O estado do Paraná registrou 10.508 novos casos de dengue. Os dados constam no último boletim semanal divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde. De acordo com o documento, mais cinco pessoas morreram em decorrência da doença. Uma das vítimas morava no município de Matinho. Outras duas eram de Santa Izabel do Oeste, e outras duas de Capanema.
Ao todo, o estado conta com 76.797 casos confirmados da doença, além de 56 mortes, das quais, 24 foram entre mulheres e 32 entre homens. Segundo a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, cada localidade tem uma especificidade em relação aos criadouros. Diante disso, ela alerta que todos os cidadãos podem ajudar a combater o mosquito.
“Às vezes, num mesmo município, nós temos formas onde o mosquito se cria de forma diferente, então pode ser num recipiente de lixo, pode ser numa água limpa que não está devidamente coberta, então cada tipo de criadouro a gente vai atuar com uma estratégia diferenciada", destaca.
Além dos casos de dengue, o boletim também apresenta o cenário referente à chikungunya, que foi responsável pelo registro de 2.951 notificações e 602 casos confirmados. Quanto à zika, outra doença transmitida pelo mesmo mosquito, não houve registro de casos no estado, de acordo com a Secretaria de Saúde.
Dos quatro casos confirmados, 3 foram no estado de Roraima e 1 no Paraná
Recentemente o sorotipo 3 (DENV-3) do vírus da dengue ressurgiu após mais de 15 anos sem causar epidemias no Brasil, o que fez com que o Ministério da Saúde acendesse um alerta para o risco de uma epidemia da doença, que é causada por esse sorotipo viral.
Um estudo da Fiocruz, coordenado pela Fiocruz Amazônia e pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), apresenta a caracterização genética dos vírus referentes a quatro casos da infecção registrados este ano, em Roraima e no Paraná. A circulação de um sorotipo há tanto tempo ausente preocupa os especialistas.
Dos quatro casos analisados, 3 são referentes a pacientes que se infectaram no estado de Roraima e não tinham histórico de viagem. Já no Paraná, o diagnóstico veio de uma pessoa vinda do Suriname (País da América do Sul).
Durante o lançamento da campanha nacional para o combate das arboviroses, a diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (SVSA/MS), Alda Cruz, expôs que o Aedes Aegypti tem como característica ser um mosquito com grande adaptação aos cenários urbanos, o que cria uma dificuldade muito grande no combate a esse vetor.
“Com relação aos fatores determinantes, eles são múltiplos. Tanto a variabilidade climática, quanto fatores demográficos, sociais e econômicos, a própria mobilidade das pessoas e também as características biológicas e a ecologia tanto de vetores, mas também de hospedeiro”, alerta.
A dengue possui 4 sorotipos diferentes (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). A infecção por um sorotipo dá imunidade a essa variante específica, mas não impede uma nova infecção por um sorotipo diferente. Segundo a Fiocruz, a preocupação com o ressurgimento do sorotipo 3 deve-se à baixa imunidade da população, pois poucos foram expostos a ele desde os surtos iniciais na década de 2000.
De acordo com o Ministério da Saúde, em 2023, até o final de abril, houve aumento de 30% no número de casos prováveis de dengue em comparação ao mesmo período de 2022, em todo Brasil. As ocorrências passaram de 690,8 mil casos, no ano passado, para 899,5 mil neste ano, com 333 mortes confirmados.
Alda Cruz apresentou uma das ações do Ministério da Saúde para o enfrentamento da epidemia dessas arboviroses, que foi a instituição do Centro de Operações de Emergência em Saúde (Coe Arboviroses). E, segundo ela, está com 50 dias de ativação. Esse centro de operações é ativado quando há registro de casos acima da curva esperada para aquele período.
“A instalação desse Coe é muito importante, porque ele permite uma ação coordenada não apenas da nossa secretaria, mas também com outras secretarias do ministério e outras instâncias, como Conas, Conasems, Anvisa, Fiocruz, entre outras, que se reúnem diariamente para que a gente possa discutir os cenários e orientar as tomadas de decisões”, explica.
De acordo com a pasta, em 2023, foram investidos mais de R$ 84 milhões na compra de quatro tipos de insumos para o controle vetorial do Aedes. Popularmente conhecido como fumacê. A expectativa é que o Ministério da Saúde receba cerca de 275 mil litros do produto neste mês de maio, normalizando o envio aos estados e Distrito Federal.
