29/06/2025 02:00h

Decisão do Congresso evita cortes em estados com perda populacional e abre espaço para o crescimento de partidos fortes em regiões conservadoras. Especialistas avaliam que a medida tem impacto político, mas não corrige distorções históricas

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A Câmara dos Deputados terá 18 novas cadeiras a partir da próxima legislatura, em 2027, passando de 513 para 531 parlamentares. A mudança, aprovada por ampla maioria no Congresso Nacional nesta quarta-feira (25), foi motivada pela atualização do Censo Demográfico de 2022 e busca corrigir a defasagem na representação proporcional dos estados. No entanto, segundo especialistas ouvidos pelo Brasil 61, a solução política encontrada — aumentar sem reduzir — traz consequências mais profundas do que aparenta.

“A decisão foi pragmática: não quiseram mexer nos grupos políticos já existentes. Aumentaram para quem tem direito, mas não cortaram de ninguém. Isso afeta diretamente o equilíbrio de forças no Congresso”, afirma o advogado eleitoral Antônio Ribeiro, membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep).

Quais estados ganham cadeiras

A nova configuração atende à regra de proporcionalidade populacional prevista na Constituição, segundo a qual o número de deputados por estado deve ser ajustado conforme o tamanho da população. Com base no Censo 2022, os seguintes estados terão aumento de cadeiras:

  • Pará: +4
  • Santa Catarina: +4
  • Minas Gerais: +2
  • Amazonas: +1
  • Ceará: +1
  • Goiás: +1
  • Mato Grosso: +1
  • Piauí: +1
  • Rio Grande do Norte: +1
  • Distrito Federal: +1
  • Espírito Santo: +1

Critério técnico e solução política

Originalmente, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) previa uma redistribuição de cadeiras, com alguns estados ganhando representantes e outros perdendo — conforme a variação populacional. Mas o Congresso decidiu manter o mínimo de oito e o máximo de 70 deputados por estado, sem retirar assentos de unidades federativas que tiveram decréscimo populacional.

“O STF determinou que a representação estava desatualizada. Mas, para não comprar briga com estados que perderiam cadeiras, o Congresso ampliou o total, preservando os interesses políticos regionais”, explica o advogado eleitoral Alexandre Rollo, doutor em Direito das Relações Sociais. 

Para ele, a decisão, embora constitucional, abre um precedente perigoso: “Se a cada novo censo aumentarmos o número de cadeiras para evitar conflitos, teremos um Congresso inchado e com governabilidade cada vez mais difícil”.

Impacto político: quem ganha com a mudança

A alteração deve influenciar diretamente na correlação de forças dentro da Câmara, embora o efeito prático vá depender da próxima eleição. Estados como Santa Catarina, com perfil político mais conservador, tendem a eleger bancadas alinhadas à direita, ampliando o espaço de partidos como PL, PP e Republicanos. Já no Pará, que ganhou quatro cadeiras, a tendência é de fortalecimento de partidos de centro, como MDB, União Brasil e PSD.

“Esses novos assentos representam, na prática, o fortalecimento de grupos já bem posicionados nos estados. O crescimento do Centrão também é esperado, especialmente porque muitos candidatos estão migrando para partidos com estrutura nacional mais sólida”, afirma Ribeiro.

Redesenho do mapa político nacional

A nova distribuição também pode impactar as decisões legislativas nos próximos anos. Em votações polêmicas, como reformas econômicas ou pautas de costumes, os estados que ganharam mais força podem influenciar o resultado final.

“Mesmo que a divisão interna de partidos se mantenha, o número maior de deputados exige mais negociação. O presidente da República, seja quem for, precisará dialogar com mais lideranças, e isso encarece a governabilidade”, avalia Rollo. “Mais deputados significa também mais cargos, mais emendas, mais espaço para disputas internas.”

Além da Câmara, a ampliação afeta a composição das assembleias legislativas estaduais, uma vez que o número de deputados estaduais é proporcional ao número de federais por estado. O Senado, por sua vez, não é impactado, pois cada unidade da federação segue com três representantes fixos.

