Segundo FGV IBRE, a Confiança do Comércio subiu 3,7 pontos percentuais em maio de 2023
O Índice de Confiança do Comércio (ICOM), mensurado pela FGV IBRE, teve alta de 3,7 pontos em maio, atingindo patamar de 87,3 pontos, que é o maior desde outubro do ano passado, quando o índice atingiu 98,0 pontos. Em médias móveis, o índice teve alta de 0,5 ponto, que é o segundo resultado positivo consecutivo deste índice.
O Índice costuma oscilar em torno de 85,0 pontos.
Segundo especialistas, a confiança do comércio volta a subir neste mês, motivada por uma conjuntura econômica mais favorável e possível redução do pessimismo para os próximos meses. Esta alta compensa perdas existentes no mês anterior de abril. Porém, mesmo assim, o comércio ainda não recuperou o que foi perdido na virada de 2022 para 2023, quando o índice registrava baixa em vista de expectativas negativas no setor. Para os próximos meses, especialistas preveem que a situação permanecerá desta maneira, mais otimista, no setor.
Os principais indicadores que compõem o índice tiveram alta este mês. O Índice de Situação Atual (ISA) subiu 2,7 pontos para o patamar de 90,1, que é o maior valor desde outubro de 2022, quando o Índice alcançou 102,3 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE) avançou 4,8 pontos, para o patamar de 85,1 pontos. Este aumento recupera grande parte da perda do mês anterior, quando o indicador apresentou baixa de 7,0 pontos percentuais.
O número de pessoas com mais de 50 anos no mercado de trabalho mais que dobrou nos últimos 15 anos, de acordo com levantamento realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). O estudo mostra que o número de trabalhadores com mais de 50 passou de 4,4 milhões em 2006 para 9,3 milhões em 2021, um aumento de 110,6%.
No mesmo período, o número de brasileiros com mais de 50 anos aumentou 63,2%, passando de 34 milhões, em 2006, para 55,5 milhões em 2021. O diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi, afirma que essa é uma tendência mundial devido ao envelhecimento da população. Para ele, os profissionais mais experientes possuem atributos técnicos e socioemocionais perseguidos pelo mundo do trabalho.
“Temos um enorme aumento da participação relativa de pessoas de mais de 50 anos no mundo do trabalho, que é uma tendência em todos os países pelo envelhecimento da população, mas ela é mais acentuada no Brasil. E temos um problema agravante interrelacionado que é a dificuldade dos jovens conseguirem o primeiro emprego, a carteira assinada”, afirma.
Lucchesi explica que a permanência de trabalhadores com mais de 50 anos está associada às mudanças no regime previdenciário e às necessidades de se obter remunerações compatíveis com o padrão de vida. Segundo Lucchesi, aproximadamente um terço dos jovens que estão na faixa etária entre 18 e 24 anos não estudam nem trabalham. O diretor defende a importância do ensino técnico-profissional para o ingresso dos mais jovens no mundo do trabalho.
“Tudo isso coloca para nós uma reflexão sobre a importância de melhorar o sistema educacional, ter mais atenção ao projeto de vida dos jovens para que, no âmbito das suas vocações, eles possam se engajar melhor no mercado de trabalho. É claro que isso tem impacto positivo sobre um conjunto de políticas: política de distribuição de renda, política para juventude, política de segurança pública”, pontua Lucchesi.
Segundo a pesquisa, no período, o estoque geral de emprego cresceu 38,6%. Em 2006, os profissionais com mais de 50 ocupavam 12,6% do total de vagas. O número apresentou um crescimento de 51,6% em 2021, quando esses trabalhadores representavam 19,1% do total de empregos.
O levantamento mostra ainda que metade dos trabalhadores nessa faixa etária está localizada na região Sudeste. Entretanto, as regiões Norte e Centro-Oeste registraram o maior aumento proporcional: 129% e 132%, respectivamente, entre 2006 e 2021. Os setores com maior aumento proporcional na contração de trabalhadores com 50 anos ou mais foram Comércio (164%), Serviços (136%) e Indústria (96%).
