O Ministério da Saúde anunciou a ampliação de assistência para pacientes que convivem com a doença de chagas, no Sistema Único de Saúde (SUS). Causada pelo parasita Trypanosoma cruzi, ela é uma enfermidade negligenciada que afeta milhões de pessoas em toda a América Latina, sendo o Brasil um dos países mais afetados
Atualmente a doença é responsável por cerca de 4.500 mortes por ano no Brasil. Cerca de um milhão de pessoas convivem com a doença no país. O maior número de casos se concentra nos estados da região Norte. E aquele ministério tem como prioridade a eliminação da transmissão vertical da doença, quando ocorre de mãe para filho, além da ampliação do acesso ao tratamento e reforço das ações de prevenção.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas, de 2022 até abril de 2023, foram registrados 61 casos confirmados de Doença de Chagas. Em 2022, os casos se dividiram entre os municípios, da seguinte forma: 19 em Lábrea, 18 em Amaturá, 6 em Barcelos, 3 em Carauari e 3 em Manaus. Já em 2023, foram registrados 6 casos em Itamarati, 1 em Barcelos e 1 em Humaitá.
Diante deste contexto e com o intuito de ampliar a oferta de diagnóstico e tratamento para a doença de Chagas, o Ministério da Saúde em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) iniciou articulação para apoiar as ações na cidade de Abaetetuba, no Pará, com a compra de 60.000 testes rápidos em um projeto piloto. Os exames estão em produção e está prevista a entrega de 45 mil testes ainda neste mês e 15 mil em maio.
A pasta apresenta que o Brasil registra cerca de 280 novos casos na forma aguda por ano, com 80% destes casos por meio da ingestão de alimentos contaminados. Esta análise, promovida pelo Ministério da Saúde, indicou uma tendência de crescimento de casos na região Norte.
O infectologista Hemerson Luz explica que a doença é transmitida pela picada de um inseto, conhecido como “barbeiro”. Após a picada, ele deposita suas fezes no local. E com a coceira, a pessoa acaba colocando os protozoários das fezes na ferida feita pela picada. A transmissão também pode ocorrer por carnes mal cozidas.
“O barbeiro pode ser encontrado em locais com entulhos, monte de lenhas, ninhos de pássaros, galinheiros, chiqueiros e também nas frestas das casas quando são construídas principalmente de pau a pique”, alerta.
O especialista afirma que a doença de chagas pode se apresentar de forma aguda e, caso não seja tratada, evoluir para a forma crônica.
Fase aguda:
Fase crônica:
“Muitos pacientes evoluem para forma crônica e passam anos sem apresentar sintoma algum. Porém as lesões vão acontecendo, principalmente com o aumento do coração e o aumento do intestino. Pode causar sérios danos mais à frente”, explica Hemerson.
O Ministério da Saúde informa que uma das formas de controle da doença de Chagas é evitar que o inseto forme colônias dentro ou perto das residências. Caso encontre algum dessa espécie em casa, é necessário acionar a vigilância local para que as equipes técnicas realizem as ações de controle químico vetorial, se necessário. No SUS, o tratamento aos pacientes é indicado e acompanhado por um médico, após a confirmação da doença e os medicamentos são disponibilizados gratuitamente.
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Em 2022, cerca de 78 mil pessoas adoeceram por tuberculose no Brasil. O número é 4,9% maior do que o registrado no ano anterior. Nos últimos anos, houve uma diminuição significativa na proporção de cura entre os novos casos de tuberculose.
A taxa caiu de 73,8% em 2019 para 66,5% em 2021. Já o percentual de interrupção do tratamento das pessoas com a doença aumentou de 12,6% em 2019 para 14,0% em 2021.
Para reverter essa situação, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou em de março a Resolução CNS nº 709, que possui novas diretrizes de ações relacionadas à vigilância, promoção, proteção, diagnóstico e tratamento da tuberculose no Sistema Único de Saúde (SUS).
TUBERCULOSE: AM, RR e RJ registram maiores incidências
Gerson de Almeida, pneumologista, expõe a importância de se combater a tuberculose. “É uma doença infecciosa evitável e o Brasil ainda tem uma elevada incidência da doença. Estima-se que uma pessoa infectada pode transmitir a tuberculose para 10 ou 15 pessoas no período de um ano, sendo importante interromper esse ciclo”, explica.
