Saúde da Mulher

23/01/2024 04:35h

Endocrinologista alerta para como essas alterações podem levar a quadros de depressão e ansiedade

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Segundo a pesquisa Panorama da Saúde Mental, divulgada em janeiro de 2024, metade das pessoas que responderam o questionário de saúde mental afirmaram que estão se sentindo para baixo ou “deprimido”. Além disso, 54% apontaram que sentem pouco interesse ou prazer em fazer as coisas. No mês de conscientização da saúde mental e emocional, conhecido como Janeiro branco, o endocrinologista Flávio Cadegiani alerta sobre a importância de fortalecer o cuidado com a população brasileira.

O especialista informa que diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento de doenças mentais, entre eles, as alterações hormonais. De acordo com ele, os hormônios atuam diretamente no cérebro, modificando a conexão entre os neurônios e a produção de serotonina, dopamina e de noradrenalina, neurotransmissores que são comunicadores entre os neurônios do cérebro.

Flávio aponta que a baixa testosterona, principal hormônio sexual masculino, pode desencadear depressão. Já o principal hormônio sexual feminino, o estradiol, pode levar mulheres a sofrerem com sintomas depressivos, fadiga e ansiedade.

“As principais práticas que aumentam a desregulação hormonal, são as práticas que desregulam o metabolismo, que levam a disfunções metabólicas como diabetes tipo 2, obesidade,  problemas de colesterol”, informa.

O endocrinologista destaca a importância de evitar a automedicação na reposição hormonal. O uso inadequado de hormônios pode desencadear alterações que resultarão em diversos problemas de saúde.

Vera Lúcia, de 60 anos, relembra que começou a fazer reposição hormonal por volta de 52 anos, quando entrou na menopausa, após retirar o útero devido a presença de um mioma uterino.

“Começou libido zero, eu estava em uma relação e não conseguia que meu marido chegasse perto de mim. Vinha um calor subindo no pé da barriga até a cabeça, eu começava a suar e não tinha nada que fizesse isso parar. Minha relação acabou por causa disso [menopausa]”, recorda.

Na época, Vera explica que morava na Itália, e procurou por tratamentos de remédios naturais no país, já que os médicos não eram favoráveis à reposição hormonal. Quando ela voltou para  Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, realizou exames que mostraram que estava apta para realizar a reposição hormonal.

“No outro dia, quando comecei a fazer reposição de estradiol, eu já estava me sentindo bem. Eu tenho uma vida normal, agora tudo voltou ao normal, meu cabelo parou de cair, eu me sinto super bem”, afirma.

Vera destaca que, apesar de não ter desenvolvido uma doença mental, passar por isso pode prejudicar significativamente a saúde emocional de outras mulheres. 

Prevenção de alterações hormonais

O endocrinologista informa que a mudança de estilo de vida é um dos principais fatores de melhoria no balanço hormonal, como a prática da musculação, que aumenta os níveis de testosterona. 

“Um bom consumo alimentar também regula os níveis de insulina. Quando ela deixa de ficar uma montanha russa, por grandes incursões de açúcar, o corpo responde a movimentos de insulina — e você acaba também regulando todos os demais hormônios”, completa.

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05/09/2023 16:44h

Municípios vão começar a receber o contraceptivo injetável a partir deste mês

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A partir desse mês, municípios goianos vão oferecer contraceptivo injetável para mulheres. Conhecido no mercado como Cyclofemina, o medicamento foi incluído na lista de medicamentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2022.

Segundo a gerente de assistência farmacêutica da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, Viviane de Cassia Troncha Martins, após o recebimento dos lotes pelo Ministério da Saúde, a distribuição do medicamento vai ser realizada pela SES-GO através das 18 regionais de saúde do estado.

“Essas regionais encaminham para os seus municípios jurisdicionais. E depois os municípios encaminham para suas unidades onde realizam o atendimento a essas mulheres do Programa da Saúde da Mulher”, diz.

A gerente ainda explica como as mulheres devem ser contempladas com o medicamento. “A mulher em idade fértil deve procurar uma unidade de saúde mais próxima da sua residência ou onde ela for referenciada. Tem alguns municípios que realizam o agendamento de consulta, nesse sentido ela vai até uma unidade ou fluxo estabelecido pelo município para ter acesso a uma avaliação, se ela pode ser inserida ou não na prescrição”, explica.

Para a médica ginecologista e obstetra Marcelle Domingues Thimot, a diversificação de opções podem ajudar a aumentar o uso de anticoncepcionais.

“Aumentar as opções dos métodos disponíveis automaticamente aumenta a adesão das mulheres da família à contracepção, prevenindo casos de gestações indesejáveis e promovendo, ainda, o planejamento familiar. É importante também lembrar que os métodos contraceptivos não têm apenas a função de evitar gestações, diversas doenças ginecológicas, seus sintomas, controle de sangramentos uterinos aumentados, controles de cólicas podem ser tratados e controlados por meio de métodos contraceptivos”, explica.

A médica ginecologista e obstetra destaca os benefícios do uso do anticoncepcional injetável.

