Saúde da Mulher

29/05/2023 20:30h

Segundo endocrinologista, boa parte das respostas aos remédios e tratamentos são específicas de cada sexo, diferenças de gênero levam à desvantagens para mulheres

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Historicamente mulheres são sub-representadas em estudos e análises sobre saúde. Isso faz com que menos tratamentos estejam disponíveis para doenças especificas do sexo feminino, além de impedir que as particularidades do corpo feminino sejam observadas no desenvolvimento de medicamentos. O endocrinologista Flavio Cadegiani destaca que a diferença de gênero na pesquisa médica resulta em desvantagens concretas para pacientes mulheres, visto que ao longo dos anos os estudos estiveram mais voltados para os homens.

SAIBA MAIS: Projeto de Lei visa aumentar participação de mulheres em pesquisas médicas

“Os homens já tiveram muito remédio, muita pesquisa para muita doença que foi analisada para eles exclusivamente, na história. Então não é justo agora a gente não ter essa análise sendo feita específica para mulheres. A partir do momento que você não estuda o sexo feminino, você tem terapias que deixam de ser usadas que seriam especificamente para mulheres. E  aí como você não consegue estratificar por sexo, você não consegue definir a eficácia para a mulher”, explicou o especialista, que é doutor em endocrinologia clínica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Cadegiani analisa que separar os resultados das pesquisas por gênero traria resultados mais efetivos e poderia dar a chance de se criar tratamentos mais eficazes para as mulheres, levando em conta as diferenças fisiológicas entre os sexos, e portanto a reação deles aos medicamentos. 

“Pouquíssimas pesquisas analisam os resultados por sexo, deveria ser obrigatório, porque nós sabemos que as respostas da maioria das medicações é específica de cada sexo, tanto na área da psiquiatria, oncologia, endocrinologia. As respostas são diferentes. Então essa análise por sexo deveria se tornar obrigatória”, concluiu, destacando que com a mistura dos dados relativos a mulheres e homens nas análises, a eficácia desses medicamentos pode se perder nas estatísticas.

Diferenças hormonais

Entre as principais razões que levaram pesquisadores a excluir o sexo feminino dos estudos clínicos estão as mudanças hormonais e a possibilidade de mulheres engravidarem. 

Contudo, o endocrinologista ressalta que, em pesquisas de curto prazo, cujos tratamentos duram até 10 dias, isso deveria servir de incentivo para estudar cada fase feminina, inclusive devendo ampliar a quantidade de mulheres nas pesquisas para retratar todas as variações hormonais.

O especialista enumera cada um dos perfis da mulher que pode ser estudado, segundo as questões hormonais. “As mulheres têm várias fases: há aquela na fase folicular do ciclo, a que está na fase lútea, a que usa anticoncepcional e a que está na menopausa. Então, temos quatro perfis de mulheres”, explica.

Por isso, o endocrinologista entende que os estudos deveriam incluir até mesmo maior quantidade de mulheres do que de homens em pesquisas, para representar esses diferentes grupos de forma igual, em especial em estudos cujos impactos são potencialmente significativos para o público feminino. “As mulheres deveriam representar três quartos ou quatro quintos dos grupos de pesquisa, porque cada um desses grupos deveria ser igualmente representado nos estudos”, considera o dr. Flavio Cadegiani.

Já quanto à possibilidade de gravidez, o endocrinologista defende que os estudos poderiam incluir uma prescrição de anticoncepção para a mulher que deseja participar da pesquisa clínica, indicando que isso não é razão para excluir as mulheres.

Legislação 

Neste sentido, o deputado federal Célio Silveira (MDB-GO) apresentou o Projeto de Lei 3611/2019, que trata da paridade percentual dos gêneros, buscando equiparar a quantidade de homens e mulheres em pesquisas clínicas. “Estudos mostram uma representação deficitária das mulheres na coleta de amostras. Apresentei esse importante projeto que tem por objetivo aumentar a representatividade feminina nas pesquisas clínicas ou biológicas realizadas em seres humanos”, contextualizou.

O projeto já foi aprovado na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher. Agora, está aguardando parecer do relator na Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Câmara dos Deputados.

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26/05/2023 04:15h

Brasil ainda não tem legislação específica sobre o tema, projeto determina a equidade de gêneros nos estudos

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O Projeto de Lei 3611/2019, que está em tramitação, determina que as pesquisas clínicas ou biomédicas realizadas devem observar a paridade do percentual dos gêneros, buscando equiparar a quantidade de homens e mulheres. O projeto é uma forma de dar mais segurança às mulheres ao produzir estudos e pesquisas voltadas a elas e que levem em conta suas particularidades.

O autor do projeto, deputado federal Célio Silveira (MDB-GO), explica que o objetivo é aumentar a representatividade feminina nos estudos e produzir mais informações sobre elas. “Acredito que as mesmas doses aplicadas em ambos os sexos surtem diferentes resultados. Defendo a aprovação da nossa proposta para melhorar a segurança e eficácia dos medicamentos, além de ajudar na formulação de informações adequadas sobre os efeitos nas mulheres”, elucidou.