Distribuição atual de deputados por partido (2025)

(Fonte: TSE – Dados atualizados até maio de 2025)

Partido/Federação/Nº de Deputados

  • PL - 98
  • PT - 68
  • União Brasil - 59
  • PP - 52
  • PSD - 45
  • MDB - 40
  • Republicanos - 38
  • PSB - 29
  • PDT - 17
  • Podemos - 12
  • Outros - 55


 

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26/06/2025 16:16h

Derrubada de decreto que aumentava IOF marca início das ações em defesa de um ambiente mais favorável ao setor, responsável por mais de 70% do PIB brasileiro

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O primeiro pleito da agenda prioritária legislativa lançada nesta quarta-feira (25) pela Frente Parlamentar do Comércio e Serviços (FCS) já foi conquistado: a derrubada do decreto presidencial que aumentava as tarifas do IOF. A medida, uma das principais demandas do setor, foi anunciada em primeira mão durante o lançamento da agenda no Congresso Nacional pelo deputado Domingos Sávio (PL-MG), presidente da FCS na Câmara.

A nova agenda reúne mais de 40 propostas voltadas à modernização do ambiente de negócios, desoneração da folha de pagamentos, simplificação tributária, desburocratização e regulação de plataformas digitais, entre outros pontos estratégicos para destravar o crescimento do setor de comércio e serviços — responsável por mais de 70% do PIB brasileiro e pela maior parte da geração de empregos formais no país.

Presente no lançamento, o presidente em exercício da CACB, Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil, Ernesto João Reck, falou sobre a importância das pautas, principalmente para as micro e pequenas empresas.

“A agenda legislativa é uma oportunidade de facilitar a vida do empresário, que está na ponta, que discutimos regulação na reforma tributária, trabalho em final de semana e como o pequeno empresário consegue sobreviver.”, destacou.

Durante o evento, o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), destacou a importância do setor para o desenvolvimento nacional:

“Estamos falando de pequenos e médios empreendedores, de famílias que dependem deste setor para o seu sustento e de comunidades inteiras que encontram no comércio local sua principal fonte de desenvolvimento. Valorizar o comércio e os serviços é valorizar o Brasil real — aquele que trabalha de portas abertas, que inova, que empreende e acredita no futuro.”

Segundo Motta, a agenda lançada representa um marco no diálogo entre o setor produtivo e o Parlamento:

“Não se trata apenas de um documento técnico, mas de um instrumento de transformação social. Cada proposta tem potencial de impactar positivamente a vida de milhões de brasileiros — seja pela geração de empregos, pela redução de custos para o consumidor ou pela criação de novas oportunidades de negócios.”

Força do setor 

Para o presidente da Unecs, a União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços, Leonardo Severini, a agenda reflete a força e a diversidade do setor.

“O comerciante e o prestador de serviços são a cara do brasileiro. Já conquistamos relevância no Legislativo e agora buscamos ampliar esse espaço também no Executivo, no Judiciário, nos meios de comunicação e na sociedade. Queremos construir uma narrativa nacional que reconheça a importância da nossa jornada.”

O senador Efraim Filho (União-PB), que lidera a frente no Senado, reforçou que a agenda foi construída de forma colaborativa e que o documento serve tanto para apontar caminhos como para proteger o setor de retrocessos:

“Temos uma agenda positiva, com medidas que promovem mais simplicidade e menos burocracia. Mas há também uma agenda negativa, com propostas que prejudicam o empreendedor e precisam ser barradas. Nosso papel é garantir que o Brasil continue sendo um país onde empreender seja possível.”

A FCS é composta por mais de 190 parlamentares e o documento lançado esta semana servirá como base para as articulações políticas no segundo semestre de 2025, estabelecendo pontes entre o Legislativo e os setores que sustentam grande parte da economia brasileira.
 

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16/06/2025 00:00h

Sessão conjunta na terça (17) deve analisar mais de 60 vetos presidenciais e ler requerimento de criação da CPMI do INSS; Câmara vota urgência para sustar decreto do IOF

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A pauta do Legislativo será concentrada em votações de alta repercussão política e fiscal. A semana começa com a Câmara dos Deputados analisando, nesta segunda-feira (16), o requerimento de urgência para sustar o decreto presidencial que reajustou alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A medida foi defendida pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos), após reunião com líderes partidários. Segundo ele, o clima entre os deputados não é favorável a aumentos de tributos com fins arrecadatórios.

Na terça-feira (17), uma sessão conjunta do Congresso Nacional está prevista para apreciar cerca de 60 vetos presidenciais acumulados desde 2022. Segundo o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), a análise dos vetos relacionados ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e às eólicas offshore deve ser adiada. Além dos vetos, a sessão será palco da leitura do requerimento de criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar descontos indevidos em benefícios de aposentados do INSS.