“Os contraceptivos injetáveis são injeções aplicadas mensalmente ou a cada 3 meses. Eles agem como depósito de hormônio, então já ingere uma quantidade de hormônio que vai sendo liberado aos poucos na corrente sanguínea. Sem falar dos outros efeitos, como redução de eficácia pelo uso de outras medicações ou redução de eficácia por situações como diarreia e vômitos, não ocorrem quando em uso do método contraceptivo injetável. Então, é um método também muito bom, por exemplo, para mulheres que estão amamentando, meninas adolescentes, porque tem um fator de esquecimento e com o anticoncepcional injetável não teria essa questão”, afirma.

Segundo levantamento do Instituto Ipsos com a multinacional farmacêutica Organon, mostra que o método contraceptivo mais utilizado pelas brasileiras é a pílula oral (58%), seguido do preservativo (43%).  Na sequência, vem o DIU de cobre (8%) e a injeção mensal (6%). A contracepção natural —  tabelinha, coito interrompido e temperatura corporal  —  é o recurso de 6% das mulheres entrevistadas e a laqueadura, de 4%.
 

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04/09/2023 20:00h

Caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura no corpo, especialmente nas pernas, condição pode ser confundida com a obesidade

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Você já ouviu falar de Lipedema? O problema de saúde  atinge cerca de 12% das mulheres brasileiras. Ele é caracterizado pelo acúmulo anormal de gordura no corpo, especialmente nas pernas. A condição costuma surgir na puberdade, ainda não tem suas causas conhecidas pelos especialistas e chega a ser confundida com a obesidade. Entre os sintomas estão dor, inchaço e o surgimento de hematomas na região, além da redução da mobilidade quando está em um grau mais avançado.

A gordura do lipedema é diferente da obesidade, pois tende a formar nodulações no subcutâneo com fibrose em volta da gordura, além de ter componentes inflamatório e vascular importantes —  o que explica por que a gordura do lipedema dói e os vasos sanguíneos nas pernas rompem facilmente, causando hematomas.

Uma das características da condição é a dificuldade de perder essa gordura acumulada nas regiões afetadas, como explica a diretora do Departamento de Dislipidemia e Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a endocrinologista Cynthia Valério. “É um tecido adiposo que normalmente tem uma característica diferente da gordura dos outros locais, porque ele é infiltrado por uma matriz extracelular e tem mais tecido conjuntivo, e com isso, os adipócitos, as células de gordura, ficam presas lá e com uma maior dificuldade de resposta aos tratamentos clínicos de perda de peso”, elucidou.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é clínico, e nem sempre é fácil. A advogada Laura Braga tem 49 anos e, desde a primeira menstruação, aos 12 anos, observou que suas pernas engrossaram de forma desproporcional. Com o passar do tempo, sintomas como dor, sensibilidade e hematomas a fizeram a buscar ajuda médica  — e só aos 48 anos recebeu o diagnóstico da condição. 

“É bem complicado você arrastar essa situação, você posteriorizar essa situação, pois ela pode trazer muitos malefícios, como a questão da mobilidade, a questão estética, porque você sempre está incomodado com aquilo, com aquelas pernas inchadas, com aquelas pernas desproporcionais, grossas demais, sempre doloridas”, conta.

No início deste ano Laura começou a tratar o problema e tem sentido melhoras. Embora a condição não tenha cura, encontrar o tratamento recomendado com a ajuda de um especialista pode colaborar muito para que o paciente tenha mais qualidade de vida, com o alívio dos sintomas. Esse tratamento é multifatorial, como explica o doutor em endocrinologia clínica, Flavio Cadegiani. 

“A dieta e atividade física são partes primordiais, mas são insuficientes, mas precisam fazer parte, sem os dois não tem como. Aí, drenagens, massagens constantes, porque precisa regular, porque é com o tempo que vai se desfazendo um pouco do lipedema secundário. Dieta anti-inflamatória, então uma dieta mais específica com alimentos anti-inflamatórios. Às vezes o uso de anti-inflamatórios naturais em doses mais elevadas e até vasodilatadores”, 

Para um tratamento completo, é recomendado o acompanhamento do paciente por clínico, cirurgião vascular, nutricionista, educador físico e fisioterapeuta.

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Saúde
12/08/2023 11:30h

Até agora, 90 municípios enviaram relatórios. E 50 já estão aptos receberem o reconhecimento

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Até o próximo dia 30 de agosto, estados brasileiros podem enviar relatórios para se candidatarem a receberem os certificados e selos de boas-práticas por atingirem a meta de eliminação da transmissão vertical de HIV e sífilis como problema de saúde pública. 

Os relatórios serão analisados pelo Ministério da Saúde, que criou um grupo de trabalho para acabar com a transmissão vertical tanto do HIV quanto da sífilis, hepatite B e doença de Chagas. Este grupo de trabalho inclui cinco órgãos e tem o objetivo de integrar e fortalecer as linhas de ação em todo o país. 

“A proposta principal é tentar reorganizar os serviços de saúde, ver onde estão as nossas lacunas. Uma vez que nós temos diagnóstico e tratamento para essas infecções para que possa ser evitada a transmissão vertical, porque elas ainda estão ocorrendo no país?” Questiona a diretora de Programa da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Angélica Espinosa Miranda. 

