Foram registrados 2.054 casos prováveis de dengue entre 31 de dezembro e 6 de janeiro
No Distrito Federal, foram registrados 2.054 casos prováveis de dengue entre 31 de dezembro e 6 de janeiro, representando um aumento de 207% em comparação ao mesmo período de 2023, que teve 669 casos. Os dados são do primeiro boletim epidemiológico de 2024 do DF.
De acordo com o boletim, as maiores incidências ocorrem em Ceilândia com 172,66 casos por 100 mil habitantes, Varjão com 142,5 casos por 100 mil habitantes e Brazlândia com 135,31 por 100 mil. Todas as regiões administrativas do DF registraram casos prováveis de dengue.
Jadir Costa, diretor da Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde do DF, destaca que o aumento das chuvas nesta época do ano no Distrito Federal exige que a população intensifique os cuidados para prevenir a proliferação do mosquito Aedes Aegypti. Ele recomenda dedicar pelo menos 10 minutos semanais para inspecionar e eliminar potenciais criadouros do mosquito em casa, como bebedouros de animais, tampas de garrafas e latas que possam acumular água.
“Esse trabalho colabora muito com o que é efetuado pelos agentes de vigilância ambiental. Importante reforçar para a população que ao receber o agente de vigilância ambiental que vai estar devidamente caracterizado com seu crachá e o seu colete, que o receba que deixa ele fazer essa inspeção, para que juntos a gente consiga combater a dengue”, considera.
De acordo com a Secretaria de Saúde do DF, durante as visitas domiciliares os agentes de saúde buscam identificar possíveis focos de proliferação do mosquito transmissor da dengue, com ênfase nos criadouros mais comuns. Quando focos são encontrados, a situação é comunicada à equipe de Saúde da Família (eSF) e, se necessário, à equipe de Vigilância Ambiental, que podem tomar medidas de controle, incluindo a aplicação de larvicidas e mobilização comunitária.
Luciano Moresco Agrizzi, secretário adjunto de Assistência da Secretaria de Saúde do DF, afirma que o Plano de Enfrentamento da Dengue e outras Arboviroses inclui medidas para combater a doença e fornecer informações relevantes à população do Distrito Federal. O plano também foca na capacitação dos profissionais de saúde com estratégias assistenciais e de suporte para mitigar os impactos da dengue no cenário atual.
“Entre as principais medidas, a saúde tem monitorado e agido de forma eficaz e ágil nas ações, utilizando o fumacê, de forma tática, em que a equipe da Vigilância em Saúde avalia os locais, juntamente com as equipes assistenciais”, explica.
O secretário enfatiza a importância da participação ativa da população no combate à dengue, e pede para que as pessoas inspecionem regularmente seus quintais para identificar e eliminar locais que possam servir como criadouros do mosquito, contribuindo assim para reduzir a incidência da doença.
Para quem apresenta sintomas, é recomendada a busca por atendimento em uma das 176 unidades básicas de saúde (UBSs) do DF.
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No Paraná, foram registrados 5.048 casos confirmados de dengue até o momento, representando um acréscimo de 650 casos em relação ao boletim semanal da dengue anterior. Na última semana, de 5 a 12 de dezembro, houve 2.825 novas notificações, com 6.472 casos ainda em investigação e 19.642 descartados. Os números fazem parte do 16º Informe Epidemiológico da Secretaria de estado da Saúde (Sesa), referentes ao período sazonal 2023/2024 de dengue, que teve início em 30 de julho e totaliza, 33.540 casos notificados.
Werciley Júnior, médico infectologista, explica que a dengue é uma doença que causa dor no corpo, febre, dor nas juntas, dor acima dos olhos ou no fundo dos olhos, náuseas, vômitos e tem pessoas que evoluem com desidratação.
“Não obrigatoriamente a pessoa tem que ter todos, mas alguns deles ela vai sentir. Essa é a dengue clássica, e pode evoluir conforme a desidratação até o aparecimento de manchas pelo corpo e gerar até quadro de sangramento que a gente chama de dengue hemorrágica”, expõe.
O infectologista informa que existe apenas um tratamento para a doença, que é a hidratação e acompanhamento. Ele aponta que os remédios usados no hospital são apenas para tirar os sintomas fortes, mas o tratamento base para a dengue é a hidratação.