Conforme mostra o estudo, dos postos ocupados por esse grupo, 38% foram preenchidos por pessoas com ensino médio completo e 24,6% com superior completo. O número de trabalhadores mais de 50 com mestrado e doutorado praticamente quintuplicou: de 26,4 mil profissionais para cerca de 150 mil.
A movimentação de vendas no varejo para a comemoração do Dia das Mães de 2023 deve ser inferior à registrada no mesmo período do ano passado. É o que projeta pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com o levantamento, as vendas devem cair 4,1% em relação à movimentação financeira real observada em 2022.
A professora de MBAs da FGV e economista Carla Beni explica que a redução da expectativa de vendas para o Dia das Mães pode ser atribuída fortemente ao grau de endividamento das famílias.
“Como as famílias estão com o comprometimento mensal muito elevado e o último relatório da inadimplência, feito em abril, apontou o maior potencial já registrado historicamente, estamos hoje com 70 milhões de inadimplentes, que são pessoas que deixaram de pagar as suas contas e já estão com o nome no Serasa. Isso dá em média 43% da população adulta acima de 18 anos no Brasil. Então, esse comprometimento vai afetar seguramente as vendas do Dia das Mãe,” afirma.
Mesmo com essa previsão de queda no volume de vendas, Bianca Vitória de Souza, de 18 anos, auxiliar administrativo que mora em moradora Águas Lingas (GO), conta que pretende presentear a mãe e até já escolheu o vai dar. “Eu vou dar sim um presente para minha mãe domingo é um presente muito legal ela já vinha me pedido há muito tempo, que é um perfume. E assim, eu pretendia gastar bem mais com ela, ela até merece, porém não tenho esse valor todo que eu pretendia gastar, então dei o que ela realmente precisava e queria mesmo”, afirma.
Com a projeção de redução real das vendas, a contratação de trabalhadores temporários para atender à demanda sazonal neste ano deverá ser menor, chegando a 21,95 mil vagas. No ano passado o total foi de 23,70 mil vagas. Já em relação ao salário médio de admissão, o valor estimado é de R$ 1.667,50, ou seja, 7,2% acima do valor médio pago na mesma data de 2022.
O índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), pesquisado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aumentou 2,5% em abril deste ano, descontados os efeitos sazonais. A alta no mês, que fez o indicador atingir 111,3 pontos, interrompeu a série de quatro quedas do otimismo dos varejistas, observadas desde novembro de 2022. No comparativo com o mesmo mês de 2021, porém, houve queda de 5,7%, especialmente no que diz respeito às condições da economia e do setor do comércio, que eram maiores no ano passado.
A economista da CNC Izis Ferreira destaca que o índice apresentou ótimos resultados no mês de abril, mas ressalta que o cenário ainda deixa a desejar, quando comparado ao mesmo período de 2022.
“É importante observar que esse primeiro mês do segundo trimestre, esse mês de abril, trouxe essa notícia positiva em relação ao olhar dos varejistas, para os próximos meses, o próprio olhar em relação ao que está acontecendo nesse momento. Mas a gente ainda tem um otimismo que está em nível mais baixo do que estava no período do ano passado”, afirma.
Para Izis, esse avanço trouxe um resultado maior de contratação no varejo, sobretudo também para esse momento sazonal, que considera importante.
“Essa melhora na margem já trouxe também um impacto maior de contratação pelo varejo, a gente está falando de um momento sazonal importante. O Dia das Mães, por exemplo, que está bem próximo, é a segunda data mais relevante em termos de alta nas vendas no calendário do comércio, atrás somente do Natal. Esse trimestre envolve, além do dia das mães, o Dia dos Namorados. E com esse olhar um pouco mais benigno, em relação ao desempenho do comércio e em relação ao que se espera das vendas para os meses, os comerciantes aumentaram a intenção de contratar funcionários, o que é uma boa notícia, justamente no momento em que a gente tenha visto a desaceleração da taxa de desocupação”, destaca.