Segundo a gestora, esse processo ajuda a organizar a linha de cuidado das gestantes atendidas pela rede pública em todo o país, uma vez que — essa avaliação — pode mudar o processo e melhorar a qualidade de atenção que o SUS oferta.

Essa ação está entre as prioridades que o Ministério da Saúde assumiu, junto à Organização Mundial da Saúde (OMS), de eliminar doenças e agravos como problemas de saúde pública no Brasil até 2030, visando o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável — propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Como conseguir o selo

Os relatórios municipais precisam conter todas as medidas preventivas tomadas para a eliminação da transmissão vertical do HIV e sífilis, além de comprovar a implementação de comitê de investigação ou grupo técnico para prevenção da transmissão vertical de HIV e/ou sífilis para prevenção de mortalidade materna, infantil e fetal. 

Transmissão vertical

A transmissão vertical ocorre quando a doença passa da mãe para o feto no útero ou durante o parto. Mães que vivem com o HIV têm 99% de chance de terem filhos sem o vírus se seguirem as orientações e tratamentos recomendados durante o pré-natal, parto e pós-parto. 

O SUS fornece insumos para prevenção como preservativos, testes rápidos e exames de diagnóstico, bem como tratamentos capazes de prevenir a transmissão vertical  Quanto mais cedo o pré-natal começar, maior é a probabilidade de sucesso para evitar a infecção do bebê. 
Outras ações fundamentais para a prevenção e eliminação da transmisssão vertical de HIV, sífilis, hepatite B e doença de Chagas são:

  • Realizar o pré-natal desde o início da gestação, ou assim que descobrir a gravidez;
  • Realizar testagem, especialmente por meio dos testes rápidos, para o diagnóstico precoce;
  • Nos casos de infecção, realizar o tratamento adequado com profissional de saúde. E ter adesão às consultas do pré-natal para acompanhamento adequado e realização dos exames solicitados.

Segundo o infectologista do Sabin Diagnóstico e Saúde, Claudilson Bastos, é possível chegar a índices próximos a zero da transmissão vertical de HIV.

“As mães que têm a questão do HIV já tomam medicação, então esse controle é maior. Porque o pré-natal é periódico, a atenção nos postos de saúde é maior, e a própria gestante, muitas vezes, ela procura mais a assistência médica e a gente consegue controlar melhor.”

Cenário da Aids 

Dados do Ministério da Saúde estimam que cerca de 108 mil pessoas vivem com o vírus HIV em seu corpo e ainda não sabem, sendo a maioria jovens entre 15 e 24 anos. Entre 1980 e junho de 2022, foram identificados 1.088.536 casos de Aids no Brasil, segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde. 

De acordo com o boletim epidemiológico de HIV/Aids de dezembro de 2022, divulgado pelo Ministério da Saúde, em 2018 foram notificados 46.342 casos da doença no país. Quatro anos mais tarde, em 2022, essas notificações caíram para 16.704.

Cerca de 108 mil pessoas vivem com HIV, sem diagnóstico, no Brasil

Diagnóstico tardio e abandono de tratamento são principais causas de morte por HIV, alerta especialista

Sífilis e Hepatite B

O controle da transmissão vertical do HIV é algo que vem sendo trabalhado e está sob controle no país, graças ao protocolo de atendimento em nível de atenção especializada.
Já o controle da transmissão vertical da hepatite B ainda é mais difícil, segundo o Ministério da Saúde, pois faltam dados. “A gente acredita estar próximo da eliminação da transmissão vertical desse vírus, mas precisamos gerar informações que comprovem essa situação” , avalia a diretora de Programa da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Angélica Espinosa Miranda. 

Em relação à sífilis congênita, os dados — que são publicados anualmente — têm mostrado uma taxa ascendente da doença no país. “O que prova que é necessário fazer uma organização melhor da linha de cuidados, sobretudo na linha da atenção primária, onde os casos são identificados e acompanhados.” Explica a diretora.
 

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Saúde
11/08/2023 16:35h

Para especialistas, tratamento adequado é a principal forma de reduzir os sintomas e evitar problemas futuros

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Mesmo fazendo parte da vida de milhares de brasileiras, a menopausa ainda é um assunto pouco discutido. No Brasil, apenas 50% das mulheres na menopausa fazem o uso de algum tratamento, — aponta estudo conduzido por pesquisadores brasileiros. Segundo o doutor em endocrinologia clínica Flavio Cadegiani, as mulheres precisam ter consciência de que a falta de cuidados ou até conhecimento sobre o assunto afeta de maneira significativa a saúde mental e física com sintomas que podem incomodar bastante neste período. “Podem ocorrer ganho de peso, por haver uma queda abrupta no metabolismo; depressão; distúrbios do sono; asma pós-menopausa; secura vaginal, com dores no ato sexual; e até mesmo osteoporose”, pontua.

O médico lamenta que a maioria das brasileiras não faz o tratamento hormonal adequado e esclarece que as consequências podem ser graves como a osteoporose pós-menopausa, que costuma ser recorrente. “A descontinuação do contato do hormônio feminino provoca uma queda importante da massa óssea então você tem uma desmineralização, uma perda de minerais do osso levando a osteoporose”, alerta.

