A qualificação profissional é um dos principais desafios enfrentados pela indústria brasileira, pois afeta a produtividade, a capacidade de inovação e, consequentemente, a competitividade empresarial. No Plano de Retomada da Indústria, apresentado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a educação é citada como um dos desafios a serem enfrentados pelo setor.
O objetivo é "garantir a formação dos jovens para o mercado de trabalho, com uma política nacional de educação profissional e tecnológica e a plena implementação do novo ensino médio – em especial o itinerário de formação técnica e profissional – e com a modernização do sistema de aprendizagem", segundo o plano apresentado ao governo.
Dados do Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, realizado pelo Observatório Nacional da Indústria, indicam que o Brasil precisa investir no aperfeiçoamento e na qualificação de pelo menos 9,6 milhões de trabalhadores no setor industrial até 2025.
De acordo com o gerente-executivo do Observatório Nacional da Indústria, Márcio Guerra, qualificação profissional é fundamental para conseguir se destacar no mercado de trabalho, que é altamente concorrido.
“Independente de já se ter uma formação, é preciso estar se atualizando continuamente. Isso é bom pelo lado da indústria, porque a indústria precisa fortalecer a sua produtividade para que tenhamos produtos cada vez mais competitivos no mercado, e para o trabalhador, porque ele precisa estar sempre atualizado nas novas tecnologias, competindo nesse mercado de trabalho bastante concorrido”, afirma.
Nos países desenvolvidos as empresas investem ativamente na educação profissional de seus funcionários. De acordo com um estudo do Banco Mundial, nos países membros da Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE), mais de metade de todas as empresas oferecem aos seus funcionários uma educação continuada. No Brasil, o nível de investimento em educação continuada é muito menor.
Para o administrador e mentor de empresas André Minucci, as próprias empresas assumem a tarefa de desenvolver a capacitação dos profissionais.
“Hoje as empresas não têm pessoas especialistas para todas as áreas. Ela não consegue ter os melhores funcionários. Os campeões nos funcionários colaboradores, os campeões eles estão nas grandes empresas multinacionais. Nas pequenas, nas médias e até grandes empresas aqui no Brasil, elas têm que transformar pessoas em campeões profissionais. Então, a empresa tem um papel de desenvolver esses profissionais e com isso ela ganha de duas formas: preparando pessoas melhores para o mundo e se tornar uma referência, ser bem falada”, explica.
Mas o governo também desempenha um papel crucial ao criar políticas de incentivo à capacitação e qualificação profissional, por meio de programas como o Jovem Aprendiz. O projeto gera oportunidades de emprego, capacitação e desenvolvimento profissional, permitindo que o jovem consiga aprender e trabalhar ao mesmo tempo.
Outro desafio citado no Plano de Retomada da Indústria apresentado pela CNI é a melhoria das relações de trabalho, com o objetivo de buscar "alinhamento entre as legislações trabalhista e previdenciária e o avanço na modernização trabalhista, garantindo que as regras estejam alinhadas às formas modernas de se trabalhar".
Projetos de lei como o do trabalho multifunção, por exemplo, são considerados matérias essenciais para promover uma mudança nas relações organizacionais. O trabalho multifunção possibilita a contratação de empregados para exercício de múltiplas funções, desde que sejam em áreas correlatas.
Segundo o sócio-diretor da Stratlab e especialista em tecnologia e análise de dados, Cristovão Wanderley, a multifuncionalidade no trabalho tem sido cada vez mais requisitada. Para ele, o profissional que tem facilidade e flexibilidade para assumir várias atividades ao mesmo tempo tem destaque no mercado de trabalho.
“As empresas devem aproveitar essa inteligência desse profissional para que ele exerça outras atividades dentro da empresa. Eu acabo ocupando esse tempo e consigo ter esse tempo aproveitado. Se eu tenho capacidade de saber e perguntar, de saber questionar, de saber fazer coisas diferentes, eu posso ter uma vantagem competitiva, porque eu vou fazer mais de uma coisa”, aponta.
A indústria é um dos principais vetores do desenvolvimento econômico do Brasil. O segmento que representa 23,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o setor responde por 69,3% das exportações brasileiras de bens e serviços, por 66,4% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento e por 34,4% da arrecadação de tributos federais, exceto receitas previdenciárias.