Já para Carla Beni, professora de MBAs da Fundação Getúlio Vargas, outros grupos de varejo estão fazendo adequação, cortando custos e fechando lojas. Na avaliação dela, isso corre por conta do baixo orçamento familiar e de jovens acima de 18 anos com inadimplência.
“Mas outros grupos de varejo estão fazendo adequação, cortando custos e fechando lojas. Então, a questão da renda familiar é crucial para um país que apresenta uma renda média baixa, onde o parcelamento é algo muito relevante na configuração da forma de pagamento, e as taxas estão elevadas há muito tempo. Então o custo do crédito está cobrando o preço da inadimplência. Hoje, nós estamos com 43% da população adulta acima de 18 anos com contas em atrasos, inadimplentes. Então, essa é uma questão que acaba freando uma perspectiva para o varejo, dando uma sinalização de uma certa dificuldade para os próximos meses”, afirma.
A reforma tributária pode ajudar a resolver parte dos impactos negativos que o comércio varejista brasileiro sofre por causa da concorrência ilegal de plataformas de e-commerce internacionais. É o que avalia o advogado Leonardo Roesler, especialista em direito tributário e societário.
"Eu acredito que a reforma tributária tem que trazer uma esperança de maior competitividade para o cenário nacional frente ao internacional. Você só proteger o mercado interno e fechar o mercado externo também vai te trazer prejuízo. Não é só blindar. É trazer mais justiça tributária para dentro da cadeia, principalmente industrial e de prestação de serviços", argumenta.
Coordenador da Frente Parlamentar da Indústria Têxtil, o deputado federal Eduardo Bismarck (PDT-CE) conseguiu aprovar um pedido de audiência pública para debater a incidência de impostos e a digitalização dos tributos em produtos adquiridos pela internet no âmbito de um grupo de trabalho na Câmara.
O parlamentar acredita que a disputa envolvendo o varejo eletrônico nacional e internacional deve estar presente nas discussões da reforma tributária. "Nós temos que olhar para as compras on-line. Eu acho que passa por esse caminho da reforma tributária. Qual é o grande problema aí? É você tentar colocar essas operações na mesa e fazer elas cumprirem a regra, assim como operações de outros países."
Leonardo Roesler diz que o comércio eletrônico irregular e a falta de robustez da fiscalização trazem impactos para a arrecadação do governo e, também, para as empresas nacionais.
"Reduz receitas do governo que poderiam ser usadas em investimentos em infraestrutura, saúde, educação. Deixa de proteger a indústria nacional por conta desse desequilíbrio. Deixa de fazer com que o mercado interno tenha preços mais competitivos, porque está vindo praticamente zerado de imposto. Gera injustiça, porque alguns consumidores pagam imposto e outros não; distorção do mercado e afeta negativamente o comércio exterior. Desestimula o investimento estrangeiro e prejudica a imagem do país", enumera.
As plataformas de comércio eletrônico internacionais, como as asiáticas AliExpress, Shopee e Shein, ganharam espaço entre os consumidores brasileiros nos últimos anos, principalmente devido aos preços mais baixos. Mas, para representantes do setor produtivo nacional, parte dessa disputa não ocorreu "dentro das quatro linhas".
A legislação garante que os consumidores brasileiros ficam isentos do imposto de importação – cujo percentual é de 60% – quando fizerem compras internacionais de até US$ 50 (aproximadamente R$ 250), desde que o remetente também seja pessoa física. Isso significa que estão sujeitas à taxação todas as encomendas que tenham como origem ou destino uma pessoa jurídica (empresa).
