LOC.: Cerca de 26,8% dos brasileiros foram diagnosticados com ansiedade, sendo 31,6% jovens de 18-24 anos, com maiores prevalências no Centro-Oeste e entre mulheres. Enquanto isso, 12,7% foram diagnosticados com depressão, destacando-se a região Sul e o público feminino. Os dados fazem parte do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel), um estudo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em parceria com a Organização Global de Saúde Pública Vital Strategies, realizada entre 2 de janeiro e 15 de abril, nas cinco regiões do país.
A neuropsicóloga e doutora em psicologia Roselene Espírito Santo Wagner avalia que diversas condições sociais no Brasil, incluindo instabilidade financeira, baixa escolaridade e problemas de infraestrutura, como a má qualidade dos serviços públicos, estão entre os fatores que contribuem para fazer do país um dos líderes em incidência de transtornos de ansiedade na população.
TÉC./SONORA: Roselene Espírito Santo, doutora em psicologia e neuropsicóloga.
“Os fatores ansiogênicos vêm da instabilidade financeira, baixa escolaridade, que não permite a ascensão profissional; falta de transporte público, que facilite a locomoção dentro da cidade; os engarrafamentos e horas perdidas no trânsito no ir e vir; a violência, a alta criminalidade, a falta de acesso à saúde de qualidade, principalmente à saúde mental, são estímulos estressores.”
LOC.: O psiquiatra do Hospital Anchieta de Brasília Pedro Leopoldo explica que a ansiedade é comum na natureza humana. Segundo ele, a ansiedade é uma resposta emocional e fisiológica normal, pois nos prepara para o estresse, por exemplo, para a defesa e para tomar decisões.
TÉC./SONORA: Pedro Leopoldo, psiquiatra do Hospital Anchieta de Brasília
“Onde isso começa a nos adoecer? A ansiedade começa a aparecer em situações que não precisava e não deveria, porque eu estou preparado para uma resposta de luta e fuga, só que em um momento em que eu não tenho luta e fuga. Aparece, por exemplo, numa reunião, no momento em que eu tenho que entregar um produto, conversar com alguém.”
LOC.: O Ministério da Saúde informa que existem três tipos de tratamento para os transtornos de ansiedade: medicamentos (sempre com acompanhamento e receita médica); psicoterapia com psicólogo ou com médico psiquiatra e a combinação de medicamentos e psicoterapia.
Segundo a pasta, a maioria das pessoas começa a se sentir melhor e retorna às suas atividades após algumas semanas de tratamento, tornando essencial a busca por auxílio especializado na unidade de saúde mais próxima. Para alcançar melhores resultados e minimizar prejuízos, é importante um diagnóstico precoce e preciso, um tratamento eficiente e acompanhamento prolongado.
Reportagem, Sophia Stein