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11/08/2023 16:35h

Para especialistas, tratamento adequado é a principal forma de reduzir os sintomas e evitar problemas futuros

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Mesmo fazendo parte da vida de milhares de brasileiras, a menopausa ainda é um assunto pouco discutido. No Brasil, apenas 50% das mulheres na menopausa fazem o uso de algum tratamento, — aponta estudo conduzido por pesquisadores brasileiros. Segundo o doutor em endocrinologia clínica Flavio Cadegiani, as mulheres precisam ter consciência de que a falta de cuidados ou até conhecimento sobre o assunto afeta de maneira significativa a saúde mental e física com sintomas que podem incomodar bastante neste período. “Podem ocorrer ganho de peso, por haver uma queda abrupta no metabolismo; depressão; distúrbios do sono; asma pós-menopausa; secura vaginal, com dores no ato sexual; e até mesmo osteoporose”, pontua.

O médico lamenta que a maioria das brasileiras não faz o tratamento hormonal adequado e esclarece que as consequências podem ser graves como a osteoporose pós-menopausa, que costuma ser recorrente. “A descontinuação do contato do hormônio feminino provoca uma queda importante da massa óssea então você tem uma desmineralização, uma perda de minerais do osso levando a osteoporose”, alerta.

Na opinião do especialista, a menopausa deve ser encarada como um momento natural na vida de uma mulher. “A menopausa é o evento que marca o fim da vida reprodutiva no sexo feminino, podendo ser definida como a ‘última menstruação’. Neste período de transição, em que a mulher passa da fase reprodutiva para a fase de pós-menopausa, chamado de climatério, é bastante comum o surgimento de uma série de sintomas desagradáveis.” Mas, apesar de ser uma fase difícil, Cadegiani revela que é possível amenizar os sintomas do climatério e passar por este período com boa qualidade de vida.

Para ele, a principal forma de reduzir os sintomas do climatério é o tratamento hormonal adequado. “Até o início dos anos 2000, entendia-se que todas as mulheres tinham que repor hormônio na menopausa. Só que saíram dois estudos nessa época apontando aumento de risco de uma série de coisas e a reposição na menopausa caiu mais de 95% com isso. Agora, temos novos estudos que mostram a importância do tratamento em certos casos. Por isso, avaliamos caso a caso, entendendo que depende da mulher, da idade e se ela tem sintomas”, destaca.

O presidente da Associação Brasileira de Climatério, Rogério Bonassi Machado, diz que o tratamento mais fisiológico da menopausa é a terapia de reposição hormonal por meio de uso dos estrogênios. “A mulher quando ela perde esses hormônios nós repomos. É bem simples esse conceito. Pode fazer reposição também da própria progesterona, mas o ator principal é o estrogênio”. O médico explica que a terapia de reposição hormonal é recomendada para as mulheres que têm sintomas e existem objetivos claros para o uso da terapia: “Melhora dos sintomas, previne atrofia da vagina e prevenção da osteoporose”, revela.

Segundo Bonassi, os sintomas iniciais são as irregularidades da menstruação e isso se alonga até o momento em que a mulher para de menstruar. “Quando isso ocorre, a mulher tem os famosos fogachos, onda de calor que ocorre no período noturno, é uma onda súbita que ocorre na região do tórax, vai para a cabeça, podem aparecer placas avermelhadas e depois esse calor se dissipa e termina com uma onda de frio”, detalha.

Garben Hellen Ferreira da Silva, de 60 anos, é aposentada e conta que começou a fazer a reposição hormonal há cinco anos, após se sentir mal com as ondas de calor típicas da menopausa. “Eu comecei com os fogachos, minha pressão arterial subiu, comecei a ficar triste, a minha libido diminuiu bastante e quando eu fui na minha endocrinologista e fiz os meus exames hormonais, eles estavam baixos, minha progesterona, minha testosterona, meu estradiol”, cita.

Depois de iniciar o tratamento, ela conta que sua vida melhorou bastante. “Hoje eu não tenho mais aqueles fogachos, não tenho mais aquela depressão e, obviamente, tudo associado a uma academia, tomar vitamina D, tomar sol, é todo um conjunto porque, a partir desse momento, você pode ter uma série de outros problemas e a gente tem que prevenir com a reposição hormonal. Pra quem é indicado a reposição hormonal,eu indico que faça. Muitos dos sintomas acontecem pela falta do hormônio”, ressalta.

Menopausa precoce

O conhecimento dos sinais e sintomas permite cuidados individualizados e ainda melhora a qualidade de vida e o bem-estar das mulheres. A faixa etária média para a mulher entrar na menopausa é entre 48 e 52 anos. Quando esse processo ocorre antes dos 40 anos, o  doutor em endocrinologia clínica, Flavio Cadegiani, diz que é classificado como precoce. “A menopausa precoce é considerada quando é abaixo de 40 anos, mas abaixo de 45 a gente já considera que podem existir diversos problemas”. 

De acordo com o especialista, mulheres que entram na menopausa antes dos 45 anos e que não repõem os hormônios podem ter complicações. “Aumentam muito os riscos de doenças cardiovasculares, diabetes, doenças metabólicas em geral e, possivelmente, fora a parte da psiquiatria como doenças mentais, o alzheimer e a demência. Hoje, repor para mulheres com menos de 45 anos é mandatório — não repor é considerado uma negligência médica. E tem sido cada vez maior a incidência de mulheres com menopausa precoce”, relata.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Climatério, Rogério Bonassi Machado, cada caso precisa ser avaliado individualmente. “Tem mulheres que não vão ter sintomas e existem aquelas que não podem fazer a terapia hormonal”. Ele explica que existem contra indicações: “A mulher que já teve câncer de mama é contra indicado para a terapia de reposição hormonal,bem como as que mulheres que têm doenças cardiovasculares, doenças do fígado e cirrose hepática, por exemplo”, alerta.

