A detecção precoce de uma gavidez é fundamental para a saúde da mãe e do bebê, já que permite um pré-natal adequado desde o início. Por isso, o Ministério da Saúde está liberando R$ 6,3 milhões para a compra dos kits de teste rápido de gravidez (TRG), que em poucos minutos são capazes de detectar uma gestação, logo a partir das primeiras semanas.
Os testes serão enviados para as unidades de Saúde do SUS que oferecem serviços de atenção primária, como as Unidades Básicas. Assim, mesmo em locais mais remotos, a detecção poderá ser feita. Todos os municípios brasileiros irão receber valores, que devem variar de acordo com a população. O valor mínimo será de R$ 200, suficiente para a compra de 100 kits.
Os testes também estarão disponíveis para as populações indígenas de todas as regiões do país.
A distribuição dos testes é uma das estratégias do Ministério da Saúde nas ações de planejamento reprodutivo e familiar, que inclui ainda a oferta de dispositivos e técnicas conceptivas e contraceptivas — como os dispositivos intra-uterinos (DIU) de cobre, que também estão disponíveis na rede pública de saúde.
Um investimento de mais de R$ 1,5 bilhão para controlar e combater o mosquito da dengue. Esse é o objetivo do Ministério da Saúde para evitar que 2025 seja tão desafiador como foi este ano, no controle da doença. Segundo a pasta, foram mais de 6,5 milhões de casos, com 5.720 mortes em 2024.
Estados, municípios e o DF vão receber 50% a mais do que foi investido no ano passado. A aposta para reduzir os casos da doença com a ajuda de novas tecnologias, como o método Wolbachia — que consiste em usar uma bactéria que vive em muitos insetos para controlar populações de mosquitos, especialmente os transmissores de doenças como a dengue, zika e chikungunya.
O método, que já foi usado em cidades como Niterói — a primeira cidade 100% protegida pelo Wolbachia, implantado na região em 2014 — Rio de Janeiro, Campo Grande (MS), Petrolina (PE), Belo Horizonte (MG), será expandido para outras cidades.
O investimento em prevenção também prevê a criação de mais estações disseminadoras de larvicidas, inseticidas e biolarvicidas, além do uso de mosquitos estéreis. Segundo o Ministério da Saúde informou em nota, os recursos vão sendo distribuídos conforme a solicitação dos estados.
Para prevenir casos mais graves da doença, a vacinação continua nos postos de saúde para o público entre 10 e 14 anos, com duas doses do imunizante.
Mais de um terço das cidades — 1.921 municípios — já receberam a vacina contra a dengue. Até hoje, já foram distribuídas 6,5 milhões de doses, suficientes para vacinar 3,2 milhões de crianças e adolescentes. Outras 9,5 milhões de doses já foram contratadas para o ano que vem.
Outra aposta do Ministério é no apoio da sociedade para o combate ao mosquito — já que a participação de todos é fundamental para a eliminação dos focos — que continua sendo a forma mais efetiva de evitar a doença. Para isso, o ministério lançou a campanha nacional de conscientização, que incentiva a população a dedicar 10 minutos por semana para controlar os focos do Aedes Aegypti.
Outra ação fundamental no controle do mosquito é que a população faça busca por possíveis focos em casa, toda semana. Usar repelentes e telas mosquiteiras em portas e janelas também são medidas que ajudam a reduzir o número de infecções pela doença.
Quatro estados brasileiros e os respectivos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis) receberam orientações do Ministério da Saúde sobre as ações que devem ser realizadas no período de baixa transmissão de dengue. O objetivo é diminuir os impactos da arbovirose após a temporada de chuvas em São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul.
Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde, “o período de baixa ocorrência de dengue é ideal para unir esforços com estados e municípios e implementar ações que vão impactar positivamente no próximo período sazonal de arboviroses”.
Os estados foram orientados a realizar mais testes laboratoriais de dengue, reforçar ações de controle do mosquito e fazer uma força-tarefa para encerrar os óbitos em investigação. Além disso, a secretaria disponibilizou a própria equipe técnica para ir aos territórios e apoiar os estados nessas ações.