Sara Oliveira, assistente de pesquisa do InfoDengue, informa que os sintomas mais comuns da dengue são:
Todo local de água parada deve ser eliminado, pois é lá que o mosquito transmissor coloca os seus ovos.
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O Ministério da Saúde tem focado nas particularidades de cada município brasileiro para desenvolver uma estratégia eficiente no combate à dengue, Zika e chikungunya. É o que afirma a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente da pasta, Ethel Maciel. Nesta semana, o ministério lançou a campanha nacional de comunicação contra as arboviroses.
“A nossa estratégia tem sido, ao longo do tempo, tratar o Brasil como um bloco. E nós estamos utilizando os estudos científicos para entender que os problemas não são os mesmos e, portanto, as soluções precisam ser diferentes. E é nisso que vamos atuar. A gente precisa chegar lá no bairro, porque um bairro dentro do município também não é igual a outro bairro”, pontua a secretária.
Para isso, em março deste ano, foi instituído o Centro de Operações de Emergências (COE), uma estrutura que permite a análise de dados e informações que contribuem para a tomada de decisão dos gestores. O objetivo é promover uma resposta coordenada para o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento a emergências de saúde pública. O COE colabora para um monitoramento mais amplo e assertivo das particularidades presentes nas diferentes áreas do país.
Nos quatro primeiros meses de 2023, foram registrados 899,5 mil casos prováveis de dengue no país e 333 óbitos confirmados. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve um aumento de 30% no número de casos, quando 690,8 mil ocorrências foram identificadas. No entanto, neste ano, o número de óbitos é inferior quando comparado a 2022, quando ocorreram 557 mortes causadas pela doença.
Casos prováveis de dengue nos estados com maior incidência em 2023:
Em 2023, o aumento no casos de chikungunya foi de 40% quando comparado aos quatro primeiros meses de 2022. De janeiro a abril deste ano, foram registrados 86,9 mil casos da doença e 18 óbitos confirmados.
Casos prováveis de chikungunya nos estados com maior incidência em 2023:
Até o final de abril de 2023, o Ministério da Saúde contabilizou 6.200 notificações de Zika. O número corresponde a um aumento de 298% em relação ao mesmo período de 2022, quando 1.600 casos foram registrados. De acordo com a Saúde, até o momento, não houve a notificação de óbito causado pela doença.
Casos prováveis de Zika nos estados com maior incidência em 2023:
Outra estratégia adotada pela Saúde, de acordo com Ethel Maciel, é a utilização de duas tecnologias de combate às arboviroses que usam o próprio mosquito. Uma delas é o Método Wolbachia, que consiste na criação do mosquito transmissor das doenças, o Aedes aegypti, com uma bactéria que o impede de transmitir o vírus. A outra técnica é a utilização de mosquitos estéreis.
“O mosquito é infectado naturalmente por uma bactéria e essa bactéria no mosquito impede que ele adquira o vírus e transmita. Então essa é uma tecnologia. O outro, do inseto estéril, ele não se reproduz. Por um método não há reprodução e pelo outro o mosquito não se infecta e, portanto, não transmite”, explica.
Para o secretário-executivo do Conselho Nacional das Secretarias de Saúde (Conass), Jurandir Frutuoso, além da utilização de tecnologias, é importante investimentos no meio ambiente para evitar ambientes propícios à proliferação do mosquito, como lixões e locais com água parada. Ele reforça ainda a importância de melhorar a capacitação dos profissionais para o atendimento adequado aos pacientes.
“A gente sabe que principalmente nos casos de dengue e chinkugunya, grande parte dos óbitos se dá por conta do manejamento inadequado do paciente. O diagnóstico no tempo hábil e o tratamento adequado ao longo do processo em que a doença se instala. A gente tem que insistir na capacitação dos profissionais para que isso aconteça e a gente possa tratar esses pacientes”, afirma.
O Ministério da Saúde recomenda procurar a unidade de saúde mais próxima ao identificar os seguintes sintomas:
Em 2023, até o final de abril, houve um aumento de 30% no número de novos casos prováveis de dengue em comparação ao mesmo período do ano passado em todo o país. O Ministério da Saúde contabilizou, nos quatro primeiros meses deste ano, 899,5 mil ocorrências. Em 2022, foram 690,8 mil. Segundo a pasta, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Acre e Rondônia registram a maior incidência da doença.