O médico Cadegiani ainda acrescenta “É importante falar que os ovários não morrem por inteiro. Então, mulheres que tiraram os ovários, por exemplo, têm mais sintomas de menopausa e têm maior risco de problemas associados ao pós-menopausa do que mulheres que entram na menopausa, mas não retiraram os ovários”, completa.

Garben Hellen reforça que é preciso valorizar a vida das mulheres adultas e combater o preconceito de idade. ” É preciso se cuidar, se gostar e viver essa nova fase que não te impede de nada. Eu continuo com a mesma vaidade de sempre e a mesma disposição”, revela.

Os especialistas lembram que a terapia de reposição hormonal deve ser prescrita por um médico após avaliação individual. Já os benefícios e riscos dessa terapia podem variar dependendo da saúde, histórico clínico e preferências da paciente. 

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12/03/2023 16:45h

No país, cerca de 19 milhões de pessoas sofrem com ansiedade e depressão. Pesquisa de empresa especializada em soluções de saúde digital aponta crescimento de 1.290% em consultas psiquiátricas e de psicologia em 2022, no Brasil

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Uma empresa especializada em soluções de saúde digital, a Docway, realizou estudo que evidencia um crescimento de 22,1% nos atendimentos totais de telemedicina e de 1.290% nas consultas de psiquiatria e psicologia em 2022 - um salto de 2.852 atendimentos para 35.898 no ano passado, em comparação com o ano anterior. Também foi percebido uma elevação de 36,5% nos diagnósticos de pacientes com transtornos de ansiedade.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10% da população mundial sofre com transtornos mentais, o que corresponderia, aproximadamente, a 720 milhões de pessoas. O Brasil é o país que lidera o ranking de ansiedade e depressão na América Latina, com quase 19 milhões de pessoas com essas condições.

Na avaliação da doutora em psicologia e neuropsicóloga, Roselene Espírito Santo Wagner, entre os motivos que faz do Brasil um dos países com maior incidência de transtornos de ansiedade em sua população estão as condições sociais no país, como instabilidade financeira, baixa escolaridade e problemas de infraestrutura, como má qualidade dos serviços públicos.

“Os fatores ansiogênicos vêm da instabilidade financeira, baixa escolaridade, que não permite a ascensão profissional; falta de transporte público, que facilite a locomoção dentro da cidade; os engarrafamentos e horas perdidas no trânsito no ir e vir; a violência, a alta criminalidade, a falta de acesso à saúde de qualidade, principalmente à saúde mental, são estímulos estressores”, explica a neuropsicóloga.

O psiquiatra do Hospital Anchieta de Brasília, Pedro Leopoldo, também aponta a pandemia como um dos fatores essenciais para o aumento de diagnósticos de transtornos ansiosos nos últimos anos. “Pessoas que, de fato, ficaram com sequelas físicas da Covid, pessoas que faleceram e aí temos o luto, temos as pessoas que estão sofrendo de sequelas físicas, temos a ameaça [ficar doente] e temos ainda o imaginário, tem pessoas que tem um excesso de preocupação”, aponta o especialista.

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Qual a diferença entre a ansiedade comum e um transtorno de ansiedade?

Pedro Leopoldo explica que a ansiedade é comum na natureza humana. Segundo o psiquiatra, a ansiedade é uma resposta emocional e fisiológica normal, pois nos prepara para o estresse, por exemplo, para a defesa e para tomar decisões. “Onde isso começa a nos adoecer? A ansiedade começa a aparecer em situações que não precisava e não deveria, por exemplo numa reunião, no momento em que eu tenho que entregar um produto”, explica o médico.

De acordo com Leopoldo, os sintomas da ansiedade incluem preocupação excessiva, medo, tensão muscular, inquietação, insônia, taquicardia, sudorese e falta de ar. Quando a ansiedade se torna uma condição crônica, pode impactar na vida pessoal e profissional da pessoa, prejudicando sua capacidade de tomar decisões e de realizar atividades do dia a dia.

Segundo Roselene Espírito Santo Wagner, a ansiedade, quando não tratada, pode ser gatilho para o desenvolvimento de outros transtornos, podendo desencadear doenças psicossomáticas, que afetam não somente a saúde mental, mas também a saúde física. “Por exemplo, gastrite, úlceras, colites, taquicardia e hipertensão. Além do que, crises de ansiedade podem gerar ataque de pânico e se transformar em síndrome do pânico”, pontua a neuropsicóloga.

Tratamento

De acordo com o Ministério da Saúde, existem três tipos de tratamento para os transtornos de ansiedade: medicamentos (sempre com acompanhamento e receita médica); psicoterapia com psicólogo ou psiquiatra; e a combinação dos dois tratamentos. Todos são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A pasta ressalta que é importante procurar ajuda médica especializada para tratar a ansiedade. “O diagnóstico precoce e preciso, um tratamento eficaz e o acompanhamento por um prazo longo são imprescindíveis para obter-se melhores resultados e menores prejuízos”, destaca.

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25/02/2023 14:55h

Além do AVC, essa prática pode evitar o surgimento de outras doenças como câncer e diabetes

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Atualmente com 25 anos de idade, o enfermeiro intensivista Daniel Lira pratica atividade física desde criança, quando tinha cerca de 8 anos. Morador do município de Tauá, no interior do Ceará, ele conta que gosta de jogar futebol e futsal, mas também tenta conciliar o tempo com a musculação e a corrida, atividades que exerce praticamente todos os dias. Para ele, além do lazer, essas modalidades são vistas como forma de manter a saúde em dia. 

