Indústria

04/04/2024 00:01h

Agro, indústria e serviços alavancaram os índices. Maior que a média nacional — de 2,9% — o Produto Interno Bruto do estado chegou a R$ 336,7 bilhões no ano passado

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Agropecuária, indústria e serviços. Juntos, esses três setores alavancaram a economia de Goiás. E  fizeram com o que o estado fechasse o ano de 2023 com uma saldo de R$ 336,7 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) — que é a soma de todos os bens e serviços produzidos. O aumento chegou a 4,4% em relação ao ano anterior, 2022. Ficando bem maior, inclusive, que a média nacional que foi de 2,9%. 

Os dados do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB) destacam o agro com alta de 12,9% em relação a 2022; a indústria com 3,8% e o setor de serviços com 2,2%. Diversos fatores contribuem para esse crescimento acima da média, como explica César Bergo, economista e pesquisador especialista em agronegócio. 

“Temos, por parte do governo [estadual], um grande investimento em infraestrutura e esse desenvolvimento do setor agrícola, com incentivos e apoios. Além dos incentivos fiscais para indústrias — sobretudo no polo de Anápolis —, das políticas de desenvolvimento regional e programas de capacitação profissional são desenvolvidas pelo próprio governo, acabam somando à localização estratégica do estado e a diversificação da sua economia”. 

Destaque para o agro

Dono de uma fazenda familiar de 900 hectares em Rio Verde, com culturas de soja, milho e sorgo, o produtor Ivan Brucceli cita os benefícios de se trabalhar em Goiás. Investimento em pesquisa é um deles, assim como facilidade de escoamento da carga, a presença de cooperativas que ajudam o produtor e das agroindústrias. Mas o que Brucceli coloca em primeiro lugar é a segurança.

“A pessoa pode dormir tranquila na fazenda sabendo que tem segurança e que não haverá roubo de produtos. Hoje, Goiás é considerado o estado mais seguro do Brasil. Você vai para outros estados e ouve a questão das invasões de terras — o que não tem por aqui. É bom ter a segurança de que a fazenda está sempre resguardada ", valoriza o produtor. 

PIB em alta, aumenta emprego e renda

Diante de um cenário nacional de altas taxas de juros e dificuldades de pegar financiamentos — que muitos empresários enfrentam — , as políticas internas do estado ajudam empresários a driblar as dificuldades, e resultados positivos em relação a emprego e renda aparecem.

“Goiás está experimentando um ciclo virtuoso, no qual esses indicadores positivos — de crescimento e queda do desemprego — fortalecem outros aspectos da economia e do bem- estar social”, avalia Bergo.

O melhor resultado da história se repete na quantidade de pessoas empregadas: em dezembro, foram registrados 3,8 milhões de trabalhadores no estado, segundo o IBGE. O índice de desocupados, por sua vez, atingiu o menor patamar desde 2015, com 5,6%. Além disso, quem tem emprego está ganhando mais: R$ 2.017 foi a média salarial em Goiás no ano passado — a terceira maior do Brasil. 

Incentivo à qualificação 

Em 2023, mais de 70 mil pessoas conseguiram um novo emprego graças ao Programa Mais Emprego, que promove feirões em todo o estado e conta com as unidades do Sine. Além disso, as Escolas do Futuro foram responsáveis por qualificar outros 21 mil trabalhadores. Por meio da agência GoiásFomento, R$ 33,8 milhões foram financiados em empréstimos, em 834 operações.

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31/03/2024 00:05h

Vendas no mercado interno sobem, mas exportações caem, segundo ABIMAQ

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O setor de máquinas e equipamentos registrou um avanço de 16,7% na receita líquida em fevereiro de 2024 em relação ao mês anterior. Houve um aumento de 33,9% nas vendas no mercado interno, o que resultou no desempenho positivo em fevereiro na comparação com janeiro. No entanto, em relação ao mesmo período de 2023, o resultado do setor é negativo — a queda foi de 14%.  As informações foram divulgadas na última quarta-feira (27) pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ). 