O ministério divulgou o balanço nesta quinta-feira (4), durante o lançamento da campanha nacional para o combate das arboviroses. Neste ano, a mobilização alerta para sinais, sintomas, prevenção e controle da dengue, zika e chikungunya, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
De acordo com o ministério, o aumento das chuvas no período e a mudança na circulação de sorotipo do vírus "podem ter contribuído para esse crescimento".
Para evitar proliferação do mosquito que transmite as enfermidades, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, detalha que o enfrentamento será feito observando as características locais. “Estamos começando fazendo essa estratificação dos municípios, para entender onde que os criadouros estão, qual a diferença entre eles, usando a tecnologia para propor estratégias diferentes para cada local”, explicou.
A secretaria alerta sobre a variedade de focos de proliferação do mosquito e modos para enfrentá-los: “Às vezes, num mesmo município, nós temos formas onde o mosquito se cria de forma diferente, então pode ser num recipiente de lixo, pode ser numa água limpa que não está devidamente coberta, então cada tipo de criadouro a gente vai atuar com uma estratégia diferenciada”, ponderou.
O assessor do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, Alessandro Chagas, destaca o que analisa como essencial para o combate às arboviroses, citando inclusive iniciativas de qualificação de quem está em contato com a população, como os Agentes de Combate às Endemias e os Agentes Comunitários de Saúde. “Incorporar novas tecnologias é importante. Uma outra coisa que, no meu entendimento, reforça o SUS como um todo é o curso Saúde com Agente, que é uma parceria do CONASEMS com o Ministério da Saúde. Você melhora a qualidade técnica das pessoas, automaticamente a gente espera que a qualidade do serviço também melhore. Mas o mais importante, e por último, é destacar o que estamos fazendo aqui e agora, os entes unidos nesse enfrentamento. Isso é muito importante”.
Observar a gravidade dos casos e proporcionar atendimento médico adequado foi destacado pela coordenadora geral de Vigilância das Arboviroses da Secretaria de Vigilância em Saúde, Livia Vinhal. “Tivemos uma mudança no panorama de casos graves e de dengue com sinais de alarme, que também têm uma interferência na questão do manejo clínico. Então se bem hidratado, se bem manejado, você vai ter menos pessoas ficando graves e menos pessoas com risco de óbito”.
A orientação do Ministério da Saúde é para que a população procure o serviço de saúde mais próximo de sua residência assim que surgirem os primeiros sintomas, que são semelhantes em casos de dengue, chikungunya ou Zika. Os principais são febre de início abrupto acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele, manchas vermelhas pelo corpo, além de náuseas, vômitos e dores abdominais.
Com o objetivo de reforçar as ações de prevenção e controle de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como a dengue e a chikungunya, a Anvisa divulgou no dia 22 deste mês, a Nota Técnica 12/2023 que recomenda a intensificação de medidas para a redução de criadouros de mosquitos e controle de vetores adultos em portos, aeroportos e áreas de fronteiras.
A nota diz que segundo o Regulamento Sanitário Internacional (2005) é preciso haver uma zona livre de vetores nos portos marítimos, aeroportos e cruzamentos terrestres e dentro de um perímetro de 400 metros em torno desses pontos de entrada.
A finalidade é manter o status de livre de mosquitos transmissores por meio de vigilância ativa regular e controle de vetores para que o risco de transmissão de patógenos importados com vetores/reservatórios possa ser anulado ou minimizado.
Chris Gallafrio, infectologista, explica que a transmissão do vírus se dá pela picada do mosquito do Aedes aegypti. “A picada se dá quando esse mosquito pica alguém doente e adquire o vírus e aí transporta esse vírus quando ele pica outra pessoa, então esse vírus é inoculado nessa outra pessoa”, completa.
Sara Oliveira, assistente de pesquisa do InfoDengue, informa que os sintomas mais comuns da dengue são:
Suzy Azevedo, aposentada de 56 anos, conta que após sentir muita dor no corpo, febre e dor de cabeça, decidiu fazer um exame para verificar o que estava acontecendo. “Depois que fiz o teste e deu positivo, os sintomas se acentuaram. A febre persistiu por dias, dor de cabeça, dor nos olhos, falta de apetite, muita fraqueza, uma fraqueza assim sem medida”, conta.