“Faz total diferença na saúde como um todo, seja ela física ou mental. Aliadas a uma alimentação saudável, talvez sejam as principais formas de prevenção de doenças e promoção da longevidade, principalmente as doenças emergentes que temos hoje na sociedade, como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares, além de doenças mentais que têm surgido com maior frequência”, considera. 

Com esse hábito, Daniel Lira está entre as pessoas que podem reduzir o risco de adquirir várias doenças, incluindo câncer e acidente vascular cerebral isquêmico (AVC). De acordo com dados de uma pesquisa publicada no JAMA Network, apenas 20 minutos diários de exercícios físicos ajudam na prevenção de inúmeros problemas de saúde. 

O neurocirurgião e especialista em AVC Victor Hugo Espíndola afirma que o estudo amplia as evidências de que a prática de atividade física está associada a melhores resultados referentes à saúde.

“Consequentemente, diminuindo a incidência desses fatores de risco cardiovascular, a gente vai conseguir diminuir a incidência de AVC, de infarto, que são hoje as principais causas de mortalidade no mundo. Isso mostra que o exercício físico é um grande aliado que temos, porque ele ajuda a saúde como um todo, melhora o sono, e isso tudo contribui para o nosso bem-estar”, pontua o especialista. 

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A pesquisa constatou que a prática dessas atividades pode evitar, ainda, o surgimento de outras doenças como pneumonia, doença da vesícula biliar, anemia por deficiência de ferro, infecções do trato urinário (UTIs), pólipos do cólon, tromboembolismo venoso e doença diverticular, caracterizada por pequenas bolsas em forma de balão que se projetam por meio das camadas de estruturas específicas do trato gastrointestinal.

De acordo com o levantamento, mais de 81 mil pacientes com idades entre 42 e 78 anos foram avaliados. Cada participante recebeu um rastreador de atividades físicas, que foi utilizado por uma semana. 

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12/02/2023 16:12h

Especialista explica que a doença é irreversível e evolui progressivamente

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Cerca de 2 milhões de pessoas vivem com alguma forma de demência no Brasil e o número pode triplicar até 2050. O Alzheimer é uma delas. A doença, mais comum em pessoas acima de 65 anos, é causada pela morte de células cerebrais e provoca a perda de funções cognitivas, como memória, linguagem, planejamento e habilidade visuais-espaciais.  

O Alzheimer não tem cura, mas o tratamento medicamentoso combinado com outras técnicas ajuda a amenizar o impacto dos sintomas, que costumam aparecer alguns anos antes do diagnóstico. Em entrevista ao portal Brasil 61, a neuropsicóloga Simone Lavorato explica quais os  principais sintomas, formas de tratamento, além de trazer mais detalhes sobre a doença.  

Brasil 61: Como ocorre o desenvolvimento de uma demência?
SL: Existem diversos fatores que podem levar o sujeito à demência. Algumas são doenças neurodegenerativas, lesões vasculares, deficiências nutricionais, alguma infecção muito grave. Então, existe aí um conjunto de fatores que podem levar à demência. A demência é, na verdade, um grupo de sintomas que vão diminuindo a capacidade da pessoa de julgamento, de adaptação a situações sociais. Afeta a memória, afeta também a rotina diária da pessoa e muitas vezes a pessoa com demência não tem condições de fazer as atividades de vida diária. Ou seja, ela precisa de um suporte, precisa de uma ajuda. Ela perde a independência de viver plenamente sozinha. 

Brasil 61: O que é o Alzheimer e como ele afeta a pessoa diagnosticada?
SL: O Alzheimer é um distúrbio cerebral irreversível, ou seja, uma vez instaurado, ele vai progressivamente piorando. Ele afeta muito a memória, habilidade de pensamento, por isso que muitas vezes ele é até confundido com a demência. Então, às vezes tem uma confusão aí entre separar o que é Alzheimer e o que é demência. Essa questão do Alzheimer ainda não tem uma causa específica determinada. Acredita-se muito na questão genética, mas muitos estudos ainda estão surgindo e vêm trazendo novidades acerca da real origem do Alzheimer. 

Brasil 61: Por que a doença é mais comum em idosos?
SL: O Alzheimer é muito comum no idoso justamente porque o avanço da idade é um fator de risco determinante para o desenvolvimento da doença. Apesar de termos muitos casos prematuros de pessoas com menos de 60 anos e que já estão sendo diagnosticadas com Alzheimer.

Brasil 61: Existem formas de se prevenir contra o Alzheimer?
SL: Como ainda é um grande desafio para os pesquisadores entender as questões de origem e como pode ser prevenido o Alzheimer a gente tem algumas recomendações no sentido de colocar o cérebro para funcionar; fazer atividades que exijam que continue com o funcionamento cerebral ativo; um estilo de vida mais saudável; atividade física, porque está ligada diretamente com a questão da liberação hormonal. Então são alguns conselhos, mas que a gente ainda não consegue saber exatamente o que fazer para prevenir. 

Brasil 61: Quais os sintomas mais  frequentes em pessoas com Alzheimer?
SL: Podemos dizer que o Alzheimer traz falta de memória. A pessoa perde a memória de forma muito marcante, desorientação, falta de concentração, muitas vezes alteração de linguagem. E também ela passa, às vezes, a não conseguir fazer um julgamento adequado de certas situações e até mesmo se posicionar frente às questões diárias, de rotina, que ela não consegue mais administrar. A gente pode citar, por exemplo, questões financeiras, jurídicas, até mesmo de higiene pessoal. A pessoa passa a ter um comprometimento e não consegue mais desenvolver isso de forma independente. 

