O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) reforça a importância de aumentar a atenção e não descuidar da limpeza para evitar o adoecimento, sobretudo das crianças. Desde o início da situação de emergência e ainda hoje, o UNICEF, por meio do Programa de Água, Saneamento e Higiene, apoia o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), em especial, junto ao Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (VIGIAGUA) do estado. O Vigiagua trabalha na identificação das necessidades locais e coordena as respostas envolvendo múltiplos atores.
O engenheiro químico do Vigiagua, André Jarenkow, garante que o abastecimento de água para todas as localidades atingidas pelas enchentes já foi restabelecido e assegura que a água que chega hoje às casas de todos os gaúchos está própria para consumo.
“A água é segura. Nós fizemos mais de duas mil análises no estado inteiro para garantir que a potabilidade da água tenha sido restabelecida. Nos locais onde tem uma grande companhia cuidando da água eles fazem também todas as análises e todo tipo de controle para garantir que a água esteja potável. Hoje em dia a água está bastante segura para a população poder consumir.”
Para orientar a população sobre como deve ser a limpeza, a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul reuniu num material informativo os principais cuidados a serem tomados.
O oficial de água e saneamento do UNICEF, Rodrigo Resende, reforça a importância do acesso seguro à água potável, como serviço básico essencial para a garantia do bem-estar de crianças e adolescentes.
“O acesso à água potável é um serviço essencial para garantir o pleno bem-estar para o desenvolvimento de crianças e adolescentes. No atual cenário associado ao retorno de grande parte das famílias para casa após as inundações no Rio Grande do Sul e a partir do restabelecimento do abastecimento de água nestes domicílios, o acesso seguro à água torna-se fundamental, tendo em vista o consumo humano, a preparação de alimentos e a higiene pessoal.”
A primeira orientação, segundo recomendado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde, o CEVS, é que todo lodo, entulho e lixo sejam retirados dos quintais e colocados em frente às moradias para serem recolhidos pelos serviços de coleta. A limpeza das paredes, piso, móveis e utensílios deve ser feita com escova, sabão e água limpa. Chão, paredes, bancadas e quintal, além de lavados, precisam ser desinfetados e isso pode ser feito com uma mistura de água sanitária — hipoclorito de sódio a 2,5% — na proporção de 1 litro para 4 litros de água limpa, deixando agir por 30 minutos. É só umedecer o pano na solução, passar nas superfícies e deixar secar naturalmente.
Já panelas, copos, pratos e objetos lisos e laváveis devem ser limpos com água e
sabão e em seguida esterilizados com a mesma solução desinfetante da usada nas superfícies, mas para esses utensílios a orientação é mergulhar os objetos lavados e deixar ali por, pelo menos, uma hora.
Os produtos de limpeza precisam estar com embalagens íntegras e as orientações do rótulo devem ser seguidas. Nada de usar produtos caseiros ou sem procedência. Panos e vassouras que forem usados devem ser descartados após o uso, para evitar contaminação.
O risco de contaminação da água utilizada para consumo humano em reservatórios nas residências aumenta após a ocorrência de enchentes.. Por isso, as caixas d'água dos imóveis atingidos precisam ser vistoriadas e limpas, tendo em vista os procedimentos informados pelos órgãos competentes. O primeiro passo é verificar se existem rachaduras — já que elas podem comprometer a estrutura. Antes da limpeza, o registro deve ser fechado e a caixa esvaziada. Paredes e fundo precisam ser esfregados com uma escova ou esponja e água limpa — atenção, nesse caso não se deve usar sabão ou detergente. Por último, a recomendação é encher a caixa e acrescentar um litro de água sanitária para cada mil litros de água, deixar a solução agir por duas horas e esvaziar novamente, para garantir a desinfecção.
O engenheiro do Vigiagua ainda reforça outros cuidados.
“A limpeza tem que ser feita porque a gente nunca sabe que tipo de material entrou em contato com essa caixa d'água. É importante sempre lavar bem essa caixa com hipoclorito para que não se coloque uma água limpa numa caixa d’água suja. A gente inclusive aconselha que, mesmo que o imóvel não tenha sido atingido pela enchente, deve-se lavar a caixa uma vez por ano e, se puder, uma vez a cada seis meses”, acrescenta.