“Ou seja, a pessoa com dengue tem que estar muito bem hidratada, tem que ser acompanhada. Se tem sintomas que a gente chama de alerta, que são náuseas, vômitos, intolerância de se hidratar ou pontos vermelhos, tem que ir para o pronto socorro, ser hidratado por via venosa”, avalia.
Para combater a dengue e outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, é importante eliminar pontos de acúmulo de água, evitando assim a proliferação do mosquito. Medidas preventivas incluem remover água parada de locais como pneus, recipientes plásticos, vasos de plantas, garrafas, calhas e lajes. Para proteção adicional contra as picadas do mosquito, também é recomendado o uso de repelentes e a instalação de telas em portas e janelas.
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O fim do ano no Brasil é marcado por fortes chuvas e aumento das temperaturas, momento propício para a proliferação do Aedes aegypti e, consequentemente, aumento no número de casos das doenças transmitidas pelo mosquito. Até 2 de dezembro deste ano, o país registrou um crescimento de 15,8% nos casos de dengue (1.601.848), quando comparado ao mesmo período de 2022 (1.382.665).
Os estados com maior incidência da doença são Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Goiás. Também houve aumento no número de mortes, em 5,4% (1.053) com relação ao mesmo período de 2022 (999).
Já em relação a Zika, o país registrou aumento de 1% nos casos de janeiro até agosto (7.275), quando comparado ao mesmo período de 2022 (7.218), com uma morte em investigação.
A única doença que registrou queda foi a chikungunya, com redução de 43% se comparado ao mesmo período de 2022 (264.365). Foram 149.901 casos da doença e 100 mortes — aumento de 7,5%. Os dados foram atualizados no último sábado (9).
Os sintomas das três arboviroses mais conhecidas têm semelhanças mas também possuem diferenças significativas, principalmente na evolução do quadro, de acordo com o médico infectologista e professor da Faculdade Bahiana de Medicina, Robson Reis.
“Na dengue, o paciente costuma apresentar febre de início abrupto, muito alta, acima de 38,5, e a dor no corpo é muito marcante. O paciente com chikungunya vai ter febre e dor articular, pode apresentar lesões de pele, que chamamos de rash cutâneo, e costumam aparecer no quarto ou quinto dia. O que é mais comum na Zika é o rash cutâneo, dor no corpo e pode ter dor nas articulações e febre”, explica.
Ele orienta que, em qualquer suspeita, é importante buscar uma unidade de saúde para fazer uma avaliação, já que alguns pacientes apresentam maior risco de complicações do que outros.
A jornalista baiana Janayna Moradillo foi diagnosticada com zika na adolescência e conta que a recuperação foi lenta, mas não precisou ficar internada.
“Eu estava na escola quando meus dedos das mãos começaram a doer bastante, chegou ao ponto do meu pai precisar me carregar para me levar para casa e me colocar na cama, porque doía muito. Fiquei com bastante dor nas articulações, febre alta, as pintinhas todas da zika pelo corpo, tive várias”, lembra.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), possíveis efeitos do El Niño podem contribuir para o aumento de casos no verão, além do ressurgimento recente dos sorotipos 3 e 4 do vírus no Brasil.
O infectologista Robson Reis ressalta que, além de usar repelente para evitar o mosquito neste momento, a medida mais importante é em relação à água parada.
“Sem dúvidas é importante que as pessoas fiquem atentas aos reservatórios. Não podemos deixar esses reservatórios surgirem e se manterem. Em qualquer local, até mesmo uma tampa de refrigerante, pode existir foco do mosquito, as larvas, que rapidamente vão virar mosquitos”, alerta.
O Ministério da Saúde anunciou que vai investir R$ 256 milhões para combater as arboviroses no país. Destes, R$ 111,5 milhões serão efetivados até o fim de 2023, em parcela única, para fortalecer as ações de vigilância e contenção do Aedes aegypti, sendo R$ 39,5 milhões para estados e o Distrito Federal e outros R$ 72 milhões para municípios.
Minas Gerais registrou até o último dia 4, 395.853 casos prováveis de dengue, com 299.268 confirmações e 192 mortes confirmadas. Para a Chikungunya, foram reportados 91.948 casos prováveis, dos quais 75.238 foram confirmados, incluindo 42 mortes. Em relação ao Zika, houve 144 casos prováveis e 32 confirmados e nenhuma morte foi registrada até o momento no estado. Os dados são do Boletim Epidemiológico de Monitoramento dos casos de Dengue, Chikungunya e Zika.