Entre os vetos em pauta, entidades do setor produtivo pressionam o Congresso pela derrubada de dispositivos considerados estratégicos. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), por exemplo, defende a rejeição dos vetos nº 18/2023, nº 46/2023 e nº 7/2025. Segundo a entidade, os dispositivos impactam diretamente a habitação popular, os contratos públicos e os investimentos imobiliários, incluindo regras do Minha Casa, Minha Vida, da nova Lei de Licitações e da reforma tributária.

O cenário fiscal também deve dominar os debates no Senado, onde ainda não há consenso sobre a Medida Provisória 1.303/2025. A MP trata da tributação de investimentos e foi apresentada como alternativa ao aumento do IOF. Líderes partidários indicaram necessidade de mais tempo para análise dos dispositivos, que incluem mudanças na CSLL de instituições financeiras e elevação da alíquota sobre apostas online. O único ponto de convergência até o momento é a taxação das “bets”, que poderá chegar a 18%.

Além dessas pautas, o Senado deve votar na quarta-feira (18) a urgência e o mérito do projeto de lei que amplia o número de deputados federais, atualizando a composição da Câmara com base na população dos estados. O texto propõe a elevação do número de cadeiras de 513 para 531 a partir das eleições de 2026.

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15/06/2025 03:30h

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), medida garante segurança jurídica aos produtores rurais. Projeto segue para o Senado

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A Câmara dos Deputados aprovou o  Projeto de Lei (PL 4497/2024), que altera regras sobre a regularização de imóveis rurais em áreas de fronteira. Um dos dispositivos da proposta prorroga, por mais três anos, o prazo para produtores rurais realizarem o georreferenciamento do imóvel rural.

A exigência atual de georreferenciamento prevista na Lei dos Cartórios (Lei 6.015/73) deve passar a ser obrigatória somente a partir de 31 de dezembro de 2028 – o que será aplicado em qualquer situação de transferência de imóvel rural quando de seu registro.

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a medida garante segurança jurídica aos produtores rurais e beneficia os produtores que ainda possuem dificuldades operacionais ou financeiras para atender à exigência. 

“Antes da nova norma, o prazo para imóveis com menos de 25 hectares se encerraria em 20 de novembro deste ano. Agora, todos os imóveis sujeitos à obrigatoriedade, independentemente do tamanho, terão mais tempo para se adequar”, destacou a CNA, em nota.

Pelo projeto, para imóveis de até 4 módulos fiscais, a obrigatoriedade adiada para 2028 será aplicada apenas após quatro anos da publicação de decreto do Poder Executivo regulamentando a isenção de custos com esse levantamento de localização para os proprietários com imóveis até essa área.

O PL é de autoria do deputado Tião Medeiros (PP-PR), aprovado sob a relatoria da deputada Caroline de Toni (PL-SC). A proposta segue para o Senado Federal.

Imóvel em faixa de fronteira

A proposta permite a regularização de imóveis rurais em áreas de fronteira com declaração escrita e assinada pelo requerente em substituição a certidões oficiais, caso não seja possível obtê-las diretamente do órgão responsável pela base de dados oficial ou se o órgão passar de 15 dias para responder.

O texto também prorroga de 2025 para 2030 o prazo para a ratificação de registros de imóveis rurais localizados em faixa de fronteira.

Segundo a CNA, a proposta teve atuação ativa da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Sistema FAEP) para aprovação. A Confederação defendeu, em nota, que a medida evita que proprietários rurais na faixa de fronteira percam as terras para a União por conta de entraves burocráticos para finalizar a regularização. 

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09/06/2025 01:00h

Propostas de compensação ao IOF, pedido de cassação de Zambelli, reconfiguração da Câmara e embate sobre reforma administrativa marcam a pauta da semana a partir de 9 de junho

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A semana promete ser movimentada no Congresso Nacional com a chegada de propostas do governo para compensar a alta no IOF. Depois de apresentar uma série de medidas aos parlamentares no fim de semana, no sentido de manter o equilíbrio fiscal, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve continuar em busca de um consenso com o Legislativo para manter as contas públicas sem sacrificar investimentos estratégicos. Mas já há resistência entre parlamentares que querem ter voz nas decisões de ajuste.

