Uma pesquisa da Plenapausa, femtech brasileira, mostra que 89% das mulheres se sentem instáveis emocionalmente durante a menopausa, enquanto 82% ficam deprimidas e ansiosas. Além disso, mulheres nesse ciclo da vida têm mais que o dobro de chances de desenvolver transtorno bipolar.
Neste 18 de outubro, dia Mundial da Menopausa, a psicóloga Elaine Lima, especialista em Gestalt-terapia e Terapeuta de Mulheres, chama atenção para os cuidados com a saúde emocional para melhorar a qualidade de vida.
“Emerge a necessidade de investirmos no nosso autocuidado. E quando eu falo de autocuidado, não é cuidar apenas da aparência, é cuidar dos aspectos emocionais, porque a gente também não pode romantizar a menopausa nem o processo de envelhecimento. É um processo desafiador, não é fácil. Então, [devemos] olhar para esses aspectos emocionais e cuidar da maneira como nós gerenciamos as nossas emoções, investir em um processo de autoconhecimento, porque isso nos empodera e nos prepara para gerenciar de maneira mais saudável as nossas emoções.”
A professora Alessandra Gomes, de 50 anos, moradora de Brasília (DF), está enfrentando a menopausa neste momento. Ela relata alterações de humor, ansiedade, irritabilidade, e, por isso, buscou acompanhamento com profissionais de saúde.
“É uma ansiedade em relação a tudo, ao trabalho, à família. Eu não consigo dormir à noite. Eu sinto medo de fazer as coisas que eu mais gostava. Em relação à tristeza, é uma depressão mesmo, mas não pelo fato de eu estar entrando na menopausa, é a parte hormonal mesmo que eu senti que afetou. Eu tenho acompanhamento psicológico e com psiquiatra. Eu estou indo em uma endócrino e fazendo a reposição hormonal e já estou melhorando.”
O doutor em endocrinologia clínica Flavio Cadegiani explica que a menopausa marca o fim da vida reprodutiva do sexo feminino, definida como a “última menstruação”. Segundo o endocrinologista, as mulheres precisam ter consciência de que a falta de cuidados ou até conhecimento sobre o assunto afetam de maneira significativa a saúde mental e física, com sintomas que podem incomodar bastante neste período.
“Podem ocorrer ganho de peso, por haver uma queda abrupta no metabolismo; depressão; distúrbios do sono; asma pós-menopausa; secura vaginal, com dores no ato sexual; e até mesmo osteoporose.”
Além disso, segundo a psicóloga Elaine Lima, a própria mudança hormonal é capaz de provocar uma instabilidade emocional.
“Além disso, contribui para quadros de depressão e ansiedade que muitas vezes já eram pré-existentes e estavam mascarados e, nesse período da vida, eles vêm a luz e ganham uma proporção maior, ou seja, não tem mais como negligenciá-los”, explica.
Segundo um levantamento da empresa de higiene e saúde Essity, 70% das brasileiras não estão preparadas para a chegada da menopausa e 55% não gostam de falar sobre o assunto por ser ligado à velhice e à "deterioração" do corpo.
A psicóloga Elaine Lima diz que observa esse comportamento no consultório. Na avaliação da especialista, na cultura ocidental, a menopausa está associada à velhice e à deterioração do corpo.
“Na nossa sociedade ocidental, que é machista, patriarcal, consumista, capitalista, que valoriza a jovialidade e a beleza, envelhecer e entrar na menopausa vai ser algo muito mal visto. Existem muitas crenças distorcidas em relação à mulher mais velha, que ela é chata, seca, fria, mas a mulher que está envelhecendo enfrenta muitos desafios e talvez essa oscilação de humor, essa instabilidade emocional, é muitas vezes interpretada de forma negativa.”