As exportações, por outro lado, registraram queda de 20,8%. O mês de fevereiro encerrou com US$ 829 milhões em exportações de máquinas e equipamentos — valor inferior a janeiro, quando o segmento exportou US$ 1 bilhão. Em fevereiro, as exportações de máquinas e equipamentos recuaram em todos os setores monitorados, em relação ao mês anterior. Leonardo Silva, do departamento de Economia e Estatística da ABIMAQ, explica o resultado e fala sobre os desafios para o decorrer do ano.

“Um resultado que, em parte, estava dentro das expectativas devido a um comportamento sazonal típico neste período. Destacando que ainda temos desafios para este ano. O cenário base é um pouco adverso, o que é reflexo das condições de investimento no Brasil que permanecem sob pressão devido às altas taxas de juros, que apesar dos ciclos de cortes da Selic, ainda permanecem em um patamar restritivo”, afirma. 

Expectativas

A redução da taxa básica de juros da economia, a Selic, é um ponto importante a ser observado para o resto do ano, segundo a ABIMAQ. Atualmente a taxa está em 10,75%. Leonardo Silva afirma que a expectativa é positiva para os resultados de março, que serão divulgados em abril.

“No que tange as expectativas para o decorrer do ano, elas ainda são de melhora dos números, em especial, para os valores dos últimos semestres. Há um reflexo mais forte dessa diminuição nas taxas de juros, mas tudo vai depender da magnitude que isso ocorra”, pontua. 

Emprego

A indústria de máquinas e equipamentos fechou o ano de 2023 com 395 mil funcionários. Em fevereiro de 2024, houve uma leve queda de 0,4% em relação a janeiro. Atualmente, 387.920 pessoas trabalham no setor.

Apesar de recorde nas exportações, receita do setor de máquinas e equipamentos cai 11%, em 2023
 

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27/03/2024 19:00h

Em relação às regiões, a confiança da indústria apresentou queda de 1,6 ponto no Nordeste, pela segunda vez seguida

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A confiança da indústria apresentou pouca variação entre os diferentes portes de empresa analisados, em março de 2024. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre as pequenas empresas houve um salto de 0,8 ponto. 

Entre as médias, o resultado foi de queda de 0,5 ponto. Já entre grandes empresas foi notado um recuo de 0,3 ponto. Os resultados, que correspondem ao Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), foram mantidos acima da linha divisória de 50 pontos — o que representa registro de confiança.

Prévia da inflação tem alta de 0,36% em março

Em relação às regiões, a confiança da indústria apresentou queda de 1,6 ponto no Nordeste, pela segunda vez seguida. Com os dois recuos, houve um acúmulo de 4,5 pontos de redução.  O Centro-Oeste também registou retração. A queda foi de 1,3 ponto na confiança do empresariado do setor. Já na região Sudeste, a confiança apresentou leve alta de 0,1 ponto. 

Para as regiões Norte e Sul do país, foi percebido um tímido avanço de 0,6 ponto. De acordo com a CNI, todas as regiões seguem confiantes em março — já que o índice ainda está acima da linha de corte de 50 pontos.

De maneira geral, os resultados setoriais do ICEI, em março, apresentaram estabilidade na confiança da indústria. Conforme notado em fevereiro, 25 de 29 setores industriais estão confiantes. Este mês, 1.841 empresas foram consultadas entre 1º e 11 de março.

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25/03/2024 14:00h

Aprovação de projetos inseridos na pauta verde já são realidade no Congresso em 2024

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A indústria brasileira elencou os projetos que devem ter prioridade este ano na agenda legislativa no Congresso. Um terço dos temas que integram a chamada Pauta Mínima, considerados mais urgentes e de maior impacto para o desenvolvimento do país, está relacionado à sustentabilidade, como regulamentação do mercado de carbono, instituição da Política Nacional de Economia Circular, marco legal do hidrogênio de baixo carbono, licenciamento ambiental, Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) — e o Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten). A Agenda Legislativa 2024 foi entregue na semana passada ao Congresso pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban. 

“O processo de neoindustrialização é uma oportunidade ímpar para o Brasil redefinir sua trajetória econômica e social. Precisamos também de um povo satisfeito e de um mercado consumidor interno. Para que isso se torne realidade, é indispensável a adoção de políticas públicas que fortaleçam o setor industrial, para termos empresas mais inovadoras, sustentáveis e inseridas no mercado global”, enfatizou o presidente da CNI, durante a divulgação da agenda de interesse da indústria, no Congresso.