O projeto já foi aprovado na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher. Agora, a matéria está aguardando parecer do relator na Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Câmara dos Deputados. A título de comparação, desde 1993 as pesquisas feitas nos Estados Unidos devem incluir mulheres. 

Falta representação feminina

Essa exclusão de estudos científicos diferenciados, envolvendo as mulheres, é apontado como resultado do machismo enraizado na sociedade, que acaba trazendo muitos prejuízos às mulheres. Na área de pesquisa clínica não é diferente. O estudo JAMA Network Open, publicado em junho de 2021, avaliou como a carga de doenças está associada à representação feminina em ensaios clínicos nos Estados Unidos. 

Os pesquisadores realizaram uma pesquisa transversal usando informações de 20 mil estudos com mais de 5 milhões de participantes. Os pesquisadores descobriram que as mulheres eram consistentemente sub-representadas em estudos de oncologia, cardiologia, neurologia, imunologia e hematologia - resultado preocupante, já que doenças cardiológicas e câncer são as principais causas de morte entre as norte-americanas.

O médico endocrinologista Flavio Cadegiani, doutor em endocrinologia clínica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), defende que as pesquisas deveriam analisar em separado os resultados em cada gênero, levando em conta suas particularidades. 

Além disso, o médico também ressalta que, pela sub-representação feminina, alguns problemas que acometem exclusivamente mulheres acabam não sendo diagnosticados de forma eficiente. “Um exemplo muito prático disso é como a gente ainda não consegue lidar bem, nem no âmbito da pesquisa, com as mulheres com endometriose. Endometriose é uma doença subdiagnosticada porque ela é de difícil localização às vezes nas imagens, então é a dor da mulher histérica, historicamente falando. Então a gente não consegue nem quantificar nem dimensionar as dores adequadamente, e a gente não acredita na mulher como um ato de misoginia”, elucidou.

O especialista explica que a diferença de gênero na pesquisa médica resulta em desvantagens concretas para pacientes mulheres, visto que as fisiologias do corpo da mulher e do homem são diferentes. 

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15/03/2023 04:30h

O neurocirurgião, Victor Hugo Espíndola, explica que os altos níveis de estresse fizeram com que, cada vez mais, mulheres sofressem com o AVC

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Mulheres com idades entre 25 e 44 anos têm mais chances de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC), do que os homens com a mesma faixa etária, diz estudo publicado no periódico Stroke, da American Heart Association.

Victor Hugo Espíndola, neurocirurgião, explica que existem dois tipos de AVC. O isquêmico é mais comum, responsável por 85% dos casos. Ele acontece quando tem obstrução de alguma artéria que irriga o cérebro. E aquela artéria que é obstruída  não vai mais conseguir levar o sangue para determinada região do cérebro. Assim,  aquela região vai sofrer o AVC Isquêmico.

Por outro lado, o hemorrágico acontece quando ocorre uma ruptura dessa artéria e o consequente o extravasamento de sangue dentro do cérebro. Normalmente ,o AVC hemorrágico tende a ser mais grave do que o isquêmico, porém depende da pessoa que foi afetada. 

Daniela Pina, funcionária pública, relata que sofreu um AVC aos 34 anos, enquanto amamentava seu bebê  de apenas 7 dias. “Eu estava sentindo um cansaço extremo, e eu atribuía esse cansaço ao fato de eu não dormir porque minha neném acordava pra mamar de hora em hora”, completa. 

Daniela conta que a pressão arterial dela após o parto aumentou  muito, mas não teve complicações que pudessem causar o AVC como pré-eclâmpsia ou eclâmpsia. Após o episódio, ela conta que teve a rotina completamente afetada, pois precisou se afastar do trabalho para cuidar da saúde. Agora está tomando remédios e fazendo o acompanhamento na rede de hospitais Sarah Kubitschek.

“Eu estou fazendo tratamento de reabilitação no Sarah, onde  fui admitida  no começo do ano. Aqui eu faço aula de reeducação à escrita, que é pra me estimular a pensar. Não tive danos na escrita, mas me estimula a pensar e as minhas sequelas foram maiores na parte cognitiva”, comenta.

O médico Espíndola  explica que estatisticamente os homens sofriam mais AVCs, por negligências com a saúde, mas com o passar do tempo as mulheres vêm sendo cada vez mais acometidas pelo AVC.  Ele explica que  esse motivo pode ser explicado muitas vezes pela mudança do estilo de vida, pois as mulheres estão cada vez trabalhando mais, com uma vida estressada e mais atribulada, aumentando os níveis de estresse.

“Vale lembrar que as mulheres são submetidas à parte de variação hormonal. Então todas essas alterações hormonais durante o ciclo menstrual e a menopaus, também predispõem ao AVC. Além do uso constante e contínuo de anticoncepcional, que pode ser um fator de risco”, completa.