É preciso olhar a integridade desses objetos antes mesmo de começar a limpeza. Seguindo a recomendação do CEVS, no caso dos móveis, use água morna com sabão neutro para limpar as superfícies; para estofados, se estiverem secos, utilize um aspirador de pó. Esses objetos precisam ser desinfetados com produtos específicos, evitando água sanitária para não manchar. A secagem deve ser feita ao ar livre, preferencialmente ao sol, por vários dias. No caso dos estofados, se ficarem com cheiro de mofo após a secagem, o ideal é que sejam descartados.
Com a moradia ou comércio seco, a avaliação de um eletricista é importante antes de religar os disjuntores. Se os fios elétricos tiverem se rompido, a orientação é ficar distante. Importante também acionar a concessionária de energia da região. O morador não deve carregar aparelhos móveis, como celulares e tabletes, em locais úmidos, nem tocar em aparelhos elétricos com as mãos ou os pés úmidos.
Vale reforçar que, mesmo com a garantia da água limpa e segura para consumo, qualquer indício de alteração no gosto, cor ou cheiro deve ser informado às autoridades de saúde locais para que uma vistoria seja realizada, em articulação junto ao responsável pelo abastecimento de água no território.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, o UNICEF, faz um importante alerta para todas as famílias gaúchas: garantir o bem-estar e a saúde das crianças e adolescentes é uma prioridade. Neste período de pós-enchentes e retorno às casas, é preciso manter cuidados com a água potável, práticas de higiene e limpeza, alimentação, condições de moradia e aglomerações, reforça o fundo.
O Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua) no estado garante a qualidade da água que chega aos imóveis por meio de análises constantes e monitoramento diário. Mais de dois mil testes foram feitos e a água distribuída hoje à população está 100% segura para consumo, explica o engenheiro químico do Vigiágua, André Jarenkow.
“É uma análise microbiológica que vai verificar se aquela água entrou em contato com fezes — que a gente verifica a contaminação com escherichia coli — a gente faz análise de turbidez para ver quão suja está aquela água, além de análises de cloro e flúor.”
As famílias devem estar atentas, especialmente, às condições de higiene para proteger as crianças e adolescentes. Após as enchentes, o retorno às residências traz riscos como infecções e doenças transmitidas pelo contato com animais, solo, lama e água contaminada, como a dengue e a leptospirose.
Transmitida pela urina de animais infectados, a leptospirose é uma das doenças que pode surgir neste período. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, dor pelo corpo e vômitos. Até o dia 18 de julho, foram confirmados 675 casos da doença no Rio Grande do Sul, com 26 mortes. A principal forma de se prevenir da doença é cobrir cortes ou arranhões com bandagens à prova d’água, evitar andar descalço, usar luvas e sapatos impermeáveis, evitar nadar, tomar banho ou ingerir água que possa estar contaminada com água de enchente.
Atenção também é necessária para doenças como influenza, covid-19, doenças de pele e doenças relacionadas à água contaminada — como diarreias. Doenças como a hepatite A, que pode ser transmitida por meio de fezes contaminadas, também exigem atenção neste momento.
O oficial de água e saneamento do UNICEF chama atenção para o mais importante e básico dos cuidados: a higiene de mãos.
“A prática regular da lavagem de mãos com água e sabão é considerada um dos procedimentos mais eficazes, baratos e importantes para a prevenção de doenças infecto-contagiosas. Sendo assim uma medida fundamental para a promoção da saúde pública. Nesse sentido, recomenda-se a frequente e higienização das mãos considerando momentos chave, por exemplo: antes de comer, antes de preparar alimentos, antes de alimentar ou amamentar uma criança, após o uso do banheiro, após brincar com animais ou sempre que as mãos estiverem aparentemente sujas” orienta.
Quando haja um caso ou mesmo suspeita de alguma doença contagiosa, é fundamental procurar atendimento de saúde para receber os devidos cuidados e orientações. Isto ajuda a cuidar da saúde de toda a comunidade.