CONQUISTAS DA INDÚSTRIA NO LEGISLATIVO

A recente aprovação de dois projetos de lei ligados à pauta verde mostra o compromisso do legislativo e da indústria com a sustentabilidade: o que cria a Política Nacional de Economia Circular e o que institui o Programa de Aceleração da Transição Energética (PATEN).  Ambos foram votados no Senado e na Câmara. Eles são considerados essenciais para o fortalecimento da política industrial do país. 

A pauta apresentada pela CNI — como comentou o presidente da Câmara, Arthur Lira — reforça o compromisso da indústria brasileira com o atual momento de industrialização do país e com o desafio de cumprir o Acordo de Paris, que prevê redução de emissão de gases poluentes até 2030.  

“Isso é muito importante no momento em que o setor e o Brasil têm que encarar o desafio da neoindustrialização. Modernidade significa eficiência de mãos dadas com a sustentabilidade”, reforçou Lira
 

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20/03/2024 16:00h

Programação do museu foi pautada na possibilidade de um futuro mais sustentável, com atividades com foco na cultura maker e aplicação de novas tecnologias digitais

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Enquanto o mundo sente os efeitos das mudanças climáticas e se preocupa com isso, o assunto vira o tema do ano no SESI Lab – museu localizado ao lado da Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília (DF), que conecta arte, ciência e tecnologia. Bioeconomia e biodiversidade serão questões centrais em 2024 no espaço onde a prática e a interatividade geram conhecimento e reflexão.

A temática da “Bioeconomia e Biodiversidade” vai fazer parte da programação multidisciplinar do museu este ano. Foi escolhida com base em pesquisas, dentre elas uma que foi realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que apresenta que enquanto 91% dos brasileiros estão preocupados com as mudanças climáticas nos últimos anos, 61% veem o Brasil como protagonista na transição para a economia verde.

A superintendente de Cultura do SESI, Cláudia Ramalho, explica a importância do assunto na formação das novas gerações. “O caminho para as transformações transita ao fomento à educação e à missão de resgatar as pessoas no encantamento pela ciência como uma ferramenta catalisadora de conhecimento. E é com esse propósito — de contribuir para a construção de novos futuros — que o museu apresenta o tema central: bioeconomia e biodiversidade.”

Programação SESI Lab 2024

A Programação Educativa e Cultural do museu foi pautada na possibilidade de um futuro mais sustentável. Por isso, estão previstas atividades com foco na cultura maker e aplicação de novas tecnologias digitais. Oficinas interativas e literárias — que estimulem a construção de pensamento crítico — também fazem parte da programação. 

Tudo pensado numa abordagem de educação criativa, inovadora e acessível a diferentes públicos, que vão além do museu de Brasília e inclui ações itinerantes em várias partes do Brasil. 

Cultura e sustentabilidade

Dois conceitos que parecem não ter relação, mas que, nos últimos anos, vêm ganhando visibilidade e discussões entre acadêmicos e especialistas. Sustentabilidade cultural então, se tornou um conceito. Cláudia Ramalho explica, na prática, o que as pessoas são capazes de experimentar por meio desse tema.

“É interessante a gente perceber o território como uma entidade de propiciar uma forma de vida sustentável. Baseadas em escolhas éticas, no consumo de produtos e serviços, a relação com o ambiente e as outras pessoas e favorecendo a relação biocultural.” 
 

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Fiep afirma que projeto é mais uma tentativa de transferir meta de responsabilidade fiscal para o setor produtivo

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O governo federal tenta, mais uma vez, reonerar a folha de pagamento para 17 setores. Dessa vez, o Executivo encaminhou à Câmara dos Deputados o projeto de lei 493/2024 em regime de urgência. Isso significa que a Casa tem 45 dias para apreciar a proposta, prazo que vai até 13 de abril. O Movimento Desonera Brasil — que reúne entidades do setor produtivo — critica a nova tentativa do governo de reinstiuir os tributos sobre a folha.