A aposentada diz que precisou fazer todo o tratamento por rede de saúde particular, pois não conseguia atendimento em hospitais públicos. “Devido a queda das minhas plaquetas, eu fazia o exame de sangue todos os dias para controle e muita hidratação venosa. Todo o meu tratamento foi feito na rede particular porque na rede pública era impossível conseguir. Só consegui uma vez uma hidratação”.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), há registro do aumento de casos e mortes por dengue e chikungunya na região das Américas. Neste mês de março, a Opas reiterou aos estados-membros que intensifiquem as ações de preparação dos serviços de saúde, incluindo o diagnóstico e o manejo adequado dos casos. E que fortaleçam as medidas de prevenção e controle vetorial para reduzir o impacto destas e de outras doenças transmitidas por mosquitos.
O Ministério da Saúde enviou equipes de vigilância epidemiológica para amparar os estados que estão em alerta com a epidemia de arboviroses. Nesse momento, os primeiros estados que possuem uma equipe em campo são Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo e Tocantins. A próxima parada das equipes técnicas será em Santa Catarina, Rio de Janeiro e Bahia.
De acordo com a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, todos os estados em situação de alerta receberão o apoio de uma equipe de vigilância epidemiológica, controle vetorial e assistência. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e outros colaboradores médicos integram a força-tarefa.
Entre os arbovírus mais comuns, então: a chikungunya e a dengue, que até o momento, tiveram um aumento expressivo de 97% e 48,3%, respectivamente. Por ser as duas doenças mais comuns que se espalham com facilidade, a infectologista Chris Gallafrio explica que a forma de prevenção mais eficaz contra as arboviroses, em especial a dengue, são os cuidados básicos do dia a dia, como não deixar água parada.
“Como a gente sabe, a dengue é transmitida pelo mosquito aedes aegypti, e esse mosquito é bem prevalente nas áreas urbanas onde tem água parada, então a forma de prevenção é o controle desse mosquito. Então não se deve deixar ele proliferar. É preciso evitar deixar água parada e prestar se tem algum vasinho, aqueles pratinhos com água parada que servem de local para a proliferação do mosquito”, explica a infectologista.
Sobre os sintomas das doenças, a médica esclarece que são os clássicos de sempre: dor de cabeça, predominantemente atrás dos olhos, dores no corpo, sendo musculares e nas juntas, febre e manchas vermelhas pelo corpo.
A moradora de Águas Lindas de Goiás, Mariana Carvalho (25), foi vítima do mosquito. Ao sentir muita dor e febre, foi ao médico e constatou que pegara a dengue. Ela conta que foi extremamente delicado, principalmente por ter que repetir exames com frequência, além de adquirir o medo de ser contaminada novamente.
“Meus sintomas da dengue começaram com febre e muita dor. Tive febre dois dias seguidos, e aí eu fui ao médico. Eu sentia muito mais dor no corpo inteiro do que uma febre normal. Minha maior dificuldade durantes esses dias foi ter que fazer exames de dois em dois dias porque quando você tem dengue, suas plaquetas diminuem e você tem que fazer a contagem delas frequentemente, e fazer isso durante a dengue é muito difícil pois você sente um cansaço extremo, uma dor extrema. É muito difícil se levantar. E depois que você pega, a grande preocupação é não pegar de novo, porque a segunda vez pode ser muito mais grave”, adverte.
Além das equipes de apoio nos estados, o Ministério da Saúde instalou o Centro de Operações de Emergências (COE Arboviroses) com o objetivo de elaborar estratégias de controle e redução de casos graves e mortes.
O Ministério da Saúde instalou o Centro de Operações e Emergências (COE Arboviroses) para monitorar o aumento de casos de dengue, chikungunya e zika. O objetivo é elaborar estratégias de controle e redução de casos graves e mortes pelas doenças. A preocupação da pasta acontece após um aumento expressivo de casos: o número de notificações de chikungunya aumentou 97%, e os de dengue cresceram 43,8% até março desde ano, quando comparado ao mesmo período do ano passado.
Com o acionamento do COE, a pasta vai monitorar a situação com ênfase em dengue e chikungunya, para orientar ações voltadas à vigilância epidemiológica, laboratorial, assistência e controle de vetores. As ações e respostas coordenadas serão feitas em conjunto com estados e municípios.
A médica de saúde da família Karina Tomiasi explica que, em caso de suspeita de alguma das doenças, o ideal é ir até a unidade de saúde mais próxima para confirmar. “O vírus da dengue é fatal e não possui um tratamento específico, mas a hidratação adequada é fundamental. O profissional de saúde vai prescrevê-la junto com os medicamentos para o alívio dos sintomas", explicou.