Imagine do dia para a noite ter que deixar sua casa, sua escola, amigos e tudo o que traz conforto e segurança para trás. Esta foi a situação que viveram milhares de crianças gaúchas em função da tragédia das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul este ano. Diante de um cenário de tantas perdas e mudanças, o Fundo das Nações Unidas para a Infância — UNICEF — orienta como pais, responsáveis e cuidadores devem agir para acolher e dar o suporte emocional necessário às crianças.
Antes de mais nada, é importante lembrar que todo adulto responsável pelo cuidado de crianças precisa estar bem para ser capaz de oferecer suporte, explica a oficial de proteção contra violência do UNICEF, Jackline Atwi.
“Uma pessoa que não está bem psicologicamente não vai poder ajudar o próximo. Por isso os pais, cuidadores ou qualquer responsável da comunidade que queira prestar uma atenção para as crianças e ajudá-las, que esteja bem e que procure ajuda quando necessitar. Os adultos e pais também sofreram, não só com o medo e trauma, mas em ver os filhos sofrendo”, alerta.
Durante situações de emergência, as crianças e adolescentes podem estar com medo, se sentindo ansiosos e até mesmo desenvolver traumas. Por isso, falar de forma tranquila, mantendo a calma e respirar antes de conversar com as crianças estão entre as orientações do UNICEF. É importante levar em conta o estado emocional dos adultos, já que as crianças sentem o que veem nos mais velhos. Também é importante respeitar a vontade da criança: se ela deseja falar, é essencial ter alguém para ouvi-la, mas se preferir não conversar, não deve ser pressionada.
“Às vezes as crianças querem dizer algo que não está diretamente relacionado a outros traumas, a outras vivências, um medo antigo é revivido. Por isso é tão importante dar espaço para que a criança possa se expressar como quiser”, complementa a oficial do UNICEF.
O mesmo vale para o choro, que não deve ser reprimido, já que é uma forma importante de extravasar as emoções.
Criar uma conexão entre a realidade do que as crianças estão vivendo e o cuidado com a natureza é importante em vários aspectos, ressalta a oficial do UNICEF. “É nosso dever como seres humanos proteger o meio ambiente.”
É essencial ter uma conversa aberta e cuidadosa para que crianças e adolescentes possam entender a situação e aprender a lidar com ela. Os pais devem procurar explicar de forma simples e real o que está acontecendo, evitando mentir ou dizer que esta situação não vai voltar a acontecer, e sempre ouvir com atenção o que a criança tem a dizer.
“Os pais têm que, de alguma forma, estarem preparados emocional e logisticamente para um plano de evacuação, mesmo que individual. Ao menos saberem o que pode ser feito brevemente, caso aconteça de novo, para que a criança se sinta segura” alerta a oficial.
A rotina, os espaços e as brincadeiras das crianças precisam ser mantidas dentro da realidade possível, seja num abrigo ou alojamento. Fazer com que a criança se sinta parte da solução para os problemas também é uma forma de inserção e acolhimento. Por isso, é sempre válido criar essas oportunidades, incluindo crianças e jovens com deficiência. A oficial do UNICEF acrescenta:
“Esse fato de retomar a rotina faz com que a criança volte a normalizar o dia a dia. Tem espaços do UNICEF, espaços comunitários, que podem acolher essas crianças a terem atividades rotineiras, um espaço para brincar, para se expressar, às vezes para pintar, só para poder se livrar dos pensamentos negativos.”
Encontrar pessoas que sirvam como pontos de apoio é fundamental, sejam amigos, familiares, professores. Em momentos de crise e tragédia também é importante incentivar nas crianças a reflexão sobre como conseguiram lidar com situações difíceis anteriormente e como a atual situação também poderá ser superada.
O alimento mais completo que existe para bebês é também o mais indicado em situações de calamidade e desastres naturais como o que assolou o Rio Grande do Sul nos últimos meses. O leite materno continua sendo o melhor e mais completo alimento a ser oferecido exclusivamente para bebês de até seis meses, e de forma complementar para crianças de até dois anos.