Na opinião do especialista, a menopausa deve ser encarada como um momento natural na vida de uma mulher. “A menopausa é o evento que marca o fim da vida reprodutiva no sexo feminino, podendo ser definida como a ‘última menstruação’. Neste período de transição, em que a mulher passa da fase reprodutiva para a fase de pós-menopausa, chamado de climatério, é bastante comum o surgimento de uma série de sintomas desagradáveis.” Mas, apesar de ser uma fase difícil, Cadegiani revela que é possível amenizar os sintomas do climatério e passar por este período com boa qualidade de vida.

Para ele, a principal forma de reduzir os sintomas do climatério é o tratamento hormonal adequado. “Até o início dos anos 2000, entendia-se que todas as mulheres tinham que repor hormônio na menopausa. Só que saíram dois estudos nessa época apontando aumento de risco de uma série de coisas e a reposição na menopausa caiu mais de 95% com isso. Agora, temos novos estudos que mostram a importância do tratamento em certos casos. Por isso, avaliamos caso a caso, entendendo que depende da mulher, da idade e se ela tem sintomas”, destaca.

O presidente da Associação Brasileira de Climatério, Rogério Bonassi Machado, diz que o tratamento mais fisiológico da menopausa é a terapia de reposição hormonal por meio de uso dos estrogênios. “A mulher quando ela perde esses hormônios nós repomos. É bem simples esse conceito. Pode fazer reposição também da própria progesterona, mas o ator principal é o estrogênio”. O médico explica que a terapia de reposição hormonal é recomendada para as mulheres que têm sintomas e existem objetivos claros para o uso da terapia: “Melhora dos sintomas, previne atrofia da vagina e prevenção da osteoporose”, revela.

Segundo Bonassi, os sintomas iniciais são as irregularidades da menstruação e isso se alonga até o momento em que a mulher para de menstruar. “Quando isso ocorre, a mulher tem os famosos fogachos, onda de calor que ocorre no período noturno, é uma onda súbita que ocorre na região do tórax, vai para a cabeça, podem aparecer placas avermelhadas e depois esse calor se dissipa e termina com uma onda de frio”, detalha.

Garben Hellen Ferreira da Silva, de 60 anos, é aposentada e conta que começou a fazer a reposição hormonal há cinco anos, após se sentir mal com as ondas de calor típicas da menopausa. “Eu comecei com os fogachos, minha pressão arterial subiu, comecei a ficar triste, a minha libido diminuiu bastante e quando eu fui na minha endocrinologista e fiz os meus exames hormonais, eles estavam baixos, minha progesterona, minha testosterona, meu estradiol”, cita.

Depois de iniciar o tratamento, ela conta que sua vida melhorou bastante. “Hoje eu não tenho mais aqueles fogachos, não tenho mais aquela depressão e, obviamente, tudo associado a uma academia, tomar vitamina D, tomar sol, é todo um conjunto porque, a partir desse momento, você pode ter uma série de outros problemas e a gente tem que prevenir com a reposição hormonal. Pra quem é indicado a reposição hormonal,eu indico que faça. Muitos dos sintomas acontecem pela falta do hormônio”, ressalta.

Menopausa precoce

O conhecimento dos sinais e sintomas permite cuidados individualizados e ainda melhora a qualidade de vida e o bem-estar das mulheres. A faixa etária média para a mulher entrar na menopausa é entre 48 e 52 anos. Quando esse processo ocorre antes dos 40 anos, o  doutor em endocrinologia clínica, Flavio Cadegiani, diz que é classificado como precoce. “A menopausa precoce é considerada quando é abaixo de 40 anos, mas abaixo de 45 a gente já considera que podem existir diversos problemas”. 

De acordo com o especialista, mulheres que entram na menopausa antes dos 45 anos e que não repõem os hormônios podem ter complicações. “Aumentam muito os riscos de doenças cardiovasculares, diabetes, doenças metabólicas em geral e, possivelmente, fora a parte da psiquiatria como doenças mentais, o alzheimer e a demência. Hoje, repor para mulheres com menos de 45 anos é mandatório — não repor é considerado uma negligência médica. E tem sido cada vez maior a incidência de mulheres com menopausa precoce”, relata.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Climatério, Rogério Bonassi Machado, cada caso precisa ser avaliado individualmente. “Tem mulheres que não vão ter sintomas e existem aquelas que não podem fazer a terapia hormonal”. Ele explica que existem contra indicações: “A mulher que já teve câncer de mama é contra indicado para a terapia de reposição hormonal,bem como as que mulheres que têm doenças cardiovasculares, doenças do fígado e cirrose hepática, por exemplo”, alerta.

O médico Cadegiani ainda acrescenta “É importante falar que os ovários não morrem por inteiro. Então, mulheres que tiraram os ovários, por exemplo, têm mais sintomas de menopausa e têm maior risco de problemas associados ao pós-menopausa do que mulheres que entram na menopausa, mas não retiraram os ovários”, completa.

Garben Hellen reforça que é preciso valorizar a vida das mulheres adultas e combater o preconceito de idade. ” É preciso se cuidar, se gostar e viver essa nova fase que não te impede de nada. Eu continuo com a mesma vaidade de sempre e a mesma disposição”, revela.