“O Governo Federal tardiamente e de maneira impositiva, sem diálogo ou sensibilidade social, tenta repetidamente reverter a medida, desrespeitando o equilíbrio de forças constitucionais com a imposição da sua vontade. O custo de gerar um emprego formal no Brasil é altíssimo, o que leva a uma maior informalidade e precarização no mercado de trabalho. O Brasil precisa de soluções que incentivem a geração de empregos formais pelas empresas”, diz o manifesto.

A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) também se manifestou. A entidade argumenta que, só no Paraná, os setores contemplados com a desoneração geram mais de um milhão de empregos diretos e indiretos e que a tributação pode gerar milhares de demissões.  O coordenador do Conselho Temático de Assuntos Tributários da Fiep, Guilherme Hakme, critica o projeto.

“Onde alguns poucos setores ou atividades terão alguma redução mínima no seu encargo previdenciário. O que a gente percebe é, mais uma vez, o governo federal tentando transferir a responsabilidade para o atingimento de uma meta fiscal ao setor produtivo, que não aguenta mais pagar impostos, não aguenta mais a ineficiência da máquina pública, não aguenta mais o chamado custo-Brasil, que tanto retira a competitividade da indústria brasileira frente aos competidores internacionais”, critica Hakme. 

De acordo com o mestre em direito tributário Eduardo Natal, a empregabilidade está inserida em um contexto econômico que deve considerar fatores mais amplos e não apenas por questões tributárias. No entanto, avalia ser inegável que a reoneração dos 17 setores da economia, sem ser combinada, pode impactar de forma negativa nos empregos. 

“Isso pode impactar de fato nos resultados ou na própria operação dessa pessoa jurídica e causar ou demissões ou até mesmo uma mudança de planos, no sentido de que se essa empresa estivesse planejando uma implementação de novas frentes de serviços, talvez recue. Você tem tanto a possibilidade de ter demissões de um lado, quanto também de não ter novas frentes abertas de outro lado”, explica Natal. 

O projeto do governo prevê uma tributação progressiva iniciada em 10%, já em 2024, até 18,75% em 2027 aplicada sobre o salário de contribuição do segurado no valor de até um salário mínimo. Entre as atividades contempladas estão: transporte, rádio, televisão e consultoria em tecnologia da informação. Além disso, o texto revoga a lei 14.784/2023, que prorroga até 31 de dezembro de 2027 a desoneração da folha de pagamento. A lei foi aprovada no fim de 2023.

No documento enviado à Câmara, o Executivo cita estudos realizados pela Secretaria Especial da Receita Federal que apontam um custo arrecadatório — caso seja mantida a desoneração — de R$ 12 bilhões para 2024; R$ 12 bilhões para 2025; R$ 13 bilhões para 2026; e R$ 13 bilhões para 2027.

Polêmica

Em vigor desde janeiro de 2012, a desoneração da folha de pagamento tem como objetivo reduzir a carga tributária sobre as empresas dos setores beneficiados, incentivando a geração de empregos. O mecanismo permite que as empresas optem pela contribuição patronal de 20% sobre a folha de salários ou o pagamento de uma alíquota de 1% a 4,5% sobre o faturamento — receita bruta — do negócio. 

Ao longo dos últimos 12 anos, o benefício foi prorrogado algumas vezes. A última delas no fim do ano passado, quando o Congresso Nacional estendeu a desoneração até o fim de 2027. O Executivo, no entanto, vetou a medida e a resposta do Legislativo foi a derrubada dos vetos. Foram 438 votos pela rejeição — 378 deputados e 60 senadores discordam do presidente da República. 

No final de 2023, o Ministério da Fazenda anunciou uma Medida Provisória (MP) que excluía oito dos 17 setores do regime a partir de abril, e aumentava gradualmente as alíquotas de contribuição previdenciária das empresas dos outros nove setores. A MP é um uma forma de o presidente da República legislar, prevista na Constituição Federal de 1988. Ocorre que a ferramenta tem validade imediata. A atuação do Congresso ocorre apenas depois que a medida já está valendo e produzindo efeitos. 