Brasil 61: O Alzheimer não tem cura, mas existem tratamentos que podem retardar os efeitos da doença. Gostaria que a senhora falasse um pouco sobre isso. 
SL: Quanto ao tratamento, é essencial que a gente faça uma combinação de tratamento medicamentoso e de terapia. Seja ela a terapia psicológica, seja ocupacional, ou seja, é uma associação para ter realmente um tratamento efetivo.

Brasil 61: Qual o impacto da doença na vida dos familiares?
SL: Quando temos um membro da família adoecido com Alzheimer ou outra demência, a gente costuma dizer que toda a família adoece. Então toda a família precisa também de um tratamento, de um acompanhamento psicológico. Porque é muito difícil ver aquela pessoa que sempre foi ativa, um membro da família e de repente ele vai perdendo autonomia ao passar do tempo. Isso é muito traumático para qualquer família. Por isso que eu sempre digo que onde a gente tem um idoso adoecido ou cometido de Alzheimer ou demência, a gente tem também uma família adoecida. 

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11/02/2023 14:51h

Criado em 2019, bloco é voltado para oferecer informações e cuidado, além de atuar no promoção de políticas públicas para cuidadores e pessoas com demência

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Música, festa, folia e milhões de pessoas exalando alegria pelas ruas do país. O Carnaval 2023 está chegando e promete matar a saudade de todos os seus apaixonados após dois anos interrompidos pela pandemia de Covid-19. A festa mais popular do Brasil é marcada pela alegria contagiante dos foliões e também pelo impacto econômico que  causa em diversos setores. No entanto, o Carnaval é muito mais: representa diversidade, inclusão e amplifica vozes muitas vezes silenciadas. É o caso do Coletivo Filhas da Mãe, em Brasília.

O bloco foi criado em 2019 com o objetivo de oferecer informações, cuidado e autocuidado às pessoas responsáveis por familiares diagnosticados com algum tipo de demência, em especial o Alzheimer. A doença, mais comum em pessoas acima de 65 anos, é causada pela morte de células cerebrais e provoca a perda de funções cognitivas, como memória, linguagem, planejamento e habilidade visuais-espaciais. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 2 milhões de pessoas vivem com alguma forma de demência no Brasil.

O primeiro contato de Cosette Castro, uma das coordenadoras do Coletivo Filhas da Mãe, com uma demência, foi através da mãe, diagnosticada com Alzheimer em 2011. Alguns anos depois, o tio também teve o diagnóstico. Ela conta que cuidou da mãe por quase 10 anos, até seu falecimento em 2021. Cosette, que também é pesquisadora e psicanalista, explica que ao participar de reuniões com outros familiares percebeu que faltavam informações sobre cuidados para quem cuida.  

“Uma coisa que as cuidadoras familiares observavam é que não tinha um olhar para quem cuida, apenas um olhar e informações sobre as doenças. Então estava muito focado em como cuidar; como lavar ; como dar banho; como dar remédio, mas ninguém falava sobre o cuidado de quem cuida. Então um grupo de mulheres filhas de mães com demências, principalmente Alzheimer,  se reuniu exatamente para isso; acolher e oferecer informações cuidado e autocuidado para outras mulheres que cuidam”, afirma. Por isso, o nome “Filhas da Mãe” foi escolhido.

Projetos do Coletivo "Filhas da Mãe"

Dentre outras iniciativas, o Coletivo atuou  para a aprovação da política distrital para prevenção, tratamento e apoio às pessoas com doença de Alzheimer e outras demências, aos seus familiares e aos cuidadores (Lei 6.292/21). “Isso é uma grande vitória do coletivo, com o apoio de outras entidades”, afirma Cosette. Ela destaca ainda que “além de políticas públicas, temos que ter pesquisa.”

Segundo a coordenadora, o Coletivo e outras instituições conseguiram emenda parlamentar  para traçar o perfil de pessoas com demência no DF. O “Estudo sobre pessoas idosas com demência e cuidadores no Distrito Federal”, apresentado em dezembro do último ano pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPE-DF), mostra que as mulheres representam 81,6% do total de cuidadores familiares. Entre particulares, elas são 88,7% e em intuições, 79,4%. Segundo o levantamento, a relação de parentesco, avaliada apenas para as cuidadoras familiares, apresentou os seguintes números: filha (61%); neta (11,5%); e esposa (9,2%).

Cosette Castro destaca que o bloco é focado na prevenção da saúde mental das cuidadoras. Além disso, é um importante espaço de arte e cultura voltado para o cuidado dessas mulheres que assumem a responsabilidade por uma pessoa com demência. 

“Elas já sofrem de sobrecarga física, mental emocional e para que elas tenham momentos de prevenção de saúde e de autocuidado e não passem apenas a vida cuidando dos outros. Porque em geral quem é uma cuidadora familiar, em geral, precisa deixar o seu trabalho, o seu projeto de vida, seus estudos, às vezes famílias se separam. É algo bem complicado. E não é algo de um ou dois anos, em geral são 10, 15, 20 anos. Ou seja, a vida das pessoas muda radicalmente sem que elas tenham escolha”, pontua. 

A Associação Brasileira de Alzheimer e (ABRAz) explica que por se tratar de uma doença progressiva, a pessoa diagnosticada com demência perde autonomia e independência, o que faz a doença afetar não só a vida da pessoa que recebeu o diagnóstico, mas também a de toda a família. 