Segundo Roesler, parte das empresas que vendem nessas plataformas de e-commerce internacionais se passam por pessoas físicas para driblar a fiscalização e, assim, entregar produtos sem a cobrança do imposto de importação e, portanto, mais baratos aos consumidores.
"O governo argumenta que alguns marketplaces simulam a compra de uma empresa para o consumidor como uma operação entre duas pessoas, para que essas companhias não passassem os tributos a rolar."
"Também se alega que algumas empresas de comércio eletrônico não pagam impostos porque os vendedores estão fornecendo informações falsas com finalidade de sonegação de impostos, declarando itens por valores bem inferiores ou mesmo casos em que se vende uma máquina fotográfica, mas se declara um brinquedo, por exemplo", completa.
Como medida para resolver o impasse e, também, aumentar a arrecadação, o governo do presidente Lula chegou a anunciar o fim da isenção do imposto de importação para as compras de pessoas físicas, mas recuou diante da repercussão negativa. Parlamentares ligados ao setor produtivo também reforçaram a ofensiva para acabar com o que chamam de "contrabando digital".
Para o deputado federal Eduardo Bismarck, é preciso encontrar um equilíbrio que garanta às pessoas importar produtos mais baratos, desde que dentro da legalidade, sem, com isso, permitir que o varejo nacional seja prejudicado pela concorrência desleal.
"Qual a finalidade dessa taxa? É só enriquecer o erário ou pegar e destinar isso para produção de novos empregos? Ou nós precisamos também estar desonerando quem está produzindo aqui no Brasil para poder aumentar a capacidade de reindustrializar o país? Não é uma solução fácil, mas precisamos encontrar uma solução de meio termo para que as pessoas continuem comprando barato, mas que aquela cidade do interior que tem uma fábrica de indústria têxtil não veja pai e mãe perdendo emprego porque está comprando lá na China", diz.
O Índice de Confiança de Serviços registrou alta de 0,7 ponto, passando para 92,4 pontos. Trata-se do maior nível desde novembro do ano passado, quando a pontuação atingida chegou a 93,7. Já o Índice de Confiança do Comércio caiu 3,3 pontos em abril, para 83,6 pontos. O resultado se deu após dois meses de altas consecutivas. Os dados foram divulgados pelo FGV IBRE.
Na avaliação do economista Riezo Almeida, a inflação e a taxa de juros altas têm contribuído para o baixo poder aquisitivo das famílias. “A confiança do consumidor cedeu, tendo em vista, principalmente, que algumas classes sociais, principalmente a classe C, está cada vez mais endividada”, destaca.
“A inflação ainda não teve uma queda acentuada e a taxa de juros está alta. Isso significa que a população hoje não tem tanto crédito para buscar, então essa classe está hoje buscando a alimentação como principal destino da sua renda”, complementa Almeida.
Já nas médias móveis trimestrais no setor de comércio houve alta de 0,3 ponto, primeiro resultado positivo depois de cinco quedas. No setor de serviços, o índice subiu 1,0 ponto.
Segundo o economista, o crescimento e a queda dos índices de confiança nos setores é também um reflexo da mudança de comportamento e consumo das famílias.
“Essa pesquisa foi muito focada em classes. E a classe mais baixa hoje tem menos acesso aos serviços, porque não sobra dinheiro, mas a classe mais alta continua consumindo esses tipos de serviços. As pessoas também mudaram o seu comportamento do consumo das famílias. Cada vez mais a população busca serviços, ela pede serviços em casa, então é o que a gente chama de plataformização dos serviços”, explica.
A médio prazo, o economista prevê que o cenário econômico deve mudar. “A tendência a médio prazo é sim, modificar. Segundo o Boletim Focus do Banco Central, a tendência no médio prazo é diminuir os juros. Com isso, vai ter mais crédito, tendo mais crédito, mais dinheiro abundante na economia. A tendência é que melhore esses indicadores. Além disso, também tem a tendência de a inflação estabilizar mais”, diz.