Principais sinais de alerta para qualquer tipo de AVC

  • Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo;
  • Confusão mental;
  • Alteração da fala ou compreensão;
  • Alteração na visão (em um ou ambos os olhos);
  • Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar;
  • Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.  (Fonte: Ministério da Saúde)

O neurocirurgião ressalta que os cuidados para evitar o AVC são cuidados básicos com o estilo de vida, ou seja, controlar a pressão arterial, controlar a diabetes, procurar fazer atividades físicas, controlar a obesidade e o colesterol. 

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07/03/2023 19:30h

Além disso, homens e mulheres a partir dos 21 anos já podem ser submetidos a procedimento voluntário de esterilização. Prazo mínimo entre a manifestação da vontade e a cirurgia é de 60 dias

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Já está em vigor a lei que coloca fim à obrigatoriedade de aval do cônjuge para procedimentos de laqueadura e vasectomia. A mudança ocorre por meio da alteração da Lei do Planejamento Familiar e também reduz de 25 para 21 anos a idade mínima de homens e mulheres para a esterilização voluntária. 

O limite de idade, no entanto, não é exigido de quem já tenha ao menos dois filhos vivos.  A lei mantém o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico. Nesse tempo, a pessoa poderá acessar o serviço de regulação da fecundidade, com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, para possibilitar ao paciente uma possível desistência do procedimento. Por outro lado, a proposição inova ao permitir à mulher a esterilização cirúrgica durante o período de parto.

No caso das mulheres, o procedimento é chamado de laqueadura tubária, que segundo o José Gomes de Moura Neto, obstetra do Hospital Anchieta de Brasília,  apesar de simples, seguro e irreversível, pode apresentar falhas numa taxa de 0,5% dos pacientes. “Após você fazer esse procedimento, a paciente já fica segura de que não vai haver uma nova gestação, porém é sempre importante frisar que pode acontecer um aumento do fluxo menstrual e pode acontecer um pouco mais de cólica”, alerta o médico.

Em todo o ano de 2022, 53.523 mulheres realizaram a laqueadura tubária de acordo com dados do DataSUS. O número é duas vezes maior do que a quantidade de procedimentos realizados em 2021, que teve 23.496 cirurgias dessa natureza realizadas.

Para a advogada Lôyde Oliveira, a necessidade de autorização do cônjuge remete aos primórdios do Código Civil, quando uma mulher era considerada “relativamente capaz”. “Isso é um reflexo do retrocesso patriarcal do passado, e absurdo! Claro que um casal deve conversar e deve planejar sobre a sua família, se pretendem ou não ter filhos, quantos filhos vão ter, mas isso é uma conversa e isso é no aspecto íntimo daquele casal. Não deve ter uma necessidade médica, não deve ter uma autorização, uma formalidade desse jeito que coloque a mulher numa situação de subjugada sobre isso”, afirma a jurista.

A nova lei foi aprovada em março de 2022 pela Câmara dos Deputados e em agosto do mesmo ano pelo Senado Federal. No dia 2 de setembro ela foi publicada  e teve um prazo de 180 dias para passar a valer.

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05/02/2023 18:00h

Em entrevista ao Brasil 61, o médico mastologista da Secretária de Saúde do Distrito Federal, Flávio Vasconcelos, fala sobre a importância da mamografia para o diagnóstico precoce do câncer de mama e esclarece as principais dúvidas sobre o exame

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O câncer de mama é um dos desafios no cenário atual de envelhecimento populacional e enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), no país o câncer de mama é o mais incidente em mulheres de todas as regiões, com taxas mais altas nas regiões Sul e Sudeste. Dados do INCA apontam que no ano de 2022 foram estimados 66.280 novos casos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 43,74 casos por 100 mil mulheres. 

Atualmente, o diagnóstico precoce é fundamental. Quanto mais cedo um tumor invasivo é detectado e o tratamento é iniciado, maior a probabilidade de cura. Por esse motivo, várias ações vêm sendo implementadas para diagnosticar o câncer nos estágios iniciais. 

Para esclarecer dúvidas sobre diagnóstico precoce e a importância da realização do exame da mamografia, o Brasil 61 recebe o médico mastologista da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Flávio Vasconcelos.

Brasil 61: O que representa o Dia Nacional da Mamografia? 

Flávio Vasconcelos: A mamografia representa o cuidado da mulher para o diagnóstico precoce dessa patologia que é o câncer, que é a doença em termos de câncer que mais afeta as mulheres.

Brasil 61: Qual a idade recomendada para fazer a primeira mamografia?

F.V: A Sociedade de Mastologia, a Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia, a Sociedade de Radiologia e as entidades médicas vinculadas ao tema recomendam que ela seja feita numa paciente que não tenha alto risco para câncer de mama crescente iniciada aos 40 anos de idade. Já o Ministério da Saúde recomenda a partir dos 50 anos.

Brasil 61: Qual é a periodicidade recomendada? 

F.V: A sociedade da mesma forma recomenda que o exame seja feito com periodicidade anual, desde que esteja sem nenhuma alteração ou com alterações benignas. Já o Ministério da Saúde coloca que a periodicidade não deve ultrapassar dois anos, então ele recomenda que o máximo seja de dois em dois anos.

