⁠CACB

04/08/2025 04:00h

Entidade coleta informações com associações comerciais e alerta para os impactos da medida sobre micro e pequenas empresas

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Até a última sexta-feira (1º), a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) reuniu, junto às suas entidades filiadas, informações que poderão subsidiar medidas do Governo Federal para enfrentar o chamado tarifaço, imposto pelos Estados Unidos.

A consulta foi realizada com as Associações Comerciais e Empresariais (ACEs) que integram o G50+, um conselho estratégico formado por líderes do sistema associativista com forte atuação institucional. O grupo tem como objetivo fortalecer as relações institucionais da CACB e promover um ambiente privilegiado de networking e articulação de alto nível.

As contribuições recebidas serão encaminhadas ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que convidou formalmente a Confederação a apresentar propostas que possam subsidiar as ações governamentais diante da nova política tarifária norte-americana.

Preocupação com os pequenos negócios

A nova tarifa de 50% sobre parte dos produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos está prevista para entrar em vigor em 6 de agosto e preocupa especialmente a CACB, pelos seus efeitos nas micro e pequenas empresas (MPEs). Embora cerca de 40% dos produtos exportados tenham sido poupados da sobretaxa — já havia sido anunciado um acréscimo inicial de 10% para todos os setores — a medida atinge em cheio as empresas de menor porte.

A lista de exceções inclui 694 itens de setores como o aeronáutico, automotivo, agronegócio, mineração, energia e eletrônicos, além de mercadorias em trânsito ou que serão devolvidas aos EUA.

Mesmo sem estar diretamente na lista dos produtos sobretaxados, muitas micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) integram a cadeia produtiva das exportadoras afetadas. Para a CACB, essas empresas devem ser prioridade nas ações de apoio do governo.

“A pequena empresa não tem condição de buscar um mercado alternativo da noite para o dia. Elas não vão conseguir sobreviver com uma taxação de 50%. Isso pode causar desemprego, porque muitas dessas empresas vão fechar as portas”, alerta o presidente da CACB, Alfredo Cotait.

Embora representem apenas 1,2% do volume total exportado pelo Brasil aos EUA, as micro e pequenas empresas cumprem um papel essencial na geração de empregos e no desenvolvimento local. Cotait reforça:

“O problema dos pequenos é muito mais ligado à subsistência e à empregabilidade.”
 

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30/07/2025 04:00h

Ferramenta Gasto Brasil, que monitora despesas em tempo real, mostra desequilíbrio estrutural entre arrecadação e gasto — já são R$ 700 bilhões de déficit em 2025

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“O que mais revolta é pagar tanto imposto e não ter nenhum retorno”, desabafa Rodrigo Marrara, servidor público em Brasília, 54 anos. “Você paga imposto de renda, INSS e, mesmo assim, tem que pagar escola pros filhos, plano de saúde, previdência privada, transporte... O Estado simplesmente não entrega.” A sensação de Marrara é compartilhada por muitos brasileiros – e encontra respaldo em um número alarmante: os gastos públicos primários pagos pelo Governo Federal, Estados, Distrito Federal e Municípios já somam R$ 3 trilhões em 2025, marca atingida esta semana segundo o painel Gasto Brasil, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Instalado em pontos estratégicos do país — áreas centrais de São Paulo e de Salvador — e acessível pela internet, o painel contabiliza em tempo real as despesas dos entes federativos, numa iniciativa que busca jogar luz sobre o desequilíbrio estrutural das contas públicas. No ritmo atual, o gasto já ultrapassa com folga a arrecadação no mesmo período, aumentando o rombo fiscal e travando a recuperação econômica.

Para o presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil, CACB, Alfredo Cotait, o Gasto Brasil é uma ferramenta de cidadania econômica.
“Nós criamos o Impostômetro há 20 anos para mostrar quanto pagamos de impostos. Agora, com o Gasto Brasil, mostramos para onde esse dinheiro está indo. O problema é que o gasto já passa dos R$ 3 trilhões e a arrecadação está em R$ 2,3 trilhões. Temos um déficit de R$ 700 bilhões.”

Segundo ele, a conta fecha com aumento de impostos, juros altos e retração de investimentos.