TUBERCULOSE: tratamento interrompido pode gerar formas mais graves da doença
O infectologista informa que o diagnóstico e tratamento para a tuberculose é fornecido gratuitamente pelo SUS e que após 2 semanas do início dos cuidados, geralmente o paciente não transmite mais a doença.
“Por ser um microrganismo de crescimento lento, o tratamento requer uma duração mais prolongada de cerca de seis meses ou mais a depender do tipo de manifestação da doença, do órgão acometido e outros problemas de saúde que o paciente possa ter”, completa.
De acordo com a Resolução, a tuberculose é a primeira causa de morte entre pessoas vivendo com HIV e Aids. Dados do Ministério da Saúde apontam 48,2% das pessoas com coinfecção TB-HIV tendo o diagnóstico do HIV realizado em decorrência da confirmação do caso de tuberculose no período entre 2011 a 2020, e 35,8% das pessoas com coinfecção TB-HIV sem o início oportuno da terapia antirretroviral em 2020.
O tratamento para a doença é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
A tuberculose, mesmo sendo a segunda maior causa de morte por único agente infeccioso no mundo, atrás apenas da Covid-19, tem cura, desde que seja tratada de forma correta e sem interrupções durante o processo. O tratamento para a doença é disponibilizado pelo SUS e não deve ser interrompido pois a quebra no processo pode desencadear formas graves da doença. A orientação é do Ministério da Saúde.
Paulo Victor Viana, pesquisador do Centro de Referência Professor Hélio Fraga da ENSP/Fiocruz, expõe que o tratamento contra a tuberculose é normalmente feito com quatro comprimidos antibióticos.
“Esse tratamento, na sua grande maioria das vezes, tem uma duração de 6 meses. Ele é praticamente 100% eficaz, mas a gente tem que ressaltar aqui que não pode haver o abandono, o que pode ocasionar o desenvolvimento de fibras mais resistentes da doença e com isso prolongar o tratamento, fazendo uso de medicamentos mais tóxicos”, afirma.
Gerson de Almeida, pneumologista, conta que, antigamente, muitas pessoas morriam de tuberculose porque não existia tratamento. Por volta da década de 1950, começaram a aparecer os primeiros medicamentos que tratam a tuberculose.
“Por ser um microrganismo de crescimento lento, o tratamento requer uma duração mais prolongada de cerca de seis meses ou mais a depender do tipo de manifestação da doença, do órgão acometido e outros problemas de saúde que o paciente possa ter", explica.
Durante entrevista coletiva, Draurio Barreira, diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis, do Ministério da Saúde, explicou que um dos motivos para o abandono do tratamento é que pouco tempo após o início do processo, o paciente começa a se sentir bem e acha que está curado, pois os sintomas desaparecem.
Segundo dados da edição especial do Boletim Epidemiológico da Tuberculose, houve importante diminuição da proporção de cura entre os casos novos de tuberculose nos últimos anos, que saíram de 73,8% em 2019 para 66,5% em 2021 e aumento do percentual de interrupção do tratamento das pessoas com a doença que saíram de 12,6% em 2019 para 14,0% em 2021.
De acordo com o Ministério da Saúde, a pasta irá disponibilizar aos estados um novo teste para diagnóstico da tuberculose para pessoas vivendo com HIV/aids com imunodepressão avançada. A tuberculose é a principal causa de morte nessa população e o diagnóstico e tratamento oportuno são capazes de reduzir essas taxas.
Por se tratar de um teste rápido, é possível ser amplamente descentralizado e realizado diretamente nos serviços de saúde, facilitando e otimizando o acesso ao diagnóstico. A oferta do teste é feita após avaliação clínica e a solicitação da realização por um profissional de saúde.
Na última sexta-feira (24), o Ministério da Saúde lançou a Campanha Nacional de Combate à Tuberculose, que reforça a importância de medidas de prevenção, diagnóstico e tratamento correto para a doença. De acordo com a pasta, mesmo sendo uma enfermidade com medidas de prevenção e tratamento gratuito disponíveis, em 2021 foram registrados 5 mil óbitos.
Junto com a campanha, o Ministério também lançou o novo boletim epidemiológico com dados atualizados atualizados sobre a TB. De acordo com o boletim, em 2022, as Unidades da Federação (UF) que apresentaram populações sob maior risco de adoecimento por TB foram Amazonas com 84,1 casos por 100 mil habitantes, Roraima com 75,9 casos por 100 mil habitantes e Rio de Janeiro com 68,6 casos por 100 mil habitantes.
