reaproveitamento permite a eliminação de riscos associados às estruturas e traz ganhos ambientais, como a redução de área para disposição do material. No primeiro semestre de 2025, a mineradora produziu cerca de nove milhões de toneladas a partir desses programas, um aumento de 14% em relação ao mesmo período de 2024. No ano passado, a produção de fontes circulares somou 12,7 milhões de toneladas, e há potencial para que a empresa alcance 10% de sua produção total por meio dessas fontes até 2030. Minas Gerais responde por cerca de 80% desse volume.A Vale iniciou também a produção de Areia Sustentável em Minas Gerais, com mais de três milhões de toneladas comercializadas nos últimos dois anos, e a Fábrica de Blocos em Itabirito, que transforma rejeitos em materiais para a construção civil, retornando para a cadeia produtiva materiais que seriam anteriormente descartados em barragens e pilhas. Com 63 mil empregados, entre próprios e contratados, as atividades da Vale representaram 3,5% do PIB do Estado em 2023, conforme estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Nos últimos dois anos, Minas Gerais foi responsável por cerca de 45% da produção total de minério de ferro da companhia. A Vale também apoia as manifestações artísticas e ativos culturais do Estado. De 2020 a 2024, investiu cerca de R$ 370 milhões em 335 projetos, democratizando o acesso à arte e cultura para mais de um milhão de pessoas em 45 municípios de Minas Gerais. A Vale protege 73 mil hectares de áreas verdes no Estado, o equivalente a mais de duas vezes o tamanho da capital Belo Horizonte, entre áreas próprias e em parceria com o ICMBio. Desse total, mantém 13 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), em municípios onde possui operações. Adicionalmente, a empresa conserva outros 41 mil hectares, entre reservas legais, áreas de compensação ambiental e destinadas à criação de novas RPPNs, atualmente em análise pelos órgãos competentes.

   

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