Outro tema que deve voltar à pauta é a isenção do Imposto de Renda para pessoas físicas que ganham até R$ 5 mil mensais. Segundo o cientista político Eduardo Grin, “o governo precisa disso para 2026. A oposição de um lado não quer liberar, mas de outro lado não pode não liberar, em função de questões políticas — já que o ano que vem, é ano eleitoral.” 

CPMI do INSS

A pressão por uma resposta política ao escândalo do INSS também deve movimentar o Congresso. A pesquisa Genial/Quaest divulgada na última semana revela que 31% da população apontam o governo Lula (PT) como o principal responsável pelas fraudes no sistema. Além disso, metade dos entrevistados é favorável à instalação de uma CPI para investigar o caso.

Para Grin, o tema deve continuar em voga, motivado por uma oposição que tem interesse em atribuir ao governo Lula os casos de fraude que foram expostos nesta gestão. 

Cassação e GT da Reforma Administrativa 

Outro tema que deve gerar debates intensos é o pedido de cassação da deputada Carla Zambelli (PL-SP), após o Supremo Tribunal Federal confirmar sua condenação e determinar a perda do mandato da parlamentar. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, reforçou o pedido com nova petição protocolada na última sexta-feira (6), citando a fuga de Zambelli como fator agravante. A expectativa é que a Mesa Diretora da Casa analise o caso ainda nesta semana, com forte pressão política para dar uma resposta rápida.

Também segue em curso o grupo de trabalho da reforma administrativa, criado na Câmara, mas já cercado de polêmicas. O presidente da Casa, Hugo Motta, encomendou estudos que incluem medidas impopulares, como a desvinculação do salário mínimo para aposentadorias, o que gerou forte reação do Ministério da Gestão. O Planalto quer blindar sua pauta fiscal e barrar propostas não alinhadas à equipe econômica. O ambiente indica mais uma disputa por protagonismo entre Executivo e Legislativo às vésperas do ano eleitoral.

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02/06/2025 01:00h

Câmara instala grupo para discutir modernização do serviço público, enquanto Senado avança com PEC da reeleição e debate ambiental gera reações

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A semana no Congresso começa com a instalação de um grupo de trabalho na Câmara dos Deputados para discutir uma nova proposta de reforma administrativa. Criado por ato do presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), o colegiado tem 45 dias para apresentar um texto que modernize a administração pública sem desestruturar os serviços já existentes. O grupo será coordenado pelo deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), conhecido por sua atuação em pautas econômicas, e contará com 14 integrantes de partidos diversos.

A movimentação ocorre após a aprovação do reajuste salarial dos servidores federais, o que reacendeu a discussão sobre o equilíbrio fiscal e a eficiência do setor público. A expectativa é que o novo texto busque maior consenso político do que versões anteriores, como a proposta do governo Bolsonaro, engavetada após forte resistência.

IOF em xeque: Congresso pressiona por alternativa fiscal

Outro tema que deve dominar os debates é a elevação das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), medida anunciada pelo governo federal e fortemente criticada por parlamentares. Hugo Motta deu um ultimato de 10 dias ao Executivo para apresentar uma alternativa ao aumento, sob risco de o Congresso sustar o decreto.

Em resposta, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, admitiu que ainda não há uma proposta concreta, mas destacou que a arrecadação é considerada “imprescindível” para cumprir as metas fiscais. A revisão das isenções fiscais, que geram perdas de até R$ 800 milhões anuais, também deve entrar na pauta como possível caminho para compensar a arrecadação.

PEC da reeleição e mandato de senadores volta à cena

Nos bastidores do Senado, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), articula a retomada do trecho da PEC 12/2022 que amplia de oito para dez anos o mandato dos senadores. A proposta de emenda à Constituição, que também estabelece o fim da reeleição para cargos do Executivo, foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) com uma versão alterada pelo relator, senador Marcelo Castro (MDB-PI), que reduziu os mandatos para cinco anos após resistência da oposição. 

Agora, Alcolumbre busca restaurar a proposta original durante a votação em plenário, prevista para esta semana. A medida conta com apoio de senadores do centrão, da base do governo e até de parte da oposição, embora haja críticas de que o aumento de mandato poderia representar um movimento de legisladores em benefício próprio. Caso aprovada no Senado, a PEC seguirá para análise na Câmara dos Deputados.

Regulação de apostas e embate ambiental também avançam

Ainda no Senado, avança a regulamentação da publicidade de apostas esportivas. Aprovado nesta semana, o projeto proíbe o uso de atletas, artistas e influenciadores em campanhas publicitárias de casas de apostas. O texto agora segue para análise na Câmara dos Deputados.