Gerson de Almeida, pneumologista, conta que a TB é uma doença infectocontagiosa, que acomete principalmente os pulmões, mas pode atingir outros órgãos como a laringe, gânglios, sistema nervoso central, intestino, rins, entre outros.
“Segundo o Ministério da Saúde, em 2019 cerca de 10 milhões de pessoas desenvolveram a doença e 1,2 milhões de pessoas morreram. No Brasil, que está entre os 30 países do mundo com alta carga de tuberculose, a incidência da doença foi de 31,6 casos por 100 mil habitantes e de cerca de 4,5 mil mortes por ano”, relata o especialista.
O boletim aponta que, no Brasil, o coeficiente de mortalidade por tuberculose vinha se reduzindo há aproximadamente duas décadas, porém em 2021, essa tendência se reverteu. Foram registrados 5.072 mortes, gerando um coeficiente de 2,38 óbitos por TB por 100 mil habitantes. A última vez que o país registrou número de óbitos por TB superior a 5 mil foi em 2002.
Gerson de Almeida explica que a tuberculose é uma doença evitável, onde deve ser feita a identificação precoce de casos suspeitos e o tratamento correto de casos confirmados, pois estima-se que uma pessoa infectada pode transmitir a tuberculose para 10 ou 15 pessoas em um período de um ano.
“O SUS tem um programa de combate à tuberculose muito bem organizado, fornece tratamento eficaz e gratuito e quando a pessoa não trata, não identifica a doença e não controla, pode ter sequelas graves no pulmão e até mesmo morrer”, informa.
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O pneumologista orienta para que se possível evitar ambientes fechados, com má circulação de ar e má iluminação. Evitar estar em contato com pessoas que sabem que estão infectadas e transmitindo a doença, mas frisa que cerca de 15 dias após o início do tratamento, o paciente não transmite mais a doença.
“É importante que se alguém teve contato [com um infectado], deve procurar um serviço de saúde para fazer um rastreio da doença, pois essa pessoa pode estar com a doença ativa também transmitindo ou pode estar com a doença latente”, informa.
O médico ressalta também a importância da vacina BCG, que é dada na infância, pois a mesma previne contra as formas graves da doença como a tuberculose do sistema nervoso central.
Esta sexta-feira, 24 de março, marca o Dia Mundial de Combate à Tuberculose
O dia 24 de março é considerado o Dia Mundial de Combate à Tuberculose (TB). A data foi criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1982, em homenagem aos 100 anos do anúncio do descobrimento do bacilo causador da tuberculose, o Mycobacterium tuberculosis, também conhecido como bacilo de Koch.
Segundo a OMS, a tuberculose é uma das doenças infecciosas mais mortais do mundo. Em 2020, foram registrados cerca de 10 milhões de casos da doença em todo o mundo, com cerca 1,4 milhão de mortes. Todos os dias no mundo, mais de 4 mil pessoas morrem de tuberculose e cerca de 30 mil adoecem.
João Alho, médico reumatologista, explica que assim como o Covid-19, a TB é transmissível pelo ar, mas com algumas diferenças importantes.
“A tuberculose é uma doença que se passa pelo ar com uma coisa que a gente chama de aerossol mas, ao contrário da Covid, que você pode em um simples contato pegar, isso não acontece com a tuberculose. Em geral, são contatos prolongados em lugares fechados com pessoas da nossa casa, do nosso trabalho”, completa.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil ocupa o 17º lugar entre os 22 países responsáveis por 82% do total de casos de tuberculose no mundo. Embora seja uma doença passível de ser prevenida, tratada e mesmo curada, ainda mata cerca de 4,7 mil pessoas todos os anos no Brasil.
Cada paciente com tuberculose pulmonar que não se trata pode infectar, em média, de 10 a 15 pessoas por ano. Paulo Victor Viana, pesquisador do Centro de Referência Professor Hélio Fraga da ENSP/Fiocruz, destaca que existem alguns grupos populacionais que são mais vulneráveis ao adoecimento da tuberculose.