Os sintomas são vários. A terapeuta holística Alina Costa, de Ituiutaba, MG, já teve a doença três vezes e conta os principais sintomas que percebeu. “A primeira vez que eu tive dengue foi em 2005, eu fiquei bem ruim, dor atrás dos olhos, nas juntas, muita febre, vômito, diarreia, dor no estômago, não comia, não conseguia beber muito líquido, mas a gente precisa beber muito líquido porque a gente desidrata bastante. E depois de todos esses sintomas veio a vermelhidão na pele. Tive algumas erupções que estouraram, bolinhas de sangue, e depois que passam todos os sintomas a gente fica mais ou menos um mês com aquela fraqueza", lamentou.
Cuidadosa, Alina cuida com atenção da casa para evitar ser um foco de proliferação do mosquito aedes aegypti, que transmite as três doenças listadas. “O que a gente tem que fazer para se prevenir é sempre manter o quintal limpo, sem nenhum lugar que possa ser foco de mosquito. Se a gente precisa manter vasilhas com água no quintal, por exemplo, se cria galinha, ou outros animais, gato cachorro, manter tudo limpo, lavar umas duas vezes por semana com uma buchinha para remover os ovos, e manter a casa sempre limpa. Não ter lixo no quintal, manter tudo muito bem organizado, porque a gente não está prevenindo só para a gente, a gente está prevenindo para as outras pessoas também”, adverte.
A vacina contra a dengue deve estar disponível para a população brasileira no segundo semestre deste ano. Essa é a previsão da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro do imunizante na última quinta-feira (2).
Produzida pela empresa Takeda Pharma, a Qdenga é indicada para população entre 4 e 60 anos e aplicada por via subcutânea em esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações. “Uma vacina que mostrou altíssima eficácia, mais de 80% na prevenção da dengue, 90% na prevenção da dengue grave, aplicada em duas e muito segura”, celebra Renato Kfouri, infectologista vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
O próximo passo, segundo o médico, é a definição da tática mais efetiva para a vacinação da população, uma vez que não há doses disponíveis para todos. “É preciso agora um grande estudo para que nós possamos determinar qual será a melhor estratégia, de melhor impacto em programa público já que não será possível vacinar toda a população. Introduzir a vacina na população de maior risco, naquelas que adoecem com mais gravidade, nas regiões onde a doença afeta com mais intensidade, parece ser a melhor estratégia”, afirma Kfouri.
No país, já existia uma vacina contra a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, mas estava disponível somente para quem já tinha sido infectado com o vírus. O Ministério da Saúde anunciou na sexta-feira (3) que vai pedir à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) que avalie a vacina Qdenga para inclusão no Programa Nacional de Imunização (PNI).
Até a aplicação da vacina, a forma mais eficaz de prevenção é o combate ao mosquito Aedes aegypti. Para isso, há cuidados que podem ser tomados pela população, como verificar se a caixa d’água está bem tampada, colocar areia nos pratos de plantas, recolher e acondicionar o lixo do quintal, limpar as calhar, cobrir bem piscinas e todos os reservatórios de água.
Ao menos 1.016 pessoas morreram devido à dengue no Brasil em 2022, um número quatro vezes maior do que no ano anterior. Isso equivale a quase três vítimas diariamente no país, segundo dados do Ministério da Saúde. O total é o maior na série histórica dos últimos 10 anos, superando as 985 mortes provocadas pelo vírus em 2015.
São Paulo lidera o ranking, com 282 mortos – equivalente a 27,7% do total. Em seguida, Goiás contabiliza 162 vítimas (15,9%). Paraná soma 109 vítimas e Santa Catarina e Rio Grande do Sul, 88 e 66, respectivamente. O montante, porém, pode ser ainda maior que as estatísticas oficiais, já que outros 109 óbitos permanecem em investigação em todo o país.
A pasta registrou 1.450.270 casos de dengue no ano passado, o que leva a uma taxa de incidência de 679,9 casos a cada 100 mil habitantes – um salto de 162,5% em relação ao mesmo período de 2021. Brasília e Goiânia despontam como as cidades com maior número de diagnósticos.