Brasil 61: Como se preparar para o exame e quais cuidados são necessários? 

F.V: Basicamente não tem nenhum cuidado especial. A única coisa que a gente recomenda muito é que qualquer desodorante que possa ter fragmentos de cálcio pode atrapalhar a monografia. Então, evite [usar] um desodorante quando for fazer o exame; no máximo é isso. O resto não tem nenhum cuidado especial a mais.

Brasil 61: A vacina contra a Covid-19 pode interferir no exame de mamografia?

F.V: Pode interferir nas axilas. A axila é preocupante no câncer de mama porque o primeiro lugar que ele vai é para a íngua, debaixo do braço, que nós médicos chamamos de linfonodos. Então, quando você avalia a mama, você também avalia essas ínguas para ver se elas estão com formato normal. E a vacina da Covid-19 pode aumentar esses linfonodos, que são as ínguas, e alterar a forma deles, inclusive pode dar a falsa impressão de ser uma suspeita para câncer. Então o recomendado é que os exames de mama sejam feitos quatro meses após a vacina para evitar essas situações de falso positivo.

Brasil 61: Como é feito o exame de mamografia?

F.V: Primeiramente, tem muito o tabu, o medo da compressão. Mas a compressão é que faz toda a diferença da mamografia, porque o que diferencia a mamografia de um raio x normalmente é justamente a compressão. E a compressão é que torna os nódulos e as alterações mais evidentes. Essa compressão tem legislação para isso. Esses mamógrafos são checados periodicamente. Então é uma compressão que é padrão, não vai trazer nenhum dano ou mal para essa paciente. É um desconforto, sim, mas é um desconforto rápido e não é tão exagerado. Então é importante quebrar esse mito do medo de não fazer pela dor. Outro cuidado importante é evitar fazer a mamografia no período pré-menstrual, porque nessa fase as mamas já estão naturalmente mais sensíveis, então qualquer compressão vai ficar mais sensível. Mas caso você faça o exame nessa fase, o resultado não vai mudar, a imagem não vai alterar, só mesmo o conforto da paciente que vai ser melhor. A paciente chega, entra na sala do exame, o técnico vai posicionar a mamografia sobre o local que vai fazer a compressão na mama e vai fazer o raio x dela em duas posições para poder avaliar direitinho. Não tem nenhum preparo especial, como eu disse, além do desodorante. Acabou, a paciente vai embora para casa, não precisa de nenhum repouso, não atrapalha nenhuma atividade do dia.

Brasil 61: Somente o exame da mamografia é capaz de diagnosticar o câncer de mama ou é preciso exames complementares?

F.V: Se eu tenho condições de fazer apenas um exame, a mamografia, que é o exame de eleição. É o único exame até hoje que é capaz de reduzir a mortalidade por câncer de mama em pacientes que realizam exames de maneira frequente. [ A mamografia] não evita de aparecer o câncer, ela reduz a mortalidade, que permite pegar as lesões mais iniciais, e quanto mais inicial você pega, maior a chance de cura. É sabido que pacientes jovens, gestantes, lactantes têm as mamas muito densas, ou seja, aquela mama jovem, que tem bastante glândulas mamárias. Então, com essas pacientes, a mamografia pode não evidenciar todas as alterações, por isso seria recomendado uma ultrassonografia para complementar essa mamografia. E nos pacientes de alto risco para câncer de mama, existem várias definições do que é alto risco. Na consulta médica, a gente consegue estabelecer bem, tanto o generalista, quanto o mastologista, ou ginecologista. Nesses casos é indicado a ressonância nuclear magnética de mamas para complementação.

Brasil 61: O autoexame substitui a mamografia? 

F.V: Não, tanto que hoje a gente não tem mais aquele ato de fazer o autoexame regularmente. O que a gente recomenda às pacientes hoje é um autocuidado corporal. O que é isso? É conhecer o próprio corpo, estar familiarizada com o corpo dela, porque à medida que detecta alguma alteração, é mais fácil abrir, porque a paciente conhece o corpo dela. Então o autoexame é mais no sentido de conhecimento corporal e identificar-se nas alterações pela própria paciente. Mas sem aquela neura, aquele excesso de todo sétimo dia pós menstrual, é usar o seu dia a dia mesmo. Não substitui a mamografia, desde a década de 1980, os estudos mostraram que não é eficaz e não diminui a mortalidade por câncer de mama.

Brasil 61: Qual a importância do exame? 