Para combater as arboviroses, a Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) vai repassar R$ 80,5 milhões aos municípios. Os 47 municípios com mais de 80 mil habitantes receberão R$ 3,50 por habitante, os 71 municípios com população entre 30 mil e 80 mil terão R$ 2 por habitante, e os 735 municípios com até 30 mil habitantes receberão um valor fixo de R$ 50 mil cada.
Para a prevenção da dengue e dos outros vírus transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti, as autoridades de saúde ressaltam a necessidade de eliminar locais de acúmulo de água parada para impedir a reprodução do vetor da doença. É recomendado a remoção de água acumulada em pneus, recipientes plásticos, vasos de plantas, garrafas, calhas e lajes. Além disso, é aconselhável utilizar repelentes e instalar telas em portas e janelas para proteger-se das picadas do mosquito.
Claudilson Bastos, infectologista do Sabin Diagnóstico e Saúde destaca a importância do cuidado no dia a dia.
“Então é importante que a gente não olhe só a nossa casa, olhe a casa do outro também, a vizinhança e a comunidade. Porque não adianta eu cuidar da minha casa com isso e na outra casa ter esses materiais, principalmente em época de chuva”, avalia.
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O Brasil registrou 1.522.338 casos prováveis de dengue até agosto de 2023, o último balanço do Ministério da Saúde. O número é quase 10% maior que o registrado durante todo o ano passado, quando a pasta contabilizou 1.393.684 casos prováveis.
Segundo a pesquisadora do InfoDengue da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Sara Oliveira, o aumento se deu pelas mudanças climáticas.
“A gente tem uma mudança no regime de chuvas, um aumento da temperatura que também explica a expansão do mosquito para áreas onde não haviam casos registrados há alguns anos. Um exemplo clássico disso é o que está acontecendo na expansão para a Região Sul, que até pouco tempo atrás a gente não via, principalmente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, um volume de casos expressivos.”
O número de casos prováveis em 2023 se assemelha ao registrado em 2019, período pré-pandemia de Covid-19, quando a pasta contabilizou 1.545.462 possíveis contaminados. Já na pandemia, foram notificados 948.533 casos em 2020 e 531.922 em 2021. Sara Oliveira explica que, além da ciclicidade da doença — que tende a se repetir a cada 2 ou 3 anos —, o isolamento social também contribuiu para a queda de casos nesse período.
“As pessoas voltaram a se movimentar, o que não estava acontecendo nos anos de pandemia. Então com o aumento da circulação de pessoas, a gente vê também o aumento da circulação do vírus, porque ele depende de pessoas infectadas circulando, que tenham sido expostas ao mosquito. Os mosquitos picam essas pessoas, se infectam, e passam a infectar outras pessoas.”
Em 2023, a região com maior circulação do vírus da dengue é o Sudeste, com 869.811 casos prováveis, seguido pelo Sul com 379.754; Centro-Oeste com 150.848; Nordeste com 92.354 e Norte com 29.571.
A pesquisadora da Fiocruz destaca que, apesar da Região Sudeste liderar com o maior número absoluto de casos, a Região Sul está na frente com a maior quantidade por habitantes.
“A Região Sul, muito embora tenha uma população menor, ela está proporcionalmente com mais número de casos por habitante. A gente tem uma população inteira de suscetíveis em grande parte dos estados do Sul, que ainda não haviam tido contato [com o vírus]. Não é o caso do Paraná, que já vem tendo casos há algum tempo. Mas, por exemplo, em Santa Catarina, a gente viu um aumento expressivo nos últimos 3 anos. A região do Rio Grande do Sul também. Então com essa inteira população de suscetíveis à mercê do vírus, é esperado que aconteça um número maior de casos.”
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Segundo Sara Oliveira, os principais sintomas da dengue são febre alta (acima de 38,5°C); fortes dores musculares; dor de cabeça e ao movimentar os olhos; falta de apetite; mal-estar geral e manchas vermelhas pelo corpo.
“A dengue pode ter uma manifestação mais grave, que a gente chama de dengue com sinais de alarme. Quais são esses sinais de alarme? Sangramento em mucosa e uma dor abdominal mais intensa. E quando a pessoa tem esses sintomas, mais do que nunca ela deve procurar um serviço de saúde”, alerta.
A principal recomendação das autoridades de saúde para prevenir a dengue é combater a proliferação do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti: eliminar água parada, tampar os reservatórios e manter os quintais sempre limpos. Outra orientação para se proteger das picadas do mosquito é o uso de repelentes e telas em portas e janelas.