Os benefícios do aleitamento materno vão além da nutrição e devem ser mantidos e priorizados quando houver escassez ou dificuldade de acesso a outros alimentos. O Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF, por meio da Política de Saúde da Criança, promove ações de incentivo e apoio à amamentação.
A oficial de saúde e nutrição do UNICEF, Stephanie Amaral, ressalta os benefícios.
“Em contextos de emergência, a amamentação é onde a gente vai trazer não só um alimento nutritivo, mas também vai trazer a hidratação para aquele bebê, a gente vai trazer um alimento que é seguro, que não está sujeito a contaminação de água, entre outras questões que podem ocorrer nesses contextos”, explica.
Em contextos de desastres, quando as pessoas saem de suas casas, perdem a autonomia, vivem em coletividade e mudam suas rotinas, a questão emocional não pode ser negligenciada. A amamentação oferece não apenas proteção nutricional, mas todo um aparato que inclui produção de anticorpos que fortalecem o sistema imunológico e que ajudam na prevenção das doenças — como diarreias, infecções respiratórias e alergias.
“Esse contato fortalece o vínculo entre mãe e bebê, o que, num período de emergência, não só ajuda a criança emocionalmente, como também costuma ajudar a mãe emocionalmente. Trata-se de um momento de conexão, alívio e de saída daquela emergência toda”, complementa Stephanie Amaral.
Pós-enchentes no RS: é preciso manter a caderneta de vacinação das crianças em dia, orienta UNICEF
Apesar disso, o UNICEF reforça que a amamentação cruzada — que é quando uma mãe amamenta outra criança que não seja a dela — seja evitada. A prática não é recomendada por causa do risco de transmissão de doenças para a criança.
A dificuldade de lavar e higienizar mamadeiras e chupetas de forma
correta — comum em emergências e catástrofes — aumenta o risco de doenças e contaminações. Por isso, o uso de utensílios como mamadeiras e chupetas não é recomendado.
“A utilização da água se torna algo que pode veicular doenças. E mesmo usando uma água que seja potável para preparação da fórmula, é possível que os utensílios tenham sido lavados com uma água imprópria ou mesmo que haja alguma dificuldade em se lavar esses objetos. É muito mais arriscado — com o uso desses utensílios — de se expor a criança ao risco de contaminação e doenças como diarreia e vômito”. Por isso, complementa, a oficial do Unicef, que o uso desses objetos não é recomendado.
Em vez de utensílios como mamadeira, a recomendação é que a oferta de alimentos líquidos como leite e água seja feita em copos rígidos. Na falta de água potável para a higienização correta e segura desses utensílios, é recomendado que se use os descartáveis — que deverão ser utilizados apenas uma vez e desprezados em seguida.
Situações de moradia compartilhada — onde a alimentação é oferecida de forma coletiva e sem que a população tenha acesso a todos os nutrientes que precisa — muitas vezes não atendem às necessidades da criança.
É que na introdução alimentar — que acontece por volta dos seis meses de vida — o ideal é que a comida oferecida ao bebê seja amassada — nunca batida ou peneirada. A mastigação estimula o desenvolvimento da face e dos ossos da cabeça, favorecendo o desenvolvimento infantil. Quanto ao valor nutricional, alimentos naturais e minimamente processados, como frutas e verduras devem ser privilegiados.
Comida processada, como biscoitos, doces e bebidas açucaradas são pobres em nutrientes e podem conter muito sal, gordura e açúcar, além de aditivos, como adoçantes, corantes e conservantes. Por isso devem ser evitados em todas as fases da vida, mas na infância, essa restrição é ainda mais importante.
Em situações de calamidades, oferecer alimentos crus à criança deve ser evitado. Para evitar qualquer tipo de contaminação, vegetais e legumes devem ser cozidos.O cardápio deve buscar privilegiar a comida variada e in natura — frutas, legumes, verduras, arroz e feijão, carnes — “são alimentos que trazem os nutrientes necessários para a criança crescer e se desenvolver”, complementa a oficial de nutrição.