Os especialistas lembram que a terapia de reposição hormonal deve ser prescrita por um médico após avaliação individual. Já os benefícios e riscos dessa terapia podem variar dependendo da saúde, histórico clínico e preferências da paciente. 

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29/05/2023 20:30h

Segundo endocrinologista, boa parte das respostas aos remédios e tratamentos são específicas de cada sexo, diferenças de gênero levam à desvantagens para mulheres

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Historicamente mulheres são sub-representadas em estudos e análises sobre saúde. Isso faz com que menos tratamentos estejam disponíveis para doenças especificas do sexo feminino, além de impedir que as particularidades do corpo feminino sejam observadas no desenvolvimento de medicamentos. O endocrinologista Flavio Cadegiani destaca que a diferença de gênero na pesquisa médica resulta em desvantagens concretas para pacientes mulheres, visto que ao longo dos anos os estudos estiveram mais voltados para os homens.

SAIBA MAIS: Projeto de Lei visa aumentar participação de mulheres em pesquisas médicas

“Os homens já tiveram muito remédio, muita pesquisa para muita doença que foi analisada para eles exclusivamente, na história. Então não é justo agora a gente não ter essa análise sendo feita específica para mulheres. A partir do momento que você não estuda o sexo feminino, você tem terapias que deixam de ser usadas que seriam especificamente para mulheres. E  aí como você não consegue estratificar por sexo, você não consegue definir a eficácia para a mulher”, explicou o especialista, que é doutor em endocrinologia clínica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Cadegiani analisa que separar os resultados das pesquisas por gênero traria resultados mais efetivos e poderia dar a chance de se criar tratamentos mais eficazes para as mulheres, levando em conta as diferenças fisiológicas entre os sexos, e portanto a reação deles aos medicamentos. 

“Pouquíssimas pesquisas analisam os resultados por sexo, deveria ser obrigatório, porque nós sabemos que as respostas da maioria das medicações é específica de cada sexo, tanto na área da psiquiatria, oncologia, endocrinologia. As respostas são diferentes. Então essa análise por sexo deveria se tornar obrigatória”, concluiu, destacando que com a mistura dos dados relativos a mulheres e homens nas análises, a eficácia desses medicamentos pode se perder nas estatísticas.

Diferenças hormonais

Entre as principais razões que levaram pesquisadores a excluir o sexo feminino dos estudos clínicos estão as mudanças hormonais e a possibilidade de mulheres engravidarem. 

Contudo, o endocrinologista ressalta que, em pesquisas de curto prazo, cujos tratamentos duram até 10 dias, isso deveria servir de incentivo para estudar cada fase feminina, inclusive devendo ampliar a quantidade de mulheres nas pesquisas para retratar todas as variações hormonais.

O especialista enumera cada um dos perfis da mulher que pode ser estudado, segundo as questões hormonais. “As mulheres têm várias fases: há aquela na fase folicular do ciclo, a que está na fase lútea, a que usa anticoncepcional e a que está na menopausa. Então, temos quatro perfis de mulheres”, explica.

Por isso, o endocrinologista entende que os estudos deveriam incluir até mesmo maior quantidade de mulheres do que de homens em pesquisas, para representar esses diferentes grupos de forma igual, em especial em estudos cujos impactos são potencialmente significativos para o público feminino. “As mulheres deveriam representar três quartos ou quatro quintos dos grupos de pesquisa, porque cada um desses grupos deveria ser igualmente representado nos estudos”, considera o dr. Flavio Cadegiani.

Já quanto à possibilidade de gravidez, o endocrinologista defende que os estudos poderiam incluir uma prescrição de anticoncepção para a mulher que deseja participar da pesquisa clínica, indicando que isso não é razão para excluir as mulheres.

Legislação 

Neste sentido, o deputado federal Célio Silveira (MDB-GO) apresentou o Projeto de Lei 3611/2019, que trata da paridade percentual dos gêneros, buscando equiparar a quantidade de homens e mulheres em pesquisas clínicas. “Estudos mostram uma representação deficitária das mulheres na coleta de amostras. Apresentei esse importante projeto que tem por objetivo aumentar a representatividade feminina nas pesquisas clínicas ou biológicas realizadas em seres humanos”, contextualizou.

O projeto já foi aprovado na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher. Agora, está aguardando parecer do relator na Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Câmara dos Deputados.

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26/05/2023 04:15h

Brasil ainda não tem legislação específica sobre o tema, projeto determina a equidade de gêneros nos estudos

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O Projeto de Lei 3611/2019, que está em tramitação, determina que as pesquisas clínicas ou biomédicas realizadas devem observar a paridade do percentual dos gêneros, buscando equiparar a quantidade de homens e mulheres. O projeto é uma forma de dar mais segurança às mulheres ao produzir estudos e pesquisas voltadas a elas e que levem em conta suas particularidades.

O autor do projeto, deputado federal Célio Silveira (MDB-GO), explica que o objetivo é aumentar a representatividade feminina nos estudos e produzir mais informações sobre elas. “Acredito que as mesmas doses aplicadas em ambos os sexos surtem diferentes resultados. Defendo a aprovação da nossa proposta para melhorar a segurança e eficácia dos medicamentos, além de ajudar na formulação de informações adequadas sobre os efeitos nas mulheres”, elucidou.