As análises de eficácia e uso da vacina serão feitas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Após dois anos de discussão, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) aprovou no mês de fevereiro a segurança da vacina contra a dengue da empresa Takeda Pharma. As análises de eficácia e uso da vacina serão feitas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O Brasil é o país com a maior prevalência do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti. Durante a análise da vacina, a CTNBio encomendou estudos que indicaram a biossegurança do imunizante e determinou que sejam monitorados os efeitos do uso da vacina no país.
Sara Oliveira, assistente de pesquisa do InfoDengue, explica que houve um aumento nos casos de dengue notificados durante a temporada típica que acontece no final da primavera e início do verão e vem ocorrendo desde o ano passado.
“No ano de 2022 a gente viu um aumento do número de casos de mais de 70% em relação ao ano anterior. Então essa temporada típica começou um pouco mais cedo pelo que a gente tem observado em diversos estados. Com casos em diversas regiões do país, mas especialmente concentrados no Centro-Oeste, no Sudeste e agora também na região Sul”, explica Sara.
Chris Gallafrio, infectologista, diz que a gente é dividida em duas fases, a primeira é a mais comum. Essa fase dura em média de 2 a 7 dias e os sintomas são: dores no corpo, febre e dor de cabeça. Segundo a infectologista, para essa fase não há um tratamento específico, então é feito de forma sintomática, ou seja, são usados medicamentos para o controle dos sintomas.
“Na segunda fase da dengue, que é uma minoria das pessoas que passam por ela, que é depois que a febre cessa, que é a dengue mais grave ou a dengue hemorrágica. Nessa fase o que predomina é um quadro perda de líquido para fora dos vasos. Então o mais importante é uma hidratação bastante rigorosa. Muitas vezes a pessoa precisa ser internada para fazer essa hidratação. E é nessa segunda fase em que há queda de plaquetas e também pode ter eventualmente algum sangramento decorrente dessa queda”, explica Chris.
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Uma solução inovadora e sustentável chamada Aedes do Bem foi desenvolvida pela multinacional de biotecnologia inglesa Oxitec, fundada na Universidade de Oxford e presente no Brasil desde 2011. Livre de inseticidas químicos, a tecnologia faz controle biológico do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.
Segundo o último boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, o Brasil registrou, em 2022, o maior número de mortes por dengue da história. Foram 1.016 óbitos pela doença, o que reforça a necessidade de medidas mais eficazes no controle do mosquito transmissor.
Mas como funciona essa tecnologia? Existe o risco de desequilíbrio no ecossistema? Confira na íntegra a entrevista com a coordenadora de Operações de Campo da Oxitec no Brasil, Luciana Medeiros.
Brasil 61: Qual o objetivo dessa nova tecnologia?
Luciana Medeiros: Essa tecnologia foi desenvolvida pela Oxitec, que é uma empresa de controle de pragas, controle biológico de pragas. Ela já existe há 20 anos, foi fundada na universidade de Oxford e já há 12 anos desenvolve o Aedes do Bem no Brasil. Então, é uma tecnologia que já tem muitos anos de estudo, de inovação, e que foi desenvolvida pensando em fazer o controle biológico das pragas e insetos. Então, quando o Aedes do Bem é liberado das Caixas do Bem encontra as fêmeas no ambiente e, quando essas fêmeas cruzam com os machos aéreos do bem, ela só produz novos machos. Ao longo do tratamento a população de fêmeas diminui e, consequentemente, é controlada a população do Aedes aegypti no local tratado.
Brasil 61: Como vai funcionar essa medida de combate ao mosquito da dengue?
L. M.: Essa metodologia pode ser aplicada não só para governos, prefeituras, mas para o consumidor final, indústrias, comércios, porque tem uma flexibilidade grande e as caixinhas são projetadas para tratar aproximadamente 5.000 m². Essa é uma medida preventiva. Não é uma tecnologia corretiva, como quando é aplicado, por exemplo, o químico, o inseticida, a atomização, que normalmente é feita na correção de áreas que já tem, já estão com alta infestação. Então, o Aedes do Bem chega como um adjuvante, adicionando controle às medidas já existentes. Isso não exime, por exemplo, o morador de uma cidade ou a pessoa que adquire a Caixa do Bem, de limpar o seu quintal, não exime a prefeitura de tomar as medidas de vigilância rotineiras, mas o Aedes do Bem faz com que os criadores da região tratada sejam encontrados, coisa que o inseticida não alcança às vezes, os nossos olhos não alcançam.
