Você sabia que mesmo o smartphone que usamos todos os dias não seria o que é se não houvesse a indústria de defesa e segurança? O professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista em indústria espacial e de defesa, Marcos Barbieri, explica que a indústria de defesa e segurança nacional não tem a ver apenas com o aspecto militar.
A estreita relação do setor com o avanço tecnológico proporciona melhorias que são percebidas pelas empresas e pelas pessoas, no dia a dia. "Das 13 tecnologias críticas que eu tenho no smartphone, dez foram criadas com fins militares. Não é que quem criou o smartphone foi o Ministério da Defesa, mas a grande parte das tecnologias que permitiram a criação de um smartphone tem origem militar", explica Barbieri.
A internet – sem a qual você não teria acessado esta reportagem –, foi criada com objetivos militares pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Depois se expandiu para além dos quartéis e se tornou indispensável para inúmeras empresas e cidadãos.
Os sistemas globais de navegação por satélite, como o norte-americano GPS ou o russo Glonass, também são iniciativas cuja finalidade era fornecer um sistema de posicionamento preciso e confiável para uso militar. Mas seu uso pela sociedade permitiu o avanço da aviação, a entrega de comida por aplicativo ou que você não precise de um mapa para chegar em um lugar desconhecido, por exemplo.
Por isso, o Plano de Retomada da Indústria, apresentado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao governo federal, defende uma integração da indústria de defesa e segurança com o sistema de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) em torno de objetivos de longo prazo. A ideia é fomentar o desenvolvimento de ferramentas de uso dual, ou seja, tecnologias que têm aplicação tanto no meio civil quanto no meio militar.
Por ser o setor que mais investe em ciência e tecnologia, a indústria tem papel chave para conectar as demandas do meio militar e da sociedade com as descobertas que são feitas pelos pesquisadores. É das fábricas que vão sair soluções para garantir soberania ao Brasil e competitividade às empresas nacionais, diz o vice-presidente executivo da CNI e presidente do Conselho Temático da Indústria de Defesa e Segurança, Glauco José Côrte.
"A dualidade consiste num conjunto de inovações desenvolvidas no setor militar que têm aplicações igualmente no setor civil e vice-versa. Essas aplicações são nas áreas do transporte, da segurança, da realidade virtual ou ainda da saúde, entre outros setores. O Exército, por exemplo, desenvolveu um sistema aéreo remotamente pilotado, empregado em operações militares de reconhecimento de locais e que pode ser estendido para a indústria agropecuária".
O plano de retomada industrial recomenda alguns programas para fortalecer a missão de defesa e segurança nacional. O primeiro passo é a sensibilização da sociedade. A ideia é desmistificar o setor de defesa e mostrar seus os impactos tecnológicos, a possibilidade de uso dual das ferramentas e relevância para a economia.
"A grande questão é que como o Brasil não está inserido em uma questão de conflito, uma questão de confronto, etc., essa percepção da sociedade não é tão clara como em outros países, mas é muito necessária", afirma Barbieri.
Também é necessário ter previsibilidade orçamentária, com recursos que não possam ser bloqueados; definir estratégias e priorizar tecnologias de uso dual, com atenção aos campos dos veículos autônomos, inteligência artificial, computação quântica e segurança cibernética, por exemplo.
O documento também propõe a flexibilização do uso do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) para que empresas estratégicas de defesa possam acessar os recursos para desenvolvimento, produção e comercialização de produtos de defesa e pede o engajamento das instituições de ciência e tecnologia nacionais no desenvolvimento tecnológico aplicadas à defesa e segurança.
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Estado do Paraná contará com pacote de investimentos de R$46,1 milhões para fortalecer e ampliar as ações de ciência e tecnologia no Paraná, além de apoiar projetos nas áreas de pesquisa, extensão, empreendedorismo e inovação das sete universidades estaduais.
A iniciativa é da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e os recursos são oriundos do Fundo Paraná de fomento científico e tecnológico, instituído pela Lei nº 21.354/2023 e gerenciado pela secretaria.
O intuito do pacote é financiar projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), a partir de acordos de parceria e cooperação firmados entre as universidades e organizações empresariais e institucionais paranaenses, públicas e privadas.