O projeto já foi aprovado na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher. Agora, a matéria está aguardando parecer do relator na Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Câmara dos Deputados. A título de comparação, desde 1993 as pesquisas feitas nos Estados Unidos devem incluir mulheres. 

Falta representação feminina

Essa exclusão de estudos científicos diferenciados, envolvendo as mulheres, é apontado como resultado do machismo enraizado na sociedade, que acaba trazendo muitos prejuízos às mulheres. Na área de pesquisa clínica não é diferente. O estudo JAMA Network Open, publicado em junho de 2021, avaliou como a carga de doenças está associada à representação feminina em ensaios clínicos nos Estados Unidos. 

Os pesquisadores realizaram uma pesquisa transversal usando informações de 20 mil estudos com mais de 5 milhões de participantes. Os pesquisadores descobriram que as mulheres eram consistentemente sub-representadas em estudos de oncologia, cardiologia, neurologia, imunologia e hematologia - resultado preocupante, já que doenças cardiológicas e câncer são as principais causas de morte entre as norte-americanas.

O médico endocrinologista Flavio Cadegiani, doutor em endocrinologia clínica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), defende que as pesquisas deveriam analisar em separado os resultados em cada gênero, levando em conta suas particularidades. 

Além disso, o médico também ressalta que, pela sub-representação feminina, alguns problemas que acometem exclusivamente mulheres acabam não sendo diagnosticados de forma eficiente. “Um exemplo muito prático disso é como a gente ainda não consegue lidar bem, nem no âmbito da pesquisa, com as mulheres com endometriose. Endometriose é uma doença subdiagnosticada porque ela é de difícil localização às vezes nas imagens, então é a dor da mulher histérica, historicamente falando. Então a gente não consegue nem quantificar nem dimensionar as dores adequadamente, e a gente não acredita na mulher como um ato de misoginia”, elucidou.

O especialista explica que a diferença de gênero na pesquisa médica resulta em desvantagens concretas para pacientes mulheres, visto que as fisiologias do corpo da mulher e do homem são diferentes. 

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15/03/2023 04:30h

O neurocirurgião, Victor Hugo Espíndola, explica que os altos níveis de estresse fizeram com que, cada vez mais, mulheres sofressem com o AVC

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Mulheres com idades entre 25 e 44 anos têm mais chances de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC), do que os homens com a mesma faixa etária, diz estudo publicado no periódico Stroke, da American Heart Association.

Victor Hugo Espíndola, neurocirurgião, explica que existem dois tipos de AVC. O isquêmico é mais comum, responsável por 85% dos casos. Ele acontece quando tem obstrução de alguma artéria que irriga o cérebro. E aquela artéria que é obstruída  não vai mais conseguir levar o sangue para determinada região do cérebro. Assim,  aquela região vai sofrer o AVC Isquêmico.

Por outro lado, o hemorrágico acontece quando ocorre uma ruptura dessa artéria e o consequente o extravasamento de sangue dentro do cérebro. Normalmente ,o AVC hemorrágico tende a ser mais grave do que o isquêmico, porém depende da pessoa que foi afetada. 

Daniela Pina, funcionária pública, relata que sofreu um AVC aos 34 anos, enquanto amamentava seu bebê  de apenas 7 dias. “Eu estava sentindo um cansaço extremo, e eu atribuía esse cansaço ao fato de eu não dormir porque minha neném acordava pra mamar de hora em hora”, completa. 

Daniela conta que a pressão arterial dela após o parto aumentou  muito, mas não teve complicações que pudessem causar o AVC como pré-eclâmpsia ou eclâmpsia. Após o episódio, ela conta que teve a rotina completamente afetada, pois precisou se afastar do trabalho para cuidar da saúde. Agora está tomando remédios e fazendo o acompanhamento na rede de hospitais Sarah Kubitschek.

“Eu estou fazendo tratamento de reabilitação no Sarah, onde  fui admitida  no começo do ano. Aqui eu faço aula de reeducação à escrita, que é pra me estimular a pensar. Não tive danos na escrita, mas me estimula a pensar e as minhas sequelas foram maiores na parte cognitiva”, comenta.

O médico Espíndola  explica que estatisticamente os homens sofriam mais AVCs, por negligências com a saúde, mas com o passar do tempo as mulheres vêm sendo cada vez mais acometidas pelo AVC.  Ele explica que  esse motivo pode ser explicado muitas vezes pela mudança do estilo de vida, pois as mulheres estão cada vez trabalhando mais, com uma vida estressada e mais atribulada, aumentando os níveis de estresse.

“Vale lembrar que as mulheres são submetidas à parte de variação hormonal. Então todas essas alterações hormonais durante o ciclo menstrual e a menopaus, também predispõem ao AVC. Além do uso constante e contínuo de anticoncepcional, que pode ser um fator de risco”, completa.