Com uma lista vasta e completa de imunizantes, o Calendário Nacional de Vacinação oferece vacinas que protegem as crianças das mais variadas doenças — desde rotavírus, sarampo até meningite. Mas para garantir a proteção completa, é preciso manter a caderneta de vacinação atualizada. E neste contexto de pós-enchentes do estado, que ainda representa riscos à saúde dos pequenos, pais e responsáveis devem manter a vacinação dos filhos em dia. A orientação é do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
O oficial de Saúde do UNICEF, Gerson da Costa, reforça: a vacinação é um cuidado “fundamental”. “Faz parte central dos cuidados elementares de saúde a que qualquer pessoa tem direito, sobretudo as crianças, e especialmente na primeira infância — quando a criança tem muitas vacinas recomendadas que as protegem de doenças preveníveis.”
O desafio aumenta num contexto de alagamento, dificuldade de deslocamento, perda de documentação médica, dificuldade de acesso aos sistemas de informação. Em cenários onde os pais ou responsáveis não conseguem ter acesso ou consultar as cadernetas de vacina das crianças — para saber o histórico vacinal — vale a orientação do oficial de Saúde do UNICEF.
“Sendo possível consultar o histórico vacinal, [é necessário] atualizar tudo. Não sendo possível, fazer o esquema básico de vacinas que envolve, entre outras doenças, o sarampo, que é uma doença que causa muito surto — então precisa estar sempre vigiando para que a cobertura vacinal esteja adequada”, recomenda Gerson da Costa Filho.
Confira o Calendário Nacional de Vacinação (Fonte: Ministério da Saúde)
● ao nascer - Vacina BCG / Vacina Hepatite B
● 2 meses - Vacina Pentavalente / Vacina poliomielite / Vacina pneumocócica / Vacina rotavírus
● 3 meses - Vacina meningocócica C
● 4 meses - Vacina Pentavalente / Vacina poliomielite / Vacina pneumocócica / Vacina rotavírus
● 5 meses - Vacina meningocócica C
● 6 meses - Vacina Pentavalente / Vacina poliomielite / Influenza / Covid
● 7 meses - Covid (2ª dose)
● 9 meses - Vacina Febre Amarela
● 12 meses - Vacina pneumocócica / Vacina meningocócica C / Tríplice viral
● 15 meses - Vacina DTP / Vacina poliomielite / Hepatite A / Vacina Tetra viral
● 4 anos - Vacina DTP / Vacina Febre Amarela / Vacina poliomielite / Vacina varicela
● 5 anos - Vacina Febre Amarela / Vacina pneumocócica
● 9 e 10 anos - Vacina HPV
O UNICEF orienta que, caso a criança esteja com as vacinas atrasadas ou sem nenhum registro de vacinação, os pais ou responsáveis devem buscar o serviço de saúde mais próximo — preferencialmente as Unidades Básicas de Saúde (UBS). A família deve levar para a vacinação um documento, de preferência, a caderneta da criança. Caso não tenha a carteira de vacinação, deve ir da mesma forma. Nada deve impedir a criança de se vacinar.
O oficial do UNICEF lembra que toda chance de cuidado da saúde deve ser aproveitada ao máximo. “A ideia é que a gente não perca a oportunidade de vacinar e que a gente ofereça — sempre que tiver contato com essa criança — tudo que ela precisa. O ideal é que essa criança, tendo contato com um serviço de saúde, possa fazer tudo que seja recomendado para a idade dela” alerta Gerson Filho.
Especialistas dão dicas sobre como evitar a contaminação pela virose da mosca
Poucos meses depois da seca severa que atingiu a região amazônica, os rios voltaram ao volume normal, graças à chuva — que deve durar até março. O fenômeno da cheia dos rios causa os alagamentos, que trazem à tona um problema comum nessa época do ano: a proliferação de moscas. Insetos que se multiplicam com muita velocidade e causam, além de incômodo, doenças.
A contaminação da água e dos alimentos, por conta desses insetos ou de outras razões, pode causar diarreia — um dos problemas mais comuns nas crianças e que podem levar até à morte. Dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) mostram que o Amazonas registrou em 2023, 253.203 casos de Doenças Diarreicas Agudas (DDA). Só nos primeiros onze dias de janeiro, foram 4.677 casos.