“Existem muitos preconceitos, ainda é um tabu, na minha percepção, porque nós ainda não rompemos todas as barreiras no sentido de trazer essa temática para as nossas rodas de conversa, para o nosso dia a dia, para as reuniões em família. Como combater esse tabu? Eu acredito que o primeiro passo é por meio da informação. Então, falar sobre essa temática, os espaços que estão dando abertura para inserir esse tema proporcionam a nós, mulheres, e aos homens também, a possibilidade de ampliar o nosso conhecimento sobre esse assunto”, orienta.
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Você tem ansiedade? A ansiedade é comum em todos nós. Diante de algumas situações sentimos graus maiores ou menores, mas apesar de ser normal em alguns casos ela pode se tornar um problema.
Descubra com o Dr. Ajuda se o que está sentindo pode estar relacionado a sintomas de ansiedade. A psiquiatra Karina Calderoni dá mais detalhes sobre esta doença.
Endocrinologista alerta para como essas alterações podem levar a quadros de depressão e ansiedade
Segundo a pesquisa Panorama da Saúde Mental, divulgada em janeiro de 2024, metade das pessoas que responderam o questionário de saúde mental afirmaram que estão se sentindo para baixo ou “deprimido”. Além disso, 54% apontaram que sentem pouco interesse ou prazer em fazer as coisas. No mês de conscientização da saúde mental e emocional, conhecido como Janeiro branco, o endocrinologista Flávio Cadegiani alerta sobre a importância de fortalecer o cuidado com a população brasileira.
O especialista informa que diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento de doenças mentais, entre eles, as alterações hormonais. De acordo com ele, os hormônios atuam diretamente no cérebro, modificando a conexão entre os neurônios e a produção de serotonina, dopamina e de noradrenalina, neurotransmissores que são comunicadores entre os neurônios do cérebro.
Flávio aponta que a baixa testosterona, principal hormônio sexual masculino, pode desencadear depressão. Já o principal hormônio sexual feminino, o estradiol, pode levar mulheres a sofrerem com sintomas depressivos, fadiga e ansiedade.
“As principais práticas que aumentam a desregulação hormonal, são as práticas que desregulam o metabolismo, que levam a disfunções metabólicas como diabetes tipo 2, obesidade, problemas de colesterol”, informa.
O endocrinologista destaca a importância de evitar a automedicação na reposição hormonal. O uso inadequado de hormônios pode desencadear alterações que resultarão em diversos problemas de saúde.
Vera Lúcia, de 60 anos, relembra que começou a fazer reposição hormonal por volta de 52 anos, quando entrou na menopausa, após retirar o útero devido a presença de um mioma uterino.
“Começou libido zero, eu estava em uma relação e não conseguia que meu marido chegasse perto de mim. Vinha um calor subindo no pé da barriga até a cabeça, eu começava a suar e não tinha nada que fizesse isso parar. Minha relação acabou por causa disso [menopausa]”, recorda.
Na época, Vera explica que morava na Itália, e procurou por tratamentos de remédios naturais no país, já que os médicos não eram favoráveis à reposição hormonal. Quando ela voltou para Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, realizou exames que mostraram que estava apta para realizar a reposição hormonal.
“No outro dia, quando comecei a fazer reposição de estradiol, eu já estava me sentindo bem. Eu tenho uma vida normal, agora tudo voltou ao normal, meu cabelo parou de cair, eu me sinto super bem”, afirma.
Vera destaca que, apesar de não ter desenvolvido uma doença mental, passar por isso pode prejudicar significativamente a saúde emocional de outras mulheres.
O endocrinologista informa que a mudança de estilo de vida é um dos principais fatores de melhoria no balanço hormonal, como a prática da musculação, que aumenta os níveis de testosterona.
“Um bom consumo alimentar também regula os níveis de insulina. Quando ela deixa de ficar uma montanha russa, por grandes incursões de açúcar, o corpo responde a movimentos de insulina — e você acaba também regulando todos os demais hormônios”, completa.
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Durante a estiagem a fumaça decorrente dos incêndios que atingiram a região Norte do país, crianças e adolescentes acabaram sendo os mais impactados. Nessas situações, para evitar a exposição à fumaça, a orientação é ficar em casa.