Brasil 61: Existe um local específico para colocar as caixas?
L. M.: Sim, as caixas foram projetadas para liberarem os mosquitos do lado de fora. A gente não trata o ambiente interno, mesmo porque os criadores estão do lado de fora. Então dentro da caixa tem um refil, que é um cestinho plástico e toda vez que você for ativar a caixa, você troca esse refil. O refil dura 28 dias, então adiciona o cesto plástico onde contém os ovos do Aedes do Bem e ativa essa caixa com água. O passo a passo é: colocar o cestinho, a cápsula de ovos, ativar com água e aí é o mosquito que faz o trabalho pela gente. Você volta nessa caixa dali a 28 dias apenas. Normalmente, dependendo do público, para prefeituras, ambientes que necessitam de um tratamento mais massivo, recomendamos uma dose maior, então cada ponto de liberação pode ter até tr caixas.
Brasil 61: Com a liberação do mosquito macho, não existe o risco de haver um desequilíbrio no ecossistema?
L. M.: Não existe. O Aedes do Bem foi extensivamente estudado. A autoridade que nos deu a aprovação para que o produto fosse comercializado é a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) e exigem que a gente realize um estudo muito aprofundado de impacto ecológico para comprovar que não existe nenhum tipo de impacto. Esses estudos comprovaram que o Aedes do Bem não é tóxico, então qualquer diferença do Aedes do Bem para o Aedes aegypti e do ambiente que a gente teve que trazer para ter essa tecnologia, a gente pensou nisso para não causar nenhum tipo de impacto no ambiente. Então, tudo o que ele tem de diferente não é tóxico nem alergênico. O segundo ponto que foi estudado também é como ele entra na cadeia alimentar, então todos os animais que possam se alimentar de um Aedes aegypti, tivemos que fazer um monitoramento disso para saber se é algum tipo de impacto e não tem nenhum tipo de impacto. Outro impacto que também normalmente nos perguntam é se formos suprimir, se formos diminuir essa quantidade de população, ele não vai fazer falta no ambiente. Então, o Aedes aegypti é um mosquito invasor, ele não é próprio do nosso ecossistema aqui no Brasil. Ele chegou aqui em 1980, depois de ser erradicado e se estabeleceu. Existem vários outros bichos que entram no lugar dele caso a gente tenha de controlar essa praga efetivamente.
Brasil 61: Onde o consumidor final, a população pode encontrar as Caixas do Bem?
Luciana Medeiros: Hoje em dia, o modelo “pró”, o qual consideramos profissional, tem uma dose maior de mosquitos, que é liberado. Então a gente indica para ambientes de governo, prefeituras e ambientes de áreas maiores, de balcões industriais e shoppings, por exemplo. Agora, para o consumidor final, a gente está em fase de desenvolvimento, entre janeiro e fevereiro. Até o fim de fevereiro, provavelmente a gente lança uma caixa, que é menor, tem praticamente um quarto da dose dessa caixa “pró” e é capaz de tratar os quintais. Essas caixinhas vão ser vendidas no varejo. Então, provavelmente os mercados locais vão conseguir comprar essa caixa e comercializar.
Brasil 61: Qual a importância da adoção de medidas mais eficazes no controle do mosquito Aedes aegypti?
L. M.: A gente percebe que, ano a ano, chega o verão, a temporada de chuvas, dependendo do local do Brasil, porque tem locais que são calor o ano todo, mas o Aedes aegypti, nessa receitinha calor, mais chuvas, eles começam se reproduzir em alta velocidade e a cada ano a gente percebe que ele está altamente adaptado, e tem evolução em qualquer tipo de tecnologia de inseticida, a maneira de se aplicar, então tem drone, existem químicos que que são menos tóxicos e com maior eficiência, mas ainda assim o mosquito volta. Então, vemos muito as campanhas no rádio, na TV chegando nas nossas casas dizendo 'Limpe o seu quintal, colabore'. Então tem tudo isso, o lado tecnológico mais o lado educacional e a gente sabe que essa receitinha volta a falhar e os mosquitos estão cada vez mais adaptados a ambientes que antigamente não eram. E o Aedes do Bem chega para complementar tudo isso, todas essas tecnologias não funcionam sozinhas, então quem sabe, com uma adoção massiva ao Aedes do Bem, vamos fazer com que esse controle esteja mais nas nossas mãos.