Em 2024, por meio de uma nova MP, o governo revogou dispositivos da medida anterior e manteve a desoneração dos 17 setores. Agora, por meio do PL 423, o governo tenta reverter o quadro. 

Setores beneficiados 

Os 17 setores beneficiados pela desoneração são: confecção e vestuário; calçados; construção civil; call center; comunicação; empresas de construção e obras de infraestrutura; couro; fabricação de veículos e carroçarias; máquinas e equipamentos; proteína animal; têxtil; tecnologia da informação (TI); tecnologia de comunicação (TIC); projeto de circuitos integrados; transporte metroferroviário de passageiros; transporte rodoviário coletivo; e transporte rodoviário de cargas.

Governo mantém reoneração da folha de pagamento dos municípios e alíquota previdenciária voltará a 20% a partir de abril
Com reoneração da folha de pagamento, empresas de call center podem demitir 400 mil em dois anos
 

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05/03/2024 00:02h

Dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) mostram que indústria química opera com 64% da capacidade e importações ocupam 47% do mercado

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Déficit comercial, aumento da importação, produção abaixo da capacidade operacional. Esses são alguns dos problemas enfrentados pela indústria química nacional nos últimos anos, segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). O último relatório publicado pela entidade mostra que 2007 — dezessete anos atrás — foi o último ano considerado dentro do padrão da normalidade para a produção de uma unidade química. 

De lá pra cá, a competitividade do país caiu — muito por conta dos preços mais atraentes praticados pelos asiáticos. Segundo a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, a penetração dos produtos importados, que já representam 47% do mercado, é um dos pontos que preocupam.

“Como a indústria química está na base de diversos outros sumos industriais, se ela que está na base está sofrendo, reduzindo produção, reduzindo receita, isso vai acabar chegando nas demais cadeias que consomem produtos químicos.”

Indústria química nacional vive pior momento da história, e importações já ocupam 47% do mercado

Desequilíbrio comercial e redução na produção

O economista-chefe da Análise Econômica, de São Paulo, André Galhardo, explica que esse desequilíbrio atinge não só a indústria química, mas outras indústrias nacionais. “A  Europa passa por um processo de desaceleração econômica e a maior economia europeia, a Alemanha, está em recessão técnica, e o mercado consumidor de lá está prejudicado, o que vem fazendo a China buscar outros mercados.  

“Em 2023 o Brasil importou um volume significativo de aço chinês muito mais barato do que o aço produto internamente no Brasil, e isso é muito danoso para a indústria. E isso é muito danoso para a indústria, porque ela não consegue competir com os produtos chineses e do Sudeste asiático de modo geral.” 

Seja pelo câmbio — que favorece os produtos importados — ou pelo subsídio que os governos asiáticos dão às indústrias estratégicas daqueles países, explica Galhardo. Diversos setores passam por esse desequilíbrio e isso coloca em risco nossa indústria, “que não consegue competir, não consegue vender, acaba tendo de demitir, desfazer posições, desinvestir e o que resta para gente no fim das contas é uma dependência dos produtos estrangeiros”, avalia o economista. 

Preocupação com o futuro

O momento preocupa sobretudo com relação a baixa produtividade do setor nacional, que pode ficar insustentável no médio e longo prazo, explica a diretora da Abiquim. A associação acompanha de perto a situação há 30 anos e já viu isso acontecer. “Entre 1990 e 2021, a indústria química brasileira fechou 2.990 unidades de produtos químicos.”

“Corremos o risco de fechar unidades produtivas. Em outras ocasiões em que houve mudanças estruturais, seja na economia, seja na própria estrutura de produção do setor, a gente acabou vendo que as opções foram o fechamento de fábricas,” lamenta Fátima.

Para o economista André Galhardo, políticas públicas de defesa da indústria domésticas podem ser tomadas para minimizar o impacto do desequilíbrio que vem acontecendo. 

“A gente tem medidas protetivas como o antidumping — que podem ser tomadas se a gente provar que os produtos estão com preços muito abaixo dos praticados no mercado internacional — o governo precisa agir e inserir tarifas que são conhecidas como antidumping e salvaguarda, tudo isso para impedir que grandes volumes ingressam no mercado doméstico.”