“Com a perda da capacidade de realização e a configuração de um quadro de incapacitação, as demências exigem a presença de cuidadores de maneira progressiva. No estágio inicial, geralmente, o acompanhamento do paciente pode ser à distância, pois ele mantém certa autonomia. No estágio moderado da doença, há maior exposição a riscos e o monitoramento passa a ser necessário e crescente. No estágio avançado, os cuidados tendem a ser constantes. Em cada etapa há desafios próprios, que requerem flexibilidade para uma boa adaptação às mudanças”, diz a ABRAz.  

O Coletivo Filhas da Mãe promove neste sábado (11) um Esquenta Carnaval com oficina gratuita de Customização de Camisetas, nas Superquadra Criativa da 307 Sul. Nos meses de janeiro e fevereiro, o Coletivo realiza oficinas pré-carnaval como forma de promover um espaço de saúde mental, conversas, afeto e cuidado entre as mulheres cuidadoras. 

Alzheimer

Cerca de 2 milhões de pessoas vivem com alguma forma de demência no Brasil. O número pode triplicar até 2050. De acordo com o Ministério da Saúde, o Alzheimer é uma doença neurodegenerativa mais recorrente na população com 65 anos ou mais. Os sintomas costumam aparecer alguns anos antes em detalhes do dia a dia, como esquecimento, troca de nomes, repetições e mudanças de comportamento. 

Principais sintomas

  • falta de memória para acontecimentos recentes;
  • repetição da mesma pergunta várias vezes;
  • dificuldade para acompanhar conversações ou pensamentos complexos;
  • incapacidade de elaborar estratégias para resolver problemas;
  • dificuldade para dirigir automóvel e encontrar caminhos conhecidos;
  • dificuldade para encontrar palavras que exprimam idéias ou sentimentos pessoais;
  • irritabilidade, desconfiança injustificada, agressividade, passividade, interpretações erradas de estímulos visuais ou auditivos, tendência ao isolamento.

O Alzhemier não tem cura, mas o tratamento ajuda a retardar a evolução da doença. Segundo o Ministério da Saúde, além do tratamento medicamentoso, existem também outras formas de amenizar os sintomas. São elas: reabilitação cognitiva; terapia ocupacional; controle de pressão alta, diabetes e colesterol; atividade física regular; e atendimento multiprofissional disciplinar — neurologia, clínica médica, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e nutrição —, todos oferecidos de forma integral e gratuita pelo SUS.

Fases da doença, segundo o Ministério da Saúde 

  • Estágio 1 (forma inicial): alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais;
  • Estágio 2 (forma moderada): dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos. Agitação e insônia;
  • Estágio 3 (forma grave): resistência à execução de tarefas diárias. Incontinência urinária e fecal. Dificuldade para comer. Deficiência motora progressiva;
  • Estágio 4 (terminal): restrição ao leito. Mutismo. Dor ao engolir. Infecções intercorrentes.
     
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09/12/2022 11:11h

As cooperativas de saúde estão em 85% do território brasileiro e já atenderam mais de 20 milhões de pessoas. Na Bahia, são 59 cooperativas do ramo ativas, com 31 mil cooperados e 1,1 mil empregados

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O cooperativismo de saúde brasileiro é o maior do mundo, segundo o Sistema OCB. Com 767 cooperativas e mais de 318 mil cooperados espalhados pelo país, o Ramo Saúde se tornou referência para países que desejam avançar, a partir do modelo cooperativista.

Para o conselheiro diretor representante do Ramo Saúde no Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado da Bahia - Oceb, Silvio Porto, as cooperativas conseguiram se destacar, ainda mais, durante o período de pandemia. “Realmente, as cooperativas deram um show, no sentido de encarar essa grande pandemia. Tivemos grandes exemplos em todo o Brasil de que o sistema cooperativo realmente é diferente, pois tem um olhar social muito intenso. A cooperativa não trabalha só por valores econômicos, tem princípios”, destaca.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida dos brasileiros aumentou para, em média, 77 anos, em 2021. Silvio Porto, que também é médico, alerta que para esse número continuar crescendo, é necessário serviços de saúde de qualidade, mas também é preciso que os brasileiros se cuidem.

“Hábitos saudáveis, principalmente em relação a boa alimentação e a prática de exercício, é o que vão ditar a qualidade de vida. É importante viver muito, mas viver com boa qualidade. Existem fatores modificáveis e não modificados. Doenças que são hereditárias, que são congênitas, essas você não tem como modificar. Mas as outras doenças, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, diabetes, obesidade, são doenças que a gente pode modificar através de uma prevenção, uma prevenção primária”, explica.

E foi pensando no bem-estar dos trabalhadores brasileiros que a Unifisio, cooperativa de trabalho dos fisioterapeutas da Bahia, se consolidou na área. “É uma cooperativa que tem quase 30 anos de mercado. Começou apenas com assistência hospitalar e, a partir da sua ampliação, foram crescendo os serviços. E, desde 2009, também começou a fazer a fisioterapia empresarial, atendendo as organizações, tanto empresas, quanto cooperativas”, explica Sandra Cohim, diretora de Relações e Serviços da Unifisio.

Oferecendo recursos terapêuticos e orientações a nível educacional e vivencial relacionados à promoção da saúde e qualidade de vida no trabalho, a Unifisio conta com quase 350 cooperados que atuam nas diferentes áreas da fisioterapia na Região Metropolitana de Salvador e de cidades do interior do estado. Na visão de Sandra Cohim, promover a saúde dos trabalhadores é fundamental para o crescimento das empresas e, especialmente das cooperativas. “Cooperativas são organizações feitas por pessoas, com princípios e valores do cooperativismo. E essas pessoas precisam estar saudáveis para que a sua organização, o seu trabalho, o seu ambiente também sejam saudáveis”, ressalta.

