É preciso tomar a segunda dose da vacina? Quais as comorbidades incluídas como prioritárias para vacinação contra a Covid-19? Esses são alguns questionamentos recorrentes de brasileiros no andamento da imunização no país. Para responder às dúvidas, o portal Brasil61.com convidou especialistas que detalharam a importância da vacinação completa e as doenças que são listadas pelo Ministério da Saúde na relação de prioridade.
Segundo levantamento do governo federal de abril, 1,5 milhão de brasileiros não tomaram a segunda dose da vacina, mesmo após ter chegado o prazo do reforço da imunização. Epidemiologista do curso de Saúde Pública da Universidade de Brasília (UnB), Walter Ramalho é enfático ao explicar: “Com uma dose apenas, a eficácia é muito menor e a conversão para as células de imunidade é muito baixa.”
O especialista lembra que, antes do registro das vacinas contra a Covid-19, foram feitos estudos para avaliar se seria necessária apenas uma aplicação ou mais. Porém, grande parte dessas análises indicou uma imunidade necessária para frear a mortalidade com duas doses.
“Foi pesquisado, para todas essas vacinas, a elegibilidade de apenas uma dose. E todos esses fabricantes acharam que a imunidade era muito baixa, a eficácia era muito baixa. Por isso que se passou a testar também duas doses, e o aumento da eficácia da vacina foi considerável. Hoje, alguns fabricantes ainda estão discutindo a administração de uma terceira dose para aumentar o reforço da imunidade vacinal das pessoas”, adiantou.
Atualmente, três vacinas estão sendo aplicadas nos brasileiros: CoronaVac/Butantan, AstraZeneca/Fiocruz e Pfizer/BioNTech. Todas são imunizações de duas doses. Ou seja, o brasileiro que tomou somente a primeira deve tomar a segunda para que se alcance a proteção necessária. Ainda há contratos do Ministério da Saúde para distribuições futuras das vacinas Janssen/Johnson, União Química/Sputnik V e Bharat Biotech/Covaxin.
Coronavac: Eficácia para casos sintomáticos é de 50,7%, sendo que pode chegar a 62,3% se houver um intervalo de mais de 21 dias entre as duas doses da vacina. Duas doses com intervalo entre as doses entre 14 a 28 dias após a aplicação da primeira.
Astrazeneca: Eficácia de cerca de 70% nos estudos que levaram à aprovação, variando entre 62 e 90%. Dados de vida real recém-divulgados pelo governo britânico apontam para 90% de proteção após as duas doses. Duas doses, o prazo para aplicação da segunda dose é de até 90 dias.
Pfizer: Já demonstrou 95% de eficácia em prevenir casos confirmados de Covid-19. O laboratório já relatou, inclusive, que a vacina funciona contra a variante sul-africana. Duas doses com prazo de aplicação para a segunda dose de 21 dias.
Janssen: Estudos da Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) apontam que a dose única do imunizante é 66% eficaz na prevenção de diversas variantes da covid-19. Dose única.
Sputnik V: A vacina recebeu liberação parcial da Anvisa para ser distribuída sob condições específicas e em quantidade limitada para alguns estados. Eficácia de 91,7%, segundo estudo da Lancet, e 97,6%, segundo o Instituto Gamaleya. Aplicada em duas doses com intervalo de 21 dias.
Covaxin: A agência regulatória brasileira permitiu, por enquanto, o uso de 4 milhões de unidades do imunizante. A Anvisa ponderou o fato de não ter recebido relatórios da agência indiana, o curto prazo de acompanhamento dos participantes dos estudos e a inconclusão dos estudos da fase 3, etapa que atesta a eficácia da vacina. Eficácia de 78% e 100% em casos graves.
“Agora, é claro que nós não vamos deixar para tomar a segunda dose seis meses, oito meses, um ano depois. Porque nós precisamos, antes de tudo, nos cuidar. As pessoas só estão imunizadas corretamente a partir da segunda dose. Se você tomou apenas uma, você não está imunizado, e os cuidados necessários com o controle do coronavírus são de extrema importância”, afirma Walter.
E qual o intervalo das doses das vacinas? A resposta depende de qual imunizante a pessoa recebeu. Os brasileiros que foram vacinados com a CoronaVac devem aguardar entre 14 e 28 dias de intervalo para buscar a segunda dose. Já o intervalo da vacina AstraZeneca e da Pfizer são maiores. A segunda dose, nesses casos, deve ser recebida 12 semanas após a primeira.
O epidemiologista lembra ainda que há um imunizante aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que concentra a proteção em uma dose. “Nós temos hoje apenas a vacina da Johnson, a Janssen, que com apenas uma dose ela já confere uma boa imunidade para as pessoas. Em todas as outras, a ideia é que com duas doses tenhamos a eficácia desejada.”
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que 1,5 milhão de doses da vacina da Janssen devem chegar ao Brasil na manhã desta terça-feira (22). A declaração foi dada em audiência pública na Comissão Temporária da Covid-19 do Senado Federal, nesta segunda-feira (21). Ao todo, a pasta já tem contratadas 38 milhões de doses desse imunizante.
Sirlany Silva Arabi, moradora de Natal (RN), é aposentada, tem 62 anos e foi ao posto de saúde receber a primeira dose da vacina com alegria e alívio, pois perdeu pessoas próximas para a doença. Ela avalia que estamos combatendo um vírus sem cura que não escolhe pessoas por idade ou comorbidade, e acredita que “a única esperança que ainda temos é a vacinação”.
“A pouco, perdi um tio muito querido da minha idade. Ele tinha tomado só a primeira dose. Quando estava aguardando para tomar a segunda, foi acometido pela Covid-19, ficou 28 dias no hospital e não resistiu. Sendo que era uma pessoa sem comorbidade nenhuma”, lamenta.