Para a especialista em Ciência e Tecnologia, Juliana Roman, investir em áreas tecnológicas é ganhar riqueza para o país.
“A importância de investimentos na área acaba sendo ressaltada pela própria necessidade de incentivar o desenvolvimento socioeconômico e ampliar a competitividade empresarial agregando tecnologia aos processos de produção de bens e serviços. Além disso, nós temos um ganho humano e um ganho de capacidade intelectual no momento em que há espaço para a capacitação de líderes, para geração de riqueza no país e também para geração de novos empregos”, afirmou a especialista.
Ao todo, o programa reúne cinco editais que serão aplicados em projetos ligados aos segmentos de microempresas e microempreendedores individuais (MEIs), pequenas e médias empresas, para as iniciativas propostas por municípios, cooperativas e outras organizações.
Dentre outros pontos, proposta traz diretrizes sobre direitos autorais nas obras criadas por IA
O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), apresentou projeto de lei para regular a utilização da inteligência artificial (IA) no Brasil (PL 2338/2023). A proposta estabelece fundamentos para o desenvolvimento e implementação do uso de sistemas de IA; prevê direitos às pessoas afetadas e medidas para fomentar a inovação; traz diretrizes sobre direitos autorais em conteúdos criados por IA; veda técnicas que apresentem risco excessivo, entre outros pontos.
“O projeto tem um duplo objetivo. De um lado, estabelece direitos para proteção do elo mais vulnerável em questão, a pessoa natural que já é diariamente impactada por sistemas de inteligência artificial. De outro lado, ao dispor de ferramentas de governança e de um arranjo institucional de fiscalização e supervisão, cria condições de previsibilidade acerca da sua interpretação e, em última análise, segurança jurídica para inovação e o desenvolvimento tecnológico”, argumenta o senador em sua justificativa.
O texto tem como base outras propostas em tramitação na Câmara e no Senado e também o relatório entregue a Pacheco no final de 2022, elaborado por uma comissão de juristas criada com o objetivo de desenvolver a regulamentação da IA no país. O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Ricardo Villas Bôas Cueva, que presidiu a comissão de juristas, destacou que diversos representantes da sociedade civil e especialistas foram ouvidos, além de terem realizado audiências públicas e seminário internacional para a construção do relatório.
“A comissão procurou se inspirar não apenas nas inúmeras contribuições apresentadas, mas também na experiência internacional, procurando, desse modo, sugerir um modelo de regulação que ao mesmo tempo promova de um lado segurança jurídica e inovação tecnológica e, do outro, garanta a proteção dos direitos humanos e das garantias individuais”, disse o ministro.
A IA tem sido tema de debate em vários países. Nos Estados Unidos, a vice-presidente Kamalla Harris recebeu, na última quinta-feira (4) na Casa Branca, líderes do Google, Microsoft, OpenIA — desenvolvedora do Chat GPT — e da Anthropic, startup de IA, para pedir que as empresas se comprometam com a segurança no setor.
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O projeto permite à inteligência artificial a utilização automatizada de obras em processos de mineração de dados e textos em sistemas de IA sem ofensa a direitos autorais. No entanto, de acordo com o texto, o uso não pode ter como objetivo a simples reprodução, exibição ou disseminação da obra original em si; deve ocorrer na medida necessária para o objetivo a ser alcançado; não pode prejudicar de forma injustificada os interesses econômicos dos titulares; e não pode concorrer com a exploração normal das obras.
Segundo o autor, a proposta “traça balizas para conformar direitos autorais e de propriedade intelectual à noção de que os dados devem ser um bem comum e, portanto, circularem para o treinamento de máquina e o desenvolvimento de sistema de inteligência artificial, sem, contudo, implicar em prejuízo aos titulares de tais direitos”.
O advogado e mestre em Gestão de Riscos e Inteligência Artificial da Universidade de Brasília (UnB), Frank Ned Santa Cruz, explica que enquanto a propriedade intelectual protege a ideia de uma inovação, o direito autoral protege a associação do criador à ideia. Segundo o especialista, atualmente, não é possível atribuir autoria de um conteúdo criado por IA e que as criações não são pautadas por uma única obra.