Além da Unifisio, outra cooperativa de trabalho baiana consolidada na área da saúde é a Lifecoop, fundada em 2015, por enfermeiros e técnicos de enfermagem. Esses profissionais tinham o desejo de atuar de forma autônoma, onde pudessem negociar carga horária, remuneração e local de atuação. Desde então, a cooperativa cresceu e se especializou no segmento de Home Care. A diretora presidente, Carine Leal, destaca que a pandemia de Covid-19 foi um momento desafiador para os negócios. Ela conta que mesmo diante das dificuldades, a cooperativa conseguiu se manter firme.

“Durante a pandemia, vivemos um misto: 50% da sociedade decidiu não atuar no mercado de saúde. Em contrapartida, tivemos o aumento dos hospitais de campanha, que trouxe a oportunidade de trabalho temporário e muitos cooperados optaram por ofertar seus serviços a esse tipo de empreendimento. E tivemos o ingresso também de muitos novos cooperados, que enxergaram na cooperativa a oportunidade de ofertar seu trabalho, diante da demanda e dentro dos princípios e valores cooperativistas”, lembra.

Contando com 830 associados ativos, entre enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, e terapeutas ocupacionais, a Lifecoop conseguiu atender 1,4 mil famílias e seis instituições, como clínicas e hospitais, em 2021. De janeiro a novembro de 2022, mais de 1,9 mil famílias foram atendidas pelos profissionais da cooperativa.

Ao todo, 59 cooperativas de saúde estão ativas na Bahia. São 31 mil cooperados e 1,1 mil empregados no estado. Nacionalmente, as cooperativas do ramo estão presentes em 85% do território brasileiro e já atenderam mais de 20 milhões de pessoas.

“Nós temos cooperativas que trabalham como operadoras de planos de saúde, como a Unimed e a Uniodonto. E nós temos as cooperativas prestadoras de serviço, que são cooperativas que estão acopladas a essas operadoras ou não, e trabalham em clínicas e hospitais. Temos outras cooperativas de especialidades como de fisioterapia, de psicologia, de enfermagem”, conta Silvio Porto.

O Sistema Unimed é o maior exemplo de cooperativa médica no mundo, com 343 cooperativas atuando no Brasil, operando planos de saúde da marca e comercializando assistência médica com foco regional em várias cidades do país. A Unimed – BH, em Minas Gerais, tem se destacado e recebido diversas outras cooperativas para conhecer seu desenvolvimento e gestão, sendo, também, uma das 10 cooperativas visitadas pelo programa SomosCoop na Estrada, que é um programa do Sistema OCB onde mostra a importância do cooperativismo no Brasil.  

Atualmente no país, o Ramo Saúde do cooperativismo pode ser dividido nos segmentos: cooperativas médicas operadoras de planos de saúde, cooperativas odontológicas operadoras de planos de saúde, cooperativas de trabalho e especialidades médicas, prestadoras de serviço – médico e odontológico, cooperativas formadas por outros profissionais da saúde (fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, etc.). Vale destacar que as cooperativas operadoras de planos de saúde médicos, como a Unimed, representam mais de 39% do ramo. As informações são do Anuário do Cooperativismo 2022.

Ainda segundo o anuário, a "relevância do cooperativismo de saúde também é traduzida nos indicadores financeiros do setor. Em 2021, as cooperativas do ramo somaram R$ 53 bilhões em ativos, que representa um aumento de 9% em relação a 2020. Os ingressos, ou faturamento, foram de R$ 89 bilhões, 17% a mais. Além disso, o ramo também gerou 126 mil empregos, mostrando seu potencial de crescimento".

Para mais informações, sobre esse e outros ramos que compõem o cooperativismo, acesse somoscooperativismo-ba.coop.br e as redes sociais do Sistema Oceb.

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16/11/2022 06:00h

A data de 16 de novembro é considerada nacionalmente o “Dia de Atenção à Dislexia”. O distúrbio atinge entre 5% e 17% da população mundial

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A data de 16 de novembro é considerada nacionalmente o “Dia de Atenção à Dislexia”. De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), esse é o distúrbio que aparece com maior frequência nas salas de aula e atinge entre 5% e 17% da população mundial.

A dislexia é um distúrbio de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração. Embora seja associada à má alfabetização, desatenção e baixa inteligência, esse transtorno pode ser hereditário com alterações genéticas, ou desenvolvido em decorrência de um trauma. Por isso, é importante que a dislexia seja diagnosticada por meio de avaliação neuropsicológica. 

A psicóloga Alessandra Araújo alerta para alguns dos principais sinais de dislexia na linguagem, como erros de pronúncia, dificuldade de nomear objetos, letras e números, se expressar de forma clara, entre outros. "Na escrita, se a criança recebe uma soletração, ela consegue entender, visualizar, mas ela não consegue, muitas vezes, colocar no papel aquela letra da palavra que foi soletrada. Às vezes eles omitem, às vezes ele substitui, inverte palavras de sons palatais, o ‘T’ e o ‘D’. E aí, inconsequentemente, ela vai ter uma dificuldade muito grande na questão dos vocabulários, das palavras, entender e interpretar um texto”, explica.

Por isso, pessoas com dislexia também sentem dificuldades em interpretar textos e escrever redações. “E são crianças que fogem muitas vezes desse processo de verbalizar em voz alta a leitura de textos. Ela vai sofrer bullying, ela vai sofrer uma piada dentro da sala de aula”, afirma a psicóloga.