Antônio de Oliveira, 55, mora no Distrito Federal e aguarda a segunda dose. “A expectativa que tenho para tomar a segunda dose é completar o esquema vacinal e ficar completamente imunizado, para o organismo produzir anticorpos, se defender caso a gente adquira a doença. Eu mesmo perdi amigos que faleceram em idade até menor que a minha. Talvez, se eles tivessem tomado a vacina, isso tivesse sido evitado. Desde que eu sou criança vejo que a vacina é uma proteção para a humanidade”, ressalta.
Thainá Chaves, 27, também tem conhecidos entre os números de mais de 500 mil mortos em decorrência da Covid-19. Ela já tomou as duas doses da imunização, dentro do grupo de prioridades de psicólogos, e classifica a vacinação como uma “oportunidade de vida”. “A vacina antes de ser aprovada passa por muitos estudos. Infelizmente, muitos se aproveitam da situação para propagar informações falsas. Muitos gostariam de ter a oportunidade de tomar a vacina. Essa é uma responsabilidade nossa.”
Alessandro Chagas, assessor técnico do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), classifica esse problema da falta da segunda imunização como histórica no país. “O Brasil tem uma dificuldade enorme de todas as vacinas que a gente tem no calendário com mais de uma dose, mesmo crianças nós temos dificuldades enormes. Se pegarmos, por exemplo, o HPV, não chegamos a 40% dos que vão tomar a segunda dose. Então, isso é histórico no Brasil.”
Para ele, é preciso fortalecer os sistemas de atenção básica para encontrar pessoas que não voltaram aos postos de saúde para completar a imunização contra a Covid-19 dentro do prazo adequado. “O ideal é que o agente de saúde vá buscar essas pessoas, entrar em contato com quem tem cadastro na atenção básica. O principal objetivo da vacina é evitar o caso grave. Aquele que não completa o esquema vacinal fica com isso comprometido. É um percentual pequeno, mas não quer dizer que não temos que correr atrás”, diz.
E quais as comorbidades incluídas como prioritárias para vacinação contra a Covid-19? O questionamento ainda realizado com frequência no país pode ser respondido com base nos detalhes do Plano Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde. O documento lista os grupos de comorbidades prioritárias. Veja abaixo quais são:
Vale destacar que é preciso consultar a Secretaria de Saúde do Estado ou do Município para verificar como está sendo organizada a fila de vacinação no local, o que pode variar entre regiões. Confira neste link os dados da aplicação de vacinas no seu estado.
A diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a ampliação do prazo de validade da vacina da Janssen contra a Covid-19 de três para quatro meses e meio, sob temperatura de 2ºC a 8ºC.
A aprovação ocorre após a publicação da informação de que doses previstas para este mês têm prazo de validade até dia 27. Um lote de 3 milhões de doses estava previsto para chegar nesta segunda (14), mas foi adiado.
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A decisão correspondeu a um pedido da farmacêutica, subsidiária do grupo Johnson & Johnson, protocolado no dia 10 de junho. A Janssen possui autorização para uso em caráter emergencial no Brasil.
Em nota, a Anvisa afirma que a medida foi baseada em “criteriosa avaliação dos dados de qualidade dos estudos que demonstrou que a vacina tende a se manter estável pelo período (4,5 meses) bem como considerou decisão da agência norte-americana (Food and Drug Administration - US FDA), que também aprovou a referida alteração em 10 de junho de 2021”.
Pessoas que tiveram dengue são duas vezes mais propensas a desenvolver sintomas da Covid-19. É o que aponta um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP). Foram analisadas amostras sanguíneas de 1.285 moradores do município de Mâncio Lima, no Acre, onde o grupo trabalha na investigação de outras doenças.
A motivação para a pesquisa se deu a partir de dois estudos, um americano e outro brasileiro, que sugeriram que a infecção prévia por dengue poderia ser um fator protetor contra o coronavírus.
Diante disso, o primeiro passo do estudo pela USP foi verificar a presença de anticorpos contra o vírus da dengue em amostras de outubro de 2019 e da Covid-19 em novembro de 2020, através de testes de sorologia com as mesmas pessoas analisadas. A pesquisadora Vanessa Nicolete, autora principal do estudo, explica que a possibilidade de uma reação cruzada foi descartada e o porquê das pessoas que foram infectadas com dengue têm maiores chances de serem sintomáticas para o coronavírus.
A idade é outro fator relevante que foi considerado no estudo. Em geral, quanto mais velho, maior a chance de ter sido exposto à dengue. “Assim como vemos na população em geral, todas as idades são predispostas a ter anticorpos. Porém, em relação à infecção por Sars-Cov-2, os mais velhos foram os que apresentaram mais sintomas durante a pesquisa”, afirma Vanessa.
Os pesquisadores ainda não sabem quais são as causas do fenômeno, mas apontam duas hipóteses. Uma delas seria biológica: os anticorpos contra o vírus da dengue poderiam estar favorecendo de algum modo o agravamento da Covid-19. A outra é sociodemográfica: populações estariam mais vulneráveis às duas doenças por características diversas.
De acordo com o médico especialista em dengue, Werciley Vieira Junior, o vírus da Covid-19 hiper estimula o sistema imune produzindo citocinas, que são proteínas inflamatórias. “A dengue hipersensibiliza nossa capacidade de produzir essas proteínas e, com isso, favorece um processo inflamatório mais intenso da Covid-19. E, automaticamente, com os processos inflamatórios mais intensos, os sintomas são maiores”, explica.
Muitas pessoas costumam confundir os sintomas iniciais da Covid-19 com a dengue. Werciley Vieira Júnior explica o porquê dessa associação entre as doenças. “Os sintomas iniciais da Covid-19 são um quadro gripal que pode vir com mialgia, que é a dor no corpo, pode vir com dor de cabeça e dor nas juntas. E a dengue tem como marcante a febre, dor no corpo e dor nas juntas. Porém a proporção de dor na junta é muito maior na dengue do que na Covid-19, e a febre da dengue é bem maior.”