F.V: A importância é o diagnóstico precoce do câncer de mama. O câncer de mama é o câncer mais frequente nas mulheres. A cada dez mulheres com câncer, três vão ter câncer de mama, então é um índice alto, e é o que a gente mais tem que fazer ações de detecção precoce. A gente não consegue evitar que ele apareça, a gente trabalha com diagnóstico precoce e para fazer o diagnóstico precoce, o melhor exame é a mamografia. Então isso é o principal argumento. Faça a mamografia para que a gente consiga, caso aconteça, identificar o câncer de maneira mais precoce. Diagnosticado precocemente, nós conseguimos salvar a mama da paciente, retirando menos fragmentos, a gente consegue ter tratamentos menos agressivos, evitar a quimioterapia, radioterapia e a gente consegue fazer uma gama de atitudes que preservem a qualidade de vida, a saúde e a feminilidade que a mama representa para as pacientes.

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01/02/2023 04:00h

Segundo a ginecologista e coordenadora da elaboração do Manual do Climatério do Ministério da Saúde, Giani Cezimbra, a intensidade dos sinais do climatério variam de acordo com o organismo de cada mulher

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A menopausa é um fenômeno biológico caracterizado pelo final das menstruações na vida de uma mulher, o que geralmente ocorre entre os 45 e os 55 anos de idade. Para se considerar que uma mulher está na menopausa, ela deve estar há 12 meses sem menstruar.

Os sintomas que antecedem a menopausa são caracterizados como climatério. Nesse caso, ocorrem diversas mudanças físicas e até mesmo emocionais. O conhecimento dos sinais e sintomas permite cuidados individualizados, melhorando a qualidade de vida e o bem-estar nos anos seguintes. 

De acordo com Giani Cezimbra, ginecologista e coordenadora da elaboração do Manual do Climatério do Ministério da Saúde, os sinais e a intensidade do climatério dependem do organismo de cada mulher.

“Podem ser mais intensos e podem ser em maior número do que em outros. Muitas sentem sintomas extremamente leves nessa fase e não precisam de nenhum tipo de tratamento, elas ficam bem. Outras podem ter realmente sintomas que incomodam e prejudicam a qualidade de vida e requerem algum tipo de tratamento, de acordo com a especificidade dos sintomas”, destaca a especialista.

Sintomas do climatério

  • Ondas de calor, que geralmente são acompanhadas de vermelhidão no rosto, suores, palpitações no coração, vertigens e cansaço muscular;
  • Dificuldade para esvaziar a bexiga, dor, perda de urina, infecções urinárias e ginecológicas, ressecamento vaginal, dor na penetração e diminuição da libido;
  • Aumento da irritabilidade, instabilidade emocional, choro descontrolado, depressão, distúrbios de ansiedade, melancolia, perda da memória e insônia;
  • Alterações no vigor da pele, dos cabelos e das unhas, que ficam mais finos e quebradiços;
  • Alterações na distribuição da gordura corporal, que passa a se concentrar mais na região abdominal;
  • Perda de massa óssea característica da osteoporose e da osteopenia;
  • Risco aumentado de doenças cardiovasculares.

Lúcia Helena, ginecologista e vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Climatério da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), explica que a falta da produção do estrogênio, durante o período do climatério, é o que causa as mudanças físicas e psicológicas na mulher.

“Um dos principais hormônios é o estrogênio e em quase todo o organismo da mulher existem receptores para esses hormônios, então quando a mulher entra na menopausa, ela deixa de produzir alguns hormônios, mas principalmente o estrogênio, e a falta do mesmo leva a consequências físicas e psicológicas”, explica a médica.

Giani Cezimbra orienta mulheres que estão com idade entre 40 e 55 anos a observarem se a menstruação está descendo com maiores espaços de tempo, se está irregular, se sentem ondas de calor, principalmente enquanto estão dormindo ou estão começando a ter ressecamento vaginal. Nesses casos, a dica é procurar o ginecologista para fazer uma avaliação e se certificar de que esses são os sintomas do período de climatério. 
 

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12/12/2022 04:00h

Dignidade menstrual deveria ser um direito básico de toda mulher, mas ainda hoje é um problema de políticas públicas e de violação de direitos humanos

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Em novembro deste ano, o Ministério da Saúde lançou portaria que institui incentivo financeiro para o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual.

Mas afinal, o que é pobreza menstrual? De acordo com a ginecologista Nycolle Pinto, é a falta de condições de realizar higiene menstrual adequada. A falta de condições pode ser estrutural, por falta de itens básicos de higiene, como absorventes, saneamento básico, água encanada. E até mesmo falta de conhecimento e informação a respeito do ciclo menstrual.

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que a pobreza menstrual é considerada um problema de políticas públicas e violação de direitos humanos, já que é uma questão que afeta diretamente a vida de meninas e mulheres jovens que vivem abaixo da linha da pobreza.

Ainda de acordo com a ONU, a pobreza menstrual vai além da saúde física. Estudos apontam que a falta da dignidade menstrual afeta também a saúde mental e é uma das principais causas da evasão escolar de jovens na faixa etária dos 13 aos 19 anos, por conta do desconforto e da discriminação.

A ginecologista explica que, ainda que seja um problema maior, existem algumas práticas para que possamos melhorar a pobreza menstrual como o autoconhecimento e educação.