“As redes neurais artificiais realizam centenas ou milhares de cálculos. Então veja que necessariamente ela não é pautada em uma única base de dados, mas em um conjunto de base de dados. Da mesma forma, a mente humana, a mente criativa, mesmo quando ela produz uma nova obra, uma nova arte, ela não faz isso, necessariamente, a partir de uma única referência. Ela utiliza um complexo de referências”, afirma Santa Cruz.
Entrevista: Frank Ned Santa Cruz explica relação da IA com a propriedade intelectual
A capacidade de plataformas de inteligência artificial (IA) como o Chat GPT imitarem a criatividade humana levanta questões como: a quem se atribui o direito autoral e a propriedade intelectual de um conteúdo criado por inteligência artificial? Uma vez que esta ferramenta utiliza uma extensa base de dados já existentes para desenvolver determinado conteúdo, como seria a definição de autoria?
Frank Ned Santa Cruz, advogado e mestre em Gestão de Riscos e Inteligência Artificial da Universidade de Brasília (UnB), explica que a IA realiza milhares de cálculos utilizando bases de dados distintas para chegar ao desenvolvimento de uma obra, por exemplo. Portanto, segundo o especialista, não é possível apontar a quem pertence o direito autoral de uma determinada criação de IA, já que várias obras existentes foram utilizadas como referência. Santa Cruz alerta, ainda, para a necessidade de o governo promover um “letramento digital” para que as pessoas não tenham seus espaços de trabalho ocupados por máquinas.
Brasil 61: Qual a diferença entre propriedade intelectual e direito autoral?
FN: A propriedade intelectual protege a ideia de uma inovação, a ideia de uma melhoria, a ideia posta no mercado, a nova ideia, para que outros não copiem livremente. Então propriedade intelectual protege a ideia, já direito autoral protege associação do criador à ideia. Uma coisa é desvinculada da outra. Propriedade intelectual, então, uma vez por meio de concessão de cessão, pode ser explorada comercialmente, mas não perde-se o vínculo do autor com a sua ideia. Nesse sentido, o direito autoral protege o vínculo do autor com a ideia. Sendo que o autor pode, claro, comercializar, ceder, vender a ideia, mas a ideia uma vez explorada comercialmente, o autor sempre será o autor daquela ideia.
Brasil 61: É possível atribuir autoria de um conteúdo criado por inteligência artificial?
FN: Atualmente, não é possível fazer atribuição de autoria a uma inteligência artificial. Por outro lado, nós percebemos atualmente uma grande evolução dessas técnicas. E quando eu digo grande evolução, não estou dizendo que existam novos algoritmos, muitos dos algoritmos utilizados são algoritmos dos anos 60, 70, mas nós temos atualmente uma grande capacidade de processamento, uma grande quantidade de dados. Dados esses cada vez mais estruturados e quando você une esses elementos, você tem uma equação que permite então algoritmos que realizam resultados bastante interessantes e impressionantes, que dão uma percepção de criação como se fosse uma mente humana. Entretanto, quando se fala em mente humana, nós falamos de uma coisa chamada ideação mental. E atualmente esses algoritmos não possuem ainda ideação mental. Isso não quer dizer que no futuro isso não possa vir a acontecer, mas não é a realidade atual.
Brasil 61: A inteligência artificial, como o Chat GPT, se baseia em obras já disponíveis na rede para criar um conteúdo. Nesse contexto, seria possível atribuir direito autoral ao criador da obra utilizada como base?
FN: Quando nós falamos de algoritmos que utilizam técnicas de machine learning e, dentro dela, deep learning, eles são treinados a partir de base de dados. Entretanto, as redes neurais artificiais realizam centenas ou milhares de cálculos. Então veja que necessariamente ela não é pautada em uma única base de dados, mas em um conjunto de base de dados. Da mesma forma, a mente humana, a mente criativa, mesmo quando ela produz uma nova obra, uma nova arte, ela não faz isso, necessariamente, a partir de uma única referência. Ela utiliza um complexo de referências. Então quer dizer que, se for comprovado que um algoritmo gerou uma nova visão de realidade a partir de uma única base de dados que está protegida por direito autoral e propriedade intelectual, poderia, sim, eventualmente, ter aí um viés de plágio. Mas isso não é algo fácil de ser comprovado. Por outro lado, se você fala para um algoritmo: produza um quadro semelhante a Van Gogh. Ele vai produzir uma nova obra que pode ter o traço de Van Gogh, mas que não foi produzida por Van Gogh e é uma nova obra. Isso é perfeitamente permitido no direito, aí não há nenhum problema de você ter essa nova obra, porque você não está fazendo um plágio ou fazendo uma comercialização indevida. Ele teve como referência um pintor de renome.