“É resultado da má gestão. Como não querem cortar gastos, querem arrecadar mais, mas ninguém aguenta mais. Estão afugentando investimentos. O empreendedor está sendo sufocado.”

O diagnóstico é corroborado por Cesar Lima, especialista em orçamento público, que defende o Gasto Brasil como ferramenta de conscientização. “Ajuda o brasileiro a perceber o custo real do Estado. Mas quando você olha os números, vê que dois terços do gasto são previdência. Talvez uma nova reforma da Previdência seja inevitável.”

Lima também destaca a má alocação dos recursos públicos: “Gasta-se muito e gasta-se mal. A população não percebe retorno nos serviços. Saúde, educação, infraestrutura — tudo precário. E isso alimenta o descrédito na política fiscal.”

De fato, segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI), mesmo com o novo regime fiscal em vigor, o governo federal deve encerrar o ano com déficit primário superior a R$ 80 bilhões. E o cenário para 2026 é ainda mais preocupante, com previsão de rombo de R$ 79 bilhões, o que exigiria forte contingenciamento das despesas públicas.

A expectativa é que a reforma administrativa, cujo relator é o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), avance no Congresso no segundo semestre. A proposta incluirá digitalização, avaliação de desempenho e unificação de carreiras. Para Cotait, é preciso coragem política.

“A sociedade não pode mais aceitar que reformas estruturais fiquem engavetadas por pressões corporativas. Se queremos um país mais competitivo, precisamos de um Estado mais leve e eficiente.”

Enquanto isso, o painel do Gasto Brasil segue rodando — um lembrete permanente de que a conta não fecha e de que a fatura sempre acaba no bolso do contribuinte.

O que é o Gasto Brasil?

Inspirado no Impostômetro, o Gasto Brasil é uma plataforma pública criada pela ACSP e pela CACB para monitorar, em tempo real, os gastos do governo federal, dos estados e dos municípios. A ferramenta busca ampliar a transparência e permitir que qualquer cidadão fiscalize como os recursos arrecadados são utilizados. Está disponível online, no site www.gastobrasil.com.br.
 

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28/07/2025 23:00h

Iniciativa vai permitir a devolução de tributos e estimular a competitividade de pequenos exportadores

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Entrou em vigor nesta segunda-feira (28) o programa Acredita Exportação, que prevê incentivos fiscais a micro e pequenas empresas (MPEs) que atuam no mercado internacional. A medida garante a restituição de 3% das receitas com exportações, como forma de compensação pelos tributos pagos ao longo da cadeia produtiva, contribuindo para a redução do chamado "custo Brasil".

Voltado a ampliar a competitividade de pequenos negócios no comércio exterior, o programa foi sancionado em cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença de autoridades e representantes do setor produtivo. A iniciativa é parte de uma política pública voltada à desoneração e estímulo à internacionalização de empresas de menor porte.

A sanção foi assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin. Também participaram representantes dos ministérios da Fazenda e do Empreendedorismo.

Criado em parceria entre o MDIC, a Fazenda e o Ministério da Microempresa, o Acredita Exportação busca corrigir uma distorção histórica que penalizava pequenas empresas optantes pelo Simples Nacional, impedidas de recuperar impostos pagos anteriormente na cadeia. Agora, com a nova legislação, cerca de 50% das MPEs exportadoras passam a ter acesso a esse direito.

“Esse projeto vai dar um impulso para que as micro e pequenas empresas possam exportar mais, ganhar mercado, ter mais competitividade e poder vender mais lá fora,” afirmou Alckmin.

O vice-presidente destacou ainda o potencial inexplorado das pequenas exportadoras. Segundo ele, quase 40% das empresas que exportam no Brasil são micro e pequenas, mas elas respondem por apenas 0,8% do valor exportado.

“Ou seja, o projeto vem ao encontro do que o presidente Lula defende, que é o livre comércio, o multilateralismo, integrar a nossa economia ao comércio internacional”, completou Alckmin.

Devolução de tributos e mais competitividade

A restituição de 3% poderá ser feita por compensação tributária ou ressarcimento direto, o que tende a melhorar a margem de lucro e estimular a permanência das empresas no mercado internacional.