Assim que identificados esses sinais, é importante procurar ajuda especializada. Alessandra explica que pessoas com dislexia muitas vezes são ridicularizadas, e isso pode levar ao desenvolvimento de uma baixa autoestima, além de comportamentos ansiosos e depressivos.

Por isso, o diagnóstico  é essencial para que a pessoa com dislexia consiga ser compreendida. “Porque aí eu vou conseguir entrar no contexto de chamar essa criança e falar: o que que você quis dizer? Você leva essa condição até para a pessoa também pensar, raciocinar e assumir esse lugar de que, sim, eu tenho um transtorno e eu preciso saber quais são as formas de lidar com esse transtorno”, explica Alessandra.

Rafael Braga, de 34 anos, psicólogo e especialista em Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), descobriu a dislexia aos 24 anos de idade enquanto cursava psicologia. Ele afirma que isso ajudou a entender aspectos de sua vida, como quando era uma criança taxada de preguiçosa e que não conseguia aprender a ler. “Isso me dificultou bastante, porque potencializou muito a minha ansiedade, eu tinha medo de ler em público, eu morria de medo, eu tinha pavor de ler em público porque as pessoas iam rir de mim”, lembra.

O psicólogo diz que, por ter dificuldade em língua portuguesa, achou que nunca conseguiria passar em uma prova de redação, por isso não tentou ingressar em uma universidade pública e não estava certo de que conseguiria cursar uma faculdade.

Hoje, Rafael explica que ainda enfrenta algumas dificuldades, mas que, após receber o diagnóstico, conseguiu lidar com o transtorno e estudar da forma correta. “No dia a dia, até por ser um profissional que trabalha na área da saúde mental, eu não tenho vergonha ou dificuldade de falar. Às vezes eu vou fazer, por exemplo, um relatório que tem que ir pra juízo, então, às vezes seguem para um advogado, eu peço para fazer uma releitura e conferir”, explica.
 

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Saúde
05/11/2022 04:00h

O luto é um processo natural, mas caso não tratado, pode evoluir para um estágio patológico

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O luto prolongado passou a ser considerado como um transtorno mental em 2022, na nova versão do manual de diagnósticos de transtornos mentais da Associação Americana de Psiquiatria (APA) e também na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), elaborada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

De acordo com o Ministério da Saúde, o luto é um processo natural, caracterizado pelo sofrimento e pela saudade, normalmente desencadeado pela perda de algo ou alguém. Qualquer situação atrelada a um vínculo afetivo e que por algum motivo leve à perda, pode desencadear o luto. Esse processo pode se tornar um transtorno quando se estende por longos períodos, causando dor constante. Assim, a pessoa se torna incapaz de restabelecer a vida de maneira funcional.

Segundo a psicóloga Renata Frazilli, o luto é uma resposta emocional associada a uma perda dolorosa. Esta perda não é relacionada apenas à morte de alguém, pode estar ligada também ao término de um relacionamento ou à mudança de cidade de uma pessoa importante.

“A gente precisa entender que o luto é um processo natural que enfrentamos em um momento de dor, ele é marcado por uma dor aguda, intensa que tende a se transformar com o passar do tempo. Quando que o luto pode ser considerado prolongado? Conforme o manual diagnóstico estatístico de transtorno mental, vai depender do tempo de duração. No adulto os sintomas persistem por um período de doze meses ou mais, já nas crianças esses sintomas vão persistir por seis meses ou mais”, completa. 

Sintomas

Os sintomas desse transtorno são semelhantes aos da depressão e da ansiedade. A diferença é o fator motivador para o sofrimento. No luto prolongado, a perda sempre será o gatilho.

Os sinais de luto são diversos e variados: dor emocional intensa; saudade persistente; preocupação constante com a pessoa que faleceu e com as circunstâncias da morte; a dificuldade em se envolver com amigos e sentir que a vida não faz mais sentido.

“Para que o luto normal não acabe virando um transtorno mental, é importante que o enlutado vivencie o luto para que se possa chegar à aceitação dessa perda. Muitas vezes, antes de se chegar à aceitação, a pessoa passa por alguns estágios como a negação, a raiva, a tristeza. Até chegar à aceitação. É sempre bom que o enlutado mantenha contato com os amigos, com os vizinhos, com os familiares, com as pessoas próximas, na verdade, e que ele retorne às atividades que realizava antes dessa perda”, orienta a psicóloga.

Renata Frazilli observa que mesmo após esse período de aceitação do luto, ainda há dor, e recomenda procurar ajuda com profissionais da área de psicologia, que irão auxiliar a entender o que o enlutado sente para tratar de maneira adequada.

O Ministério da Saúde informa que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento para pessoas em sofrimento psíquico por meio dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). A Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada para o cuidado, e tem papel fundamental na abordagem dos Transtornos Mentais, principalmente os leves e moderados; não só pela capilaridade, como também por conhecer a população, o território e os determinantes sociais que interferem nas mudanças comportamentais, com melhores condições para apoiar o cuidado.

Em nota, o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) informou que atende pessoas com transtorno mental severo e persistente. O luto prolongado também faz parte do quadro de atendimento, pois esse processo é mais complexo e tende a não melhorar sem intervenção. O Caps conta com equipe multiprofissional, ou seja, psiquiatria, psicologia, enfermagem, terapia ocupacional, serviço social e grupos terapêuticos.
 