Outro tema sensível será o projeto que flexibiliza o licenciamento ambiental, apelidado por críticos de “PL da devastação”. A proposta já foi aprovada no Senado e enfrenta resistência de organizações indígenas, ambientalistas e da Funai. A expectativa é de que a pressão por mudanças se intensifique nos próximos dias.
 

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28/05/2025 19:50h

Proposta será encaminhada à Câmara dos Deputados

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Micro e pequenas empresas terão estímulo para serem contratadas em processos de licitação pública. É o que prevê o Projeto de Lei Complementar (PLP 234/2020), de iniciativa do senador Chico Rodrigues (PSB-RR), aprovado pelo Senado Federal. A proposta altera o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (Lei Complementar nº 123, de 2006).

Com o objetivo de ampliar a participação de micro e pequenas empresas e de microempreendedores individuais em licitações públicas, o autor afirmou que o projeto ajusta o limite máximo para contratações e compras exclusivas desses segmentos pelo poder público. Atualmente fixado em R$ 80 mil, esse teto passará para mais de R$ 125 mil.

Dessa forma, compras e contratações realizadas pela administração pública de até R$ 125 mil passarão a ser feitas exclusivamente com empreendedores desses setores.

Pela proposta, a administração pública deverá exigir dos licitantes, quando aplicável, a subcontratação de micro ou pequenas empresas para a execução de obras e serviços. A matéria foi relatada pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM).

Rodrigues destacou que, atualmente, há cerca de nove milhões de micro e pequenas empresas em atividade no país e mais de 14 milhões de microempreendedores individuais (MEIs). Ele também ressaltou que os valores estabelecidos no projeto deverão ser atualizados anualmente com base no IPCA, a fim de evitar defasagens.

Por exemplo, no caso dos MEIs, a proposta prevê que a administração pública poderá contratar exclusivamente desses profissionais compras e serviços no valor de até R$ 12 mil — também com atualização anual pela inflação.

Agora, o texto segue para análise na Câmara dos Deputados.

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Proposta busca instituir 15 de julho como data oficial para valorizar força que representa mais de 2 mil associações e responde por 70% dos empregos no país

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 A Câmara dos Deputados realizou nesta terça-feira (27) uma audiência pública para discutir a criação do Dia Nacional do Associativismo, proposta que visa instituir o dia 15 de julho como data oficial em homenagem à fundação da Associação Comercial da Bahia, em 1811 — a primeira do sistema CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil). O encontro, promovido pela Comissão de Assuntos Econômicos, reuniu representantes de entidades empresariais de todo o país e parlamentares e marcou o início da tramitação de um projeto de lei sobre o tema.

Autor do requerimento e presidente da sessão, o deputado Luiz Gastão (PSD-CE) destacou que reconhecer o associativismo é essencial para valorizar os empreendedores brasileiros.

“Muitos dos empreendedores, principalmente do interior e pequenas empresas, se valeram do associativismo para poder ter acesso às informações que vão poder ajudar a desenvolver seu negócio, desenvolver sua cidade e desenvolver seu estado. E, por que não dizer também, desenvolver o país”, afirmou. Segundo ele, trata-se de um setor presente em todos os municípios e responsável por quase 70% dos empregos no país, mas que recebe pouco apoio do governo.

O associativismo e o reflexo na sociedade

A proposta também foi defendida por líderes regionais das federações que compõem a CACB, entidade que reúne mais de 2 mil associações comerciais e empresariais, com atuação nos setores de comércio, indústria, serviços e agro. Para Valmir Rodrigues, presidente da Federação das Associações Comerciais de Minas Gerais, o associativismo é uma ferramenta concreta para o desenvolvimento de empresas e comunidades.

“Todo setor econômico e produtivo é importante. Comércio, serviço, agro, indústria e quando você tem tudo isso muito bem desenvolvido e participando ativamente da sua cadeia, você fortalece, você gera emprego, você qualifica emprego”, afirmou. Valmir Rodrigues ainda defendeu que o modelo associativista fortalece negócios locais por meio da troca de experiências, capacitação e representatividade política.

O projeto também ganhou apoio da Frente Parlamentar do Empreendedorismo e de diversas associações de estados que estiveram representadas no evento, como as associações de Goiás, Santa Catarina, Paraíba, Espírito Santo e Pará.