A pediatra neonatologista e professora da Universidade Federal do Amazonas, Rossiclei Pinheiro, conta que a diarreia é uma doença sazonal e que no período chuvoso tende a aumentar.
“Hoje 50% dos casos que chegam no pronto-socorro pediátrico são de crianças desidratadas por conta da diarreia. E 80% dos casos são virais, causados por infecções alimentares.”
A médica explica ainda que o cuidado com os alimentos na hora do preparo é a melhor forma de prevenção.
O Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) alerta para os cuidados com os mais vulneráveis neste período do ano. Lídia Pantoja, oficial de Saúde e Nutrição do Unicef para o território amazônico, explica que os cuidados devem começar pelo armazenamento — os alimentos devem ficar em locais fechados, longe de mosquitos e animais. É preciso também estar atento à temperatura, não deixar a comida no sol, nem em locais abertos. Ela ainda dá outras orientações importantes.
"Quanto à higiene dos alimentos, é importante que se lave bem as mãos antes de manuseá-los — com sabonete neutro sem perfume e água. Evitar os cabelos soltos na hora do preparo dos alimentos. Em relação aos legumes, verduras e frutas é importante higienizá-los muito bem antes do consumo, com água e uso de hipoclorito."
A oficial ainda orienta sobre carnes e peixes, que precisam ser muito bem cozidos para garantir que o alimento esteja seguro para consumo. Embalagens, tampas, latas também precisam ser lavadas com água e sabão ou limpos com álcool 70% e um pano seco.
O lixo, além de atrair insetos e outros animais para a área onde os alimentos são armazenados e preparados, é um meio ideal para a multiplicação de microrganismos. As moscas podem ser vetores de vírus, bactérias e parasitas. Descartar o lixo da forma correta, em sacos fechados e longe de locais onde se armazena e prepara os alimentos, também ajuda a evitar essa contaminação.
A diarreia é uma doença caracterizada por três ou mais episódios de fezes amolecidas em um dia — e ela pode levar rapidamente à desidratação, principalmente em crianças.
"Quando a gente já encontra a criança num quadro de diarreia é importante iniciar a ingestão de líquido o mais rápido possível para evitar que a criança fique desidratada. A ingestão de soro caseiro é importante nesses momentos, assim como aumentar a ingesta de líquidos como soro, sopa, suco, também é importante", explica a oficial de saúde.
Além disso, aproveitar as frutas da região, que têm nutrientes que ajudam nessa recuperação, como goiaba e caju. Após cada evacuação, a criança deve ingerir pelo menos 50 ml de líquido para que fique sempre hidratada. Em caso de bebês que ainda mamam no peito, a mãe deve manter essa amamentação em livre demanda. E em caso de persistirem os sintomas, é importante procurar uma unidade de saúde.
Ações do Unicef reforçam a importância da participação de toda a comunidade para pôr fim ao mosquito
Um mosquitinho pequeno mas forte o suficiente para causar um verdadeiro estrago: dor no corpo e nos olhos, febre alta, mal-estar e, nos casos mais graves, até a morte. O Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, precisa só de um pouquinho de água limpa para se reproduzir.
Por isso, é preciso estar vigilante e ficar de olho em cada cantinho da casa. Além da doença, ele ainda pode causar outras arboviroses, ou seja, doenças transmitidas por mosquitos, como zika, chikungunya.
Para enfrentar o mosquito, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) se une à sociedade civil para desenvolver materiais educativos voltados para profissionais de saúde. Outra ação do fundo é a criação de um material pedagógico voltado para a comunidade escolar, que será lançado em 2024. https://www.unicef.org/brazil/relatorios/arboviroses-na-pratica
Para o oficial de Saúde do Unicef Gerson da Costa Filho o engajamento da população ainda é a forma mais importante de combater o mosquito.
"O controle das arboviroses passa por esforço e engajamento de todos. A gente precisa da comunidade, mobilização popular, para além dos esforços do poder público. Não só para eliminar criadouros e, com isso, diminuir a infestação do vetor. Mas também para identificação de circulação do vírus, dos casos, a notificação, controle e bloqueio.”