Para cada R$ 1 produzido na indústria, são gerados R$ 2,44 na economia como um todo. Nos demais setores, o valor gerado é menor: R$ 1,72 na agropecuária e R$ 1,48 em comércio e serviços. Atualmente, a participação da indústria no emprego formal do Brasil é de 21,2%, empregando 10,3 milhões de pessoas.
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Em março de 2023, o volume de serviços no Brasil avançou 0,9% frente a fevereiro, na série com ajuste sazonal. Com isso, o setor ficou 12,4% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 1,3% abaixo de dezembro de 2022, o auge da série histórica.
O aumento foi acompanhado por três das cinco atividades apuradas, em destaque ficaram os setores de transportes com 3,6%, os serviços administrativos e complementares com 2,6% e serviços de comunicação com 2,5%. O primeiro aumentou o ganho de 7,0% no mês de fevereiro e março de 2023. E o segundo recuperou parte da perda de 3,4% nos dois primeiros meses do ano. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para a economista Carla Beni, da Fundação Getúlio Vargas, o resultado é importante já que no mês de janeiro houve uma queda de 2,9%.
“É um resultado importante, uma vez que a gente está fazendo uma recuperação em janeiro onde aconteceu uma queda de 2,9%. Então, quando você pega o acumulado do ano, janeiro, fevereiro e março o setor de serviços que é extremamente amplo e aborda 166 tipos de serviços, ele apresenta um resultado positivo de acumulado de 5,8%,” afirma.
Os serviços cresceram em 24 das 27 unidades da Federação no mês de março. Foram identificadas em São Paulo com 1,8%, Rio de Janeiro 2,8%, Minas Gerais 3,2%, Santa Catarina 5,9% e Rio Grande do Sul 2,8%. Os resultados negativos foram em Pernambuco com 2,3%, Mato Grosso 1,9% e Amapá com 1,7%.
Para Beni, esse impulso foi por causa do aumento de receita de alguns segmentos específicos. “De locação de automóveis, restaurantes, agências de viagem, hotéis, serviços de bufê, rodoviário coletivo de passageiros e até a parte de espetáculos,” destaca.
Índice de atividades turísticas fica em 0,1% no mês de março
O Índice de atividades apresentou variação de 0,1% frente ao mês anterior, após registrar uma queda de 1,3% em fevereiro.
Dessa forma, o segmento de turismo se encontra com 1,4% acima do nível de fevereiro de 2020 e 5,9% abaixo do ponto mais alto da série, atingindo em fevereiro de 2014.
Regionalmente, apenas quatro dos 12 locais apurados apresentaram uma variação positiva, sendo a influência mais importante vindo de Minas Gerais com 2,2%, logo após por São Paulo com 0,4%, Paraná 2,6% e Bahia com 1,8%. Em sentido contrário, Rio de Janeiro 3%, Rio Grande do Sul 5% e Distrito Federal 3,6% notaram os principais recuos em termos regionais.
Os beneficiários receberão entre R$110 e R$1.320
Mais de 4,4 milhões de trabalhadores do setor público e privado vão contar com valores referentes ao abono salarial do Pis/Pasep a partir desta segunda-feira (15). Os beneficiários terão direito a quantias que variam entre R$ 110 e R$ 1.320, em virtude do novo salário mínimo. Diante desse cenário, o economista Newton Ferreira avalia que se trata de uma oportunidade para esses trabalhadores amortizarem dívidas.
“O saque do Pis/Pasep só é permitido às pessoas de baixa renda. Então isso é um dinheiro extra para essas pessoas que, em geral, têm dificuldade para pagar, no dia a dia, as suas despesas. Então, a melhor forma de utilizar isso seria o lado positivo de tentar amortizar a dívida, caso eles tenham. Se não tiver, usar de forma a guardar para que em dias que tiver dificuldade para pagar as suas despesas usar esses recursos”, recomenda Ferreira.
Em relação ao uso dos valores para pagar dívidas, o economista César Bergo defende que isso também exige um planejamento. “Existe uma sequência. Primeiro, pagar eventuais dívidas, efetuar gastos por impulsos e, se possível, fazer uma reserva para aqueles momentos mais difíceis para que possa gastar em um momento mais oportuno”, destaca.
De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, as primeiras pessoas a receberem o abono salarial serão as que nasceram entre julho e agosto e que trabalharam na iniciativa privada. O pagamento será feito pela Caixa Econômica Federal.