Dados da FGV ainda apontam que a queda do índice de confiança do comércio em abril foi disseminada em 4 dos 6 principais segmentos do setor e com diferentes sinais nos horizontes temporais. Já a tendência dos negócios cresceu 0,7 ponto, para 91,3 pontos, maior nível desde outubro de 2022 (98,6 pontos).
Entre o último dia 28 de abril e o dia 2 de maio, a Rede Infraero espera receber 662,5 mil passageiros em voos comerciais regulares em seus 21 aeroportos, devido ao feriado prolongado do Dia do Trabalhador. A estimativa é de que a terça-feira (2) seja um dos dias mais movimentados, com 157,9 mil passageiros e 1.196 voos.
Segundo o economista Aurélio Trancoso, essa projeção é uma indicação de que setores como turismo e transporte estão entre os que mais se beneficiam com os feriados prolongados. “Cidades turísticas também se favorecem com esse feriado prolongado. Tem pacotes que são feitos para cidades turísticas, então o setor de transporte, que seria a área de aviação, também ganha com isso. Então, a economia não para”, pontua.
Confira abaixo as estimativas de movimentação nos aeroportos
Em 2023, dos nove feriados nacionais, quatro caem em segundas ou sextas-feiras e, portanto, emendam com o final de semana. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), os feriados prolongados e pontos facultativos devem injetar R$ 74,3 bilhões no Turismo brasileiro este ano.
Bom para uns e não tão bom para outros. As entidades ligadas ao comércio apontam queda nas vendas por conta dos feriados. Pelas contas da CNC, cada feriado reduz a rentabilidade anual média do setor comercial como um todo em 1,29%. Cada feriado em dias comerciais gera um prejuízo de R$ 2,46 bilhões ao varejo.
Para Trancoso, nos feriados que acontecem em dias de semana e nos prolongados, o que ocorre é o deslocamento de consumo para determinados setores ou nichos da economia.
“O varejo realmente é afetado, mas não necessariamente como um todo. Como você tem os shoppings abertos normalmente, as lojas de shoppings funcionam. Então, parte do varejo tem alguns problemas que você acaba perdendo venda. E quando é prolongado, você tem o sábado, domingo e segunda-feira, você está perdendo um dia normalmente. Em contrapartida, tem a área turística que ganha muito com isso. Os bares, restaurantes, a parte de alimentos e bebidas são muito procurados nesse momento. Você perde de um lado, mas ganha de outro”, explica.
Em fevereiro de 2023, as vendas no comércio varejista registraram variação de -0,1% frente a janeiro. Em comparação com fevereiro de 2022, o comércio cresceu 1,0%, com alta de 1,3% nos últimos doze meses e de 1,8% no ano. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Período |
Varejo |
Varejo Ampliado |
||
Volume de vendas |
Receita nominal |
Volume de vendas |
Receita nominal |
|
Fevereiro / Janeiro* |
-0,1 |
0,3 |
1,7 |
1,8 |
Média móvel trimestral* |
0,2 |
0,8 |
0,9 |
1,5 |
Fevereiro 2023 / Fevereiro 2022 |
1,0 |
7,5 |
-0,2 |
6,6 |
Acumulado 2023 |
1,8 |
9,3 |
0,1 |
7,8 |
Acumulado 12 meses |
1,3 |
13,6 |
-0,5 |
11,7 |
*Série COM ajuste sazonal |
Fonte: IBGE
O volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, subiu 1,7% em comparação com o mês anterior.
De acordo com Marcos Sarmento Melo, especialista em finanças e diretor da Valorum Empresarial, os resultados obtidos mostram uma estabilidade. “Ao longo de 2022, nós observamos um crescimento da atividade econômica no Brasil. O que nós estamos percebendo agora, é que existe uma certa estabilização da economia, muito em função da taxa de inflação que ainda está elevada”, aponta.