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04/03/2024 03:00h

Enquanto os Serviços apresentaram leve alta de 0,3% e a Indústria de 1,3%, a Agropecuária teve queda de 5,3%

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Apesar de a economia brasileira ter fechado 2023 com crescimento acumulado de 2,9% - praticamente o mesmo resultado apresentado em 2022 frente a 2021 - dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que houve uma desaceleração da atividade econômica no segundo semestre do ano passado, depois de um cenário positivo da Agropecuária notado no início do ano.

Em relação à comparação do quarto contra o terceiro trimestre de 2023, o quadro referente ao PIB é de estagnação. Enquanto os Serviços apresentaram leve alta de 0,3% e a Indústria de 1,3%, a Agropecuária teve queda de 5,3%.

O advogado e economista Alessandro Azzoni afirma que, no primeiro e no segundo trimestre, houve um avanço no agronegócio, que trouxe uma expansão nos números, sobretudo quando se trata da produção de soja e de milho. No entanto, ele destaca que o cenário não foi o mesmo para os meses subsequentes. 

“No terceiro e quarto trimestre nós tivemos um PIB negativo, praticamente no agronegócio, porque como os estoques foram exauridos no primeiro e no segundo trimestre, e agora estava na parte de replantio, a tendência do agro não representa tanto nesse segundo semestre”, explica. 

O levantamento do IBGE também aponta que a taxa de investimento do PIB, em 2023, foi de 16,5%. O resultado representa uma redução em relação a 2022, quando a taxa foi de 17,8%. Para o economista José Marcio Camargo, esse foi um dos principais fatores que contribuíram para a estagnação da economia na segunda parte do ano. 

“O grande problema no crescimento do PIB, um lado realmente negativo, é o fato de você ter uma grande queda na taxa de investimento. E, sabemos que, para se ter crescimento elevado no longo prazo, é preciso ter aumento na taxa de investimento e da capilaridade produtiva”, considera. 

Dentro desse contexto, a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, pontua que “quando a gente olha a contribuição para o crescimento, vemos que a demanda interna contribuiu com esse crescimento de 2,9% com apenas 0,9%, muito diferente do que tinha acontecido em 2022”.  

IBGE: somente dois estados registram queda na taxa de desemprego no 4º trimestre de 2023

Entre as atividades industriais, foi percebida alta nas Indústrias Extrativas (4,7%), na Construção (4,2%) e na atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (2,8%). As Indústrias de Transformação, por outro lado, apresentaram variação negativa de 2%.

Nos Serviços, as Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados registravam uma tímida elevação de 0,7%, enquanto as Atividades imobiliárias subiram 0,1% - mesmo resultado apresentado para Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social. Em contrapartida, contribuíram negativamente o Comércio, com queda de 0,8%; Transporte, armazenagem e correio, com recuo de 0,6%; e Informação e comunicação, com redução de 0,1%.


 

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03/03/2024 00:06h

Apesar do crescimento nas exportações, receita líquida de vendas de máquinas caiu 21,7% no último ano

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A indústria nacional de máquinas e equipamentos fechou o mês de janeiro com um total de US$ 1,1 bilhão em exportações, o que representa 7,3% de crescimento em relação ao mesmo mês de 2023. O ano passado foi histórico para o setor, marcado pelo bom desempenho nas exportações, que somaram quase US$ 14 bilhões em máquinas. 

Por outro lado, as importações no setor também cresceram, tanto em relação ao mês imediatamente anterior, com alta de 4,8%, quanto em relação ao mesmo mês do ano anterior, 7,3%. O total de exportações chegou a US$ 2,3 bilhões em
janeiro contra US$ 2,1 bi em janeiro de 23. 

Historicamente o setor é deficitário quando se fala em balança comercial, pois o Brasil sempre importou mais do que exportou. Mas o cenário vem mudando. Segundo Leonardo Silva, Analista de Economia e Estatística da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), o setor apresenta um crescimento nas exportações, num ritmo mais acelerado do que o observado com relação às importações. Ele explica o que contribuiu para isso. 