O diretor do Departamento de Vigilância Ambiental da FVS-AM, Elder Figueira, explica que o mosquito da dengue costuma procriar em depósitos artificiais, como vasilhas plásticas e lixo mal acondicionado. E a falta de abastecimento de água, comum na região amazônica, pode acabar favorecendo os criadouros.
“Como a população vai sempre precisar fazer aquele estoque de água no fundo do quintal, na cozinha e aquilo ali que é água limpa, parada, na sombra, vira um criadouro do mosquito.”
Uma iniciativa criada pela Secretaria de Saúde do Amazonas em parceria com a Fiocruz — e que depende totalmente da população para acontecer — tem dado resultados. São os “10 minutos contra a dengue”.
“Dez minutos semanais, dá aquela olhada, verifica se tem alguma coisa acumulando água, e descarta; tenta eliminar o depósito. Se for alguma coisa muito grande, você não conseguiu eliminar, — caixa d'água, calha — entre em contato com o agente de saúde, ele tem os larvicidas, vai fazer o tratamento para você — e você também ajuda a eliminar esse criadouro maior”, explica o diretor do Departamento de Vigilância Ambiental.
A melhor forma de evitar a dengue é combater os focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença. A orientação é a adoção da lista de verificações semanal, de 10 minutos de duração, de modo que a população possa agir para identificar os possíveis criadouros, como garrafas, vasos de plantas, pneus, bebedouros de animais, sacos plásticos, lixeiras, tambores e caixas d’água.
O trabalho em casa é fundamental, mas outros locais, como escolas, também precisam de atenção, ainda mais por serem ambientes que concentram crianças — que tem o sistema imunológico mais frágil e chances maiores de terem um quadro grave da dengue.
Os sintomas clássicos são sempre febre, dor nas articulações, dor atrás dos olhos e manchas vermelhas no corpo. Cada organismo vai responder de uma maneira diferente. Elder Figueira faz um alerta importante para o acompanhamento das crianças que estejam dengue.
“Pai, mãe, cuidado: se vai escovar o dente da criança e vê que está sangrando a gengiva, isso é um sinal de alerta importante. Se a criança reclama que está com dor abdominal, isso é um sintoma importante porque pode significar o início de uma hemorragia interna e é um sintoma de que essa dengue está ficando grave. Leve então na unidade de saúde para que seja tratado adequadamente.”
Em casa, a recomendação é manter a criança hidratada, mesmo sem sede, e monitorar sempre a febre. Se subir demais, a orientação é levar para a unidade de saúde.
Ações do Unicef reforçam a importância da participação de toda a comunidade para pôr fim ao mosquito
Um mosquitinho pequeno mas forte o suficiente para causar um verdadeiro estrago com a dengue: dor no corpo e nos olhos, febre alta, mal-estar e, nos casos mais graves, até a morte. Para enfrentar o problema, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Unicef, desenvolveu materiais educativos voltados para profissionais de saúde e para a comunidade escolar. A informação e a participação de todos é que faz a diferença na hora de acabar com o mosquito. Por isso, é importante ficar de olho em cada cantinho da casa, para eliminar qualquer água limpa e parada. Em caso de depósitos maiores, como caixas d'água, um agente de saúde deve ser acionado. Os sintomas da dengue são febre, dor nas articulações, dor atrás dos olhos e manchas vermelhas no corpo. No caso das crianças, se o cuidador notar sangramento na gengiva ou dor abdominal, deve procurar logo uma unidade de saúde, pois esses sintomas podem significar o início de uma hemorragia interna. Em casa, a recomendação é manter a criança hidratada, mesmo sem sede, e monitorar sempre a febre. Se subir demais, a orientação é levar para a unidade de saúde.