“As crianças precisam de espaço para brincar, mas nesses dias assim é melhor evitar a exposição fora de casa, ao ar livre, e esperar a melhoria da qualidade do ar para que a criança tenha a possibilidade de sair e brincar fora”, orienta a especialista de Emergência, Saúde e Nutrição do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Neideana Ribeiro.
Para garantir a saúde de crianças e adolescentes, a recomendação é, sempre que possível, ter um espaço protegido: “Um outro ponto que a gente orienta é manter sempre um espaço, que podemos chamar de espaço limpo, que pode ser uma sala, pode ser um quarto, que fique com as janelas e portas fechadas, um ambiente sem exposição de fumaça.
E perder a mobilidade, se separar do convívio social, até mesmo enfrentar outras violências em casa e lidar com situações de vulnerabilidade, como a falta de alimentos, água, desnutrição morte são eventos indesejáveis que a exposição às fumaças, seca prolongada ou a cheia dos rios podem trazer junto com doenças e outras dificuldades que afetam a saúde mental dos adolescentes e jovens.
A oficial de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes do UNICEF, Gabriela Mora, explica como os eventos climáticos extremos podem desencadear questões preocupantes de saúde mental para jovens e adolescentes.
“Eles ficam muito mais expostos tanto a essa insegurança da família em relação à renda, planejamento do futuro, como também muda a dinâmica na família, a possibilidade de ir para a escola, de conviver com pessoas importantes, o que faz com que percam acesso a direitos que são fundamentais para o seu desenvolvimento.”
É nessa fase, entre os 10 e os 19 anos, que jovens ampliam sua capacidade de cognição, constróem sua identidade, fortalecem a criação de vínculos para além da família e aumentam a socialização. A adolescência também é marcada por um aumento da força do coletivo como estratégia que acaba por fortalecer também o indivíduo e pelo processo de compreensão sobre o seu lugar no mundo, além da conquista da autonomia e da transição dos estudos para o mundo do trabalho.
Depois da pandemia de Covid-19 — que mudou a forma como as pessoas cuidam da saúde mental — o UNICEF passou a tratar a questão como prioritária e, em parceria com organizações da sociedade civil e universidades, oferecer canais de ajuda em saúde mental para adolescentes e jovens, além de dialogar com a gestão pública de mais de 2 mil municípios para que revisitassem seus fluxos de atenção em saúde mental para adolescentes.
O canal de acolhimento apoiado pelo UNICEF é o Pode Falar. Uma plataforma virtual de ajuda a jovens de 13 a 24 anos e pode ser acessada gratuitamente por WhatsApp (61-9660-8843) ou site (www.podefalar.org.br). Criado em 2021, o canal já atendeu mais de 70 mil jovens e hoje faz cerca de 2.000 atendimentos semanais.
Os atendentes são treinados para acolher com empatia, ouvir e, se necessário, ajudar no encaminhamento desses adolescentes. Quem explica é o coordenador da rede Pode Falar, professor Hugo Monteiro Ferreira, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (URFPE).
“Esse jovem que chega para o Pode Falar não quer críticas, não quer julgamento, não quer condenação. Ele quer ser ouvido. A primeira ideia é ouvi-lo e ouvi-lo sem julgamento. É uma disposição de escuta, mas sem estabelecer aconselhamento, comparação, nem sentença.”
O coordenador ainda explica que existem três fluxos que podem acontecer ao entrar em contato com o Programa.
“Uma é aquela ligação que se encerra nela mesma; a outra é a ligação que vem por conta de uma motivação de violação e a terceira é a ligação que vem porque você está com adoecimento mental. E a gente tenta conversar com essa pessoa para mostrar a ela que precisa da ajuda sistemática de um profissional de saúde mental.”