Além de contribuir para o fortalecimento das empresas, o associativismo é um modelo  reconhecido por sua capacidade de impactar positivamente a sociedade como um todo, ao gerar emprego, qualificar mão de obra e promover o desenvolvimento regional. A criação de um dia nacional poderá ampliar a conscientização sobre o papel estratégico do associativismo na economia.
 

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25/05/2025 18:00h

Projetos que tiveram início na semana passada devem ter continuidade

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O Congresso Nacional começa a semana com a expectativa de movimentações importantes em torno de pautas que têm gerado intensos debates. Embora a sessão deliberativa conjunta inicialmente prevista para esta segunda-feira (27) tenha sido adiada para 17 de junho — devido à falta de consenso sobre os vetos presidenciais e à instalação da CPMI do INSS —, temas estratégicos seguem avançando nas Casas Legislativas.

Entre eles, ganha destaque a PEC 12/2022, aprovada na semana passada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A proposta deve entrar na pauta do plenário nos próximos dias e prevê o fim da reeleição consecutiva para cargos do Executivo, estendendo os mandatos de quatro para cinco anos. A medida também uniformiza a duração dos mandatos de todos os cargos eletivos e unifica o calendário eleitoral, com eleições simultâneas a cada cinco anos.

Na Câmara dos Deputados, os parlamentares devem analisar nesta semana os destaques do PL 1466/2025, aprovado no último dia 21. O texto altera cargos do Executivo e concede reajustes salariais a servidores públicos, com impacto de R$ 17,9 bilhões em 2025. Após essa etapa, o projeto segue para o Senado.

Outra votação aguardada é a do PL 2159/2021, que trata do novo marco legal do licenciamento ambiental. A proposta já foi aprovada no Senado por 54 votos a favor e 13 contra. Agora o texto volta para a Câmara, porque sofreu alterações. Se aprovado sem mudanças, será enviado à sanção presidencial.

Por fim, segue no radar a instalação da CPMI do INSS, com a leitura do requerimento prevista para a próxima sessão conjunta do Congresso, em 17 de junho. A comissão investigará fraudes no sistema previdenciário.

A semana promete ser decisiva para temas que impactam diretamente a administração pública, o calendário eleitoral e o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade.

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22/05/2025 23:00h

Texto teve 54 votos a favor e 13 contrários. Agora, retorna à Câmara

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O projeto de lei (PL PL 2.159/2021) que cria a Lei Geral do Licenciamento Ambiental (LGLA) foi aprovado pelo Senado Federal na última quarta-feira (21). A proposta vem sendo discutida no Congresso desde 2004, quando foi apresentada na Câmara, e traz normas gerais e diretrizes sobre o licenciamento. A ideia é uniformizar procedimentos para emissão de licenças ambientais e simplificar a concessão de licenças para empreendimentos de menor impacto. 

A proposta teve o relatório unificado na Comissão de Meio Ambiente (CMA) e na Comissão de Agricultura (CRA), com aprovação nos dois colegiados na terça-feira (20). Os relatores foram os senadores Confúcio Moura (MDB-RO), na CMA, e Tereza Cristina (PP-MS),  na CRA. No total, foram apresentadas 141 emendas nas comissões e mais 56 em Plenário. 

A relatora de Plenário, senadora Tereza Cristina (PP-MS), afirmou que o período de mais de duas décadas sem um marco legal de licenciamento e com milhares de normas trouxe consequências negativas para os empreendimentos e para a proteção ambiental. 

“Esse vácuo de 21 anos sem o marco legal de licenciamento causou todo tipo de transtorno. Foram duas décadas de inação, marcadas por insegurança jurídica, morosidade e contradições, que prejudicam tanto a proteção ambiental, quanto o interesse público. Existem hoje, acreditem, mais de 27 mil normas ambientais”, ressaltou.

Para a senadora, a proposta visa dar mais eficiência e clareza aos procedimentos de licenciamento ambiental. Segundo Tereza Cristina (PP-MS), a legislação atual demonstra um verdadeiro cipoal normativo.

“O que nós estamos fazendo agora, com essa nova lei, é dar consequência jurídica à legislação de 2011. Basicamente, nós pretendemos licenciar com mais clareza, eficiência e justiça. O atual cipoal normativo, com mais clareza, com regras sobrepostas entre os diversos órgãos e esferas do Poder, trava iniciativas importantes, gera litígios desnecessários e desestimula investimentos responsáveis”, disse a relatora.