Além desses, os trabalhadores do setor público com inscrição com dígito final 4 ou 5, terão direito ao Pasep, pago pelo Banco do Brasil. Para saber se você tem direito ao benefício, consulte no site Carteira de Trabalho Digital ou no portal gov.br.
No comparativo entre 2021 e 2022, o mercado de trabalho no agronegócio apresentou redução de 2,43%. Dos cinco setores analisados, a redução aparece no segmento primário, em que 8 milhões 599 mil e 22 pessoas estavam trabalhando no setor em 2021, e no ano seguinte, o número caiu para 8 milhões 389 mil e 841 pessoas. O setor primário é composto pelas relações de trabalhos que lidam diretamente com matéria-prima, como setor da agricultura, pecuária, extração mineral e vegetal. Esses dados foram divulgados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea)
O Cepea analisa periodicamente o mercado de trabalho do agronegócio brasileiro com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na pesquisa, é analisado o total de pessoas que trabalham formal ou informalmente no setor nos seguintes seguimentos: insumo, primário, indústria, serviços e agronegócio.
Para o economista, Eduardo Eustáquio, uma questão importante sobre o tema Trabalho no Campo, é a baixa na mão de obra especializada no setor. “Você compra uma colheitadeira de 3 ... 4 milhões de reais e tem dificuldade de achar um operador com capacidade e conhecimento para fazer esse tipo de operação. Então, a gente tem que ter um esforço maior na capacitação desse pessoal para que a gente possa criar novos postos de trabalho no campo, mas postos de trabalhos mais qualificados”.
Juliana Mendonça, especialista em Direito e Processo do Trabalho, também concorda que o fator escassez na qualificação de mão de obra influenciou nesse comparativo e destaca ainda o cenário de crise no país. Mendonça explica que o Brasil ainda vive um momento crítico na economia do setor e que, mesmo o Brasil sendo um grande exportador do setor primário, a estimativa de melhora não é a curto prazo. “Eu não estou vendo uma grande melhora neste ano de 2023, tendo em vista o valor do preço do gado, que tem caído, e também o prejuízo que a soja tem dado esse primeiro semestre de 2023. O Brasil é um grande exportador de carne, do setor primário e a expectativa é de um crescimento sim no decorrer, mas não acredito que seja por agora não”.
Na pesquisa, os outros setores apresentaram aumento no total de pessoas ocupadas no agronegócio entre 2021 e 2022. A maior quantidade de pessoas trabalhando foi no setor de insumos, com alta de 9,61%, em seguida no setor de serviços com 8,35% e na sequência, no setor de indústria, com alta de 5,51%.
Em 2022, o rendimento médio mensal real domiciliar per capita chegou a R$ 1.586, com alta de 6,9% frente a 2021. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, a massa do rendimento mensal real domiciliar per capita subiu 7,7% na comparação com 2021, chegando a R$ 339,6 bilhões.
A analista da PNAD contínua-Rendimentos Alessandra Brito destaca os motivos que levaram a esse resultado. “No ano de 2022, a gente pôde observar um aumento na proporção de pessoas com algum tipo de rendimento, seja ela de trabalho ou de outras fontes”, pontua.
“Esse aumento foi puxado sobretudo pela elevação da proporção de pessoas ganhando renda no trabalho. isso porque, de 2021 para 2022, voltaram para o mercado de trabalho quase oito milhões de pessoas e a população ocupada aumentou 7,7 milhões. isso refletiu uma redução de 2,1% no rendimento médio do trabalho no período, o aumento de massa no trabalho e também na redução do Ìndice de Gini no trabalho que ficou em 0,486% para 2022 o menor valor da série”, complementa.
O índice de Gini, ou coeficiente de Gini, mensura a igualdade ou desigualdade de distribuição de renda num determinado território.
De acordo com o levantamento, a região Nordeste segue com menor rendimento médio mensal domiciliar per capita (R$ 1.011), enquanto a Sul tem o maior (R$ 1.927). Já o percentual de pessoas com rendimento na população do país subiu de 59,8% em 2021 para 62,6% em 2022.
Entre 2021 para 2022, houve alta de 6,6% na massa do rendimento mensal real de todos os trabalhos, o que levou o valor a chegar a R$ 253,1 bilhões. Já o rendimento médio mensal da categoria “Aluguel e Arrendamento" caiu de R$ 1.989 em 2021 para R$ 1.755 em 2022.