Inflação desacelera em cinco capitais brasileiras
De acordo com a apuração, duas das oito atividades do comércio varejista apresentaram variação positiva. “As únicas atividades a registrar crescimento nessa passagem para fevereiro foram as de artigos farmacêuticos médicos ortopédicos e de perfumaria com 1,4% de crescimento, e Livros, jornais, revistas e papelaria 4,7%”, informa o gerente da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), Cristiano Santos.
Para César Bergo, professor de Mercado Financeiro na Universidade de Brasília (UnB), o destaque da categoria de Livros, jornais e revistas se deu devido ao período que coincidiu com o início das atividades escolares e acadêmicas. “Geralmente, é comum aumentar a movimentação nesse segmento, e no farmacêutico também. Houve uma pressão em relação ao eventual aumento de preço, então as pessoas se antecipam nas compras, mostrando então uma melhora nesse segmento”, aponta.
As taxas negativas ficaram por conta dos Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-10,4%), Tecidos, vestuário e calçados (-6,3%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico, Móveis e eletrodomésticos (-1,7%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,7%) e Combustíveis e lubrificantes (-0,3%).
As duas atividades adicionais do varejo ampliado tiveram resultados opostos: Veículos e motos, partes e peças (1,4%) e Material de construção (-2,0%).
De acordo com Marcos Sarmento Melo, como o futuro da economia brasileira também é influenciado por questões externas, é difícil estipular uma projeção para os próximos meses. “Ainda tem o prosseguimento da guerra da Rússia com a Ucrânia. Também tem a situação de taxas básicas de juros em países importantes que estão em níveis elevados, assim como também inflação”, alerta.
Por isso, ele afirma que de modo geral, a atividade econômica brasileira em 2023 não deve apresentar uma grande variação, assim como o comércio varejista, que prosseguirá relativamente estável.
Para César Bergo, 2023 será um ano difícil para a economia do Brasil, mas a perspectiva é positiva para o varejo. “Tem algumas questões importantes com relação a tecnologia 5G, melhoria das empresas de infraestrutura, que devem favorecer as vendas na área de comunicações”, aponta.
Segundo o economista Newton Marques, o que leva ao aumento geral das vendas no comércio varejista, em geral, é a renda da população brasileira. O aumento do emprego e da renda leva a perspectivas positivas, mas isso depende de dois fatores fundamentais: a redução da taxa básica de juros, a Selic, e o aumento da massa salarial. “Esses impactos são muito bons, porque todas as vezes que o setor terciário, que é o setor de de comércio, apresenta um crescimento, ele puxa os setores primários e secundários”, explica.
O volume de vendas do comércio varejista subiu 3,8% em janeiro de 2023 na comparação com dezembro de 2022. De acordo com dados do IBGE, essa foi a maior variação para o mês desde o início da série histórica, em 2000.
Com esse resultado, a média móvel trimestral para o varejo foi de 0,1% no trimestre encerrado em janeiro. Frente a janeiro de 2022, as vendas do comércio varejista cresceram 2,6%, sua sexta alta consecutiva. O acumulado nos últimos 12 meses (1,3%) superou o de dezembro (1,0%).
O economista e educador financeiro Alexandre Arci explica que o ano de 2023 traz um cenário positivo para o comércio, em especial, o varejista.
“O ano de 2023 traz um cenário mais positivo para todo comércio varejista. Dentre os fatores que contribuem para uma boa perspectiva do setor está uma inflação mais controlada, e principalmente uma percepção de que nos próximos encontros do Copom existe uma boa tendência para a paxa selic ser reduzida”, analisou Arci
Para o professor de Economia do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) Newton Ferreira, contudo, os impactos na economia dependerão das mudanças na política. “Se por acaso, essa mudança da política econômica acontecer conforme o novo governo tem apontado, isso pode ter um impacto positivo sobre a economia, aumentando emprego e renda. mas depende ainda de dois fatores que são fundamentais, que é a redução da taxa básica de juros e também o aumento da massa salarial com a retomada do nível de emprego”, destacou.