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A dengue é transmitida ao ser humano a partir da picada do mosquito Aedes Aegypti que se desenvolve em água parada. No caso de locais com bastante incidência, como no Acre, o especialista em dengue destaca ainda alguns pontos para aumentar a proteção contra a doença. “Usar repelente e tela mosquiteira para evitar a entrada do mosquito já ajuda. Mas a melhor forma é diminuir os criadouros, seguindo as condutas de evitar água parada e evitar jogar lixo onde não se deve. Inibindo os criadores, diminuímos a taxa de proliferação do mosquito.”
O mosquito da dengue põe seus ovos em recipientes como latas e garrafas vazias, pneus, calhas, caixas d’água descobertas, pratos sob vasos de plantas ou qualquer outro objeto que possa armazenar água da chuva. O mosquito pode procurar ainda criadouros naturais, como bromélias, bambus e buracos em árvores.
De acordo com o Boletim Epidemiológico n° 21 do Ministério da Saúde, atualmente o Brasil tem 348.508 casos de dengue. Em comparação com o ano de 2020, houve uma redução de 57,4% de casos registrados para o mesmo período analisado. Esta diminuição pode ser consequência do receio da população em procurar atendimento em uma unidade de saúde durante a pandemia da Covid-19, bem como um possível atraso nas notificações das doenças pelas equipes de vigilância e assistência para o enfrentamento da pandemia.
Estado | Estado | Casos | incidência (casos/100 mil hab.) |
---|---|---|---|
1 | Acre | 13653 | 1526,4 |
2 | Goiás | 30441 | 427,9 |
3 | Mato Grosso do Sul | 11071 | 394,1 |
4 | Paraná | 38376 | 333,2 |
5 | Mato Grosso | 10951 | 310,6 |
6 | São Paulo | 132665 | 286,6 |
7 | Distrito Federal | 7276 | 238,2 |
8 | Santa Catarina | 16693 | 230,2 |
9 | Amazonas | 5667 | 134,7 |
10 | Bahia | 17791 | 119,2 |
11 | Ceará | 9857 | 107,3 |
12 | Pernambuco | 9674 | 100,6 |
13 | Espírito Santo1 | 3781 | 93 |
14 | Minas Gerais | 19240 | 90,4 |
15 | Tocantins | 1378 | 86,7 |
16 | Paraíba | 2785 | 68,9 |
17 | Rondônia | 1201 | 66,9 |
18 | Rio Grande do Sul | 7618 | 66,7 |
19 | Rio Grande do Norte | 1353 | 38,3 |
20 | Piauí | 823 | 25,1 |
21 | Pará | 2072 | 23,8 |
22 | Roraima | 101 | 16 |
23 | Alagoas | 436 | 13 |
24 | Rio de Janeiro | 1972 | 11,4 |
25 | Maranhão | 760 | 10,7 |
26 | Amapá | 89 | 10,3 |
27 | Sergipe | 230 | 9,9 |
Desse total, foram confirmados 152 casos de dengue grave (DG), 1.984 casos de dengue com sinais de alarme (DSA) e 105 óbitos.
Um desafio no mês especial, de combate ao câncer infanto-juvenil. Médicos voluntários, estudantes de medicina e pessoas envolvidas numa só missão: explicar à população sobre o retinoblastoma. A campanha que lotou shoppings de várias cidades brasileiras no último final de semana foi criada e propagada pelos jornalistas Tiago Leifert e Daiana Garbin, para fazer com que as informações sobre câncer de retina — que pode ser fatal — pudessem chegar ao maior número de pessoas. E, assim, estimular o diagnóstico precoce da doença e as maiores probabilidades de tratamento e cura.
Nas redes sociais, Leifert agradeceu às parcerias de médicos, clínicas, laboratórios e redes hospitalares, além dos inúmeros parceiros e voluntários que trabalharam no evento.
“A gente não imaginou que a campanha ia tomar essa proporção, a gente não imaginou que fosse chegar tão longe e que ia ser tão grande. A campanha começou a ser planejada em março, ela [Daiana Garbin] trabalhou muito para conseguir o apoio de várias empresas que ou entraram com uma ajuda financeira, ou trabalharam de graça pela campanha. Nos ajudaram muito as sociedades médicas, elas nos deram respaldo científico para a gente não passar nenhuma informação errada nas cartilhas e povoaram os eventos com médicos voluntários.”
Para o evento, o casal de jornalistas contou com o apoio de empresas. Uma delas, a Rede Dasa, apoiou a iniciativa doando testes genéticos para famílias de crianças com retinoblastoma. Segundo a especialista em oftalmologia e geneticista, Juliana Sallum, “as famílias com crianças acometidas pelo retinoblastoma estão recebendo consultas de aconselhamento genético para esclarecer risco de o retinoblastoma ser hereditário na família.”
Ainda de acordo com a médica, essa informação sobre a origem do tumor traz informações úteis tanto para guiar o acompanhamento da criança, quanto para fazer o aconselhamento genético da família.
“Quanto ao risco para outras crianças afetadas com o mesmo problema. Ou risco, por exemplo, para uma criança que teve retinoblastoma na infância, agora é um adulto, planeja ter filhos e quer saber sobre o risco de esse tumor aparecer nos filhos. É uma forma diferente, uma informação nova e a gente esclareceu de que forma essa ferramenta genética poderia ajudar no diagnóstico dessa doença.”
Em Brasília, a campanha também aconteceu num shopping e foi promovida pelo Hospital da Criança José Alencar (HCB). Quem passava pelo local foi abordado pelos profissionais do hospital e receberam informações sobre o que é o retinoblastoma — e quais sinais indicam que a criança precisa de atendimento médico. Além dos médicos do HCB, a equipe de Oftalmologia Pediátrica do Hospital Regional da Asa Norte e voluntários da Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace) estiveram presentes. A ação foi coordenada pela médica Isis Magalhães.
“É uma responsabilidade enorme de dar esse alerta não só para família e comunidade, mas também para os colegas e profissionais de saúde que estão na linha de frente, que recebem as crianças. Profissionais de educação que podem sentir alguma alteração na visão da criança, além de dar o alerta para os sinais e sintomas, entre eles, o mais comum que é a leucocoria — o reflexo pupilar branco no fundo do olho.”