A infectologista Joana D’arc alerta que o trabalho de conscientização e de prevenção da doença deve ser contínuo. “É um trabalho ininterrupto, porque se eu faço toda a coleta adequada dos resíduos, a fiscalização na época de seca, se fiscalizo os terrenos onde tem a possibilidade de proliferação do vetor, se as medidas de vigilância funcionam na seca, na chuva a gente não vai ter dengue. Então esse monitoramento é permanente”.
Atualmente existem vacinas contra a dengue aprovadas pela Anvisa, como a Dengvaxia e a Qdenga. No entanto, elas ainda não estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).
Nos dias 7 e 8 de dezembro acontecerá o Congresso E-Vigilância 2023, no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ). O evento é organizado por uma comissão composta por cientistas da Fiocruz, Cefet, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), entre outras instituições de ensino e pesquisa.
Entre os temas, os congressistas vão tratar sobre as inovações no monitoramento de arboviroses como dengue, zika e chikungunya. O objetivo é reunir e fortalecer a comunidade científica, como afirma a pesquisadora da Fiocruz Sara Oliveira.
“Vão ter diversos pesquisadores de diversas áreas relacionadas às doenças transmissíveis; vamos ter profissionais de saúde das áreas, estudantes, pesquisadores, pessoas ligadas às Secretarias de Vigilância Sanitária. Então é uma oportunidade única de aumentar e compartilhar esse conhecimento no monitoramento dessas doenças.”
Interessados podem se inscrever no site do E-Vigilância 2023.
Municípios paraenses registraram queda de 18,05% nos casos de dengue em comparação ao ano passado. De acordo com dados da Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa), de janeiro a 11 de agosto de 2023, o estado confirmou 3.391 casos da doença, enquanto no mesmo intervalo de 2022, foram registrados 4.138 casos.
Segundo a coordenadora de arboviroses da Sespa, Aline Carneiro, os municípios com maior número de casos são Parauapebas, Belém, Altamira, Afuá e Vitória do Xingu. Aline avalia que o incentivo aos municípios para trabalharem com salas de situação para as arboviroses foi um dos motivos dessa redução.
“Mas pós-pandemia nós ainda estamos percebendo um número reduzido de notificações e suspeitas de casos e isso pode refletir também nos números”, explica.
A coordenadora orienta a população que faça semanalmente a verificação de possíveis focos de mosquitos transmissores do vírus para que a proliferação do mosquito seja cortada, uma vez que a visita dos agentes de endemias é programada para acontecer uma vez a cada dois meses.
“Essa verificação demora em torno de 10 minutos e você vê o quê? Caixa d'água, ralos, calhas, lavar o vasilhame do bicho doméstico com a escovinha, passando na parede, não só trocando a água, colocar o lixo doméstico fora da casa, o horário mais próximo da coleta e ele estar adequadamente embalado, se tiver reservamento de água em casa, se certificar se ele está tampado ou coberto”, aconselha.
A Sespa monitora os 144 municípios que foram beneficiados com o apoio financeiro do Ministério da Saúde para as ações de vigilância, prevenção e controle da dengue. Além disso, fornece às prefeituras inseticidas, tanto larvicidas quanto adulticidas, para o combate ao mosquito. A secretaria também realiza visitas técnicas para orientar as ações do programa contra a dengue e promove treinamentos sobre febre chikungunya e zika vírus.
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O estado do Amazonas registrou de janeiro até o momento pelo menos 15.180 casos de dengue. As informações foram divulgadas na edição do informe epidemiológico de dengue do dia 15 de junho. Neste período 5 pessoas morreram em decorrência da doença no estado.
Juntos, esses municípios somam uma taxa de incidência de 22.978,60 mil casos da doença.
Para evitar proliferação do mosquito transmissor da dengue, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, detalha que o enfrentamento da campanha de combate a arboviroses realizada pelo Ministério da Saúde desde maio está sendo feito a partir de observações das características locais.
“Estamos começando fazendo essa estratificação dos municípios, para entender onde que os criadouros estão, qual a diferença entre eles, usando a tecnologia para propor estratégias diferentes para cada local”, explica
O Boletim Epidemiológico da Dengue no Amazonas oferece um panorama detalhado da situação da dengue na área do Alto Solimões. Este trabalho é conduzido pelo Laboratório de Fronteiras (Lafron), parte da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP), por meio do Centro de Operações do Alto Solimões.