“Melhorar a forma de educação com palestras, promoção de saúde e autoconhecimento no SUS, ampliar o acesso a informação em escolas. São os primeiro passos, além de mobilizar a sociedade a fazer alguma coisa, como doações e divulgação do tema”, afirma.

Para amenizar o problema, o diretor do Centro de Educação 11, da Ceilândia (DF), Kiko Gadelha, conta que as professoras do centro educacional criaram um projeto dentro da escola para que todos os meses sejam feitas doações de itens básicos de higienes para as meninas da escola.

Além disso, Kiko fala sobre a relevância de se abordar temas como este nas salas de aula: “A importância de falar sobre a dignidade menstrual na vida das meninas é gigante. Às vezes as famílias não têm a cultura para falar sobre isso e acaba que vira um tabu. Então aqui na escola a gente tenta fazer isso para que essas meninas saibam o que é”, enfatizou.

O diretor conta que por estarem localizados em bairro mais pobre, muitas meninas às vezes usam folhas, panos e outros itens não-adequados para a higiene pessoal, quando menstruadas. Por isso, o projeto criado dentro da própria escola é essencial para a saúde delas.

Apesar de ser um problema simples de solucionar para a maioria da população, pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza ainda sentem muita dificuldades, por não terem condição de separarem recursos para a compra de absorventes e outros itens de higiene pessoal. A falta de absorvente é uma ponta do problema para quem vive sem água, esgoto e energia.

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07/12/2022 04:00h

Saiba quais são os cinco exames mais importantes para recém-nascidos. E entenda como eles ajudam a garantir a saúde do bebê

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No Brasil, todo bebê tem o direito de ser submetido à realização de cinco exames gratuitos muito importantes para a saúde, logo após o nascimento. São os chamados “exames da triagem neonatal”: teste do pezinho, teste do olhinho, teste da orelhinha, teste da linguinha e teste do coraçãozinho. Esses exames diagnosticam doenças que, quanto mais cedo forem identificadas, apresentam melhores chances de tratamento, podendo salvar vidas ou prevenir sequelas graves.

A triagem neonatal foi iniciada no Brasil na década de 1980 e institucionalizada em 2001, com a criação do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), criado para aumentar o número de doenças identificadas e de ações para a prevenção, o tratamento e o cuidado integral. 

Os testes são exames clínicos ou laboratoriais realizados nos primeiros dias de vida do bebê. Hoje, os cinco exames são gratuitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

  • Teste do olhinho: também chamado de pesquisa do reflexo do olho vermelho, serve para identificar doenças como glaucoma, tumores intraoculares e catarata infantil. Deve ser feito na maternidade antes da alta. 
  • Teste do coraçãozinho: é a oximetria de pulso, medição do nível de oxigênio do sangue com o objetivo indicar se o bebê apresenta alguma doença cardíaca grave. 
  • Teste da orelhinha: triagem para avaliar se há perda na função auditiva do bebê. Pode ser realizado quando o bebê ainda está na maternidade ou após a alta. Deve ser feito até o sexto mês, mas como uma recomendação de uma melhor prática de ser feito até o segundo mês de vida. 
  • Teste da linguinha: mais recente, é realizado para identificar se há alteração em uma membrana na língua chamada frênulo. Essa membrana causa o que chamamos popularmente de língua presa, e pode gerar problemas de sucção e mastigação. Quanto mais precoce for identificado, melhor para o bebê, para não interferir na amamentação. 
  • O teste do pezinho: é um teste muito conhecido que identifica o tipo sanguíneo da criança, verifica se há hemoglobinopatias e fibrose cística. São doenças que, quando tratadas rapidamente, possuem um desfecho mais favorável.  

Segundo o coordenador de UTI pediátrica Thallys Ramalho, esses exames são fundamentais para garantir a segurança futura do bebê. “Todos esses testes, eles identificam doenças que, quando tratadas, eles promovem uma qualidade de vida muito melhor para o bebê. Então, por exemplo, o teste do olhinho, que identifica a catarata infantil, a criança a partir do momento que ela é levada para o hospital, onde é feito o tratamento para a doença ela pode ter um desenvolvimento muito próximo do normal, ou seja, ela vai ter um desenvolvimento neuropsicomotor muito superior ao que ela não teria se não tivesse tratado a doença.” 

Para a funcionária pública e mãe de primeira viagem, Paola Botelho, os cuidados preventivos são essenciais. “Pelo que eu tenho aprendido, tenho estudado e pelo que eu estudei no curso de doulas, realmente existem esses cuidados inerentes que devem ser feitos assim que o bebê nasce, então, realmente é preciso para a saúde do nosso filho, do nosso bebê”.

Além dos testes preventivos, é preciso adotar cuidados importantes nos primeiros dias de vida do recém-nascido, incluindo o processo de amamentação. “Existem também outros cuidados que os pais devem ter, que é com a higiene do coto umbilical, a posição para dormir, que deve ser sempre de barriga para cima. Deve-se pensar também no transporte do hospital para casa. Algumas vacinas podem ser dadas dentro da maternidade, e um cuidado que hoje é fundamental pelo tempo que estamos vivendo, que é evitar visitas”, explica o médico pediatra Thallys Ramalho. 