Para Alfredo Cotait, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), a medida é um avanço importante para o setor.

“Entre elas, o que chama muita atenção é a restituição de 3% sobre as receitas que a empresa que exporta faz, podendo compensar esses 3% na cadeia que ela paga de impostos”, destaca o dirigente.

Cotait ainda destacou que o projeto foi concebido antes mesmo das imposições tarifárias anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e que não se restringe às exportações para o mercado norte-americano:

“A iniciativa vale para empresas que exportam para qualquer país do mundo e vem em boa hora, para reforçar a confiança do pequeno empresário brasileiro no comércio exterior.”

Impacto no mercado e integração à agenda econômica

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), 11,5 mil micro e pequenas empresas exportaram em 2024, gerando US$ 2,6 bilhões, principalmente no setor da indústria de transformação (72,3% das vendas).

O Acredita Exportação integra uma agenda mais ampla de fortalecimento das MPMEs, que inclui programas como o Brasil Mais Produtivo, o Desenrola Pequenos Negócios, e melhorias no regime de drawback, incluindo serviços essenciais à exportação, como transporte, seguro e armazenagem.

A expectativa é que o programa permaneça em vigor até 2027, quando será substituído pela nova Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), prevista na reforma tributária.

 

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25/07/2025 01:00h

Com mensalidades promocionais e bolsas para associados da CACB, faculdade aposta em ensino conectado ao mercado e apoio a pequenos negócios

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 A Faculdade do Comércio (FAC) abriu as inscrições para o segundo semestre de 2025 com uma proposta que alia educação acessível, formação prática e conexão direta com o setor produtivo. Com mensalidades promocionais a partir de R$ 50 para cursos tecnológicos e ampla oferta de bolsas e descontos para associados ao sistema CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil), a FAC se destaca como uma opção para quem deseja se qualificar.

Mantida pelo Instituto Paulista de Ensino Superior do Comércio S/A, a FAC é resultado de uma iniciativa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) em parceria com a CACB. A instituição oferece cursos de graduação e pós-graduação voltados à realidade do mercado, com ênfase em áreas estratégicas, como logística, marketing, comércio exterior, gestão financeira e recursos humanos — sempre com o olhar voltado para o mundo digital e o empreendedorismo.

Além disso, a faculdade está integrada a uma rede que representa mais de 2 milhões de empresários em todo o país, o que garante aos alunos um ambiente propício para networking, vivência empresarial e oportunidades reais de inserção no mercado de trabalho.

Segundo Wellington Luis, gerente de EAD da instituição, a conexão com a CACB fortalece ainda mais o propósito da faculdade: “Os cursos da FAC focam na geração de valor para o aluno, não apenas formar, mas também preparar para atuar e crescer no mercado de trabalho”, destaca o gerente.

Flexibilidade para se qualificar

Wellington destaca que os cursos, mesmo disponíveis na modalidade à distância, têm suporte local, com apoio dos pólos físicos nas associações comerciais, com acompanhamento presencial aos estudantes.

“A qualificação que a FAC proporciona é pensada justamente para fortalecer os pequenos e médios negócios, que representam mais de 90% das empresas brasileiras e são responsáveis por mais da metade dos empregos formais no país”, explica o gerente.

A formação estimula o uso de ferramentas digitais, redes sociais, plataformas de venda online e automação de processos, o que ajuda os negócios a se manterem competitivos num mercado em constante transformação.
 
SERVIÇO
INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O SEGUNDO SEMESTRE 2025

Período de matrícula: até 31 de agosto
Início das aulas:

  • Pós-graduação: 22 de julho (modalidade híbrida)
  • Graduação: 18 de agosto

 
Modalidades disponíveis:

  • Graduação 100% EAD ou semipresencial
  • Pós-graduação híbrida ou 100% online
  • Ingresso mensal para pós EAD

 
Áreas de formação:

  • Logística
  • Comércio Exterior
  • Marketing
  • Gestão Financeira
  • Análise de Sistemas
  • Ciências Contábeis
  • Recursos Humanos

E outros cursos voltados à gestão, inovação e liderança
 
Destaque nas condições:

  • Mensalidades a partir de R$ 50 para cursos tecnológicos
  • Descontos progressivos para associados e funcionários de associações comerciais