“Os impactos são muito bons, porque todas as vezes que o setor terciário, que é o setor de comércio, apresenta um crescimento, ele puxa os setores primário e secundário. Então em geral, a primeira cadeira produtiva que recebe o impacto, é o comércio”, completou Ferreira
Os estados que mais registraram alta foram Espírito Santo 8,8%, Tocantins 8,7%, Roraima 7,4%, Distrito Federal 7,1%, Piauí 7,1% e Maranhão 7,0%. Já as maiores baixas ficaram com Mato Grosso com -1,7%, Amapá -1,6%, Paraíba -1,1% e Mato Grosso do Sul -0,8%.
Além disso, os setores que mais contribuíram para essa alta foram os de tecidos, vestuários e calçados. E o que menos contribuiu foi o setor farmacêutico.
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) caiu pela quarta vez consecutiva, chegando a 112,3 pontos em março – uma queda mensal de 1,6%, descontados os efeitos sazonais. A pesquisa foi divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Conforme a entidade, a confiança do setor nos rumos da economia do país é a menor desde julho de 2021. A maioria dos empresários pesquisados em março afirmou que a economia piorou. O subíndice de avaliação das condições econômicas atuais caiu 16,1% – na comparação com fevereiro. De acordo com a Confederação, 58,1% dos varejistas consideram o desempenho da economia inferior ao mesmo período do ano passado.
Os dados do Icec são medidos mensalmente pela CNC. Os números demonstram que a crise no crédito tem afetado principalmente o grande varejo, com menor disponibilidade de recursos e juros altos. A entidade divulgou "nota" no final de março, revelando que a desaceleração da atividade econômica e das vendas no varejo tem desanimado os comerciantes. O levantamento demonstra ainda que a inflação persistente, o aumento de incertezas e o freio no crédito influenciam negativamente a confiança do setor.
Para o empresário Hugo Leite, coordenador do segmento jovem da Câmara de Dirigentes Lojistas do Distrito Federal (CDL/DF), a solução está no aumento do crédito e numa reforma tributária justa. Segundo ele, enquanto o governo não apresentar uma política econômica coerente para o Brasil, o índice de confiança do empresário continuará caindo.
“A gente pega uma economia que estava melhorando com relação à crise gerada pela pandemia, mas a economia ainda estava ruim. A esperança agora é que avance a reforma tributária”, opinou Leite, acrescentando que o governo precisa se dedicar a uma reforma justa e também ao aumento da linha de crédito: “Somente ações como estas poderão devolver a confiança na economia”.
O presidente da CDL/DF, Wagner Silveira Júnior, segue na mesma linha de raciocínio. "A desconfiança nos rumos do Brasil acontece por falta de um projeto para o país", avaliou. “Até hoje a gente não sabe para onde o governo vai”.
A CDL, dirigida por Silveira Júnior, possui mais de 5 mil comerciantes associados no DF. Ele diz que tem ouvido muita reclamação de seus pares. “Quando a gente não vê um norte do governo, dizendo o que ele vai fazer na área econômica, aonde quer chegar, a classe empresarial fica refém e essa confiança só tende a piorar”, reclamou.
“Por outro lado, se você tiver um ‘norte’, um posicionamento correto para seguir, a gente tende a aumentar a confiança porque tudo depende do que o governo quer fazer, para que o otimismo volte”, diferenciou o líder lojista.
O Icec caiu mais entre os varejistas de grande porte, com uma redução de 3,7% em março, em comparação com fevereiro. "A crise no crédito tem afetado o grande varejo nos últimos meses, com menor disponibilidade de recursos e juros altos. Esse contexto influencia negativamente a confiança dos agentes", diz a nota divulgada pela CNC.