Esse reflexo costuma aparecer em fotos ou pode ser observado por quem cuida da criança. O retinoblastoma é um tumor maligno da retina, que ocorre principalmente em crianças entre 0 a 5 anos, mas é mais frequente nos primeiros dois anos de vida.
Esse tipo de câncer no olho, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), atinge entre 200 e 400 crianças por ano no Brasil, representa cerca de 4% dos cânceres infantis, pode causar cegueira e — se não for tratado — levar até a morte.
A doutora Isis explica que os sistema de regulação agem rápido em caso de diagnóstico da doença e dá o caminho das pedras caso alguma alteração seja notada.
“No caso de diagnóstico de uma leucocoria, que é muito predito, a família pode procurar o pronto-socorro de oftalmologia que tem no HRAN e no Hospital de Base (ambos em Brasília) para que a criança tenha entrada imediata no sistema.”
A campanha foi criada em 2022 pelos jornalistas Tiago Leifert e Daiana Garbin para chamar a atenção para o retinoblastoma. A motivação foi o diagnóstico da filha do casal, Lua, que aos 11 meses foi diagnosticada com a doença. Hoje, depois de dois anos de tratamento, o casal se engaja não só nas redes sociais, mas promove o evento anual de conscientização sobre a doença.
O Distrito Federal registrou 1.060 novos casos de covid-19 entre os dias 10 e 16 de setembro. Nos dias 9 de fevereiro e 3 de setembro deste ano, foram identificadas duas mortes, sendo um paciente de 60 a 69 anos e outro com mais de 80, ambos com comorbidades. Os dados são do novo boletim epidemiológico semanal da Secretaria de Saúde (SES-DF).
O subsecretário de Vigilância em Saúde, Divino Valério, orienta aquelas pessoas que não completaram o ciclo vacinal, que procurem postos de vacinação para se imunizarem — e caso apresentem sintomas gripais, façam a utilização de máscaras.
“Apesar deste aumento, que já era previsto pelo próprio Ministério da Saúde e pela Secretaria de Saúde, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, está alerta, atenta e acompanhando com muita atenção, esse leve aumento”, avalia.
Divino Valério destaca que foram feitas leituras genômicas dos vírus e não foi detectado predominância do novo vírus Éris no DF e tranquiliza a população dizendo que não há motivo para preocupação. “São essas outras variantes da Ômicron, portanto não há motivo para alarde — e sim um motivo para se retomar e redobrar a atenção para este momento que estamos passando”, comenta.
De acordo com a Secretaria de Saúde, entre 12 e 18 de setembro, 11.329 doses da vacina contra a Covid-19 foram aplicadas no DF. Esse total contempla a primeira, segunda e doses de reforço, abrangendo inclusive versões infantis e a bivalente.
Até o momento, no Distrito Federal, foram aplicadas 7.315.537 doses da vacina monovalente contra Covid-19 e 561.172 doses da bivalente.
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No primeiro semestre de 2023, o Samu atendeu um total de 183.184 pessoas no estado
Prefeitos de 33 municípios na região Central de Minas Gerais formalizaram a cooperação financeira do Samu 192 Regional para a implementação desse serviço em seus territórios. Com isso, será viabilizado repasse de aproximadamente R$7,5 milhões feito em 2022 pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). De acordo com o governo do estado, no primeiro semestre de 2023, o Samu atendeu um total de 183.184 pessoas, destacando a relevância desse serviço para a comunidade.
A técnica da Diretoria de Atenção Hospitalar e Urgência e Emergência da SES-MG, Bárbara Cassimiro, informa que o projeto de implantação do Samu 192 Regional de Minas Gerais começou na macrorregião de saúde Norte, em 2010. Hoje, beneficia 735 cidades e mais de 14 milhões de mineiros. “Doze das quatorze macrorregiões de saúde já contam com Samu 912 Regional em funcionamento e duas encontram-se em processo de implantação, a macro de Centro e Triângulo do Sul, com a priorização do modelo regional de prestação de serviço”, explica.
Segundo o governo de Minas Gerais, o novo recurso é destinado à primeira etapa de implantação do serviço e para compra de 17 novas ambulâncias, sendo três Unidades de Suporte Avançado (USA), para os atendimentos de alto risco, e 14 Unidade de Suporte Básico (USB), que atendem os casos de menor complexidade.
Além disso, estão previstos: reforma e construção das 11 bases de atendimento e seleção de profissionais médicos e da enfermagem, beneficiando cerca de 600 mil mineiros, que passarão a ter acesso ao serviço.
De acordo com Cassimiro, a SES-MG tem como meta concluir a implementação do Samu 192 em todo o território de Minas Gerais. “Fazendo com que seja atingido o objetivo de chegar precocemente à vítima após a ocorrência de um agravo à sua saúde, seja de natureza clínica, cirúrgica, traumática, obstétrica, pediátricas, psiquiátricas, entre outras. Geralmente são situações que podem levar a sofrimento, sequelas ou até mesmo à morte”, completa.
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Uma lista extensa e dinâmica. Assim é o cadastro das pessoas que esperam por um órgão no Brasil. A chamada fila do transplante muda diariamente, à medida que órgãos são destinados a pacientes que dependem da doação para sobreviver. De acordo com a atualização mais recente do Ministério da Saúde — de 18 de setembro — 40.471 pessoas esperam para receber um órgão.
Para otimizar os serviços e melhorar a qualidade do que é feito atualmente no Sistema Nacional de Transplantes, o Ministério da Saúde anunciou um incremento de cerca de R$56 milhões, dinheiro que será investido no aumento da capacidade dos centros de transplantes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Trata-se de um aporte progressivo que deve variar entre 40% e 80% e será investido não só nos procedimentos de transplante de órgãos e medula óssea, como dos procedimentos pré e pós-transplantes.