 
Mais informações e inscrições: facsp.com.br
 

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22/07/2025 04:00h

Com taxação de 50% imposta pelos EUA, pequenos e médios exportadores brasileiros correm risco de desaparecer; setor produtivo pede ação urgente do governo e alerta para impactos no emprego e na inflação

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 A taxação de até 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo governo dos Estados Unidos acendeu um alerta vermelho no setor produtivo brasileiro. Para entidades como a CACB, a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil, e especialistas em direito tributário, a medida representa um risco direto à sobrevivência de pequenos e médios exportadores. “Essa taxação não é só um entrave comercial. É uma ameaça direta à sobrevivência de milhares de pequenos e médios empresários que investiram pesado para acessar o mercado norte-americano”, afirma Alfredo Cotait Neto, presidente da CACB.

Impacto desproporcional e risco de colapso

Na avaliação do advogado tributarista e sócio do Vernalha Pereira. Luis Claudio Yukio Vatari, embora o impacto sobre grandes cadeias exportadoras — como carne, aço, café e laranja — seja evidente, são os negócios de menor porte que estão mais vulneráveis.

“As diferenças entre os grandes e pequenos exportadores são inúmeras. Uma multinacional, por exemplo, pode readequar a produção entre filiais e amortecer o impacto. Já as pequenas e médias empresas, que não têm estrutura ou margem para negociar com o mercado, podem simplesmente desaparecer do mapa”, alerta Vatari.

O presidente da CACB ainda destaca que hoje há cerca de 2 mil pequenas e médias empresas brasileiras exportadoras para os EUA, com um volume anual de US$ 500 milhões. “Pode parecer pouco perto dos quase US$ 40 bilhões das grandes, mas estamos falando de empresas com cadeias produtivas próprias, altamente especializadas. Se forem excluídas da pauta de exportação, o prejuízo será imenso para a economia real”, diz.

Emprego em risco e cenário inflacionário

A CACB alerta que o efeito dominó pode chegar rapidamente ao mercado de trabalho e à inflação. “Essas empresas são as que mais empregam no Brasil. Se quebram, o desemprego dispara — e, com ele, a pressão sobre o consumo, o crédito e o próprio ambiente de negócios”, aponta Cotait.

Yukio reforça que, além do desemprego, há poucos caminhos para mitigar os efeitos no curto prazo: “Não existe mecanismo tributário que compense essa perda. Exportações são, por regra, isentas. Um apoio estatal mais incisivo poderia configurar prática abusiva e levar o Brasil a ser denunciado na OMC, da mesma forma que os EUA estão sendo agora.”

Reciprocidade? Não agora, dizem especialistas

Para a CACB, a solução está na diplomacia e no diálogo. “Negociar está no nosso DNA. O governo brasileiro precisa liderar esse processo com inteligência e responsabilidade técnica. O viés político deve ficar fora dessa mesa”, defende Cotait.

Yukio concorda: “Retaliar com a mesma moeda pode parecer justo, mas tem efeitos colaterais. Quem paga a conta é o consumidor. O caminho mais eficaz seria acionar os mecanismos legais, como a OMC, para contestar a medida. Trata-se de uma violação clara das regras do comércio internacional.”

A entidade propõe, como medida emergencial, o adiamento da entrada em vigor das novas tarifas. “Ganhar tempo é essencial. Um adiamento de 60 dias pode abrir margem para acordos mais equilibrados”, sugere Cotait.

Na OMC, o Brasil tem chance

Segundo Yukio, o país tem base legal para questionar a medida. “O Brasil pode sim recorrer à OMC. As tarifas impostas extrapolam as regras previstas em tratados como o GATT. Já tivemos outras disputas semelhantes, e esse caso se encaixa perfeitamente para levar à Organização.”
Apesar do cenário desafiador, ambos os entrevistados descartam ações precipitadas. “Estamos num cenário de inflação alta, juros elevados, déficit público gigantesco. Uma escalada tarifária só agravaria a crise”, resume Cotait.