Principais sinais de alerta para qualquer tipo de AVC

  • Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo;
  • Confusão mental;
  • Alteração da fala ou compreensão;
  • Alteração na visão (em um ou ambos os olhos);
  • Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar;
  • Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.  (Fonte: Ministério da Saúde)

O neurocirurgião ressalta que os cuidados para evitar o AVC são cuidados básicos com o estilo de vida, ou seja, controlar a pressão arterial, controlar a diabetes, procurar fazer atividades físicas, controlar a obesidade e o colesterol. 

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07/03/2023 19:30h

Além disso, homens e mulheres a partir dos 21 anos já podem ser submetidos a procedimento voluntário de esterilização. Prazo mínimo entre a manifestação da vontade e a cirurgia é de 60 dias

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Já está em vigor a lei que coloca fim à obrigatoriedade de aval do cônjuge para procedimentos de laqueadura e vasectomia. A mudança ocorre por meio da alteração da Lei do Planejamento Familiar e também reduz de 25 para 21 anos a idade mínima de homens e mulheres para a esterilização voluntária. 

O limite de idade, no entanto, não é exigido de quem já tenha ao menos dois filhos vivos.  A lei mantém o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico. Nesse tempo, a pessoa poderá acessar o serviço de regulação da fecundidade, com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, para possibilitar ao paciente uma possível desistência do procedimento. Por outro lado, a proposição inova ao permitir à mulher a esterilização cirúrgica durante o período de parto.

No caso das mulheres, o procedimento é chamado de laqueadura tubária, que segundo o José Gomes de Moura Neto, obstetra do Hospital Anchieta de Brasília,  apesar de simples, seguro e irreversível, pode apresentar falhas numa taxa de 0,5% dos pacientes. “Após você fazer esse procedimento, a paciente já fica segura de que não vai haver uma nova gestação, porém é sempre importante frisar que pode acontecer um aumento do fluxo menstrual e pode acontecer um pouco mais de cólica”, alerta o médico.

Em todo o ano de 2022, 53.523 mulheres realizaram a laqueadura tubária de acordo com dados do DataSUS. O número é duas vezes maior do que a quantidade de procedimentos realizados em 2021, que teve 23.496 cirurgias dessa natureza realizadas.

Para a advogada Lôyde Oliveira, a necessidade de autorização do cônjuge remete aos primórdios do Código Civil, quando uma mulher era considerada “relativamente capaz”. “Isso é um reflexo do retrocesso patriarcal do passado, e absurdo! Claro que um casal deve conversar e deve planejar sobre a sua família, se pretendem ou não ter filhos, quantos filhos vão ter, mas isso é uma conversa e isso é no aspecto íntimo daquele casal. Não deve ter uma necessidade médica, não deve ter uma autorização, uma formalidade desse jeito que coloque a mulher numa situação de subjugada sobre isso”, afirma a jurista.

A nova lei foi aprovada em março de 2022 pela Câmara dos Deputados e em agosto do mesmo ano pelo Senado Federal. No dia 2 de setembro ela foi publicada  e teve um prazo de 180 dias para passar a valer.

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05/02/2023 18:00h

Em entrevista ao Brasil 61, o médico mastologista da Secretária de Saúde do Distrito Federal, Flávio Vasconcelos, fala sobre a importância da mamografia para o diagnóstico precoce do câncer de mama e esclarece as principais dúvidas sobre o exame

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O câncer de mama é um dos desafios no cenário atual de envelhecimento populacional e enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), no país o câncer de mama é o mais incidente em mulheres de todas as regiões, com taxas mais altas nas regiões Sul e Sudeste. Dados do INCA apontam que no ano de 2022 foram estimados 66.280 novos casos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 43,74 casos por 100 mil mulheres. 

Atualmente, o diagnóstico precoce é fundamental. Quanto mais cedo um tumor invasivo é detectado e o tratamento é iniciado, maior a probabilidade de cura. Por esse motivo, várias ações vêm sendo implementadas para diagnosticar o câncer nos estágios iniciais. 

Para esclarecer dúvidas sobre diagnóstico precoce e a importância da realização do exame da mamografia, o Brasil 61 recebe o médico mastologista da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Flávio Vasconcelos.

Brasil 61: O que representa o Dia Nacional da Mamografia? 

Flávio Vasconcelos: A mamografia representa o cuidado da mulher para o diagnóstico precoce dessa patologia que é o câncer, que é a doença em termos de câncer que mais afeta as mulheres.

Brasil 61: Qual a idade recomendada para fazer a primeira mamografia?

F.V: A Sociedade de Mastologia, a Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia, a Sociedade de Radiologia e as entidades médicas vinculadas ao tema recomendam que ela seja feita numa paciente que não tenha alto risco para câncer de mama crescente iniciada aos 40 anos de idade. Já o Ministério da Saúde recomenda a partir dos 50 anos.

Brasil 61: Qual é a periodicidade recomendada? 

F.V: A sociedade da mesma forma recomenda que o exame seja feito com periodicidade anual, desde que esteja sem nenhuma alteração ou com alterações benignas. Já o Ministério da Saúde coloca que a periodicidade não deve ultrapassar dois anos, então ele recomenda que o máximo seja de dois em dois anos.

Brasil 61: Como se preparar para o exame e quais cuidados são necessários? 