Essa área é especialmente focada no monitoramento da dengue por ser uma Tríplice Fronteira, ou seja, um ponto de encontro entre Brasil, Peru e Colômbia. É uma zona com grande fluxo de pessoas viajando entre os países envolvidos, o que a torna crucial para a saúde pública.
Desde o início do ano até quinta-feira (15) foram registrados 3.201 casos de dengue na região, que resultaram em 3 mortes pela doença.
A dengue é uma doença infecciosa febril aguda, que pode se apresentar de forma benigna ou grave, dependendo de alguns fatores, como o vírus envolvido, infecção anterior pelo vírus da dengue e fatores individuais como doenças crônicas (diabetes, asma brônquica e anemia falciforme).
Todo local de água parada deve ser eliminado, pois é lá que o mosquito transmissor coloca os seus ovos.
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A epidemia de Dengue pode voltar se os números de infecções da doença continuarem subindo. Em alguns estados do país, o número de infestações é de quase 500% maior que o número considerado de alto risco pelo Ministério da Saúde para uma epidemia da principais arboviroses: dengue, chikungunya e zika. O Ministério da Saúde estima que o risco de infecção pelo mosquito é Aedes aegypti considerado satisfatório, quando fica abaixo de 1%. Entre 1% e 4%, a situação é de alerta. E superior a 4%, o MS afirma que é considerado alto risco e surto da doença.
Confira quais são as principais arboviroses e os sintomas
A assistente de pesquisa do Info Dengue Sara Oliveira informou que o centro de operações é ativado quando há registro de casos acima da curva esperada para aquele período.
“A instalação desse Coe é muito importante, porque ele permite uma ação coordenada não apenas da nossa secretaria, mas também com outras secretarias do ministério e outras instâncias, como Conas, Conasems, Anvisa, Fiocruz, entre outras, que se reúnem diariamente para que a gente possa discutir os cenários e orientar as tomadas de decisões”, explicou.
Para prevenir as arboviroses, é importante controlar os mosquitos, eliminando seus criadouros, usando repelentes, vestindo roupas protetoras e mantendo os ambientes limpos e sem água parada. A vacinação também é importante para prevenir a febre amarela.
O Ministério da Saúde tem focado nas particularidades de cada município brasileiro para desenvolver uma estratégia eficiente no combate à dengue, Zika e chikungunya. É o que afirma a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente da pasta, Ethel Maciel. Nesta semana, o ministério lançou a campanha nacional de comunicação contra as arboviroses.
“A nossa estratégia tem sido, ao longo do tempo, tratar o Brasil como um bloco. E nós estamos utilizando os estudos científicos para entender que os problemas não são os mesmos e, portanto, as soluções precisam ser diferentes. E é nisso que vamos atuar. A gente precisa chegar lá no bairro, porque um bairro dentro do município também não é igual a outro bairro”, pontua a secretária.
Para isso, em março deste ano, foi instituído o Centro de Operações de Emergências (COE), uma estrutura que permite a análise de dados e informações que contribuem para a tomada de decisão dos gestores. O objetivo é promover uma resposta coordenada para o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento a emergências de saúde pública. O COE colabora para um monitoramento mais amplo e assertivo das particularidades presentes nas diferentes áreas do país.
Nos quatro primeiros meses de 2023, foram registrados 899,5 mil casos prováveis de dengue no país e 333 óbitos confirmados. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve um aumento de 30% no número de casos, quando 690,8 mil ocorrências foram identificadas. No entanto, neste ano, o número de óbitos é inferior quando comparado a 2022, quando ocorreram 557 mortes causadas pela doença.
Casos prováveis de dengue nos estados com maior incidência em 2023:
Em 2023, o aumento no casos de chikungunya foi de 40% quando comparado aos quatro primeiros meses de 2022. De janeiro a abril deste ano, foram registrados 86,9 mil casos da doença e 18 óbitos confirmados.
Casos prováveis de chikungunya nos estados com maior incidência em 2023:
Até o final de abril de 2023, o Ministério da Saúde contabilizou 6.200 notificações de Zika. O número corresponde a um aumento de 298% em relação ao mesmo período de 2022, quando 1.600 casos foram registrados. De acordo com a Saúde, até o momento, não houve a notificação de óbito causado pela doença.