Negociações

O governo brasileiro reafirmou que continuará na mesa de negociação com os Estados Unidos para tentar barrar o tarifaço de 50% sobre produtos nacionais, previsto para entrar em vigor no dia 1º de agosto. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que já foram enviadas duas cartas ao governo americano, sem retorno até o momento, e que o presidente Lula determinou o engajamento do Itamaraty e da equipe econômica na tentativa de evitar o agravamento do impasse comercial.
 
 

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21/07/2025 21:00h

Para a CACB, medida do Supremo reforça aliança entre Executivo e Judiciário, desrespeita o Congresso e agrava ambiente para pequenas e médias empresas

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A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que restabeleceu o aumento das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para operações de crédito, gerou forte reação do setor produtivo. A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) classificou a medida como “prejudicial” às empresas brasileiras — especialmente as de pequeno e médio porte — e um sinal de desorganização institucional que compromete a confiança do empresariado.

A decisão do STF invalida o decreto legislativo aprovado pelo Congresso que havia sustado o aumento do imposto, voltando a valer a alíquota majorada desde o fim de junho. A medida afeta diretamente operações de crédito, câmbio, uso de cartões internacionais e investimentos em previdência privada, como os VGBLs.

O presidente da CACB, Alfredo Cotait, criticou duramente a atuação do Supremo. “O STF está sendo chamado a fazer um papel que não é seu, como mediador entre Executivo e Congresso. Isso fere o princípio da separação dos Poderes. Quando o Congresso derruba a medida, é a voz do povo sendo ouvida. O aumento do IOF, além de inconstitucional, compromete o caixa das empresas, já pressionadas por juros altos, inflação e um ambiente regulatório instável.”

Cotait também destacou que a decisão escancara a dificuldade de o governo realizar ajustes estruturais. “Ao invés de cortar gastos e melhorar a gestão fiscal, o Executivo tenta cobrir buracos aumentando impostos, o que é inaceitável”, afirmou.

Segundo Cotait, a decisão vem em um momento delicado para o setor produtivo, agravando a dificuldade de acesso ao crédito. “Para as empresas, é um desastre. Hoje nós estamos vivendo um momento de taxa de juros elevadíssima, as empresas estão todas numa situação muito difícil para obter crédito e a economia não deslancha a favor das pequenas empresas e toda vez que vai pedir crédito ele é acrescido com aumento do IOF. Ele é um imposto muito ruim para o crescimento econômico.”

O dirigente também alertou para o impacto direto da medida sobre o caixa das empresas, sobretudo aquelas que dependem de capital de giro: “As empresas hoje estão endividadas e toda a renovação desses empréstimos com IOF está cada vez mais absorvendo e retirando caixa das empresas, que necessitam dessa linha como capital de giro dos seus negócios.”

Cotait também destacou que a decisão escancara a dificuldade do governo em realizar ajustes estruturais. “Ao invés de cortar gastos e melhorar a gestão fiscal, o Executivo tenta cobrir buracos aumentando impostos, o que é inaceitável”, afirmou.

Efeito colateral sobre o crédito

A única exceção mantida por Moraes foi a retirada do IOF sobre o “risco sacado”, modalidade de antecipação de recebíveis bastante comum no comércio. Apesar disso, a CACB avalia que o impacto da exclusão é pequeno diante do aumento generalizado da carga tributária sobre o crédito. A estimativa inicial do governo era arrecadar cerca de R$ 12 bilhões com a medida; sem o “risco sacado”, a perda seria de R$ 1 bilhão.

“Não dá para fazer média. O que se mantém é o aumento do imposto sobre quem mais precisa de crédito para manter o negócio funcionando. É o pequeno empresário, é o microempreendedor”, apontou Cotait.

Previsibilidade e ambiente de negócios

Para o economista e pesquisador da Unicamp Sillas Sousa, o principal problema gerado por medidas como essa é a insegurança jurídica e a falta de previsibilidade.

“Quando o governo começa a aumentar esse tipo de imposto aleatoriamente, você prejudica o horizonte. O empresário olha pra frente e não sabe se pode investir no curto prazo, porque não sabe se o governo vai mudar a regra no meio do jogo. Isso piora muito o ambiente de negócios e tem impacto direto sobre emprego e renda.”