O Pode Falar é a única rede no Brasil que atende exclusivamente adolescentes e jovens entre 13 e 24, associando inteligência artificial com condução humana. É, segundo o coordenador do programa, um dos melhores recursos das redes sociais. “Possibilita o jovem a pedir ajuda apenas tendo um celular nas mãos. Isso é revolucionário”, conclui o professor Hugo Ferreira.
Catástrofes climáticas, como a seca prolongada, queimadas, inundações ou pandemias podem mudar radicalmente a vida das pessoas. Elas podem perder a mobilidade, lidar com situações de insegurança, violência e a perda de pessoas próximas. E não é só o corpo que sofre com isso, mas a cabeça também. Pensando nisso, o UNICEF vem desenvolvendo ações para ajudar a resgatar a saúde mental de crianças e jovens. Um desses recursos é o Pode Falar. Uma plataforma virtual com atendentes treinados para acolher com empatia, ouvir e, se necessário, ajudar no encaminhamento desses adolescentes. Se você tem entre 13 e 24 anos e está passando por algum sofrimento mental, busque ajuda pelo site podefalar.org.br ou pelo WhatsApp (61) 9660-8843. O canal funciona de segunda-feira a sábado, exceto feriados, das 8 da manhã às 10 da noite e é de graça.
Você costuma dar a mesma atenção à saúde mental que à saúde física? Em eventos climáticos extremos — como queimadas, estiagem e inundações — as incertezas e o medo podem desencadear ansiedade, depressão e outros transtornos psicológicos. Consequências que costumam afetar ainda mais crianças e jovens. Por isso, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, o UNICEF, criou programas que ajudam a identificar e a encaminhar crianças e jovens abalados por questões climáticas. Você, pai, mãe ou adulto deve ficar atento aos primeiros sinais de mudança de comportamento, como isolamento social, dificuldade de comunicação ou agressividade. Pelo canal Pode Falar, criado pelo UNICEF, é possível ter acesso a todo tipo de ajuda em saúde mental, com uma escuta empática e sem julgamento. Então anote aí: pode falar.org.br ou o número de WhatsApp (61) 9660-8843. É de graça, pode ser acessado de qualquer lugar com atendimento humano de 8h às 22h, todos os dias, exceto domingos e feriados. Saúde mental é coisa séria, não deixe para depois.
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Como eventos climáticos podem afetar a saúde mental de jovens e adolescentes
Em eventos climáticos extremos, como queimadas, estiagem e inundações, você costuma dar a mesma atenção à saúde mental que à saúde física? As incertezas, o medo e outros efeitos causados por esse eventos podem desencadear ansiedade, depressão e outros transtornos psicológicos. Consequências que costumam afetar ainda mais crianças e jovens, já que, nessa faixa etária, a personalidade ainda está em formação e o impacto dessas tragédias climáticas pode ser mais profundo do que para os adultos.
Por isso, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) criou programas que ajudam a identificar e a encaminhar crianças e jovens abalados por questões climáticas.
O primeiro passo é identificar quando eles mudam de comportamento, como explica Gabriela Mora, oficial de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes do Unicef.
“É fundamental que os adultos de referência na vida desses adolescentes estejam atentos para esses sinais de mudança de comportamento e o isolamento certamente é um deles. A dificuldade de comunicação ou comportamentos mais agressivos são questões que as famílias precisam estar com o radar ligado para esses possíveis sinais comportamentais que podem representar um sofrimento psíquico.”
Gabriela Mora explica que essa atenção não deve vir apenas dos pais, mas de todo profissional ou adulto que seja uma referência na vida dessas crianças e jovens. Identificar o sofrimento é o primeiro passo. O segundo, explica a oficial, é fazer uma “escuta empática e amigável, já que muitas vezes as escolas e os centros de saúde não estão preparados para isso”.
Um dos canais oferecidos pelo Unicef e que fica disponível 24 horas para oferecer ajuda em saúde mental é o Pode Falar.