Segundo o Ministério da Saúde, foi feita uma análise dos indicadores do método de cálculo e das metas, o que permite uma classificação mais adequada dos recursos repassados aos centros transplantadores. O investimento deve servir, segundo o Ministério, para fortalecer as ações no que diz respeito à segurança do paciente e o aumento da qualidade dos serviços feitos hoje pelo SNT.
Para a médica Nubia Vanessa, especialista em transplante de córnea, não basta investir, é preciso também fiscalizar.
“Por exemplo, um determinado hospital pode ser qualificado para fazer cirurgia de transplante de rim, mas depois que é passada a visita e o hospital está credenciado, o Ministério não retorna para poder ver se os indicadores — que foram apresentados no credenciamento — estão sendo cumpridos, isso o Ministério não faz. Ele não tem uma fiscalização para poder saber por quê determinado centro diminuiu a quantidade de transplantes, o que foi que aconteceu.”
Para ela, o Ministério falha no aprimoramento e na vigilância desses indicadores. A médica ainda levanta outra questão sobre os repasses de recursos no pós-transplante. No caso do de córnea, o SUS só repassa à instituição que realiza os procedimentos, o valor referente a uma única consulta, mesmo que o paciente precise de acompanhamento frequente nos primeiros dias pós-cirúrgicos.
“Depois da operação, eu vejo o paciente durante 30 dias e o serviço não recebe nada por isso. E o paciente que passa por um transplante, na verdade, requer várias consultas.”
O servidor público Cássio Cavalcante, de 49 anos, recebeu um transplante renal em 2019, no hospital referência desse tipo de cirurgia em São Paulo — o Hospital do Rim. Ele conta que o acompanhamento feito pelo SUS antes e depois da operação é fundamental para o sucesso do transplante.
“O rim, assim como a maioria dos transplantes, se você não tiver o acompanhamento, não fizer os exames regulares, você corre sérios riscos de rejeitar o rim. Então seria um contrassenso você fazer o transplante e não ter o pós-acompanhamento.”
Para Cássio, “qualquer incremento de recursos financeiros para o sistema de transplantes, contribui para aumentar a vida útil de um transplante, sobretudo no pós-operatório”.
De janeiro até junho deste ano, o número absoluto de transplantes aumentou 16%, segundo o Ministério da Saúde. A expectativa é que com o aporte, esse número cresça ainda mais.
Os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associados à Covid-19 aumentaram em alguns estados do Sudeste e do Centro-Oeste. Segundo o mais recente Boletim InfoGripe divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Rio de Janeiro é o estado onde o crescimento foi mais relevante na população adulta, mas também houve um ligeiro aumento no Espírito Santo, São Paulo e Goiás. Os dados são referentes à semana epidemiológica 36, que vai de 3 a 9 de setembro de 2023.
O coordenador do InfoGripe, pesquisador Marcelo Gomes, ressalta que o ritmo de crescimento dos casos de SRAG associados à Covid-19 é menos alarmantes que em períodos anteriores.
“Em todos esses estados, ainda é algo bastante diferente do que a gente observou nos ciclos anteriores de retomada do crescimento da Covid-19. É um processo, até o momento, mais lento, aparentemente. O impacto é menor em termos de internações, mas está presente. Não é algo ainda espalhado em todo o território nacional, mas fica o alerta.”
O levantamento também mostra que, diferente do que foi observado em agosto, há um sinal de interrupção na tendência de crescimento de novos casos de SRAG associados ao rinovírus em crianças e pré-adolescentes, na maioria dos estados. Alguns, inclusive, já apresentam queda, mas ainda há estados no Nordeste com aumento de rinovírus, nas faixas etárias de 2 a 15 anos.
Em nível nacional, já foram notificados 133.786 casos de SRAG desde o início do ano epidemiológico de 2023, sendo: 51.517 (38,5%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 67.046 (50,1%) negativos, e ao menos 8.057 (6,0%) estão aguardando resultado.
Dentre os casos positivos das últimas 4 semanas, 2,9% são de Influenza A; 0,9% de Influenza B; 13,3% de vírus sincicial respiratório; e 35,6% de SARS-CoV-2 (Covid-19). No mesmo período do ano passado, 5,9% dos casos positivos de SRAG estavam associados à Influenza A; 0,4% a Influenza B; 6,7% ao vírus sincicial respiratório; e 63% à Covid-19, segundo os dados da semana epidemiológica 36 de 2022.
O doutor Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explica que esses vírus respiratórios têm maior predominância entre os meses de março e julho. “Mas depois da pandemia, houve uma alteração nesse período de sazonalidade — e a presença desses vírus acaba sendo fora de época também”.
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A Síndrome Respiratória Aguda Grave é um estado clínico de desconforto respiratório com prejuízo à oxigenação do paciente. Normalmente, ela é provocada pelo processo de infecção por vírus — como Influenza A e B, vírus sincicial respiratório, SARS-CoV-2 (Covid-19) —, ou por bactérias, fungos e outros agentes.
O doutor Marcelo Otsuka explica que os principais sintomas são falta de ar, desconforto ao respirar, sensação de compressão torácica. Em casos extremos, o paciente pode sofrer de hipóxia, que é o déficit de oxigênio no organismo, podendo ser fatal.
Segundo ele, o tratamento deve considerar dois suportes importantes: o imediato para garantir a vida do paciente e o terapêutico para combater o agente infeccioso.
“O primeiro é o suporte de vida, ou seja, se o paciente tem uma queda na oxigenação, ele precisa repor o oxigênio. Se ele tem uma obstrução das vias aéreas por conta desse processo infeccioso, ele precisa eventualmente de fisioterapia e suporte ventilatório. O outro aspecto é o terapêutico, que depende do agente. Quando falamos de infecções bacterianas, o tratamento é feito com antibióticos. Quando nós falamos de vírus, como por exemplo a Influenza, em geral, a gente usa o Oseltamivir.”
A principal forma de prevenção é a vacinação, explica o doutor Marcelo Otsuka.