Sousa acrescenta que o discurso do governo em favor dos mais pobres entra em contradição com a prática: “O aumento do IOF atinge justamente os pequenos negócios, que são os que mais empregam. No fim das contas, quem paga essa conta são os que menos podem.”
 

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16/07/2025 04:00h

Equipamento instalado na Praça Conde dos Arcos permite acompanhar em tempo real os gastos públicos. Iniciativa marca os 214 anos da Associação Comercial da Bahia e busca ampliar a transparência fiscal

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Na tarde desta terça-feira (15), Salvador recebeu o segundo painel físico instalado no país do , plataforma que permite acompanhar os gastos públicos em tempo real. O painel de LED foi instalado próximo à Associação Comercial de Salvador (ACS), na Praça Conde dos Arcos, em frente ao prédio histórico da entidade — que completa 214 anos de fundação nesta mesma data, sendo a mais antiga associação comercial do Brasil.

A instalação do equipamento integra a proposta da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) de ampliar o alcance da transparência fiscal no país. O primeiro painel foi inaugurado em abril deste ano, em São Paulo.

Durante a cerimônia de inauguração, o presidente da ACS, Paulo Sérgio Cavalcanti, ressaltou o papel educativo do painel e a importância de despertar o senso de participação do cidadão:

“Este painel consegue trazer informações fundamentais para que o cidadão compreenda o que todos nós pagamos em impostos. Despertar o sentimento de pertencimento do cidadão brasileiro em relação aos direitos que ele tem, entendendo que ele é parte deste poder que emana do povo. Isso é importantíssimo para a transformação.”

O evento marcou também um momento simbólico para o movimento associativista nacional. Está em tramitação no Congresso Nacional um projeto de lei que propõe a criação do Dia Nacional do Associativismo, a ser celebrado no dia 15 de julho — em homenagem à fundação da Associação Comercial da Bahia, em 1811.

Para o presidente da CACB, Alfredo Cotait,  a data é mais do que simbólica. "O associativismo é fundamental na vida do empreendedorismo brasileiro. O empreendedor, não importa aquele que é empreendedor de empresa, empreendedor cultural, social. O importante é que o associativismo une as pessoas, para cada vez mais termos um país justo e com desenvolvimento econômico."

A expectativa da CACB é que outras associações comerciais de todo o país também passem a receber painéis semelhantes, aproximando a população dos dados fiscais e promovendo maior engajamento cívico. Para a entidade, a informação é a base do controle social.

Gasto Brasil

Além de mostrar o total atualizado dos gastos públicos com base nos dados do Tesouro Nacional, a plataforma digital Gasto Brasil ganhou recentemente novas funcionalidades. Entre elas, está a possibilidade de visualizar separadamente os valores pagos com Previdência — que já somam R$ 785 bilhões apenas em 2025 — e o detalhamento dos gastos com pessoal, separados por poderes: Executivo, Judiciário, Legislativo, Ministério Público e Defensoria Pública.

O criador da plataforma e consultor da CACB, Cláudio Queiroz, explica que a mais recente inovação lançada permite a visualização na plataforma do gasto com mão de obra, separada por poderes:

“O quanto os poderes gastam de mão de obra, Executivo, Judiciário, o Legislativo, Ministério Público e Defensoria Pública. Vai ter uma aba chamada Poderes, onde eu mostro a apresentação dos gastos do governo com Pessoal e Encargos, isso eu abro para o governo geral, governo federal, estados e municípios. Cada dia estamos evoluindo para mostrar que o governo gasta mal, investe pouco e gasta mal.”

A cerimônia de inauguração do painel foi aberta ao público e contou com lideranças do setor produtivo, representantes da sociedade civil organizada e autoridades locais.

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15/07/2025 01:00h

Evento celebra o legado da Associação Comercial da Bahia com foco em cidadania, transparência e fortalecimento do associativismo

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Nesta terça-feira, 15 de julho, a Associação Comercial da Bahia (ACB) celebra seus 214 anos com uma programação que combina história, inovação e cidadania. O destaque do evento será o lançamento do segundo painel do projeto Gasto Brasil, que chega a Salvador para exibir em tempo real os gastos públicos realizados no país.