“O Pode Falar acontece de maneira regular e é um apoio psicossocial. Os atendentes são treinados para identificar esses casos e apoiar adolescentes a encontrar, em sua região, o que existe de serviços e quem faz parte da sua rede de referência,” explica Gabriela Moro.
Os atendentes são vinculados a 20 universidades parceiras do Pode Falar e todos são formados pelo Núcleo do Cuidado Humano da Universidade Federal de Pernambuco. Quem está do outro lado do computador recebe formação contínua para lidar com os jovens e é supervisionado por um professor universitário.
Os atendentes fazem esse acolhimento numa linha de “escuta empática, sem julgamento. Ajudando esse adolescente a colocar para fora, nomear sentimentos e ajudando o adolescente a pensar: bom, com quem eu posso contar num caso de sofrimento psíquico?”, explica Gabriela Mora.
A oficial ainda acrescenta que os atendentes são treinados para casos de emergência por questões climáticas. “Cada vez que acontece uma situação a gente traz um especialista para conversar com esse grupo de atendentes, para que eles sejam capazes de apoiar nas questões específicas trazidas por essa questão emergencial.”
O Unicef vem chamando a gestão pública local para o diálogo, fazendo com que esses gestores repensem o fluxo de atenção em saúde mental, como explica Gabriela Mora.
“O que existe nesse território para oferecer para adolescentes e jovens em termos de apoio psicossocial para promover resiliência — essa capacidade de superação de situações traumáticas — para garantir a prevenção de situações de violência, que a gente sabe que aumenta quando as famílias ficam isoladas, para que a educação volte.”
A ideia é ajudar os gestores locais a agirem de forma ágil e dinâmica em situações de catástrofe e fazer com que as pessoas saibam onde e a quem procurar em casos como esses. “A gente está trabalhando com as prefeituras para que a questão psicossocial seja considerada uma das prioridades na resposta a situações emergenciais”, explica a oficial de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes do Unicef.
Cerca de 26,8% dos brasileiros foram diagnosticados com ansiedade, com um índice alarmante de 31,6% entre os jovens de 18 a 24 anos, e prevalências notavelmente elevadas no Centro-Oeste com 32,2 — e também entre as mulheres, com 34,2%. Os dados fazem parte do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel), um estudo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em parceria com a Organização Global de Saúde Pública Vital Strategies.
Enquanto isso, 12,7% dos brasileiros foram diagnosticados com depressão, sendo mais frequente na região Sul com 18,3%, entre mulheres com 18,1%, e nas faixas etárias de 55 a 64 anos com 17% e 18 a 24 anos com 14,1%. A pesquisa foi realizada entre 2 de janeiro e 15 de abril, nas cinco regiões do país, pelo instituto Vital Strategies Brasil, em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e Umane.
A neuropsicóloga e doutora em psicologia Roselene Espírito Santo Wagner avalia que diversas condições sociais no Brasil, incluindo instabilidade financeira, baixa escolaridade e problemas de infraestrutura, como a má qualidade dos serviços públicos, estão entre os fatores que contribuem para fazer do país um dos líderes em incidência de transtornos de ansiedade na população.
“Os fatores ansiogênicos vêm da instabilidade financeira, baixa escolaridade, que não permite a ascensão profissional; falta de transporte público, que facilite a locomoção dentro da cidade; os engarrafamentos e horas perdidas no trânsito no ir e vir; a violência, a alta criminalidade, a falta de acesso à saúde de qualidade, principalmente à saúde mental, são estímulos estressores”, explica.
De acordo com o Ministério da Saúde, transtornos de ansiedade podem manifestar-se de várias maneiras, incluindo ansiedade persistente sem motivo claro ou episódios intensos que podem paralisar a pessoa. A sensação desconfortável pode levar o indivíduo a alterar sua rotina para evitar a ansiedade, como por exemplo, deixar de usar o elevador.