“Entre eles, a gente pode destacar os indígenas, as pessoas privadas de liberdade, pessoas que vivem com HIV/AIDS e também aquelas pessoas que estão em situação de rua”, pontua.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para a doença, que é feito de acordo com a indicação médica, com o esquema recomendado pelo Ministério da Saúde com 4 medicamentos (rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol), por um período de seis meses.
Caso seja feito de forma correta e sem abandonos durante o processo, a Fiocruz alega que o tratamento é 100% eficaz e dura cerca de seis meses a um ano. O instituto também alerta que caso o paciente não siga o tratamento à risca, a doença pode se tornar resistente aos remédios e se espalhar para outros órgãos e sistemas do corpo.
Igor Aser, clínico geral, orienta que a melhor forma de prevenir e controlar a tuberculose é através da identificação precoce dos casos suspeitos e tratamento adequado dos casos confirmados.
“A oferta da vacina BCG que se encontra disponível no SUS também é uma medida importante para prevenir a forma mais grave da doença em populações mais vulneráveis, como por exemplo, as crianças”, explica.
A vacina BCG é oferecida de graça no SUS e deve ser aplicada em crianças logo ao nascer ou, no máximo, antes dos cinco anos de idade. Outros cuidados como evitar o contato por tempo prolongado com pacientes diagnosticados com TB em ambientes lotados, fechados e com pouca ventilação, também devem ser adotados.
Os tipos da doença são catalogados de acordo com o local onde a bactéria se instala. Os principais são:
Neste episódio a Gastroenterologista Dra. Maira Marzinotto dará mais informações sobre o assunto.
Você conhece alguém que passa mal depois de comer pão, macarrão? Já ouviu falar em Intolerância ao glúten e doença celíaca? Neste episódio a Gastroenterologista Dra. Maira Marzinotto dará mais informações sobre o assunto.
O glúten é uma proteína encontrada principalmente em grãos como trigo, cevada e centeio. Na nossa rotina alimentar, muitos alimentos contêm glúten. Além de pães, massas e cerveja, alguns produtos industrializados, como embutidos (salsicha, frios) e molhos (molhos prontos de tomate, caldos de carne) também possuem glúten.
Nos pacientes com doença celíaca, o contato da mucosa intestinal, que é camada interna do intestino, com o glúten desencadeia uma resposta das células de defesa que acabam atacando o intestino. O seu corpo passa a atacar seu próprio intestino, por isso, é chamado de doença autoimune.
O intestino atacado sofre com isso, pois a parte interna do intestino que é cheia de curvas para absorver melhor os nutrientes após a digestão, se atrofia. As vilosidades ficam atrofiadas e o resultado é a perda da capacidade de absorção dos nutrientes.
Em primeiro lugar, para fazer o diagnóstico de doença celíaca é necessário que o médico suspeite que você tenha a doença para pedir os exames corretos.
O diagnóstico é feito ao dosarmos os anticorpos específicos. Eles dão uma certeza do diagnóstico em 90% dos casos. Mas mesmo que o anticorpo esteja negativo podemos confirmar com um exame de endoscopia com biópsias do duodeno (que é a primeira parte do intestino delgado). A biópsia pode mostrar uma atrofia da mucosa intestinal e muitas células inflamatórias que infiltram essa região.
É muito importante que a pessoa que foi diagnosticada com a doença exclua completamente todo o glúten da dieta. A mudança na dieta deve ser radical. O paciente deve ler todas as embalagens com muito cuidado e não deve comer absolutamente nada que contenha glúten. Deve, inclusive, evitar de compartilhar talheres e preparar a comida em ambiente separado dos alimentos com glúten.
Para saber mais, assista ao vídeo no canal Dr. Ajuda.
Quase 300 mil crianças no mundo morrem dentro das primeiras 4 semanas de vida devido a presença de anomalias congênitas. No Brasil, essas condições estão entre as principais causas de mortalidade infantil. Os dados foram divulgados no novo Boletim Epidemiológico, produzido pelo Ministério da Saúde.
De acordo com Maria Teresa, médica geneticista, as anomalias congênitas são um conjunto de alterações estruturais e funcionais que podem ocorrer durante a vida intrauterina e são detectadas antes, durante ou após o nascimento.
“Essas anomalias podem ter causas genéticas, infecciosas e ambientais, que incluem também causas nutricionais. Cerca de 3% dos recém-nascidos vivos têm algum tipo de anomalia congênita e as anomalias congênitas são responsáveis por cerca de 15% a 20% da mortalidade neonatal”, explica.