O Brasil já registrou 6.545.062 casos prováveis de dengue em 2024, segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde. O coeficiente de incidência é de 3.223,2 casos a cada 100 mil habitantes. Desde o começo do ano, foram contabilizados 5.680 óbitos pela doença e outros 1.384 ainda estão em investigação.
São Paulo lidera entre os estados com 2.132.735 casos prováveis de dengue em 2024, seguido por Minas Gerais (1.689.699) e Paraná (651.361). Entre os óbitos, os três estados também lideram o ranking: São Paulo com 1.871 mortes por dengue, Minas Gerais, com 1.060, e Paraná, com 682.
Para tentar combater os casos e óbitos por dengue, chikungunya, Zika e oropouche no próximo período sazonal no Brasil, o governo federal lançou o Plano de Ação para redução da dengue e outras arboviroses.
O documento foi elaborado por pesquisadores, gestores e técnicos estaduais e municipais, além de profissionais de saúde que atuam diretamente com as comunidades e conhecem os desafios regionais para o combate das arboviroses. Dessa forma, o plano de combate às doenças tem como base as evidências científicas mais atualizadas, além do apoio de novas tecnologias.
O investimento anunciado pelo Ministério da Saúde é de R$ 1,5 bilhão para aplicar em seis eixos de atuação:
Saiba mais em www.gov.br/saude.
A poliomielite foi erradicada do Brasil em 1989 após uma intensa campanha de vacinação nas crianças. No entanto, a queda na cobertura vacinal nos últimos anos aumenta o risco de reintrodução da doença no território brasileiro. Segundo o Ministério da Saúde, em 2021, a cobertura vacinal em crianças menores de um ano no país ficou em 71%. Em 2022, subiu para 77,2% e, em 2023, chegou a 84,6%.
O infectologista Victor Bertollo, chefe da Assessoria de Mobilização Institucional e Social para Prevenção de Endemias da Subsecretaria de Vigilância à Saúde do Distrito Federal, lembra que o poliovírus ainda circula em países como o Paquistão, o Afeganistão e na África Subsaariana.
“Hoje nós temos poliomielite selvagem em dois países, que é o Paquistão e o Afeganistão, que são países considerados endêmicos para pólio. E nós também temos em alguns países da África Subsaariana a poliomielite causada pelo poliovírus derivado vacinal. São vírus vacinais da pólio oral que foram utilizados em países com baixas coberturas vacinais e em locais com más condições de saneamento. E isso fez com que esse vírus ficasse circulando na população por um tempo e acabou acumulando mutações que fizeram uma reversão desse vírus, que era atenuado e voltou a ser agressivo. Então ele voltou a ter o comportamento do poliovírus selvagem.”
No ano passado, foi registrado um caso de poliomielite em um bebê indígena na região de Loreto, no Peru, a 500 quilômetros de distância da fronteira com o estado do Acre. Por isso, o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Eder Gatti, alerta os profissionais de saúde, pais ou responsáveis sobre a importância de imunizar as crianças.
"A poliomielite é uma doença que, por muitas décadas, causou paralisia e morte em crianças. Só que essa doença não faz mais parte do nosso cenário epidemiológico graças à vacinação e o Brasil, desde 1989, não registra nenhum caso. Embora tenhamos eliminado a doença, ela ainda existe no mundo e pode ser reintroduzida no nosso país. Por isso, é muito importante que os pais levem seus filhos menores de cinco anos para checar a caderneta e fazer a vacinação."
Todas as crianças menores de 5 anos de idade devem ser imunizadas contra a pólio de acordo com o Calendário Nacional de Vacinação e na campanha anual. O esquema vacinal contra a poliomielite possui três doses injetáveis — aos 2, 4 e 6 meses de idade — e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente, a gotinha.
Vale lembrar que a vacina protege as crianças por toda a vida e é segura.
Procure uma unidade básica de saúde e cuide bem dos nossos futuros campeões. Vamos nos unir ao Movimento Nacional pela Vacinação.
Para mais informações, acesse: www.gov.br/vacinacao.
O Ministério da Saúde emitiu uma nota confirmando a conclusão da distribuição das doses de vacinas contra a Covid-19 para 10 estados, além do Distrito Federal: Paraíba, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Paraná, Sergipe, Tocantins e São Paulo. Segundo a pasta, todos os estados serão contemplados com celeridade.