O psiquiatra do Hospital Anchieta de Brasília Pedro Leopoldo explica que a ansiedade é comum na natureza humana. Segundo ele, a ansiedade é uma resposta emocional e fisiológica normal, pois nos prepara para o estresse, por exemplo, para a defesa e para tomar decisões. “Onde isso começa a nos adoecer? A ansiedade começa a aparecer em situações que não precisava e não deveria, por exemplo numa reunião, no momento em que eu tenho que entregar um produto”, expõe.
De acordo com psiquiatra, os sintomas da ansiedade incluem:
Quando a ansiedade se torna uma condição crônica, pode impactar na vida pessoal e profissional da pessoa, prejudicando sua capacidade de tomar decisões e de realizar atividades do dia a dia.
A neuropsicóloga Roselene Espírito Santo avalia que a ansiedade, se não for tratada, pode servir de gatilho para outros transtornos, chegando a desencadear doenças psicossomáticas, que impactam tanto a saúde mental quanto a física. Por exemplo, condições como gastrite, úlceras, colites, taquicardia e hipertensão. Adicionalmente, crises de ansiedade também têm o potencial de gerar ataques de pânico e evoluir para a síndrome do pânico.
O Ministério da Saúde informa que existem três tipos de tratamento para os transtornos de ansiedade:
Segundo a pasta, a maioria das pessoas começa a se sentir melhor e retorna às suas atividades após algumas semanas de tratamento, tornando essencial a busca por auxílio especializado na unidade de saúde mais próxima. Para alcançar melhores resultados e minimizar prejuízos, é importante um diagnóstico precoce e preciso, um tratamento eficiente e acompanhamento prolongado.
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Mesmo fazendo parte da vida de milhares de brasileiras, a menopausa ainda é um assunto pouco discutido. No Brasil, apenas 50% das mulheres na menopausa fazem o uso de algum tratamento, — aponta estudo conduzido por pesquisadores brasileiros. Segundo o doutor em endocrinologia clínica Flavio Cadegiani, as mulheres precisam ter consciência de que a falta de cuidados ou até conhecimento sobre o assunto afeta de maneira significativa a saúde mental e física com sintomas que podem incomodar bastante neste período. “Podem ocorrer ganho de peso, por haver uma queda abrupta no metabolismo; depressão; distúrbios do sono; asma pós-menopausa; secura vaginal, com dores no ato sexual; e até mesmo osteoporose”, pontua.
O médico lamenta que a maioria das brasileiras não faz o tratamento hormonal adequado e esclarece que as consequências podem ser graves como a osteoporose pós-menopausa, que costuma ser recorrente. “A descontinuação do contato do hormônio feminino provoca uma queda importante da massa óssea então você tem uma desmineralização, uma perda de minerais do osso levando a osteoporose”, alerta.
Na opinião do especialista, a menopausa deve ser encarada como um momento natural na vida de uma mulher. “A menopausa é o evento que marca o fim da vida reprodutiva no sexo feminino, podendo ser definida como a ‘última menstruação’. Neste período de transição, em que a mulher passa da fase reprodutiva para a fase de pós-menopausa, chamado de climatério, é bastante comum o surgimento de uma série de sintomas desagradáveis.” Mas, apesar de ser uma fase difícil, Cadegiani revela que é possível amenizar os sintomas do climatério e passar por este período com boa qualidade de vida.
Para ele, a principal forma de reduzir os sintomas do climatério é o tratamento hormonal adequado. “Até o início dos anos 2000, entendia-se que todas as mulheres tinham que repor hormônio na menopausa. Só que saíram dois estudos nessa época apontando aumento de risco de uma série de coisas e a reposição na menopausa caiu mais de 95% com isso. Agora, temos novos estudos que mostram a importância do tratamento em certos casos. Por isso, avaliamos caso a caso, entendendo que depende da mulher, da idade e se ela tem sintomas”, destaca.