“A prevenção da Síndrome Respiratória Aguda Grave é feita principalmente quando nós falamos de vacinação. Tanto a vacinação para infecções bacterianas, como por exemplo pneumococo, hemófilos, bem como a vacinação para Influenza, para Covid-19. O segundo ponto chave é a higienização e o distanciamento de pessoas que têm um quadro respiratório.”
Em caso de sintomas, o pesquisador da Fiocruz Marcelo Gomes recomenda o repouso, o distanciamento social e o uso de máscaras.
“Quem estiver com sintoma de infecção respiratória — está tossindo, espirrando, com a garganta incomodada —, a recomendação é: faça repouso, fique em casa. Se puder, busque o posto de saúde para fazer um exame, inclusive para ter um acompanhamento médico adequado. Agora se por algum motivo não puder fazer o repouso, use uma boa máscara. Está indo a uma unidade de saúde: bota uma boa máscara, porque isso vai ajudar a diminuir o risco de acabar contraindo o vírus respiratório na unidade de saúde.”
O nome da campanha não poderia ser mais esclarecedor: estar atento aos olhos para descobrir se algo está fora do normal. “De olho nos olhinhos” foi a forma que os jornalistas Tiago Leifert e Daiana Garbin encontraram para chamar a atenção para um problema grave, o retinoblastoma.
A doença ganhou notoriedade em 2022, quando a filha do casal, Lua, foi diagnosticada. Na época ela tinha apenas 11 meses. Para conscientizar a população sobre o diagnóstico precoce e a importância de prestar atenção nos detalhes, Tiago e Daiana criaram uma campanha que percorre cidades brasileiras prestando o serviço de informação. Nos dias 16 e 17 de setembro, a campanha vai estar em 9 shoppings de 9 cidades brasileiras, além de outros eventos que acontecem em todo o país com a ajuda de médicos voluntários.
Pelas redes sociais, Tiago Leifert divulgou um vídeo em que pede que o máximo de pessoas saibam do evento e, com isso, tenham acesso às informações que podem salvar vidas. “A intenção é que as famílias consigam chegar ao diagnóstico do retino, antes do que eu e a Daiana conseguimos com a Lua. A gente não quer doação, a gente não quer nada. A gente quer que vocês nos ajudem a espalhar informação.”
Para a médica oftalmologista, que atua há 25 anos com crianças, Nubia Vanessa, esse tipo de campanha tem uma abrangência importante. E pode ajudar a diagnosticar o câncer do olho e outras doenças. “Não só o retinoblastoma, às vezes você vai despertar para uma doença, mas você pode também, triar outras que não estavam sendo diagnosticadas”.
Retinoblastoma é um tumor maligno da retina, que ocorre principalmente em crianças entre 0 a 5 anos, mas é mais frequente nos primeiros dois anos de vida. Esse tipo de câncer no olho, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), atinge entre 200 e 400 crianças por ano no Brasil, representa cerca de 4% dos cânceres infantis, pode causar cegueira e — se não for tratado — levar até à morte.
Para detectar a doença, o sinal mais frequente é um reflexo branco da pupila, chamado de leucocoria. Esse reflexo costuma aparecer em fotos ou pode ser observado por quem cuida da criança.
Segundo a médica oftalmologista, é importante que — não só os pais — mas toda pessoa que lida com crianças, esteja preparada e atenta a esses sinais.
“A equipe escolar também faz parte e pode ajudar a detectar a doença. Muitas vezes a criança olha muito de perto para os objetos, às vezes é uma criança que tem torcicolo porque muda a posição do olhar para enxergar objetos. Você tem vários outros profissionais, que não médicos, que possam também detectar a doença.”
Outros sinais e sintomas menos comuns:
O diagnóstico precoce é fundamental pois “você desperta consciência da doença, desperta cuidado para a doença, sobretudo para doenças silenciosas”, avalia a médica oftalmologista Nubia Vanessa.
O pequeno Vitor tinha só sete meses quando a mãe Renata Cavalcante percebeu o reflexo branco no olho direito do bebê.
“Eu comecei a observar um brilho diferente no olho dele e foi ficando recorrente, eu achei aquilo estranho até que um dia resolvi pesquisar na internet. Quando vi o resultado da pesquisa eu fiquei muito preocupada, pois só aparecia retinoblastoma — doença que eu nunca tinha ouvido falar.”
Depois de passar pelo pediatra, Renata levou o filho ao oftalmologista e foi pelo exame de fundo de olho que o diagnóstico foi fechado. Mãe e filho se mudaram de Brasília para São Paulo, única cidade onde havia o tratamento para a doença na época. Depois de nove meses e quatro tipos de quimioterapia diferentes, Vítor ficou curado.
A descoberta precoce foi crucial para o sucesso do tratamento. As sequelas que o menino tem hoje, aos oito anos de idade, são pequenas diante da gravidade do problema.
“Ele tem uma perda de visão no olho direito mas nada que atrapalhe ele a fazer as coisas. Vida normal, joga futebol, faz tudo. Com certeza o diagnóstico precoce foi de fundamental importância. Eu pude acompanhar, quando estava em São Paulo, alguns casos de pessoas que chegaram com a doença em estágio avançado e muitos tiveram resultados bem ruins.”
Em 2023 foram notificados 104 casos de febre maculosa no Distrito Federal, entre eles 62 foram descartados e 42 permanecem em investigação. Por meio de nota, a Secretaria de Saúde (SES-DF) explica que para que os casos possam ser confirmados ou descartados é necessário que sejam feitas duas coletas de exames, com 2 semanas de intervalo entre elas.
Biólogo da Diretoria da Vigilância Ambiental (DIVAL), da Secretaria de Saúde do DF, Israel Martins recomenda que ao visitar parques, cachoeiras, áreas com vegetação alta ou locais frequentados por capivaras, é importante que a população tome alguns cuidados pessoais.