O economista Robson Gonçalves, professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas, diz que medidas como o Auxílio Brasil ajudaram as famílias nesse período, mas de maneira geral o resultado é satisfatório.
“O crescimento de 6,9% é bastante importante. Quando nós consideramos tanto o componente emprego quanto o componente rendimento, percebemos que a massa total de rendimento real dos trabalhadores teve um aumento de 6,6%. Isso também favorece o consumo das famílias,” destaca.
O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) caiu 1,4 ponto em abril, para 75,0 pontos, após meses seguidos de alta. É o que revela o Instituto Brasileiro de Economia (FGV-IBRE).
Economista da empresa GWX Investimento, Ciro Almeida explica esse movimento de redução de empregos.
“O movimento de redução de emprego já era esperado depois do primeiro trimestre. Isso é um movimento que acontece todo ano, até porque no final do ano e ainda nos primeiros meses do ano, existe uma potencialização de contratação principalmente temporárias,” afirma.
A queda do Indicador Antecedente de Emprego em abril foi influenciada por 4 dos 7 componentes do indicador. Em relação aos componentes que contribuíram positivamente, ainda que de forma tímida, destacam-se os indicadores de Emprego Previsto e Tendência dos Negócios de Serviços, com variação idêntica de 0,2 ponto.
Conforme o economista Guidi Nunes, diretor financeiro da CBRASE - Cooperativa Brasileira de Serviços Empresariais, caso a economia não tenha uma recessão econômica a perspectiva atualmente, segundo o Indicador de Antecedente de Emprego, é otimista.
“Para os próximos meses a sinalização é de estabilidade, caso a economia não entre em recessão econômica. Então por enquanto o cenário está um pouco animador, animador para manter estável o mercado de trabalho,” destaca.
Contribuição em pontos para a variação na margem do IAEmp, por componente:
A taxa de desocupação no Brasil ficou em 8,8% no período entre janeiro e março de 2023. O resultado consta na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Provavelmente, ao longo de 2023 a taxa de desemprego será mantida basicamente nesse patamar, talvez se elevando um pouco mais ou diminuindo um pouco, mas, provavelmente, continuará nesse nível até que a gente consiga perceber um cenário econômico mais favorável, para volta de investimento por parte das empresas, assim gerando novas contratações, fazendo com que esse nível reduza” considera o especialista em finanças Marcos Melo, diretor da Valorum Empresarial.
Setor produtivo pede equilíbrio na taxa de juros
De acordo com o levantamento, houve aumento de 0,9 ponto percentual no indicador na comparação com o trimestre de outubro a dezembro de 2022, quando a taxa estava em 7,9%. Ao todo, a população desocupada, que corresponde a 9,4 milhões de pessoas, cresceu 10% frente ao último trimestre, e recuou 21,1% no ano.
O economista e professor da FGV-EAESP, Renan Pieri, avalia que o cenário atual já mostra uma certa desaceleração, o que exige mudanças mais amplas, sobretudo no que diz respeito à aprovação de medidas importantes, como a reforma tributária.
“Para resolver a situação, a gente precisa sair dessa armadilha de crescimento curto, de voo de galinha. Para isso, precisamos de reformas estruturais. Estamos falando de uma reforma tributária que simplifique os impostos; uma reforma macroeconômica, dos gastos do governo, que permita uma redução do déficit, uma maior previsibilidade para a economia, com inflação mais baixa, com mais investimento”, destaca.
Quanto ao número de pessoas ocupadas, ou seja 97,8 milhões de indivíduos, houve uma retração de 1,6% em relação ao trimestre anterior. No entanto, foi registrado um salto de 2,7% ante o mesmo trimestre do ano anterior. No que diz respeito à população subocupada por insuficiência de horas trabalhadas, os dados do IBGE apontam para uma queda de 7,7% ante o trimestre anterior e 23% no ano.
A quantidade de profissionais com carteira de trabalho assinada no setor privado - sem incluir os trabalhadores domésticos – foi de 36,7 milhões, resultado que mostrou estabilidade na comparação com o trimestre anterior. Já na comparação anual, foi notado um acréscimo de 5,2%, ou seja, mais de 1,8 milhão de pessoas.