O presidente da Associação Brasileira de Climatério, Rogério Bonassi Machado, diz que o tratamento mais fisiológico da menopausa é a terapia de reposição hormonal por meio de uso dos estrogênios. “A mulher quando ela perde esses hormônios nós repomos. É bem simples esse conceito. Pode fazer reposição também da própria progesterona, mas o ator principal é o estrogênio”. O médico explica que a terapia de reposição hormonal é recomendada para as mulheres que têm sintomas e existem objetivos claros para o uso da terapia: “Melhora dos sintomas, previne atrofia da vagina e prevenção da osteoporose”, revela.
Segundo Bonassi, os sintomas iniciais são as irregularidades da menstruação e isso se alonga até o momento em que a mulher para de menstruar. “Quando isso ocorre, a mulher tem os famosos fogachos, onda de calor que ocorre no período noturno, é uma onda súbita que ocorre na região do tórax, vai para a cabeça, podem aparecer placas avermelhadas e depois esse calor se dissipa e termina com uma onda de frio”, detalha.
Garben Hellen Ferreira da Silva, de 60 anos, é aposentada e conta que começou a fazer a reposição hormonal há cinco anos, após se sentir mal com as ondas de calor típicas da menopausa. “Eu comecei com os fogachos, minha pressão arterial subiu, comecei a ficar triste, a minha libido diminuiu bastante e quando eu fui na minha endocrinologista e fiz os meus exames hormonais, eles estavam baixos, minha progesterona, minha testosterona, meu estradiol”, cita.
Depois de iniciar o tratamento, ela conta que sua vida melhorou bastante. “Hoje eu não tenho mais aqueles fogachos, não tenho mais aquela depressão e, obviamente, tudo associado a uma academia, tomar vitamina D, tomar sol, é todo um conjunto porque, a partir desse momento, você pode ter uma série de outros problemas e a gente tem que prevenir com a reposição hormonal. Pra quem é indicado a reposição hormonal,eu indico que faça. Muitos dos sintomas acontecem pela falta do hormônio”, ressalta.
O conhecimento dos sinais e sintomas permite cuidados individualizados e ainda melhora a qualidade de vida e o bem-estar das mulheres. A faixa etária média para a mulher entrar na menopausa é entre 48 e 52 anos. Quando esse processo ocorre antes dos 40 anos, o doutor em endocrinologia clínica, Flavio Cadegiani, diz que é classificado como precoce. “A menopausa precoce é considerada quando é abaixo de 40 anos, mas abaixo de 45 a gente já considera que podem existir diversos problemas”.
De acordo com o especialista, mulheres que entram na menopausa antes dos 45 anos e que não repõem os hormônios podem ter complicações. “Aumentam muito os riscos de doenças cardiovasculares, diabetes, doenças metabólicas em geral e, possivelmente, fora a parte da psiquiatria como doenças mentais, o alzheimer e a demência. Hoje, repor para mulheres com menos de 45 anos é mandatório — não repor é considerado uma negligência médica. E tem sido cada vez maior a incidência de mulheres com menopausa precoce”, relata.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Climatério, Rogério Bonassi Machado, cada caso precisa ser avaliado individualmente. “Tem mulheres que não vão ter sintomas e existem aquelas que não podem fazer a terapia hormonal”. Ele explica que existem contra indicações: “A mulher que já teve câncer de mama é contra indicado para a terapia de reposição hormonal,bem como as que mulheres que têm doenças cardiovasculares, doenças do fígado e cirrose hepática, por exemplo”, alerta.
O médico Cadegiani ainda acrescenta “É importante falar que os ovários não morrem por inteiro. Então, mulheres que tiraram os ovários, por exemplo, têm mais sintomas de menopausa e têm maior risco de problemas associados ao pós-menopausa do que mulheres que entram na menopausa, mas não retiraram os ovários”, completa.
Garben Hellen reforça que é preciso valorizar a vida das mulheres adultas e combater o preconceito de idade. ” É preciso se cuidar, se gostar e viver essa nova fase que não te impede de nada. Eu continuo com a mesma vaidade de sempre e a mesma disposição”, revela.