Segundo o boletim, no Brasil menos de 1% dos nascidos vivos são registrados a cada ano com algum tipo de anomalia congênita, no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc).
Conforme estabelecido pela Lei n.º13.685, de 25 de junho de 2018, todas as anomalias congênitas detectadas no recém-nascido possuem caráter de notificação compulsória, sendo a Declaração de Nascido Vivo (DNV) o documento que permite o registro desses casos.
Para fins de coleta e análise de dados, algumas anomalias congênitas são consideradas prioritárias para monitoramento ao nascimento. São elas:
Essas anomalias foram selecionadas devido ao número de casos na população, por serem de fácil detecção ao nascimento e serem passíveis de prevenção primária.
A geneticista explica que cerca de 50% das causas dessas anomalias são por razões genéticas e os outros 50% podem ter uma causa ambiental, o que inclui agentes infecciosos, alterações nutricionais, uso de algumas medicações, substâncias químicas que são agentes que causam danos ao feto.
“Em relação às causas genéticas, elas podem, ser dependendo do tipo de causa genética, evitada pelo aconselhamento genético antes da concepção, ou seja, o casal que tem algum histórico familiar de anomalias congênitas ou que tem alguma alteração genética conhecida por meio do aconselhamento genético pré-concepcional pode evitar de ter um filho com algum tipo de anomalia congênita”, avalia.
Maria Teresa ressalta que, para evitar anomalias por causas ambientais, todas as mulheres com idade concepcional devem receber orientações adequadas. E as que estão gestantes devem realizar o pré-natal, evitando assim, diversos defeitos congênitos no feto.
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Com a ocorrência de enchentes mais frequentes nos períodos de chuva pelo país, uma condição após esses desastres preocupa as autoridades: a transmissão de doenças como a leptospirose. Apenas no Rio de Janeiro, nos últimos dois anos, o número de mortes pela doença aumentou em 70%. Alguns municípios do estado sofreram com enchentes no início deste ano. De janeiro a fevereiro, 24 pessoas foram infectadas e três faleceram por conta da doença na região.
A leptospirose é uma doença bacteriana transmitida pela urina de animais infectados, principalmente ratos, que pode ser carregada pela água durante as enchentes. Quando essa água contaminada entra em contato com a pele ou mucosas, ocorre a infecção. É o que explica a médica infectologista pediátrica, Lian Padovez Cualheta. Diante disso, a especialista indica alguns cuidados para se tomar durante essas situações.
“O que a gente tem que tomar cuidado para se proteger da leptospirose é tentar ao máximo não se expor a essa chuva da enchente. Se isso for impossível, [a dica] é proteger sempre ao máximo, usar botas impermeáveis, usar luvas [...]. Porque, através desse cuidado de tampar bem o nosso corpo, a bactéria não consegue entrar”, orienta Lian.
A médica também indica higienizar bem os alimentos e a casa. “Infelizmente, as enchentes acabam levando uma lama, um barro, para dentro das nossas casas. E, essa lama é cheia de bactérias e podem ficar ali no ambiente por muito tempo”, pontua.
Os sintomas iniciais da doença, segundo Padovez, são características de uma infecção qualquer e incluem febre alta, dor de cabeça, indisposição, náuseas, vômitos e diarreia, podendo levar à desidratação. Esse quadro pode durar de quatro a cinco dias.
“Depois dessa fase, pode acontecer de o paciente evoluir com o quadro mais grave, que é quando a bactéria acaba afetando os rins e o fígado. O paciente pode apresentar um quadro de icterícia, que é o amarelamento da pele e das mucosas, e também eventos hemorrágicos”, explica a infectologista.
De acordo com a médica, o tratamento da leptospirose é feito com antibióticos. No entanto, é necessário que o paciente procure atendimento médico para que o diagnóstico seja feito o mais rápido possível. A especialista também explica que, em muitos casos, a internação se faz necessária para o melhor acompanhamento do paciente.
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Além da leptospirose, Lian Padovez explica que outras doenças também podem ser transmitidas durante as enchentes, como a hepatite A, causada por um vírus que pode ser transmitido pela ingestão de água ou alimentos contaminados com fezes humanas ou de animais.