O lote com 1,2 milhão de doses é parte da compra emergencial de imunizantes. Agora, cabe aos estados a responsabilidade de abastecer os municípios de acordo com a demanda local.
O Ministério da Saúde também reforça que um novo pregão já foi concluído para a compra de mais 69 milhões de doses da vacina contra a Covid-19, garantindo a proteção contra as cepas atualizadas pelos próximos dois anos. As entregas pelos fabricantes serão feitas de forma gradual, de acordo com a adesão da população e as atualizações aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Em setembro deste ano, uma pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostrou que 64,7% dos municípios brasileiros estavam com falta de vacinas. O imunizante contra a Covid-19 para crianças era apontado como o segundo com estoques mais desfalcados.
Na nota publicada na última semana, o Ministério da Saúde ressaltou que “não há falta generalizada de vacinas no Brasil” e que “adota estratégias para manter a vacinação em dia e garantir a proteção da população”.
Em 2024, foram notificados 5.222 óbitos por Covid-19, segundo o mais recente Informe da Vigilância das Síndromes Gripais do Ministério da Saúde. O número está bem próximo do recorde de mortes por dengue este ano — 5.680 até agora, segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses.
O médico infectologista Marcelo Daher destaca que, em 2024, o Brasil bateu o recorde histórico de mortes por dengue. No entanto, em comparação com os óbitos da Covid-19, é preciso considerar quais foram realmente provocados pela doença.
“A gente tem que tentar distinguir o que é morte por Covid-19 e morte com Covid-19. Isso é uma discussão ampla, que está acontecendo em vários lugares do mundo, porque muitas vezes você identifica Covid-19, mas essa não foi a causa do óbito. Mas é importante que as pessoas entendam que a doença ainda circula e, se as medidas de contenção não forem tomadas, nós teremos outro surto de dengue e Covid-19, que continuarão acontecendo e matando.”
O último Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta uma diminuição dos novos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associados à Covid-19 na maioria dos estados brasileiros. Entre o total de óbitos por SRAG, em 2024, 52% estavam relacionados à doença.
Em 2024, foram notificados 5.157 óbitos por Covid-19, segundo o mais recente Informe da Vigilância das Síndromes Gripais do Ministério da Saúde. O número está bem próximo do recorde de mortes por dengue este ano — 5.661 até agora, segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses.
O médico infectologista Marcelo Daher destaca que, em 2024, o Brasil bateu o recorde histórico de mortes por dengue. No entanto, em comparação com os óbitos da Covid-19, é preciso considerar quais foram realmente provocados pela doença.
“A gente tem que tentar distinguir o que é morte por Covid-19 e morte com Covid-19. Isso é uma discussão ampla, que está acontecendo em vários lugares do mundo, porque muitas vezes você identifica Covid-19, mas essa não foi a causa do óbito. Mas é importante que as pessoas entendam que a doença ainda circula e, se as medidas de contenção não forem tomadas, nós teremos outro surto de dengue e Covid-19, que continuarão acontecendo e matando.”
O levantamento do Ministério da Saúde sobre a Covid-19 tem como base os dados inseridos no sistema até 12 de outubro. De acordo com a apuração, só na última semana epidemiológica (SE 41), foram registrados 169 óbitos pela no país, um aumento de 31,9 % na média móvel de óbitos em comparação com a SE 40.
Também é possível observar que o número de óbitos notificados em 2024 apresentou variação ao longo do ano. O primeiro ponto mais alto aconteceu logo na segunda semana epidemiológica, com 260 mortes registradas. O ponto mais alto até agora foi registrado na SE 38, com 305 óbitos. Já o ponto mais baixo aconteceu na SE 31, com 12 mortes pela Covid-19. Os dados também podem ser conferidos no Painel de Monitoramento da Covid-19 do Ministério da Saúde.
Na última semana epidemiológica (SE 41), São Paulo foi o estado que registrou o maior número de óbitos pela Covid-19 (87), seguido por Minas Gerais (39), Bahia (10), Rio de Janeiro (8) e Rio Grande do Sul (8).