Brasil 61: Quais pontos positivos e negativos da IA?
FN: A inteligência artificial tem uma infinidade de pontos positivos a partir do momento que utilizada para aumentar a prontidão ao risco. Por exemplo, podemos ter, e já temos, algoritmos que conseguem detectar com mais precisão que especialistas humanos, por exemplo, padrões de câncer de pele, de micro tumores cerebrais, onde o algoritmo que trata com padrões a partir de uma formação, uma preparação, baseada em milhares ou milhões de ressonâncias magnéticas, ele tem uma acurácia muito maior que a do ser humano. Por outro lado, os algoritmos cada vez mais, a inteligência artificial dominando, por meio de técnicas computacionais e matemáticas, esses espaços de reflexão, de aprendizagem, ela pode sim, e já vem acontecendo, colocar em risco a colocação no mercado de profissionais. Até então retirava-se o emprego de pessoas não qualificadas, agora ela traz uma ameaça concreta também a profissionais qualificados.
Brasil 61: O que precisa ser feito para que a IA seja uma aliada e não uma substituta do ser humano no mercado de trabalho?
NF: O desafio que se apresenta em relação à sociedade e ao governo, para não ter o seu espaço laboral ocupado pela inteligência artificial, perpassa uma série de elementos. Entre eles podemos citar que, primeiro, precisamos acelerar o letramento digital para então as pessoas aprenderem a utilizar esses componentes de formas complementares a sua atuação profissional. Por outro lado, existe esse grande risco de os algoritmos de IA ocuparem um espaço que, até então, é um espaço unicamente humano, que é o espaço da criatividade. A partir do momento que nós temos algoritmos com potência, capacidade de serem criativos, existe o risco de o homem, cada vez mais, deixar de exercer essa criatividade, entregando isso a algoritmos e termos uma certa regressão. O risco já é estudado e mapeado, um conceito chamado de pós-humanidade. Então, enquanto sociedade e governo, eu penso que a primeira grande medida é o Estado instrumentalizar a sociedade por meio de campanhas, curso de formação, centro de pesquisa para acelerar o letramento digital.
A Anatel determinou às operadoras de telefonia a implementação de sistemas de alerta de emergência para a população, em casos de risco de desastres naturais. Atualmente, esse serviço ocorre por meio da tecnologia cell broadcast, através de SMS (mensagem de texto que chega no celular) e também por mensagens em serviço de TV por assinatura. Porém, no final de 2022, a Anatel implementou uma nova funcionalidade para aprimorar esse serviço: os alertas continuam sendo enviados por mensagem de celular, no entanto, com características diferentes, com o uso da tecnologia SMS Flash.
“Isso é uma evolução muito significativa em relação ao SMS. Ela chega em todos os celulares de forma simultânea. O celular de todos vai tocar alertando e vibrando. Então, ele [o SMS] cria de fato uma percepção de risco e todos ali daquela região percebem. Então ela tem o potencial de ser mais efetiva na gestão de riscos, na preservação das vidas”, explica o superintende de Controle de Obrigações (SCO) da Anatel, Gustavo Santana.
O novo alerta de emergência chegará em formato pop up (mensagem que se sobrepõe ao conteúdo que eventualmente esteja sendo acessado no celular). Além disso, a depender do tipo de emergência, a mensagem poderá acionar um sinal sonoro no celular, mesmo se estiver no modo silencioso. Também serão desnecessários o cadastro prévio dos usuários e a indicação de um CEP de interesse. Serão enviados os alertas de emergência para todos os celulares que estejam situados ou venham a entrar na região em risco. O conteúdo dos alertas continuará sob a responsabilidade dos órgãos competentes, como a Defesa Civil, que poderão optar por diferentes modos de alerta.