F.V: Basicamente não tem nenhum cuidado especial. A única coisa que a gente recomenda muito é que qualquer desodorante que possa ter fragmentos de cálcio pode atrapalhar a monografia. Então, evite [usar] um desodorante quando for fazer o exame; no máximo é isso. O resto não tem nenhum cuidado especial a mais.

Brasil 61: A vacina contra a Covid-19 pode interferir no exame de mamografia?

F.V: Pode interferir nas axilas. A axila é preocupante no câncer de mama porque o primeiro lugar que ele vai é para a íngua, debaixo do braço, que nós médicos chamamos de linfonodos. Então, quando você avalia a mama, você também avalia essas ínguas para ver se elas estão com formato normal. E a vacina da Covid-19 pode aumentar esses linfonodos, que são as ínguas, e alterar a forma deles, inclusive pode dar a falsa impressão de ser uma suspeita para câncer. Então o recomendado é que os exames de mama sejam feitos quatro meses após a vacina para evitar essas situações de falso positivo.

Brasil 61: Como é feito o exame de mamografia?

F.V: Primeiramente, tem muito o tabu, o medo da compressão. Mas a compressão é que faz toda a diferença da mamografia, porque o que diferencia a mamografia de um raio x normalmente é justamente a compressão. E a compressão é que torna os nódulos e as alterações mais evidentes. Essa compressão tem legislação para isso. Esses mamógrafos são checados periodicamente. Então é uma compressão que é padrão, não vai trazer nenhum dano ou mal para essa paciente. É um desconforto, sim, mas é um desconforto rápido e não é tão exagerado. Então é importante quebrar esse mito do medo de não fazer pela dor. Outro cuidado importante é evitar fazer a mamografia no período pré-menstrual, porque nessa fase as mamas já estão naturalmente mais sensíveis, então qualquer compressão vai ficar mais sensível. Mas caso você faça o exame nessa fase, o resultado não vai mudar, a imagem não vai alterar, só mesmo o conforto da paciente que vai ser melhor. A paciente chega, entra na sala do exame, o técnico vai posicionar a mamografia sobre o local que vai fazer a compressão na mama e vai fazer o raio x dela em duas posições para poder avaliar direitinho. Não tem nenhum preparo especial, como eu disse, além do desodorante. Acabou, a paciente vai embora para casa, não precisa de nenhum repouso, não atrapalha nenhuma atividade do dia.

Brasil 61: Somente o exame da mamografia é capaz de diagnosticar o câncer de mama ou é preciso exames complementares?

F.V: Se eu tenho condições de fazer apenas um exame, a mamografia, que é o exame de eleição. É o único exame até hoje que é capaz de reduzir a mortalidade por câncer de mama em pacientes que realizam exames de maneira frequente. [ A mamografia] não evita de aparecer o câncer, ela reduz a mortalidade, que permite pegar as lesões mais iniciais, e quanto mais inicial você pega, maior a chance de cura. É sabido que pacientes jovens, gestantes, lactantes têm as mamas muito densas, ou seja, aquela mama jovem, que tem bastante glândulas mamárias. Então, com essas pacientes, a mamografia pode não evidenciar todas as alterações, por isso seria recomendado uma ultrassonografia para complementar essa mamografia. E nos pacientes de alto risco para câncer de mama, existem várias definições do que é alto risco. Na consulta médica, a gente consegue estabelecer bem, tanto o generalista, quanto o mastologista, ou ginecologista. Nesses casos é indicado a ressonância nuclear magnética de mamas para complementação.

Brasil 61: O autoexame substitui a mamografia? 

F.V: Não, tanto que hoje a gente não tem mais aquele ato de fazer o autoexame regularmente. O que a gente recomenda às pacientes hoje é um autocuidado corporal. O que é isso? É conhecer o próprio corpo, estar familiarizada com o corpo dela, porque à medida que detecta alguma alteração, é mais fácil abrir, porque a paciente conhece o corpo dela. Então o autoexame é mais no sentido de conhecimento corporal e identificar-se nas alterações pela própria paciente. Mas sem aquela neura, aquele excesso de todo sétimo dia pós menstrual, é usar o seu dia a dia mesmo. Não substitui a mamografia, desde a década de 1980, os estudos mostraram que não é eficaz e não diminui a mortalidade por câncer de mama.

Brasil 61: Qual a importância do exame? 

F.V: A importância é o diagnóstico precoce do câncer de mama. O câncer de mama é o câncer mais frequente nas mulheres. A cada dez mulheres com câncer, três vão ter câncer de mama, então é um índice alto, e é o que a gente mais tem que fazer ações de detecção precoce. A gente não consegue evitar que ele apareça, a gente trabalha com diagnóstico precoce e para fazer o diagnóstico precoce, o melhor exame é a mamografia. Então isso é o principal argumento. Faça a mamografia para que a gente consiga, caso aconteça, identificar o câncer de maneira mais precoce. Diagnosticado precocemente, nós conseguimos salvar a mama da paciente, retirando menos fragmentos, a gente consegue ter tratamentos menos agressivos, evitar a quimioterapia, radioterapia e a gente consegue fazer uma gama de atitudes que preservem a qualidade de vida, a saúde e a feminilidade que a mama representa para as pacientes.

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