Acre, Alagoas, Amapá, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima e Sergipe não registraram nenhuma morte por Covid-19 na SE 41.
Santa Catarina registrou 6 óbitos associados ao coronavírus; Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, 3 cada; Amazonas e Tocantins, 2 cada; e Paraná contabilizou uma morte por Covid-19 no período.
Já em relação ao número de óbitos por Covid-19 acumulados desde o início da pandemia, o ranking estadual é:
Confira no mapa o número de óbitos pela Covid-19, em 2024, no seu município:
O mais recente Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta uma diminuição de novos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associados à Covid-19 na maioria dos estados do Centro-Sul do país.
Ao todo, em 2024, já foram notificados 144.365 casos de SRAG. Desses, 47,5% deram positivo para algum vírus respiratório em exame laboratorial e 5,5% ainda aguardam resultado. Entre os positivos, 18,9% estavam associados à Covid-19. Entre os óbitos, 52% estavam relacionados à Covid-19.
Segundo a pesquisadora da Fiocruz Tatiana Portella, apesar da melhoria no cenário nas últimas epidemiológicas, é importante manter as medidas de prevenção.
“O recomendado é que a gente continue usando boas máscaras ao sair de casa, em caso de aparecimento de sintomas de síndrome gripal. Então, com qualquer sintoma como nariz escorrendo, tosse, garganta arranhando, espirro, o ideal é sair de casa usando uma boa máscara para evitar transmitir esses vírus para outras pessoas e, com isso, com essa simples atitude, a gente consegue manter a circulação desses vírus respiratórios em queda ou em baixa na maior parte do país”, orienta.
O Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) estima que um em cada três idosos, com mais de 65 anos, sofre uma queda por ano. Além disso, 5% desses indivíduos sofrem fraturas ou precisam ser hospitalizados. O risco é maior conforme os anos passam. Dentre os idosos com 80 anos ou mais, a estimativa de queda sobe para 40%.
De acordo com a atualização mais recente dos Sistemas de Informações Ambulatoriais e Hospitalares do SUS, de janeiro a agosto de 2024 foram realizados 389 atendimentos hospitalares relacionados acidentes domésticos com idosos no Brasil. No mesmo período, foram registradas 109 assistências ambulatoriais pela mesma causa.
Em nota o Ministério da Saúde reforça que "os números relacionados aos atendimentos ambulatoriais e internações hospitalares não são referentes a quantidade de pessoas e, sim, de procedimentos realizados. Dessa forma, o mesmo indivíduo pode ter sido assistido mais de uma vez no mesmo período e passado por mais de um procedimento nesse atendimento".
O aposentado Mariel Araújo, de 71 anos — morador da Asa Sul, em Brasília (DF) — sofreu uma queda durante uma pescaria no Lago Paranoá, no último dia 17 de outubro. Conforme conta a filha dele, Mahyra Araújo, ele subiu em uma pedra para tentar pegar um peixe.
“Quando ele foi voltar para descer da pedra e sair de lá, ele disse que se abaixou para fazer a volta, só que na hora que colocou o pé para virar, o pé escorregou. No que escorregou, ele rolou e saiu batendo as costas na pedra até cair no lago. Ele acabou batendo [as costas], está com um monte de arranhão nas costas, na bacia, na lateral e quebrou a costela.”
Apesar do acidente de Mariel não ter sido em casa, o Into aponta que boa parte das quedas de idosos ocorrem no ambiente doméstico.
No último sábado (19), o presidente Lula da Silva, de 78 anos, sofreu um acidente doméstico no banheiro do Palácio da Alvorada. Segundo o boletim médico divulgado pelo Hospital Sírio-Libanês, o chefe do Poder Executivo sofreu um "ferimento corto-contuso em região occipital", ou seja, um corte na região da nuca.
A viagem que faria à Rússia no domingo (20) para participar da Cúpula do Brics precisou ser cancelada e, por isso, Lula vai participar por videoconferência.
Roberta França, geriatra do Grupo Said, empresa especializada no atendimento de idosos, explica como os familiares podem contribuir para evitar os acidentes domésticos com idosos.