A ferramenta, idealizada pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), é considerada a “versão complementar” do Impostômetro: se este mostra quanto se arrecada, o Gasto Brasil revela como o dinheiro público é gasto. A instalação do painel na capital baiana reforça o compromisso com a transparência e o controle social.

Além da inauguração do Gasto Brasil, o evento contará com a mobilização pela criação do Dia Nacional do Associativismo e com o lançamento do Projeto de Lei do Estatuto Nacional da Consciência Cidadã na ACB, que é a primeira entidade associativa da classe produtiva do Brasil e das Américas.

“Será uma comemoração com muita ação. O associativismo que nasceu no século XIX precisa ser reinventado no século XXI. E isso só será possível com união, engajamento e renovação”, afirma Paulo Cavalcanti, presidente da ACB.

SERVIÇO:

Evento: Comemoração dos 214 anos da Associação Comercial da Bahia

Data: Terça-feira, 15 de julho de 2025

Horário: 16h

Local: Palácio da ACB – Salvador (BA)

Atividades:

  • Lançamento do Gastômetro (com presença de Cláudio Queiroz, Gasto Brasil)
  • Apresentação do Estatuto da Consciência Cidadã
  • Mobilização pelo Dia Nacional do Associativismo
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Experiência de empreendedor em Minas Gerais mostra como associações comerciais fortalecem não apenas os negócios, mas também as cidades onde estão inseridas

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Jackson Lemos, publicitário de 47 anos e dono da agência 324, em Governador Valadares (MG), começou a trabalhar aos 12 anos. Aos 16, pediu emancipação ao pai para abrir seu próprio negócio. Hoje, mais de 30 anos depois, ele é um exemplo de como o associativismo pode mudar trajetórias pessoais e transformar comunidades inteiras.

Sua história com o associativismo começou por acaso, quando foi convidado a participar de uma reunião da Associação Comercial de Governador Valadares. Na época, a entidade queria lançar uma campanha para incentivar os eleitores a escolher candidatos da região para o poder legislativo estadual e federal. A proposta era voluntária e, entre todas as agências convidadas, apenas Jackson apareceu na data marcada com um projeto pronto. A campanha deu certo e a cidade conseguiu eleger representantes locais.

“Foi ali que percebi a força do associativismo. A capacidade que temos de mudar realidades quando nos unimos por um objetivo comum”, conta.

Desde então, Jackson passou a se envolver cada vez mais com a Associação Comercial e Empresarial de Governador Valadares. Já foi diretor, presidente e, hoje, é vice-presidente. Para ele, deixar de ver os concorrentes como rivais e começar a enxergá-los como aliados em uma causa maior foi um divisor de águas. “Quando a cidade cresce, todo mundo cresce junto. O ciclo gira e o impacto chega em você”, afirma.

O associativismo foi também essencial para avanços estruturais em Governador Valadares. Jackson cita, por exemplo, a aprovação da inclusão da cidade na área da Sudene — um pleito antigo que ganhou força a partir da articulação da Associação Comercial junto a deputados, senadores e órgãos federais. O projeto ficou engavetado por anos, mas foi retomado e aprovado após quatro anos e meio de articulação. "Era algo considerado impossível. Mas o associativismo fez acontecer", resume.

Associações comerciais e o desenvolvimento local

Para o presidente da Associação Comercial de Salvador, Paulo Sérgio Cavalcanti, histórias como a de Jackson mostram como as associações comerciais têm poder de transformação. "Elas dão voz ao empresariado, articulam soluções e promovem o desenvolvimento econômico e social das cidades", destaca.

Cavalcanti ressalta que o associativismo não se resume à defesa de interesses empresariais. 

“Essas pautas de nação, pautas estruturantes, pautas que dizem respeito exatamente a todo povo brasileiro, elas precisam ser defendidas e óbvio que você fica muito mais forte, muito mais representativo, quando você está associado a uma classe produtiva. Precisamos levar essa consciência a todos os empresários, a todas entidades formais do Brasil. O brasileiro precisa despertar para a inteligência cidadã.”

Na visão de Jackson, o associativismo é também uma forma de resistência diante das dificuldades enfrentadas pelos pequenos empreendedores. "No começo, eu andava de porta em porta oferecendo serviços com uma maletinha. Teve mês que deu certo, teve mês que não. Mas quando você encontra apoio em outros que também enfrentam os mesmos desafios, você não está mais sozinho".