Prevenção da Síndrome de Morte Súbita

Desconhecida por muitos, a síndrome da morte súbita infantil (SMSI) é principal causa de morte entre bebês com menos de um ano e, embora afete várias famílias todos os anos, a origem ainda é desconhecida. 

Dentre as condições associadas à morte súbita estão: dormir de barriga para baixo, utilização de travesseiros e protetores de berços muito acolchoados, compartilhamento de leito com os pais, o histórico de um irmão com morte súbita do lactente, o uso de álcool, cigarro ou drogas pela mãe durante a gestação, o baixo peso ao nascer e a prematuridade, entre outros.

A Síndrome de Morte Súbita pode ser evitada com cuidados simples. “O ideal é que se evite compartilhamento de leitos, que coloque o bebê para dormir sempre de barriguinha para cima, com a cabeça centralizada ou lateralizada, que se evite o uso de drogas, álcool e cigarro durante a gestação e que se tenha um pré-natal bem-feito, bem acompanhado para que o bebê nasça com bom peso, com uma boa idade gestacional. Também deve-se evitar os colchões, travesseiros e enchimentos e outros adereços que possam ocupar espaço do berço e dificultar a respiração do bebê”, explica o médico pediatra Clodoaldo Abreu da Silveira Júnior.

Vacinação Pediátrica

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) aprovou o uso da vacina da Pfizer para bebês de seis meses a quatro anos, no fim de novembro (29). Atualmente, a imunização deste grupo só está autorizada para crianças com comorbidade. Segundo o Ministério da Saúde, a partir desta semana o tema será submetido à consulta pública durante 10 dias, e depois retornará à Conitec para uma decisão final. 

De acordo com dados do Ministério da Saúde, levantados pelo Observa Infância (Fiocruz/Unifase), cerca de 938.411 crianças de três e quaro anos tomaram a primeira dose da vacina contra a Covid-19, enquanto 323.965 tomaram as duas doses do imunizante. No total, cerca de 5,9 milhões de crianças nessa faixa etária moram no Brasil e devem receber as duas doses da vacina. 

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28/10/2022 04:00h

Especialistas explicam como a amamentação e hábitos saudáveis ajudam a prevenir a doença

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O câncer de mama é o segundo mais incidente no mundo (2,1 milhões) e a principal causa de morte por câncer entre as brasileiras, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Na última semana do Outubro Rosa, especialistas alertam para formas de prevenção contra a doença.

Segundo a obstetra e ginecologista Lorrainy Rabelo, o câncer de mama é resultado de uma multiplicação de células anormais que formam um tumor com potencial de invadir a mama e se disseminar para outros órgãos.

A obstetra explica que não existe uma única causa para a doença, “Os fatores de risco são vários. Obesidade, sedentarismo, consumo de tabaco, assim como bebida alcoólica. E também os fatores hereditários: história de câncer de ovário, de câncer de mama,   em mama nos homens da família. E também em casos de câncer de mama em mãe, irmã ou filha, principalmente antes dos 50 anos de idade”.

Lorrainy ainda alerta para a importância da prevenção do câncer de mama, e dentre os fatores que reduzem o risco da doença, está a amamentação.

Segundo estudo do Fundo Mundial de Pesquisa contra o Câncer (WCRF), amamentar protege a mãe do câncer de mama em todas as fases da vida e reduz a exposição a hormônios que aumentam o risco da doença. Além disso, amamentar por dois anos reduz em 10% o risco de câncer ao longo da vida. Quanto maior o tempo de aleitamento materno, maior o benefício. 

A pediatra e neonatologista Mariana Palhares Temer explica que isso acontece porque quando a mãe entra no processo de aleitamento materno, as células da glândula mamária estão no ápice da diferenciação celular. “Tá chegando no máximo da sua capacidade e maturidade de realizar sua função, sua finalidade de existência. Dessa forma, a gente consegue fazer com que diminua o risco de mutações que possa acontecer nas células da glândula mamária”, informa.

A pediatra cita outros benefícios da amamentação para a mãe, como a redução do risco de câncer de ovário, a diminuição do tempo de sangramento pós-parto e o auxílio no emagrecimento para retomar o peso pré-gestacional. Já para o bebê, as vantagens são proteção contra infecções, problemas alérgicos e constipação intestinal; além de aumentar o laço afetivo entre mãe e filho.

A arquiteta e urbanista Caroline Fuzaro, 24, atualmente dedica seu tempo para cuidar da filha Sofia, de 4 meses. Ela conta que não sabia da importância da amamentação para a prevenção do câncer de mama, “acho muito interessante, e eu acho que se as mulheres soubessem o quão importante é sobre a questão de se proteger contra o câncer de mama, acho que elas priorizaram mais ainda a amamentação”. 