“A gente precisa entender que, quando chega a velhice, é muito importante que essa casa seja adaptada para este idoso. Muitas vezes essa casa já não comporta mais tantos tapetes, tantos móveis de quina, tantas mobílias e a gente precisa entender isso para que essa casa fique o mais segura possível.”
A geriatra Roberta França deixa algumas recomendações, de acordo com o cômodo da casa, para evitar os acidentes domésticos com idosos:
Sala
Cozinha
Quarto
Os cuidados com a sala, a cozinha e o quarto são importantes, mas as famílias devem dobrar a prevenção com o banheiro, pontua Roberta. “O banheiro é, sem dúvida, o local onde a maioria dos acidentes acontece: ou diretamente no banheiro ou no trajeto quarto-banheiro, principalmente à noite”, explica.
A recomendação para quem tem idosos em casa é manter os ambientes iluminados, especialmente no trajeto do quarto ao banheiro à noite. Outra dica fundamental é emborrachar o piso do banheiro para evitar as quedas. Barras de apoio no chuveiro e no sanitário e adaptadores também deixam o local mais seguro.
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A nova variante XEC da Covid-19, encontrada no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Santa Catarina, tem maior potencial de transmissão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A informação foi confirmada pela virologista Paola Resende, pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
“A Organização Mundial de Saúde elevou essa linhagem XEC para uma variante sob monitoramento devido ao seu potencial de ser mais transmissível. Então rapidamente, em questão de meses, ela ganhou diferentes continentes, diferentes países, chegando ao Brasil e sendo detectado mais recentemente em três estados.”
A XEC foi identificada pela primeira vez em junho de 2024, com um aumento de casos na Alemanha, e, desde então, se espalhou rapidamente para 35 países da Europa, Américas, Ásia e Oceania.
No Brasil, a nova variante foi identificada após a decodificação de sequências genéticas de duas amostras de swab nasal de pacientes diagnosticados com Covid-19 no Rio de Janeiro, em 26 de setembro e 7 de outubro. Depois, outros pesquisadores também identificaram a linhagem XEC em amostras de pacientes de São Paulo, coletadas em agosto, e em duas amostras de pacientes de Santa Catarina, coletadas em setembro.
Segundo a virologista Paola Resende, ainda é preciso entender melhor como será o comportamento dessa variante no Brasil.
“A princípio, não houve aumento do número de casos, nem de casos graves, nesses três estados onde essa variante já foi detectada. A Covid-19 continua sendo detectada, mas a níveis que não geram alerta desse aumento. Nossa população tem um certo background imunológico, uma memória imunológica, diferentemente de outras populações ao redor do mundo. Por exemplo, aqui circulou altamente a variante de preocupação Gama P.1, que em outras regiões do mundo não teve tanto sucesso.”
A nova linhagem XEC faz parte da família Ômicron e pode ter surgido a partir da combinação genética de outras cepas. Isso acontece quando um indivíduo é infectado por duas linhas virais ao mesmo tempo. A infectologista Raquel Stucchi, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica como essa nova linhagem pode ter surgido.
“Sabemos que as variantes vão surgindo de combinações de outras linhagens que existem e ela recombina dois vírus da linhagem JN.1, que é a que estava circulando aqui entre nós e também circulava no hemisfério norte.”
Segundo a infectologista Raquel Stucchi, as vacinas que estão disponíveis atualmente para a população são capazes de proteger contra a linhagem XEC. “A expectativa é que sim. Como ela é derivada da variante JN.1, as vacinas que nós temos devem, sim, conferir uma proteção também contra esta variante”, esclarece.
Segundo a virologista da Fiocruz Paola Resende, apesar de ter maior capacidade de transmissão, “isso não significa que é uma variante grave e também não significa que é uma variante que escapa da resposta imune”.
A OMS possui um grupo consultivo técnico para tratar sobre a imunização contra o coronavírus, que se reúne duas vezes por ano. No último mês de abril, o grupo recomendou uma reformulação das vacinas com base na linhagem JN.1. A próxima reunião deve acontecer em dezembro.
Apesar do alto potencial de transmissibilidade da XEC, o monitoramento da Fiocruz mostra que a linhagem JN.1 ainda predomina entre os casos no Brasil, desde o final do ano passado.