O assunto é coordenado pela Agência em Grupo de Implementação de que fazem parte as prestadoras Claro, Tim, Vivo, Algar, Sercomtel, Sindicato Nacional de Empresas de Telefonia Móvel (Conexis) e órgãos de Defesa Civil, representados pelo Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
A nova funcionalidade está em período de teste e passa por avaliação junto ao grupo de implementação liderado pela Anatel e aos órgãos de Defesa Civil de estados e municípios, para o implementação ativa em regiões que já apresentam áreas de risco de emergência. A expectativa é que a medida seja implementada em âmbito nacional até o final de 2023.
A maior competição de robótica educacional do Brasil, o 5º Festival SESI de Robótica, ocorre neste ano pela primeira vez em Brasília. O evento, que começou nessa quarta-feira (15) e vai até sábado (18), vai receber mais de 2.000 estudantes de escolas públicas e privadas da rede SESI e SENAI das 27 unidades da federação na Arena BRB Mané Garrincha, na região central da capital. A competição é gratuita e aberta ao público.
Os competidores, com idades entre 9 e 19 anos, desembarcam em Brasília depois de meses dedicados à programação e à construção de robôs, além do desenvolvimento de projetos sociais e de inovação para apresentar e competir com as suas criações.
“É um projeto em que os alunos competem fazendo robôs que vão para uma arena competir. Mas é muito mais do que robôs: têm projetos científicos, você tem toda uma estrutura coordenada deles fazerem os projetos, desenvolvendo situações que vão corrigir problemas reais da sociedade, então é um festival bonito em que é uma forma de homenagear educação por meio da robótica”, garante Paulo Mól, diretor de operações do Senai.
A competição de robótica acontece em quatro modalidades, que variam de acordo com o desafio, o porte do robô e a idade dos competidores. Há desde robôs pequenos feitos de peças de Lego até robôs de porte industrial, que chegam a 1,98 metro de altura e 56 quilos.
Além do torneio de robótica, o evento terá uma programação paralela, que inclui oficinas gratuitas para as famílias nos quatro dias de evento. “É uma atividade para a família como um todo. Você não vai ter só robôs, você vai construir o seu robô para exercer uma determinada atividade. Vai ser bem lúdico e bem legal”, promete Mól.
As senhas serão distribuídas no local, por ordem de chegada, e a capacidade máxima é de 150 pessoas por oficina. Fazem parte também do festival um seminário internacional com a participação de especialistas e representantes do Ministério da Educação para discutir políticas e inovações na educação brasileira e uma exposição sobre o papel da educação na reindustrialização do país.
Serão selecionados até dez espaços propícios ao empreendedorismo. Inscrições vão até o fim de março
Qualificar dez espaços propícios à inovação e ao empreendedorismo, que constituem ambientes característicos da economia baseada no conhecimento. Esse é o objetivo da chamada pública feita a partir da parceria entre a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), lançada no âmbito do Programa de Internacionalização CNI-Sebrae.
Cada projeto selecionado receberá apoio financeiro de R$ 50 mil. Os interessados podem se inscrever gratuitamente até o dia 31 de março pelo site do programa.
“A gente pretende promover a geração de negócios e networking com parceiros e potenciais investidores estrangeiros para as startups e tecnologias mapeadas. A gente pretende criar um mapa de startups e tecnologias brasileiras inovadoras que esteja cadastrado nessa plataforma internacional de gestão da inovação e que esteja aberto para que os parceiros internacionais acessem essas tecnologias e, claro, promover a inserção e a visibilidade de um Brasil inovador”, afirmou Rafaela Paladini, analista de Desenvolvimento Industrial da CNI.
Os ambientes são responsáveis por realizar a articulação entre empresas, diferentes níveis de governo, instituições científicas, tecnológicas e de inovação, agências de fomento ou organizações da sociedade civil.
Pelas regras previstas no edital, os ambientes de inovação precisam ter sede no Brasil e deverão mapear e cadastrar tecnologias por meio do atendimento a startups e Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), públicas ou privadas. Tudo isso com objetivo de consolidar o que há de mais disruptivo no país e promover sua inserção em plataforma internacional de gestão da inovação.