Também é possível que haja o surgimento de quadros de diarreia aguda, que podem ser causadas por bactérias, vírus ou parasitas presentes na água contaminada. As crianças infectadas necessitam de uma maior atenção, pois podem evoluir para quadros mais graves de desidratação.
Há, ainda, o risco de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, por conta da água parada, como dengue, chikungunya e zika. De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2022, foram registrados quase 1,5 milhão de casos de dengue em todo o país, que ocasionaram mais de mil mortes.
O Brasil registrou a mais baixa cobertura da vacina BCG em bebês de zero a um ano, em uma década: 79,5%. O dado foi registrado em 2021 pelo Observa Infância e o Centro Universitário Arthur de Sá Earp Neto (Unifase). Em 2022, o número obteve um leve crescimento e chegou a 80%, mas esse resultado ainda é preliminar. Desde 2016, todas as coberturas vacinais estão abaixo da meta. Apenas em 2011, o país registrou o número de 100% de imunizados entre crianças de até quatro anos.
A vacina BCG é um imunizante contra tuberculose, doença infecciosa e transmissível, que afeta principalmente os pulmões e, apesar de ser antiga, continua sendo um importante problema de saúde pública. Atualmente, cerca de 10 milhões de pessoas adoecem por tuberculose no mundo, e é responsável por mais de um milhão de óbitos anuais.
A professora de Imunologia da Universidade Federal do Goiás (UFG) Ana Paula Junqueira Kipnis explica a importância da vacinação com o imunizante BCG ainda quando criança, preferencialmente, até quatro meses de idade.
“Quando o tutor, pais ou responsáveis não levam as crianças para vacinar com a BCG, o que acontece? Acontece uma menor resposta para outras vacinas. As crianças estão expostas ao "Mycobacterium tuberculosis”, que é transmitido pelo ar, além de serem mais suscetíveis à infecção com tuberculoses que os adultos”, explica a professora.
A vacina BCG, além de proteger contra a tuberculose, eleva as taxas de proteção contra várias outras doenças imunopreveníveis, como poliomielite, tétano, coqueluche, influenza e sarampo.
“Além disso, ao não vacinar com a BCG você perde a oportunidade de ter uma resposta melhorada a outras vacinas. A idade recomendada é de até três meses de idade, mas se você não vacinou a criança e ela está com qualquer idade, é melhor levá-la e atualizar o calendário de vacinação. É uma única dose de vacina, e é melhor ter tomado a vacina do que não ter tomado”, complementou Kipnis.
Neste ano, o Ministério da Saúde elevou o status do Programa Nacional de Imunizações (PNI) a um departamento específico dentro da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA). As metas do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública são: alcançar redução de 90% do coeficiente de incidência da tuberculose e redução de 95% no número de mortes pela doença no país até 2035, quando comparados com os dados de 2015.
Música, festa, folia e milhões de pessoas exalando alegria pelas ruas do país. O Carnaval 2023 está chegando e promete matar a saudade de todos os seus apaixonados após dois anos interrompidos pela pandemia de Covid-19. A festa mais popular do Brasil é marcada pela alegria contagiante dos foliões e também pelo impacto econômico que causa em diversos setores. No entanto, o Carnaval é muito mais: representa diversidade, inclusão e amplifica vozes muitas vezes silenciadas. É o caso do Coletivo Filhas da Mãe, em Brasília.
O bloco foi criado em 2019 com o objetivo de oferecer informações, cuidado e autocuidado às pessoas responsáveis por familiares diagnosticados com algum tipo de demência, em especial o Alzheimer. A doença, mais comum em pessoas acima de 65 anos, é causada pela morte de células cerebrais e provoca a perda de funções cognitivas, como memória, linguagem, planejamento e habilidade visuais-espaciais. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 2 milhões de pessoas vivem com alguma forma de demência no Brasil.
O primeiro contato de Cosette Castro, uma das coordenadoras do Coletivo Filhas da Mãe, com uma demência, foi através da mãe, diagnosticada com Alzheimer em 2011. Alguns anos depois, o tio também teve o diagnóstico. Ela conta que cuidou da mãe por quase 10 anos, até seu falecimento em 2021. Cosette, que também é pesquisadora e psicanalista, explica que ao participar de reuniões com outros familiares percebeu que faltavam informações sobre cuidados para quem cuida.