A virologista da Fiocruz Paola Resende reforça a importância de manter o monitoramento constante da dinâmica das variantes do coronavírus.
“A vigilância genômica é uma importante ferramenta para o monitoramento da circulação e emergência de novas variantes e ela precisa continuar de forma homogênea no país. O Ministério da Saúde tem um acordo com notas técnicas, manuais, guias de vigilância genômica, que tem alguns critérios que elegem algumas amostras positivas para o SARS-CoV-2 para serem sequenciadas dentro da rede nacional de sequenciamento genômico.”
Segundo a especialista, apesar dos esforços, ainda há muitos desafios na coleta de amostras de infectados, “uma vez que os casos, em geral, são brandos e acabam não chegando nos laboratórios centrais ou acabam sendo só testados por testes rápidos de antígeno”.
O Guia de Vigilância Genômica do SARS-CoV-2 do Ministério da Saúde está disponível no link.
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Desde 2016, o Brasil tem apresentado queda nas taxas de cobertura vacinal contra a poliomielite. Por isso, não tem alcançado a meta, estabelecida como ideal pela Organização Mundial da Saúde, de 95% de crianças imunizadas. Segundo o Ministério da Saúde, em 2023, a cobertura vacinal em crianças menores de 1 ano no país ficou em 84,6%.
O infectologista Victor Bertollo, chefe da Assessoria de Mobilização Institucional e Social para Prevenção de Endemias da Subsecretaria de Vigilância à Saúde do Distrito Federal, explica como a taxa de cobertura vacinal é calculada para a imunização contra a pólio.
“A meta de vacinação é calculada com base em dados epidemiológicos, dados de transmissibilidade do vírus e dados relacionados também à imunidade conferida pelas vacinas. Ela é tão alta justamente porque, como é um vírus muito transmissível, nós acabamos precisando ter uma cobertura vacinal muito alta para atingir esse limiar, a partir do qual o vírus não tem mais a capacidade de se disseminar na população. Isso é baseado nos dados de transmissibilidade do vírus e nos dados de eficácia das vacinas.”
Apesar de o Brasil ter erradicado o poliovírus selvagem do território nacional desde 1989 — como resultado da intensificação da vacinação —, o vírus continua circulando em outros países. Por isso, o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Eder Gatti, alerta os profissionais de saúde, pais ou responsáveis sobre a importância de imunizar as crianças.
"A poliomielite é uma doença que, por muitas décadas, causou paralisia e morte em crianças. Só que essa doença não faz mais parte do nosso cenário epidemiológico graças à vacinação e o Brasil, desde 1989, não registra nenhum caso. Embora tenhamos eliminado a doença, ela ainda existe no mundo e pode ser reintroduzida no nosso país. Por isso, é muito importante que os pais levem seus filhos menores de cinco anos para checar a caderneta e fazer a vacinação."
Todas as crianças menores de 5 anos de idade devem ser imunizadas contra a pólio de acordo com o Calendário Nacional de Vacinação e na campanha anual. O esquema vacinal contra a poliomielite possui três doses injetáveis — aos 2, 4 e 6 meses de idade — e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente, a gotinha.
O Ministério da Saúde ressalta que a imunização é a principal forma de manter o país livre da poliomielite. Por isso, as doses estão disponíveis durante todo ano nos postos de vacinação.
Vale lembrar que a vacina protege as crianças por toda a vida e é segura.
Procure uma unidade básica de saúde e cuide bem dos nossos futuros campeões. Vamos nos unir ao Movimento Nacional pela Vacinação.
Para mais informações, acesse: www.gov.br/vacinacao.
Síndrome inflamatória do trato intestinal é provocada pela desregulação do sistema imunológico
Nesta terça-feira (1), o jornalista Evaristo Costa contou em entrevista que foi diagnosticado com a Doença de Crohn, uma síndrome inflamatória do trato intestinal provocada pela desregulação do sistema imunológico. Segundo a Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, a doença autoimune acomete principalmente a parte inferior do intestino delgado e do intestino grosso, mas também pode afetar outras partes do sistema gastrointestinal como boca, esôfago, estômago e ânus.