Quanto ao número de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado, houve queda de 3,2% (menos 430 mil pessoas) frete ao trimestre anterior. Já na comparação anual, houve elevação de 4,8%, o que corresponde a 590 mil pessoas.
Estudo aponta a necessidade de uma meta de contratações de mulheres
Dados da ferramenta Women in Mining Brasil, apontam que as mulheres representam 17% da força de trabalho no setor de mineração. A coordenadora de iniciativas da Suiças do Ouro Responsável no Brasil, Erica Cavalheiro, acredita que trazer a mulher para um ambiente predominantemente masculino é uma ideia para tentar mudar esse paradigma cultural e social.
Uma empresa que atua no mercado de ouro mostra que as mulheres representam 41% do quadro de funcionários. A diretora financeira da empresa, Eliane Seze entende que unir os dois universos, masculino e feminino, tem muito a agregar em prol das necessidades de todos os setores, pois são complementares.
Essa mesma empresa divulgou que para ampliar o número de colaboradoras no setor mineral, é necessário implementar uma meta de contratações de mulheres em diferentes setores. O Women in Mining mostra ainda que 12% dos investimentos em iniciativas de impacto social são direcionados para o público feminino. Criar práticas inclusivas para oportunizar o crescimento de carreira para mulheres, e conscientizar para tornar o local de trabalho respeitoso para elas. Eliane Seze complementa dizendo que o apoio e incentivo vindos do topo são imprescindíveis para a difusão destes valores entre o corpo de trabalho em todos os níveis.
Não é de hoje que as tecnologias têm modificado os modelos de organização no trabalho. Com os avanços tecnológicos, novos negócios, empresas e até categorias profissionais têm surgido. Para o sócio-diretor da Stratlab e especialista em tecnologia e análise de dados, Cristovão Wanderley, o profissional com capacidade de absorver essas transformações está um passo à frente da concorrência.
"Os profissionais que conseguem entender o que pedir para a inteligência podem ter o seu trabalho reduzido e a quantidade de erros mitigadas. Qualquer profissional que para e pensa: eu quero facilitar a minha vida, eu quero ganhar produtividade para gastar tempo, não no repetitivo e, sim, na inteligência do que eu vou fazer, esse profissional é o que vai se destacar no futuro”, explica.
Tais mudanças contribuíram para que a legislação trabalhista brasileira também precisasse passar por alterações como forma de se adaptar às novas realidades. Um exemplo é a multifuncionalidade no trabalho, que tem sido cada vez mais requisitada. O projeto de lei nº 5670/2019, que tramita no Congresso Nacional, visa incluir na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) a regulação do trabalho multifuncional, para possibilitar a contratação de um empregado para exercer múltiplas funções dentro da organização em que trabalha.
Segundo o especialista, a multifuncionalidade no trabalho proporciona maior versatilidade para as mudanças organizacionais. “As empresas devem aproveitar a inteligência desse profissional para que ele exerça outras atividades dentro da empresa. Eu acabo ocupando esse tempo e consigo ter esse tempo aproveitado. Se tenho capacidade de saber e perguntar, de saber questionar, de saber fazer coisas diferentes, eu posso ter uma vantagem competitiva, porque vou fazer mais de uma coisa. É essencial neste ponto, saber fazer a parametrização do que é o trabalho multifuncional e ter regras. Nós temos que lembrar que são seres humanos que estão fazendo essas tarefas”, ressalta.
Para o jurista e professor Ives Gandra Martins, o contrato de multifuncionalidade pode trazer maior flexibilização nos acordos trabalhistas. "A própria diversidade hoje da economia exige muitas vezes que se adote soluções multifacetadas. A meu ver, primeiro não é inconstitucional porque a liberdade de trabalho está prevista no artigo 170, inciso VIII da Constituição. Em segundo lugar, acho importante porque dá uma flexibilidade maior facilitando, portanto, o desenvolvimento das relações entre capital e trabalho", aponta o jurista.
O projeto propõe a possibilidade da contratação de empregados para exercício de múltiplas funções em outros ramos de atividade, desde que tais atividades guardem relação entre si e sejam limitadas ao mesmo grau de complexidade da competência principal do profissional a ser contratado.