Os especialistas lembram que a terapia de reposição hormonal deve ser prescrita por um médico após avaliação individual. Já os benefícios e riscos dessa terapia podem variar dependendo da saúde, histórico clínico e preferências da paciente.
Uma empresa especializada em soluções de saúde digital, a Docway, realizou estudo que evidencia um crescimento de 22,1% nos atendimentos totais de telemedicina e de 1.290% nas consultas de psiquiatria e psicologia em 2022 - um salto de 2.852 atendimentos para 35.898 no ano passado, em comparação com o ano anterior. Também foi percebido uma elevação de 36,5% nos diagnósticos de pacientes com transtornos de ansiedade.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10% da população mundial sofre com transtornos mentais, o que corresponderia, aproximadamente, a 720 milhões de pessoas. O Brasil é o país que lidera o ranking de ansiedade e depressão na América Latina, com quase 19 milhões de pessoas com essas condições.
Na avaliação da doutora em psicologia e neuropsicóloga, Roselene Espírito Santo Wagner, entre os motivos que faz do Brasil um dos países com maior incidência de transtornos de ansiedade em sua população estão as condições sociais no país, como instabilidade financeira, baixa escolaridade e problemas de infraestrutura, como má qualidade dos serviços públicos.
“Os fatores ansiogênicos vêm da instabilidade financeira, baixa escolaridade, que não permite a ascensão profissional; falta de transporte público, que facilite a locomoção dentro da cidade; os engarrafamentos e horas perdidas no trânsito no ir e vir; a violência, a alta criminalidade, a falta de acesso à saúde de qualidade, principalmente à saúde mental, são estímulos estressores”, explica a neuropsicóloga.
O psiquiatra do Hospital Anchieta de Brasília, Pedro Leopoldo, também aponta a pandemia como um dos fatores essenciais para o aumento de diagnósticos de transtornos ansiosos nos últimos anos. “Pessoas que, de fato, ficaram com sequelas físicas da Covid, pessoas que faleceram e aí temos o luto, temos as pessoas que estão sofrendo de sequelas físicas, temos a ameaça [ficar doente] e temos ainda o imaginário, tem pessoas que tem um excesso de preocupação”, aponta o especialista.
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Pedro Leopoldo explica que a ansiedade é comum na natureza humana. Segundo o psiquiatra, a ansiedade é uma resposta emocional e fisiológica normal, pois nos prepara para o estresse, por exemplo, para a defesa e para tomar decisões. “Onde isso começa a nos adoecer? A ansiedade começa a aparecer em situações que não precisava e não deveria, por exemplo numa reunião, no momento em que eu tenho que entregar um produto”, explica o médico.
De acordo com Leopoldo, os sintomas da ansiedade incluem preocupação excessiva, medo, tensão muscular, inquietação, insônia, taquicardia, sudorese e falta de ar. Quando a ansiedade se torna uma condição crônica, pode impactar na vida pessoal e profissional da pessoa, prejudicando sua capacidade de tomar decisões e de realizar atividades do dia a dia.
Segundo Roselene Espírito Santo Wagner, a ansiedade, quando não tratada, pode ser gatilho para o desenvolvimento de outros transtornos, podendo desencadear doenças psicossomáticas, que afetam não somente a saúde mental, mas também a saúde física. “Por exemplo, gastrite, úlceras, colites, taquicardia e hipertensão. Além do que, crises de ansiedade podem gerar ataque de pânico e se transformar em síndrome do pânico”, pontua a neuropsicóloga.
De acordo com o Ministério da Saúde, existem três tipos de tratamento para os transtornos de ansiedade: medicamentos (sempre com acompanhamento e receita médica); psicoterapia com psicólogo ou psiquiatra; e a combinação dos dois tratamentos. Todos são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A pasta ressalta que é importante procurar ajuda médica especializada para tratar a ansiedade. “O diagnóstico precoce e preciso, um tratamento eficaz e o acompanhamento por um prazo longo são imprescindíveis para obter-se melhores resultados e menores prejuízos”, destaca.