“Sempre vistoriar o corpo de hora em hora para ver se não tem nenhum carrapato subindo no corpo, usar sempre roupas claras que permitam a identificação rápida da presença do carrapato e passear sempre com seu pet na guia para evitar que ele também saia andando por essa área, coletando carrapato e depois levando para casa, expondo dessa maneira, toda a família”, orienta.
Para identificar carrapatos possivelmente infectados pela bactéria causadora da febre maculosa brasileira (FMB), a Diretoria da Vigilância conduziu uma varredura no Pontão do Lago Sul na última quarta-feira (13), porém não encontraram nenhum carrapato.
O biólogo explica que, diante de qualquer suspeita de febre maculosa, a equipe precisa visitar o local indicado como ponto de exposição ao carrapato. O objetivo é identificar e analisar os carrapatos que possivelmente estejam infectados pela bactéria Rickettsia, causadora da febre maculosa.
“Nós usamos a técnica de arrasto, que nada mais é do que uma lona amarrada a cabos de vassouras para entrar em contato com o solo e com a vegetação, para coletar possíveis carrapatos”, comenta.
O infectologista Werciley Júnior explica que a febre maculosa é causada pela bactéria Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato estrela. Embora este carrapato seja comum na região Centro-Oeste, São Paulo e Minas Gerais, a maior incidência de casos se observa no interior de São Paulo.
A doença pode se manifestar através de dor, febre, dor nas juntas, cansaço, moleza e pode também evoluir para formas graves que podem levar à morte. Werciley expõe que o tratamento para a doença é feito na suspeita, pois o diagnóstico sorológico demora pelo menos dois exames com intervalo de 14 dias.
“Então para a gente afirmar que você tem febre maculosa não é só o primeiro exame positivo. Tem que ter dois exames com intervalo de 14 dias com alterações compatíveis”, ressalta.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal salienta que o DF não é uma área endêmica e não possui casos confirmados da doença há 20 anos.
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Somos 203 milhões de habitantes no Brasil, segundo dados do Censo 2022. Mais de meio milhão são médicos. 545.767 profissionais de saúde espalhados — de forma heterogênea — pelo país. Uma média de 2,69 médicos por 1000 habitantes, como mostra o estudo Nova Demografia Médica, publicado pela Faculdade de Medicina da USP e a Associação Médica Brasileira.
Em números absolutos, a pesquisa revela que alcançamos uma densidade médica semelhante à de países ricos, como Estados Unidos, Japão e Canadá. Mas quando olhamos a concentração desses profissionais, as discrepâncias são imensas. Segundo o estudo, enquanto a região Sudeste tem 3,62 médicos por 1000 habitantes, no Norte esse número é de 1,65 para cada 1000 pessoas.
A maior parte dos municípios do país — quase 70% — é de pequeno porte, ou seja, tem até 20 mil habitantes. Juntas, essas cidades somam 31,9 milhões de habitantes (15,8% da população brasileira), cidades onde trabalham só 16,7 mil médicos (2,8% do total de profissionais do país). Na outra ponta, 41 cidades com população maior de 500 mil habitantes são onde vivem 29% da população e 61,5% dos médicos estão nesses grandes centros.
Há 12 anos na presidência do sindicato dos médicos do DF Gutemberg Fialho acredita que faltam políticas públicas que sejam capazes de dispersar esses profissionais dos grandes centros.
“Os profissionais vão para o mercado de trabalho onde possam progredir, possam evoluir. Se a região é carente, não dá a mínima condição de trabalho, você tende a sair de lá ou tende a nem ir para lá. Então, nós precisamos criar condições para interiorizar os profissionais de todas as áreas. Temos que ter políticas públicas que os levem para os interiores, para os rincões. Enquanto não se fizer isso, os profissionais, naturalmente, vão procurar os grandes centros.”
Na divisão por unidades da federação, o DF lidera o ranking oferecendo 6,13 médicos para cada 1000 habitantes. Por outro lado o Maranhão tem apenas 1,17 médico por 1000 habitantes.
Mas mesmo dentro da unidade da federação com mais médicos por habitante ainda há abismos. Segundo o médico Gutemberg Fialho, apesar da alta densidade médica da capital do país, pacientes atendidos pelo SUS e pela rede privada vivem realidades paradoxais.
“A deficiência de médicos aqui é no serviço público, não porque não tenham médicos na cidade, no DF, não tem médico no serviço público. Por várias razões, primeiro: o quantitativo de médicos se aposentando, o quantitativo de médicos pedindo retração de 40 para 20 horas — e não tem concurso público que atraia o médico para trabalhar na Secretaria de Saúde.”
Para o coordenador do estudo e professor da Faculdade de Medicina da USP, Mário Scheffer, a falta de médicos no SUS pode estar relacionada à falta de especialização dos profissionais.
“No caso dos especialistas há uma maior concentração de especialidades médicas nos serviços privados. Portanto, hoje faltam especialistas para atender não só municípios historicamente desassistidos, mas também para atender a rede pública, mesmo nos grandes centros. A falta de especialistas é um dos motivos das filas em consultas, exames e cirurgias e do longo tempo de espera no SUS para a realização desses procedimentos.”
Outro dado do estudo mostra que em 22 anos — de 2000 a 2022 — o número de médicos mais do que dobrou no Brasil: passou de 1,41 para 2,69 médicos por 1.000 habitantes. Enquanto isso, nos últimos 12 anos a população brasileira cresceu 6,5%, o que mostra uma desaceleração. Mas a população de médicos, nesse mesmo período, teve um aumento de 225.290 profissionais, um crescimento de 70,3% em pouco mais de uma década. O que pode ser atribuído, segundo o estudo, à oferta de vagas nas faculdades de medicina de todo o país.
“ É a primeira vez que a região Nordeste tem mais de dois médicos por mil habitantes, isso é uma consequência direta da abertura de novos cursos e da ampliação de vagas de graduação de medicina. E o Brasil, com isso, contará com mais de um milhão de médicos em pouco mais de 10 anos. O grande desafio vai ser fazer com que esses profissionais sejam bem formados e que eles estejam, de fato, nos locais e nos serviços de saúde onde a população mais precisa.”