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Saúde
12/09/2022 04:30h

Número de pessoas que interromperam a própria vida cresceu entre 2000 e 2019, ao contrário do que ocorreu em todo o mundo

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Nove em cada dez casos de suicídio poderiam ser evitados, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2019, mais de 700 mil pessoas interromperam a própria vida em todo o mundo. No Brasil, são quase 14 mil casos por ano, em média trinta e oito brasileiros por dia. Os números são tristes e alarmantes, mas a campanha Setembro Amarelo traz uma mensagem de esperança: “A vida é a melhor escolha!”. 

Em sua 9ª edição, o Setembro Amarelo é um movimento organizado pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM). A campanha se propõe a conscientizar as pessoas sobre a importância de reconhecer precocemente quem precisa de ajuda e também a reduzir o estigma, o preconceito e ajudar a prevenção do suicídio.

O portal Brasil 61 conversou com o doutor Antônio Geraldo, presidente da ABP e coordenador nacional da campanha Setembro Amarelo. O psiquiatra explicou que o suicídio é uma emergência de saúde pública e que, diante da delicadeza do tema, toda a sociedade deve agir com responsabilidade para que o objetivo principal seja alcançado: salvar vidas. 

“Se você tem uma emergência agora e alguém precisa de ajuda, o que fazer? Ligar para o SAMU, porque é uma emergência médica. Se alguém está infartando, infarto é o quê? Uma emergência médica. Você liga pra onde? Serviço de Atendimento Médico de Urgência. Sempre pensar nisso: por ser uma emergência médica, nós precisamos levar a um serviço médico. Depois que a vida estiver protegida, aí sim vai encaminhar para o psiquiatra e montar a equipe multidisciplinar que vai trabalhar essa pessoa adequadamente em tudo que precisar para salvar a vida”, orienta. 

O coordenador do Setembro Amarelo convida as pessoas a acessarem o site da campanha por meio do setembroamarelo.com. Lá, é possível encontrar manuais de orientação, posts para uso nas redes sociais e como abordar o tema sem estigmatizar as pessoas que têm ideias suicidas. 

“Nós precisamos ajudar as pessoas que pedem ajuda ou que dão sinais, ou demonstram sintomas de que estão adoecendo e você tem ali tudo gratuitamente, explicadinho pra você já captar, baixar, fazer download e usar ou pra você aprender e levar o conhecimento para outras pessoas. Mas lembrem-se: se você falar errado, informar errado, tudo muda”, alerta. 

Durante a entrevista, o psiquiatra também ressaltou que o Brasil vem na contramão do que se observa em todo mundo quando o assunto é suicídio. Enquanto a taxa global diminuiu 36% entre 2000 e 2019, na região das Américas, as taxas aumentaram 17% no mesmo período. 

Como forma de enfrentar esse grave problema de saúde pública, ele aponta para a urgência de fortalecer a rede de assistência, já que quase 100% das pessoas que tentaram contra a própria vida tinham algum transtorno mental, como depressão ou ansiedade, principalmente não diagnosticados ou tratados incorretamente. 

Confira a entrevista abaixo: 

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24/08/2022 20:15h

Controle de doenças cardíacas, diabetes, câncer e depressão são benefícios da atividade física regular

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O Ministério da Saúde (MS) divulgou, neste mês, um novo relatório sobre a vigilância dos fatores de risco e proteção para doenças no Brasil. O objetivo do levantamento é trazer informações atualizadas sobre os fatores de risco que influenciam no desenvolvimento das doenças crônicas. 

Nesta edição, a pesquisa abordou indicadores da prática de atividade física dos brasileiros nos últimos 15 anos, e concluiu que a frequência de adultos que se exercitavam regularmente aumentou em 6,4%. O crescimento foi observado em ambos os sexos, mas foi maior entre as mulheres, de 22,2%, em 2009, para 31,3% em 2021. Entre os homens, a variação foi de 39,8% a 43,1%, no mesmo período.

O personal trainer Laurent Gomides de Souza confirma que atualmente há mais procura pelos serviços de acompanhamento dos treinos. “Eu posso dizer é que teve um aumento de 40%, mais ou menos, este ano. Dos alunos, alguns amigos meus também, que são personal trainer, também tiveram um aumento. Tiveram esse aumento de pessoas procurando e se matriculando, fazendo atividade física”.

A prática de exercícios favorece a prevenção e o tratamento de doenças crônicas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, os benefícios das atividades físicas para controle de doenças cardíacas, diabetes, câncer e depressão são comprovados cientificamente. Segundo a nutróloga Andrea Pereira, isso pode ser explicado por diversos fatores, como a redução de inflamação, da resistência à insulina e do tecido gorduroso, além do aumento da massa muscular e da imunidade.

A médica esclarece que vários estudos demonstram a melhoria da qualidade de vida, do humor e da disposição a partir da prática regular de exercícios físicos, “isso ocorre porque existe uma liberação de várias substâncias, principalmente a endorfina, associada a essa memória. Indiretamente, a socialização, a disciplina e as metas demandadas pelo exercício levam também a uma melhora da saúde mental”. Ela aconselha buscar um exercício agradável, já que os benefícios são conquistados com regularidade e nunca é tarde para começar.

Vinícius Siqueira, 20, mora na cidade de Ceilândia, em Brasília (DF). Ele começou a praticar atividades físicas com frequência neste ano, e conta que a mudança no estilo de vida foi fundamental para a saúde. “Tem me ajudado muito a perder peso e na questão da minha autoconfiança, minha autoestima também que é muito importante. Então eu considero que eu esteja mais saudável ultimamente, a minha disposição melhorou muito pela questão da atividade física. E minha saúde mental também melhorou muito”, afirma.

Acesse o novo relatório sobre a vigilância dos fatores de risco e proteção para doenças no Brasil.

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