Como contrapartida, cada ambiente vai ter que selecionar, no mínimo, 30 companhias que vão colaborar num centro internacional de inovação. “Ali dentro vai ser promovida uma geração em volume considerável de negócios para essas 300 startups brasileiras, e é daí que a gente busca então o impacto de suportar o crescimento dessas empresas e geração de emprego aqui no Brasil. Existe, obviamente, o requisito das startups serem brasileiras e terem sede aqui, então a gente quer abrir mercado e que essas empresas ganhem corpo agora a partir de demandas internacionais vindas de grandes corporações de todos os lugares do mundo”, comenta o analista de Inovação do Sebrae, Rodrigo Rodrigues.
São previstos dois tipos de ambientes: “ecossistemas de inovação” e “mecanismos de geração de empreendimentos”. O primeiro se refere a agregar infraestrutura e arranjos institucionais e culturais que atraem empreendedores e recursos financeiros. Já o segundo busca promover empreendimentos inovadores e de apoio ao desenvolvimento de empresas nascentes de base tecnológica, que envolvem negócios inovadores, baseados em diferenciais tecnológicos e buscam a solução de problemas ou desafios sociais e ambientais.
O aplicativo Bora, lançado pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) no ano passado, ganhou reconhecimento internacional pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e é indicado como modelo para outros países no aprimoramento das políticas públicas. O projeto inovador estimula a interação entre gestores e pesquisadores das políticas públicas E faz parte do banco de soluções do Observatório de Inovação do Setor Público (OPSI, na sigla em inglês), da OCDE.
O desenvolvimento do aplicativo surgiu por meio da observação da necessidade dos entes públicos de um espaço de troca mais eficiente e democrático, como explica Carolina Coppetti, socióloga, analista de políticas sociais na Enap e gerente do aplicativo Bora. “A gente percebeu essa necessidade no próprio cotidiano da escola, a gente percebeu que tinha uma necessidade de ampliar rede de contato para realização de pesquisa de qualidade, então tanto da parte da administração pública quanto dos próprios profissionais avaliadores de políticas públicas, tinha esse gap aí de contato mais rápido e transparente, uma coisa menos burocrática, então a gente decidiu criar a ferramenta que é o Bora para ajudar a promover esse encontro”, elucidou.
Para ter o melhor resultado possível, a Enap se uniu à Universidade de Brasília (UnB) no desenvolvimento da aplicação, que aconteceu em um curto espaço de tempo: “A coordenação à época fez um acordo de trabalho com a Universidade de Brasília, que foi essencial, porque foi ali que a gente conseguiu pessoas especializadas em desenvolvimento, design, tecnologia, então a gente conseguiu pegar o conhecimento da Universidade de Brasília e unir com a capacidade de gestão de projetos que a Enap tem, que já é bastante conhecida, e esse casamento feliz fez com que durante seis meses se trabalhasse arduamente, um trabalho coletivo muito intenso, para que a gente conseguisse fazer o lançamento do Bora”, contou Carolina..
O professor Jackson De Toni, especialista em Projetos na equipe técnica da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), comentou sobre a importância de ferramentas inovadoras como essa para melhorar o serviço público. “Porque ele consegue conectar, de uma forma gratuita, centenas ou milhares talvez de pesquisadores em políticas públicas que estão no estados, nas prefeituras, no governo federal, nas universidades, nos institutos de pesquisa, juntando quem precisa de avaliação de políticas públicas com quem tem condições de oferecer capacitação e realizar trabalhos, remunerados ou não. Então ele é uma grande plataforma de conexão, de criação de redes, de relacionamentos e um hub de crescimento coletivo nessa área”, avaliou.
O aplicativo foi lançado em agosto de 2022 e pode ser baixado de forma gratuita. O aplicativo se apresenta como uma vitrine onde gestores de projetos e pesquisadores podem dar match ou apresentar interesse em projetos. Bora é um acrônimo para Base Online de Relacionamentos para Avaliação.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já concedeu a autorização de licenciamento e ativação de estações de 5G, na faixa 3,5 GHz, para 487 municípios brasileiros. A última liberação foi concedida a 347 cidades com variado número populacional (177 cidades abaixo de 30 mil habitantes; 111 cidades entre 30 mil e 100 mil habitantes; 37 cidades entre 100 mil e 200 mil habitantes e 22 cidades acima de 200 mil habitantes) em todas as regiões do país. Com isso, 40% da população brasileira têm potencial para receber a tecnologia de acordo com as ativações das prestadoras.