Ela ainda conta que pretende amamentar a filha até os dois anos de idade, assim como Livia Oliveira, 19, mãe de uma menina de 1 ano e 2 meses. “Eu acho que amamentação além de alimentar a criança, é um ato muito amoroso, sabe? É muito bom você poder acalmar seu filho colocando no peito. E, querendo ou não, é um momento muito aconchegante, sabe?”, afirma Livia.

Outras formas de prevenção contra câncer

Por ser uma doença sem uma única causa, existem diversas formas de prevenção contra o câncer de mama. O epidemiologista e chefe da divisão de detecção precoce de câncer e apoio à rede do INCA, Arn Migowski, informa que uma dieta saudável é importante para reduzir o risco de câncer. “Alimentação saudável, né? Alimentos não processados, alimentos ricos em fibras. Evitar carnes processadas, que são, por exemplo, salame, presunto, apresuntado, mortadela, linguiça, salsicha, bacon. Evitar esse tipo de alimento. Evitar o consumo de álcool também, que está associada ao aumento de risco de alguns tipos de câncer, reduzir esse consumo de bebidas alcoólicas”, explica.

Além disso, alerta para a importância de atividades físicas, que diminuem o risco de obesidade e impactam diretamente na prevenção de formação para o câncer de mama. Exames de rotina também são fundamentais na prevenção. De acordo com Arn, eles permitem que caso haja um diagnóstico de câncer, ele seja dado em fases muito iniciais.

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18/10/2022 04:15h

A etapa da vida da mulher conhecida pela ausência de menstruação e infertilidade reserva mais que calor e queda nas taxas hormonais. Outras doenças podem surgir nesse período, como diabetes e osteoporose. Os cuidados para reduzir sintomas desconfortáveis e ter uma menopausa saudável devem começar ainda no período fértil

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Calorões, mudança de humor e falha na menstruação. A jornalista Renata Franco, hoje com 51 anos, começou a ter esses e outros sintomas aos 47. Procurou o ginecologista e confirmou que estava no climatério, período que antecede a menopausa. Durante um ano, ela teve que lidar com esses desconfortos. 

“Eu menstruava um mês sim, dois não ou até duas menstruações no mesmo mês. Logo começaram aqueles calores terríveis, principalmente na altura do seio e nas costas. Aquelas ondas de calor duravam uns 20 dias, depois ficavam cerca de 40 dias sem aparecer e então, voltava tudo de novo”, conta a jornalista. 

Menopausa é o nome que se dá à última menstruação e marca o fim da fase reprodutiva da vida da mulher. Além do fim do sangramento mensal, significa que o estoque de óvulos se esgotou no corpo, o que acontece, geralmente, entre os 45 e 55 anos. Mas uma mulher só pode afirmar que está na menopausa depois de um ano sem menstruar. 

Para a ginecologista Marina Lutterbach, o autocuidado precisa estar ainda mais presente nessa fase. “Tentar ter um estilo de vida mais saudável é fundamental. Principalmente pelo metabolismo estar mais lento. As visitas periódicas ao ginecologista e cardiologista, servem para os exames de rastreio de cânceres como mama, útero, pele, reto e tratamentos diversos como o aumento do colesterol e a identificação de doenças reumatológicas”. 

Doenças associadas 

A alteração hormonal que acontece durante a menopausa é a principal responsável pelas mudanças no organismo da mulher. Com a redução da produção do principal hormônio feminino, o estrogênio, não é só o sistema reprodutor que sofre, mas também os ossos, cérebro e sistema cardiovascular. Por isso, após a menopausa, doenças relacionadas a esses órgãos podem ser mais frequentes. A redução da densidade óssea pode causar osteoporose, aumentando o risco de fraturas, por exemplo. 

Diabetes, hipertensão e até mesmo depressão podem surgir ou se agravar nesse período. “Haverá uma diminuição brusca da produção de hormônios, de maneira geral, e, predominantemente, o estrogênio. Como nosso corpo funciona todo interligado, essa queda vai interferir não só nos ovários, como também no sistema cardiovascular, tecido ósseo, pele e até mesmo no globo ocular”, pontua a ginecologista.

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Se preparando ainda na idade fértil

O avanço da ciência e da tecnologia no campo da saúde permite que os desconfortos  frequentes nessa fase da vida da mulher sejam amenizados. Muitas mulheres recorrem à terapia de substituição hormonal, popularmente conhecida como reposição hormonal, para equilibrar os níveis no organismo e aumentar o conforto da mulher. Mas essa terapia não é indicada para todo mundo. 

O que está acessível a todas e sempre apresenta resultados positivos é manter uma alimentação equilibrada, aumentar a ingestão de líquidos e reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e café. Além disso, manter uma rotina de exercícios e buscar atividades alternativas que reduzem o estresse, como ioga e meditação. 

A servidora pública Ana Carolina Torelly, de 44 anos, ainda não tem sintomas de menopausa, mas há tempos se prepara para quando acontecer. “O que eu pretendo,  é fazer um acompanhamento médico, com constante dosagem de hormônio, manutenção de peso, alimentação saudável para entrar bem na menopausa.”
 
Reportagem, Lívia Braz

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