Enquanto o número de médicos é de 2,69 por 1000 habitantes o de especialistas cai para 1,58 (médico especialista por 1.000 habitantes). E o estudo ainda mostra que todas as especialidades são distribuídas de forma desigual entre as unidades da Federação.
Das 55 especialidades médicas reconhecidas, algumas das maiores demandas são por anestesistas e cirurgiões.
O DF tem seis vezes mais cirurgiões que o Pará, por exemplo. Enquanto no primeiro são 60,84 por 1000 habitantes, no estado do Norte esse número cai para 10,46. Na Atenção Primária, a especialidade de Medicina de Família e Comunidade tem 5,54 médicos para 100 mil habitantes, o que já representa um número muito abaixo da demanda, sobretudo em regiões mais carentes. E 15 estados ainda estão abaixo dessa média.
Enquanto de um lado aumentam as ofertas de vagas nas faculdades de medicina de todo o país, o estudo mostra que as oportunidades de residência médica não acompanham esse crescimento. Segundo o último Censo da Educação Superior, divulgado em 2021, são 365 escolas médicas ativas no Brasil onde estão matriculados mais de 220 mil alunos.
Na graduação o Brasil tem 1,05 estudante por 1.000 habitantes, na residência médica, os números são bem menores: 0,21 médico residente por 1.000 habitantes.
O que preocupa o coordenador da pesquisa é o fato de que o Brasil está envelhecendo. Com isso, doenças crônicas como diabetes, hipertensão e obesidade — que são as que mais matam no mundo — vão demandar um número cada vez maior de médicos especialistas.
“Precisamos garantir a qualidade da formação da graduação e, ao mesmo tempo, expandir a capacidade de formar médicos especialistas depois de graduados. Se nada for feito, possivelmente, além da má distribuição dos médicos especialistas hoje existentes, em curto prazo poderão faltar médicos especialistas no Brasil.”
Em 2023, a região administrativa do Guará, no Distrito Federal, registrou queda de 75,3% nos casos de dengue, com 494 contaminados, em comparação aos 2.002 infectados no em 2022. Vicente Pires e Candangolândia aparecem logo em seguida, com reduções de 73,5% e 73,3%, respectivamente. Por outro lado, Riacho Fundo II registrou a menor diminuição entre as regiões administrativas, com queda de 6,8%.
Ao todo, no DF, os casos prováveis de dengue diminuíram 59,4%, e os casos notificados tiveram uma queda de 52,7%. De acordo com o último boletim epidemiológico sobre a dengue, há uma prevalência maior entre mulheres, com uma incidência de 920,5 casos por 100 mil habitantes. Em relação à faixa etária, o maior número é percebido naqueles que possuem 80 anos ou mais, com incidência de 1499,2 por 100 mil habitantes.
O subsecretário de Vigilância à Saúde do Distrito Federal, Divino Valero explica que as ações de controle antivetorial, mais especificamente para o controle da dengue no DF, se baseiam em visitas domiciliares, distribuições de armadilhas e um processo de educação e saúde.
“Neste período de seca aqui no Distrito Federal, é importante se dizer que a gente tem uma aparente solução, mas não existe isso, pois o mosquito que transmite a dengue está dentro do seu domicílio. Somente com a chegada das chuvas, é que propicia a eclosão, a explosão do número de mosquitos”, alerta.
O Distrito Federal é dividido em 7 regiões de saúde: Central, Centro-Sul, Leste, Norte, Oeste, Sudoeste e Sul. Dentre elas, a região Sudoeste lidera com 5.880 casos registrados. Em seguida, estão as regiões Oeste e Norte, com 5.168 e 3.947 casos respectivamente. A região Sul apresenta o menor índice, contabilizando 934 casos. Até o momento, a Unidade Federativa não registrou mortes pelo vírus.
O subsecretário faz um apelo para a contribuição da população em operações de combate à dengue. “Colabore e participe também dessa ação pela vida. Mantenha o quintal limpo e as áreas higienizadas. Evite jogar lixo em áreas públicas. Quando for descartar o lixo doméstico, coloque-o dentro de um saco bem fechado e jogue fora no momento em que o carro do SLU estiver passando para coletar”, enfatiza.
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Metade dessa verba já está em uso para reduzir as filas de espera nos municípios
O Opera Paraná, programa criado para atender a demanda de cirurgias eletivas acumuladas pela pandemia, conta com um investimento de R$ 300 milhões do Tesouro do Estado. Metade dessa verba, ou seja, R$ 150 milhões, já está em uso para reduzir as filas de espera nos municípios. Além disso, uma nova fase do programa está em planejamento, contando com o aporte de R$ 150 milhões.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Paraná (Sesa), houve um crescimento de 41% nas cirurgias eletivas realizadas no estado em comparação ao ano anterior. Ao todo foram realizados 468.450 procedimentos em 2022, enquanto 2021 teve 331.787 cirurgias.
No primeiro semestre de 2023, foram contabilizadas mais de 220 mil cirurgias. O programa abrange as especialidades mais procuradas no Sistema Único de Saúde (SUS), que incluem: sistema osteomuscular; aparelho digestivo; aparelho de visão; aparelho geniturinário; vascular e das vias aéreas superiores e do pescoço.
A médica oftalmologista do CBV-Hospital de Olhos Maria Regina Chalita avalia que a redução na fila para as cirurgias na visão são importantes, pois vários pacientes aguardam para realizar cirurgias para a melhoria da visão, sejam causas de cegueira reversível, como, por exemplo, a catarata ou em casos de doenças que podem progredir, piorando o prognóstico.
“As doenças, onde há uma evolução com o tempo, são as que mais se agravam ao postergar uma cirurgia ocular”, explica.
Em nota, a Sesa informou que, em parceria com os municípios e consórcios, está trabalhando na reestruturação das filas de espera para exames, consultas especializadas e cirurgias eletivas.
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