Segundo a Anatel, nessas localidades, a Entidade Administradora da Faixa de 3,5 GHz (EAF) já iniciou o processo de migração da recepção do sinal de televisão aberta e gratuita por meio de antenas parabólicas na banda C satelital para a banda Ku.
Confira a seguir os municípios que já possuem a faixa de 3,5 GHz liberada para ativação do 5G:
Marcos Urupá, pesquisador do Laboratório de Políticas de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB), explica esse processo de limpeza das faixas 3,5 GHz para ativação do 5G.
“Durante alguns testes, antes da implementação das faixas que seriam disponibilizadas para 5G, essa faixa de 3,5 apresentou interferência com a banda C - que hoje é usada pela radiodifusão e pelo sistema de televisão por parabólica. Então foram apresentadas algumas alternativas e a proposta final que se cumpriu foi da limpeza da faixa, fazendo a migração desse serviço das pessoas que acessam TV parabólica por essa banda, por essa faixa, para banda Ku.”
Portanto, quem recebe as transmissões da TV aberta por antena parabólica precisa adaptar o equipamento para evitar possíveis transferências. Os inscritos do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), que já recebem o sinal de TV aberta por parabólica, podem solicitar gratuitamente o kit para a adaptação do equipamento pelo site Siga Antenado da EAF.
A liberação da faixa de 3,5 GHz não significa que o 5G será ativado automaticamente. “Cada operadora vai desenvolver, a partir dali, o seu modelo de negócio para aquela localidade e fazer a sua implantação. Não é algo automático. Está apenas liberado. Vai depender do calendário e de como cada operadora vai implementar a tecnologia nessas localidades”, explica Marcos Urupá.
O pesquisador da UnB ressalta que, a partir da ativação, os usuários que quiserem ter acesso ao 5G vão precisar ter um aparelho compatível com a tecnologia. “Por exemplo, Brasília já tem 5G, mas o meu aparelho não é compatível. Então eu preciso de um outro aparelho que capte o 5G.”
No painel de dados da Anatel, é possível conferir os aparelhos celulares certificados para uso do 5G.
Marcos Urupá afirma que a principal mudança que o usuário vai sentir com o 5G, em relação à tecnologia anterior, é a velocidade de conexão.
“Você tem realmente uma capacidade de velocidade muito maior que o 4G. Por hora é isso que tem. Porque, para ter sua efetividade plena, o 5G depende muito ainda da elaboração e implementação de determinadas aplicações e tecnologias mesmo. Envolve política industrial como, por exemplo, os carros autônomos. Para além do trabalho das operadoras, vai ter que ter todo o desenvolvimento de um mercado do setor automobilístico que implemente esse tipo de veículo capaz de ser controlado por ondas milimétricas, por exemplo.”
O prazo obrigatório para as operadoras estabelecerem a tecnologia 5G vai até 2025.
A pesquisa pelo Chat GPT tem se mostrado em ascensão desde dezembro do último ano, de acordo com o Google Trends, ferramenta que mede tendências de busca na web. A plataforma desenvolvida pela empresa norte-americana OpenAI, interage com o usuário de forma imediata com a elaboração de textos completos e coesos simulando uma conversação humana.
O robô virtual conta com uma extensa base de dados e, assim como outras ferramentas de inteligência artificial, imita capacidades humanas, como explica a consultora em proteção de dados e governança da internet no Instituto de Referência em Internet e Sociedade (IRIS), Juliana Roman.
“Trata-se de um sistema de inteligência artificial capaz de manter conversações a nível praticamente humano, se baseando então nas questões de treinos prévios. Tem uma base de dados que foi capaz de aprender com intervenções e também com colaborações prévias”, ressalta.