Casos prováveis de Zika nos estados com maior incidência em 2023:
Outra estratégia adotada pela Saúde, de acordo com Ethel Maciel, é a utilização de duas tecnologias de combate às arboviroses que usam o próprio mosquito. Uma delas é o Método Wolbachia, que consiste na criação do mosquito transmissor das doenças, o Aedes aegypti, com uma bactéria que o impede de transmitir o vírus. A outra técnica é a utilização de mosquitos estéreis.
“O mosquito é infectado naturalmente por uma bactéria e essa bactéria no mosquito impede que ele adquira o vírus e transmita. Então essa é uma tecnologia. O outro, do inseto estéril, ele não se reproduz. Por um método não há reprodução e pelo outro o mosquito não se infecta e, portanto, não transmite”, explica.
Para o secretário-executivo do Conselho Nacional das Secretarias de Saúde (Conass), Jurandir Frutuoso, além da utilização de tecnologias, é importante investimentos no meio ambiente para evitar ambientes propícios à proliferação do mosquito, como lixões e locais com água parada. Ele reforça ainda a importância de melhorar a capacitação dos profissionais para o atendimento adequado aos pacientes.
“A gente sabe que principalmente nos casos de dengue e chinkugunya, grande parte dos óbitos se dá por conta do manejamento inadequado do paciente. O diagnóstico no tempo hábil e o tratamento adequado ao longo do processo em que a doença se instala. A gente tem que insistir na capacitação dos profissionais para que isso aconteça e a gente possa tratar esses pacientes”, afirma.
O Ministério da Saúde recomenda procurar a unidade de saúde mais próxima ao identificar os seguintes sintomas:
O Ministério da Saúde enviou equipes de vigilância epidemiológica para amparar os estados que estão em alerta com a epidemia de arboviroses. Nesse momento, os primeiros estados que possuem uma equipe em campo são Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo e Tocantins. A próxima parada das equipes técnicas será em Santa Catarina, Rio de Janeiro e Bahia.
De acordo com a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, todos os estados em situação de alerta receberão o apoio de uma equipe de vigilância epidemiológica, controle vetorial e assistência. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e outros colaboradores médicos integram a força-tarefa.
Entre os arbovírus mais comuns, então: a chikungunya e a dengue, que até o momento, tiveram um aumento expressivo de 97% e 48,3%, respectivamente. Por ser as duas doenças mais comuns que se espalham com facilidade, a infectologista Chris Gallafrio explica que a forma de prevenção mais eficaz contra as arboviroses, em especial a dengue, são os cuidados básicos do dia a dia, como não deixar água parada.
“Como a gente sabe, a dengue é transmitida pelo mosquito aedes aegypti, e esse mosquito é bem prevalente nas áreas urbanas onde tem água parada, então a forma de prevenção é o controle desse mosquito. Então não se deve deixar ele proliferar. É preciso evitar deixar água parada e prestar se tem algum vasinho, aqueles pratinhos com água parada que servem de local para a proliferação do mosquito”, explica a infectologista.
Sobre os sintomas das doenças, a médica esclarece que são os clássicos de sempre: dor de cabeça, predominantemente atrás dos olhos, dores no corpo, sendo musculares e nas juntas, febre e manchas vermelhas pelo corpo.
A moradora de Águas Lindas de Goiás, Mariana Carvalho (25), foi vítima do mosquito. Ao sentir muita dor e febre, foi ao médico e constatou que pegara a dengue. Ela conta que foi extremamente delicado, principalmente por ter que repetir exames com frequência, além de adquirir o medo de ser contaminada novamente.
“Meus sintomas da dengue começaram com febre e muita dor. Tive febre dois dias seguidos, e aí eu fui ao médico. Eu sentia muito mais dor no corpo inteiro do que uma febre normal. Minha maior dificuldade durantes esses dias foi ter que fazer exames de dois em dois dias porque quando você tem dengue, suas plaquetas diminuem e você tem que fazer a contagem delas frequentemente, e fazer isso durante a dengue é muito difícil pois você sente um cansaço extremo, uma dor extrema. É muito difícil se levantar. E depois que você pega, a grande preocupação é não pegar de novo, porque a segunda vez pode ser muito mais grave”, adverte.
Além das equipes de apoio nos estados, o Ministério da Saúde instalou o Centro de Operações de Emergências (COE Arboviroses) com o objetivo de elaborar estratégias de controle e redução de casos graves e mortes.