Hoje, mais do que um conceito, o associativismo é parte da identidade de Jackson. "Quando a gente se junta por algo maior, as conquistas vêm. E ficam para todos."

 

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10/07/2025 21:00h

Plataforma da CACB passa a detalhar gastos por poderes e destaca despesas com regimes previdenciários — que já somam R$ 760 bilhões em 2025

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A plataforma Gasto Brasil, criada pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) em parceria com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), passou a contar com novas funcionalidades que ampliam o detalhamento dos gastos públicos no país. Entre as novidades, estão o acesso separado aos valores pagos pelo governo em Previdência — que já somam R$ 760 bilhões neste ano — e a possibilidade de consultar os gastos com pessoal por Poder, com dados divididos entre Executivo, Judiciário, Legislativo, Ministério Público e Defensoria Pública.

Lançada em abril, a ferramenta permite acompanhar, em tempo real, o uso de recursos públicos pela União, estados e municípios, com base em dados do Tesouro Nacional. Segundo o consultor da CACB e criador da plataforma, Claudio Queiroz, a evolução da ferramenta tem o objetivo de ampliar o controle social sobre os gastos e incentivar o debate público com base em números consolidados.

“Se você considerar que o gasto da previdência hoje, com relação ao gasto primário, representa mais de 40%. Aposentadorias, benefícios para o setor público e privado, o gasto chega a R$ 760 bilhões”, explica Queiroz. 

Mais clareza sobre a estrutura dos gastos

Segundo Queiroz, a nova organização da plataforma também permite ao cidadão diferenciar melhor o que é obrigatório no orçamento público e quais são os componentes que mais pressionam as contas do governo. “Você entende que essa [Previdência] é uma das maiores contas e que nós temos que estar administrando, porque ela está impulsionando a má administração do governo”.

A partir da próxima semana, o Gasto Brasil também passará a permitir a pesquisa de gastos públicos por poderes, com a divisão entre Executivo, Judiciário, Legislativo, Ministério Público e Defensoria Pública. “O quanto os poderes gastam de mão de obra, divididos entre Executivo, Judiciário, Legislativo, Ministério Público e Defensoria Pública”, detalha o consultor.

Segundo ele, a nova aba da plataforma, chamada “Poderes”, mostrará a apresentação dos gastos com pessoal e encargos, separados por esfera: governo federal, estados e municípios. “Cada dia, nós estamos evoluindo pra mostrar que o governo gasta mal. Investe pouco e gasta mal. Se você colocar que só o gasto de mão de obra dos poderes são R$ 750 bilhões até hoje e o valor que está sendo gasto com a previdência é de R$ 760 bilhões.”

Comparativos para estimular o controle social

A proposta da plataforma é estimular o controle externo do gasto público por meio da informação acessível e visual. Para a CACB, a transparência orçamentária é essencial para que a sociedade possa cobrar melhorias na gestão pública e avaliar com mais clareza o destino dos impostos pagos.

Na visão de Queiroz, o principal desafio do Estado brasileiro está na falta de ação concreta para conter despesas. “Eu, como cidadão, cada dia mais vejo que é um orçamento curto. Um orçamento eu tenho que sempre tentar equilibrar. O governo tem uma dificuldade de equilibrar o orçamento, por isso que ele paga juros e amortização altos para poder pagar sua dívida. Mas ele não está fazendo uma ação de gestão de despesas. Então, cada dia mais, estamos mostrando que a máquina está inchada. Nós temos que desinchar isso e colocar dinheiro onde vai trazer certos retornos.”

A plataforma também acompanha o avanço das despesas obrigatórias, como saúde e programas sociais, e sugere que a dificuldade de cortar gastos tem levado o governo a buscar soluções mais fáceis do ponto de vista político, como o aumento de tributos. “Então eu vou conseguir começar a visualizar a evolução desse buraco, porque esse buraco só cresce. Se no próximo governo nós não conseguirmos fazer uma minirreforma previdenciária de novo — porque nós já fizemos ano passado uma pequena — o governo está suscetível a quebrar.”


 

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