O principal sintoma da patologia, que fez Evaristo perder mais de 20 quilos em três semanas, é a diarreia intensa com sangue. Mas outros sintomas incluem:
Em vídeo do canal Dr. Ajuda no Youtube, o médico Arceu Scanavini, cirurgião do aparelho digestivo, detalha os sintomas.
“A pessoa passa a ir várias vezes ao banheiro, durante o dia e às vezes à noite também. Nos casos mais graves, podem ir mais de 20 vezes ao dia no banheiro. Segundo, a presença de sangue nas fezes. O terceiro sintoma é a presença de muco, que é como se fosse um catarro de nariz, só que misturado nas fezes. Outro sintoma é a febre. A temperatura acima de 38 graus pode estar relacionada a essa inflamação no intestino. O emagrecimento faz com que a pessoa perca peso, mesmo sem fazer dieta, em função da atividade da doença.”
Uma característica importante é que, por ser uma doença crônica, os sintomas podem ser intermitentes, ou seja, podem aparecer e desaparecer. Em média, eles podem persistir por mais de três meses, podendo melhorar e depois voltar novamente. Nos casos gravíssimos, a Doença de Crohn pode causar perfuração do intestino, que leva a quadros de dor muito intensa no abdômen e, às vezes, de maneira súbita.
O doutor Arceu Scanavini afirma que os casos da doença vêm aumentando cada vez mais na população.
“Pode iniciar em qualquer idade, a partir dos 4, 5 anos, mas normalmente se inicia por volta dos 14, 18 anos. Recentemente, estamos observando um aumento da incidência em crianças, o que até então era muito raro.”
Segundo o doutor Arceu Scanavini, a medicina ainda não pôde identificar as causas da doença de Crohn.
“Alguns dados sugerem que morar em cidades poluídas — em comparação com cidades no campo ou na praia —, o estresse, o uso indiscriminado de antibióticos na infância, pouco tempo de amamentação, tabagismo, todos esses fatores podem estar associados com a Doença de Crohn.”
De acordo com Biblioteca Virtual em Saúde, apesar de a alimentação não ser a causa dessa doença, alimentos pouco condimentados e suaves agridem menos o trato gastrointestinal quando a patologia está na fase ativa.
O diagnóstico é feito por exames de imagem e de sangue, como explica o doutor Arceu Scanavini.
“O diagnóstico normalmente é feito por meio de biópsias, realizadas por colonoscopia, que avalia o reto e o intestino grosso, ou por meio de endoscopia, que avalia o esôfago, o estômago, a região da boca. Outros exames podem ser necessários, tais como cápsula endoscópica, enteroscopia, tomografia, ressonância magnética. Na presença dos sintomas, você deve procurar um médico para o correto entendimento do problema.”
A Doença de Crohn não tem cura, mas tem tratamento, de acordo com o estágio da doença. Segundo o Ministério da Saúde, existe um sistema que mede o avanço da patologia com base no número de evacuações, dor abdominal, indisposição geral e ocorrência de fístulas, o que permite classificar a enfermidade em leve, moderada ou grave.
Segundo o doutor Arceu Scanavini, como a Doença de Crohn é uma doença autoimune — ou seja, o sistema imunológico está atacando o próprio corpo —, é necessário o uso de medicamentos, como corticoides e outros imunossupressores, para diminuir a imunidade do organismo de forma controlada.
O médico cirurgião explica que o foco do tratamento é aumentar o período sem sintomas e tratar as complicações quando elas acontecerem.
“Em geral, essas complicações necessitam de tratamento cirúrgico. Uma vez que o paciente precise ser submetido a uma operação, muita cautela deve ser adotada para se tentar evitar ao máximo a chance da doença retornar depois que é feita essa cirurgia. Com o passar dos anos, podem ser necessários outros procedimentos cirúrgicos e provavelmente o paciente vai precisar usar medicamentos para evitar que isso aconteça.”
O doutor Arceu Scanavini reforça que, apesar de a Doença de Crohn ter forte impacto na qualidade de vida do paciente, ela tem tratamento com boas taxas de sucesso, principalmente se for tratada por uma equipe multidisciplinar especializada.