O projeto foi aprovado no Senado com 54 votos a favor e 13 contrários. Agora, texto retorna à Câmara – já que foi alterado pelos senadores.

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) considera a proposta prioridade e defende que o texto moderniza e padroniza o sistema de licenciamento ambiental no país “sem comprometer os instrumentos de proteção à biodiversidade, aos recursos hídricos e às florestas”, diz a FPA.

Além disso, a FPA também afirma que o texto evita sobreposições de competência e extingue entraves administrativos sem diminuir a proteção efetiva dessas áreas.

Licenças

Uma das alterações feitas pelo Senado é a criação de um novo tipo de licença – a Licença Ambiental Especial (LAE). O procedimento deve ter um rito simplificado, com dispensa de etapas para projetos considerados prioritários pelo governo. A expectativa de alguns senadores é de que a LAE viabilize a liberação da exploração de petróleo na Amazônia. A emenda foi apresentada pelo presidente do Senado, senador Davi Alcolumbre.

O PL aprovado cria outros seis tipos de licenças, confira:

  • Licença Prévia (LP);
  • Licença de Instalação (LI); 
  • Licença de Operação (LO);
  • Licença Ambiental Única (LAU);
  • Licença de Operação Corretiva (LOC); 
  • Licença por Adesão e Compromisso (LAC).  

A proposta prevê que a LAC dispense estudos técnicos detalhados na fase inicial do licenciamento. Nessa modalidade, portanto, o licenciamento será emitido a partir de uma autodeclaração de adesão do responsável pela obra de que a atividade é de baixo ou médio risco. A licença não será autorizada em caso de desmatamento de vegetação nativa, tendo em vista que neste caso há necessidade de autorização específica.

O advogado ambiental Alessandro Azzoni, de São Paulo, explica que a autodeclaração pode trazer riscos tanto ao ambiente quanto ao empreendedor responsável, tendo em vista que em casos de irregularidades a responsabilidade recairá apenas sobre esse cidadão, já que há ausência de técnico para analisar esses espaços.

“Quando você tem um desastre ambiental, o primeiro a ser acionado pelo Ministério Público é o técnico que liberou a licença e, em segundamente, o proprietário. Então aqui, na verdade, você está colocando o proprietário que vai ter que fazer e vai assumir duplamente a responsabilidade, é um risco muito grande de cometer um erro ambiental muito grande”, afirma Azzoni.

O projeto também isenta alguns empreendimentos, como de os caráter militar e de quatro tipos de atividade agropecuária, como cultivos agrícolas e pecuária extensiva, além de obras de manutenção e melhoramento de infraestrutura em rodovias já pavimentadas. A proposta permite, ainda, a regularização de empreendimentos sem licença válida e a extinção de processos e multas. O prazo para a concessão será de três a 10 meses.

Os senadores também aumentaram a pena para o crime de construir ou reformar obras ou serviços poluidores sem licença ambiental. Hoje, a pena prevista na Lei 9.605/1998 vai de um a seis meses de prisão. No Senado, a pena mudou para seis meses a dois anos.

Desafios e consequências

Caso a norma entre em vigor, o advogado ambiental Alessandro Azzoni aponta como principal desafio o desgaste da autonomia dos entes federativos. Ele explica que a norma não pode extinguir as legislações existentes e praticadas nos estados e municípios.

“Então, as normas de licenciamento dos municípios e dos estados, elas ocorrem de forma autônomas. Por mais que você tenha uma lei federal flexibilizando, as leis já impostas no licenciamento municipal ou estadual já estão impostas e simplesmente você não pode, da noite para o dia, suprimi-las ou tirar elas de certos comprimentos porque houve uma modificação na normativa federal. Eu vejo com muita preocupação nesse sentido, a confusão que vai acontecer na qual norma aplicarem”, aponta Azzoni. 

Licenciamento Ambiental 

É por meio do licenciamento ambiental que o poder público autoriza a instalação, a ampliação e a operação de empreendimentos que utilizam recursos naturais ou podem impactar o meio ambiente. Por exemplo, a construção e ampliação de rodovias, aeroportos, indústrias têxteis, postos de gasolina, hidrelétricas, entre outros.

O projeto da LGLA abarca o licenciamento realizado nos órgãos e entidades dos entes federados integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama). 
 

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