“Uma coisa que as cuidadoras familiares observavam é que não tinha um olhar para quem cuida, apenas um olhar e informações sobre as doenças. Então estava muito focado em como cuidar; como lavar ; como dar banho; como dar remédio, mas ninguém falava sobre o cuidado de quem cuida. Então um grupo de mulheres filhas de mães com demências, principalmente Alzheimer, se reuniu exatamente para isso; acolher e oferecer informações cuidado e autocuidado para outras mulheres que cuidam”, afirma. Por isso, o nome “Filhas da Mãe” foi escolhido.
Dentre outras iniciativas, o Coletivo atuou para a aprovação da política distrital para prevenção, tratamento e apoio às pessoas com doença de Alzheimer e outras demências, aos seus familiares e aos cuidadores (Lei 6.292/21). “Isso é uma grande vitória do coletivo, com o apoio de outras entidades”, afirma Cosette. Ela destaca ainda que “além de políticas públicas, temos que ter pesquisa.”
Segundo a coordenadora, o Coletivo e outras instituições conseguiram emenda parlamentar para traçar o perfil de pessoas com demência no DF. O “Estudo sobre pessoas idosas com demência e cuidadores no Distrito Federal”, apresentado em dezembro do último ano pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPE-DF), mostra que as mulheres representam 81,6% do total de cuidadores familiares. Entre particulares, elas são 88,7% e em intuições, 79,4%. Segundo o levantamento, a relação de parentesco, avaliada apenas para as cuidadoras familiares, apresentou os seguintes números: filha (61%); neta (11,5%); e esposa (9,2%).
Cosette Castro destaca que o bloco é focado na prevenção da saúde mental das cuidadoras. Além disso, é um importante espaço de arte e cultura voltado para o cuidado dessas mulheres que assumem a responsabilidade por uma pessoa com demência.
“Elas já sofrem de sobrecarga física, mental emocional e para que elas tenham momentos de prevenção de saúde e de autocuidado e não passem apenas a vida cuidando dos outros. Porque em geral quem é uma cuidadora familiar, em geral, precisa deixar o seu trabalho, o seu projeto de vida, seus estudos, às vezes famílias se separam. É algo bem complicado. E não é algo de um ou dois anos, em geral são 10, 15, 20 anos. Ou seja, a vida das pessoas muda radicalmente sem que elas tenham escolha”, pontua.
A Associação Brasileira de Alzheimer e (ABRAz) explica que por se tratar de uma doença progressiva, a pessoa diagnosticada com demência perde autonomia e independência, o que faz a doença afetar não só a vida da pessoa que recebeu o diagnóstico, mas também a de toda a família.
“Com a perda da capacidade de realização e a configuração de um quadro de incapacitação, as demências exigem a presença de cuidadores de maneira progressiva. No estágio inicial, geralmente, o acompanhamento do paciente pode ser à distância, pois ele mantém certa autonomia. No estágio moderado da doença, há maior exposição a riscos e o monitoramento passa a ser necessário e crescente. No estágio avançado, os cuidados tendem a ser constantes. Em cada etapa há desafios próprios, que requerem flexibilidade para uma boa adaptação às mudanças”, diz a ABRAz.
O Coletivo Filhas da Mãe promove neste sábado (11) um Esquenta Carnaval com oficina gratuita de Customização de Camisetas, nas Superquadra Criativa da 307 Sul. Nos meses de janeiro e fevereiro, o Coletivo realiza oficinas pré-carnaval como forma de promover um espaço de saúde mental, conversas, afeto e cuidado entre as mulheres cuidadoras.
Cerca de 2 milhões de pessoas vivem com alguma forma de demência no Brasil. O número pode triplicar até 2050. De acordo com o Ministério da Saúde, o Alzheimer é uma doença neurodegenerativa mais recorrente na população com 65 anos ou mais. Os sintomas costumam aparecer alguns anos antes em detalhes do dia a dia, como esquecimento, troca de nomes, repetições e mudanças de comportamento.
Principais sintomas
O Alzhemier não tem cura, mas o tratamento ajuda a retardar a evolução da doença. Segundo o Ministério da Saúde, além do tratamento medicamentoso, existem também outras formas de amenizar os sintomas. São elas: reabilitação cognitiva; terapia ocupacional; controle de pressão alta, diabetes e colesterol; atividade física regular; e atendimento multiprofissional disciplinar — neurologia, clínica médica, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e nutrição —, todos oferecidos de forma integral e gratuita pelo SUS.