Um dos principais debates levantados sobre a plataforma é a possibilidade de prejuízo à criatividade e à aprendizagem. Para Juliana Roman, depende da utilização da tecnologia. Ela defende que o robô virtual tanto pode ajudar em sua produção intelectual, como também pode prejudicar a criatividade e a autenticidade das informações. E alerta para uma atenção especial a crianças e adolescentes.
“Devemos levar em consideração, principalmente crianças e adolescentes, pelo princípio da proteção integral da criança e do adolescente tendo em vista o próprio estado peculiar de desenvolvimento que esses indivíduos estão passando. Então ter uma maior preocupação do uso dessas ferramentas ‘para o quê?’ e ‘por quem’. Essa análise é de extrema importância para que a gente possa realmente ter uma noção sobre os impactos, riscos e benefícios da questão”, explica.
A ferramenta é capaz de otimizar o trabalho de pessoas e empresas. Produções textuais que poderiam levar horas são realizadas em alguns minutos. No entanto, ao criar uma conta para acessar a plataforma, vários avisos são mostrados na tela. Os alertas chamam atenção para a possibilidade de geração ocasional de informações incorretas ou enganosas, além da possível exibição de conteúdos ofensivos ou tendenciosos.
Ainda nos balões de aviso, é solicitado aos usuários que não compartilhem informações sensíveis na plataforma, já que as conversas podem ser revisadas pelos “treinadores de IA”. Juliana Roman destaca como benefícios da plataforma o acesso à informação e a criação de conteúdo. Por outro lado, a especialista chama atenção para a possibilidade de utilização inadequada da plataforma para disseminar desinformação.
“A inteligência artificial vem sendo constatada como uma importante ferramenta para lidar com questões no âmbito privado e no âmbito público. Então nós vemos questões relativas a traduções automatizadas, questões de tráfego aéreo, ferroviário, automotivo, por exemplo. O Chat GPT pode auxiliar na questão de criação de conteúdo, acesso à informação, mas também pode ser uma ferramenta muito complexa no que diz respeito a divulgação de informações que não sejam verídicas, as conhecidas fake news”, afirma.
A reportagem questionou à plataforma quais os riscos ela oferece e a resposta emitida pela própria ferramenta foi a seguinte:
Chat GPT:
Assim como qualquer tecnologia que envolve processamento de dados e inteligência artificial, o ChatGPT pode apresentar alguns riscos se não for usado corretamente. Alguns dos riscos associados ao uso do ChatGPT incluem:
Viés: o ChatGPT é treinado em dados textuais existentes e, portanto, pode perpetuar ou amplificar preconceitos e estereótipos já presentes nos dados. Isso pode levar a respostas tendenciosas ou discriminatórias.
Disseminação de informações falsas: o ChatGPT pode ser alimentado com informações incorretas ou falsas, o que pode levar a respostas imprecisas ou até mesmo perigosas. Por isso, é importante que o modelo seja alimentado com fontes confiáveis e verificadas.
Privacidade: o ChatGPT pode coletar e armazenar informações pessoais, como as perguntas e respostas dos usuários. Isso pode representar um risco de privacidade se essas informações forem usadas de forma inadequada.
Dependência excessiva: se usado de forma excessiva, o ChatGPT pode levar a uma dependência excessiva na tecnologia para responder a perguntas e tomar decisões. Isso pode levar a uma diminuição na capacidade de pensamento crítico e habilidades de resolução de problemas.
Fonte: Chat GPT
Conhecimento limitado
Apesar da quantidade de informações, para o bem ou para o mal, o conhecimento do qual a ferramenta dispõe está limitado a acontecimentos que ocorreram até 2021. Ao ser questionada pela reportagem sobre o tema da “Guerra na Ucrânia”, a plataforma elaborou um texto destacando as tensões entre as forças ucranianas e as forças separatistas ocorridas a partir de 2014. Entretanto, a ferramenta não cita a invasão Russa ao território ucraniano em fevereiro do ano passado.
Como acessar o Chat GPT?
O Chat GPT está em fase de testes. Por isso, o acesso à plataforma, por enquanto, é gratuito. De acordo com a OpenAI, o objetivo é “obter feedback externo para melhorar nossos sistemas e torná-los mais seguros". Para acessar basta entrar no site chat.openai.com/chat, clicar em “sign up” e criar uma conta utilizando e-mail e senha.