Segundo o deputado federal Joaquim Passarinho (PL-PA), devido às atuais reformas trabalhistas, a dinâmica foi alterada, trazendo à tona a necessidade de trabalhadores multifuncionais. “A regulamentação do trabalho multifunção é importante porque hoje em dia nós temos novas relações de trabalho, através da reforma trabalhista, através da movimentação e da modernização do trabalho, da forma de trabalhar remota que a pandemia trouxe. Aprovar a legalização do trabalho multifuncional é muito importante, porque você pode empregar uma pessoa que possa ter mais de uma função desde que ela, logicamente, seja correlata, seja integrada”, explica.
Vale lembrar que a multifunção já tem previsão legal na Lei dos Portos (12815/2013), destinada para a categoria específica dos trabalhadores portuários e portuários avulsos. O projeto de lei 5670/2019 tem o objetivo de estender a multifunção para as demais atividades. A proposta tramita no Congresso Nacional em caráter conclusivo e aguarda o parecer do relator na Comissão de Trabalho.
No Congresso Nacional, parlamentares apreciam o Projeto de Lei 4326/21, que cria o Fundo de Garantia das Execuções Trabalhistas (Fuget). O Fundo é constituído, sobretudo, pelo valor de multas de condenações trabalhistas e administrativas impostas pela fiscalização do trabalho. Há, inclusive, uma ação no STF que questiona a demora para instituição do Fundo. Atualmente, o PL aguarda designação de relator na Comissão de Trabalho.
O Fuget é um dos temas abordados na entrevista com o deputado federal Augusto Coutinho (REPUBLICANOS – PE), coordenador da Frente Parlamentar Mista do Setor de Serviços. O parlamentar também aborda pontos relacionados à reforma tributária e à regulamentação do telesserviço ou telemarketing, termo mais conhecido.
Brasil 61 - Deputado, acerca do PL 4326/2021, que trata da criação do Fundo de Garantia das Execuções Trabalhistas, a Frente vê o avanço dessa medida como uma necessidade? Que tipo de benefício ela traria para o setor?
Deputado Augusto Coutinho - O grande benefício desse fundo é que o trabalhador fique agasalhado e assegurado de que efetivamente tem direito. Isso é algo muito importante, pois sabemos que, atualmente, as causas trabalhistas são o maior motivo de falência de uma empresa, por exemplo. Na verdade, à medida que se tem um fundo que garanta essas execuções, acredito que isso seja um avanço importante e, inclusive, uma das metas que a frente tem e que nós consolidamos nessa matéria.
Brasil 61 - No Brasil, muitas profissões ainda não são regulamentadas e entre elas está o telesserviço. O senhor entende que essa ocupação precisa passar por essa regulamentação? Que iniciativas a Frente propõe para alcançar esse objetivo e quais seriam os ganhos reais para esses trabalhadores?
AC - Eu não tenho dúvida. Hoje, com o avanço da tecnologia, das comunicações e da interação entre as pessoas, fica clara a necessidade de adequarmos a realidade dos serviços prestados. O telesserviço é, de fato, algo que tem uma tendência de crescimento muito grande e, portanto, é fundamental que haja essa regulamentação.
Brasil 61 - Uma das prioridades destacadas pela Frente é o alongamento do prazo para as execuções tributárias. No que consiste essa extensão, qual a problemática referente a esse ponto e como o colegiado pretende reverter esse quadro? Há algum impacto para o contribuinte?
AC - Primeiro, você regulamenta a profissão; segundo, à medida que se regulamenta e se aumenta a base de uso dessa profissão, estão sendo proporcionados ganhos reais ao trabalhador, para que ele tenha um maior campo de atuação nessa área de serviço. Tudo isso está atrelado e agregado, por exemplo, à reforma tributária. Esse sim é um tema de maior importância, porque temos que preservar e cuidar para que o setor de serviço não seja onerado ou prejudicado com essa reforma. E por isso, estamos muito atentos ao acompanhamento e ao desdobramento dessas ações.
Brasil 61 - Ainda dentro desse contexto tributário, mas falando especificamente da reforma tributária, o senhor avalia que se trata de uma medida prioritária para o setor?
AC - Hoje, principalmente em decorrência da pandemia, muitas empresas enfrentam problemas de ordem tributária e questões que incluem também os problemas previdenciários. Atualmente, existe uma demanda muito grande desse setor, pedindo para que o governo e o poder público façam algo para que possam renegociar esse passivo previdenciário, trabalhista e fiscal que as empresas têm, permitindo que elas se regularizem e retornem de forma escalonada a uma atividade normal.