Catástrofes climáticas, como a seca prolongada, queimadas, inundações ou pandemias podem mudar radicalmente a vida das pessoas. Elas podem perder a mobilidade, lidar com situações de insegurança, violência e a perda de pessoas próximas. E não é só o corpo que sofre com isso, mas a cabeça também. Pensando nisso, o UNICEF vem desenvolvendo ações para ajudar a resgatar a saúde mental de crianças e jovens. Um desses recursos é o Pode Falar. Uma plataforma virtual com atendentes treinados para acolher com empatia, ouvir e, se necessário, ajudar no encaminhamento desses adolescentes. Se você tem entre 13 e 24 anos e está passando por algum sofrimento mental, busque ajuda pelo site podefalar.org.br ou pelo WhatsApp (61) 9660-8843. O canal funciona de segunda-feira a sábado, exceto feriados, das 8 da manhã às 10 da noite e é de graça.
Diarreia: uma doença comum, mas que pode ser muito perigosa se for negligenciada. A maior parte dos casos acontece quando consumimos água contaminada ou alimentos estragados. Quando associada a alguma bactéria ou vírus, a disenteria — como também é conhecida — pode causar infecções gastrointestinais e até evoluir para doenças mais graves.
Uma das ações do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) na região amazônica, é a prevenção de doenças evitáveis, como a diarreia. O apoio às famílias vulneráveis tem sido prioridade, sobretudo a quem não tem acesso à água potável.
Com o apoio de entidades da sociedade civil, o UNICEF também ajuda na compra e distribuição de itens básicos. Lídia Pantoja, oficial de Saúde e Nutrição do UNICEF para o território amazônico, explica como é o apoio.
"Os municípios que estão em situação de emergência por conta da estiagem, com doação de água potável, filtros de água para comunidades ribeirinhas e indígenas que sofrem com a estiagem no Amazonas. E junto com isso ajudar a garantir o acesso comunitário à água de qualidade e evitar que essas crianças e famílias fiquem doentes por uma questão de contaminação da água."
Três ou mais episódios de fezes amolecidas em um dia caracterizam um caso de diarreia, segundo a nutricionista especialista em saúde coletiva Daíse Reis. Ela explica que o perigo da diarreia, na verdade, é a desidratação. Daí a importância de se usar o soro caseiro.
“Para um litro de água potável própria para o consumo, você acrescenta duas colheres de sopa de açúcar e uma colher de sobremesa ou de café, de sal. Vai pegar o peso da criança e multiplicar por 30 ou 35 ml. Se estiver muito grave, 35 ml, que é o quanto ela tem que se reidratar. Digamos que a criança pesa 10 quilos, eu vou pegar 10 vezes 30 e vou dar 300 ml no dia.”
O simples ato de lavar as mãos com sabão contribui para evitar a proliferação de doenças e a contaminação dos alimentos.
"Nós também temos atuado em algumas escolas, em alguns locais importantes como abrigos para refugiados, oferecendo a acesso à água potável, estações de lavagem de mãos nas escolas e abrigos, e em locais que são importantes para que eles tenham acesso a higienização das mãos também", complementa Lídia Pantoja.
O soro caseiro, com adição de açúcar e sal, além de hidratar mais rapidamente a criança, ainda equilibra os eletrólitos, que são as bombas de sódio e potássio do corpo, reduzindo o aspecto de fraqueza da criança. Em casos de diarreia, em qualquer idade, o indicado é retirar leite e derivados, produtos industrializados, como biscoitos, chocolates e frituras.
Segundo a oficial de Nutrição do Unicef, a região amazônica é muito rica e diferenciada, por isso a orientação é que em episódios de diarreia a população prefira os alimentos mais comuns da região.
“O consumo de alimentos que podem oferecer maior aporte de energia para essas crianças e que podem ajudar na recuperação do peso, principalmente levando em consideração o que a gente tem disponível na região. Nós somos ricos em batatas, tubérculos, e fontes alimentares que são importantes no caso de uma perda de peso aguda e diarreia."
Para os pequenos, que têm o hábito do mingau, o melhor é oferecer o mingau de arroz, feito sem leite. Basta cozinhar o arroz normalmente e bater um pouco no liquidificador para ficar mais encorpado. Já as crianças que ainda são amamentadas, devem tomar o leite materno livremente.