“A gente vê o setor se voltando cada vez mais para o mercado externo, isso tem apoio de entidades, fortalecendo o setor de máquinas e equipamentos no mercado internacional. Vemos também uma ampliação do número de países para onde ocorrem essas exportações e o volume também de produtos exportados.” 

Queda na receita líquida 

Com relação às receitas de vendas de máquinas, o faturamento das empresas em janeiro registrou queda. A redução veio tanto na comparação mensal (0,3%) como na comparação anual, quando a redução foi de 21,7%. Segundo a Associação que representa o setor, tradicionalmente, janeiro costuma ser pior que o mês de dezembro. Mas os números são sazonais, e há expectativa de melhora ao longo do ano.

“A gente espera para 2024 um crescimento na ordem de 3% na receita total do setor. Notamos que com as taxas de juros reduzindo e aumentando a quantidade de projetos de investimentos, o cenário pode ficar mais positivo ao longo do ano,” analisa Leonardo Silva.

Os 3% seriam um fôlego para as empresas. “Essa melhora não recuperaria as perdas de 2023, mas já seria uma reversão de sinal das perdas que vêm ocorrendo nos últimos anos”, avalia o economista. 

Em busca de mais competitividade

Apesar do recorde de exportações em 2023, o setor de máquinas e equipamentos ainda enfrenta um grande desequilíbrio comercial com o mercado externo. O que se reflete em números já que o déficit comercial — entre o que se vende e o que se compra — chegou a US$ 12,8 bilhões em 12 meses. 

A maior parte do que chega ao Brasil vem da China, EUA, Alemanha e Itália. Depois de uma leve queda no ano passado, o país asiático voltou a registrar crescimento no mercado nacional em 2024 e em janeiro passado foi responsável por 32% de todas as máquinas que entraram no Brasil.

Para tentar melhorar a competitividade, a Associação que representa o setor aposta no diálogo entre o setor produtivo e o governo. A aposta é que a agenda seja acelerada com a aprovação da Reforma Tributária, como explica a diretora executiva de mercado externo da ABIMAQ, Patricia Gomes.

“Tem uma expectativa grande que essa reforma venha trazer maior competitividade para o setor. E passa também por outros pontos como o acesso ao financiamento — tanto para produção, quanto para um financiamento para o cliente, aqui no Brasil ou internacional, a gente tem proposto uma ajuda de melhoria junto ao BNDES.” 

A compra de insumos a preços competitivos também faz parte da agenda do setor e vem sendo discutida com os poderes legislativo e executivo, ressalta a diretora. 

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26/02/2024 13:40h

Financiamento de projetos de infraestrutura de pequeno e médio portes favorece setores como o avanço da transição energética

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Projetos de transição energética, saneamento, logística e transporte, mobilidade urbana e telecomunicações terão, a partir de agora, financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O anúncio foi feito no último dia 20. O aporte de R$ 500 milhões virá através do novo Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC).

O novo FIDC tem foco em infraestrutura. E a gestão será feita pelo Pátria Investimentos. A diretora de Mercado de Capitais e Finanças Sustentáveis da instituição, Natália Dias, explica que essa é uma tradição do banco. “Historicamente, o BNDES é um dos principais provedores de recursos para o investimento em infraestrutura no Brasil, dada a importância desse setor para o desenvolvimento econômico do país e melhoria da qualidade de vida dos brasileiros”.

A iniciativa é voltada para pequenos e médios projetos, incluindo os greenfield – aqueles que são executados a partir do zero. Em especial, projetos no modelo recours project finance non-e — ou seja, projetos nos quais não há necessidade de carta de fiança como garantia. A escolha por esses projetos de menor porte se deve à dificuldade maior de "acesso a estruturas tradicionais de financiamento e ao mercado de capitais”, de acordo com a diretora.

Quem se beneficia com a iniciativa 

Um dos focos do fundo são os projetos de transição energética. Para Davi Bomtempo, gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), esse recurso veio para se somar a um portfólio maior com o objetivo de fazer a transição para uma economia de baixo carbono. 

“Todo recurso disponível, direcionado a essa área, é de grande valor para o setor industrial. É ele que vai permitir que se faça uma transição para uma economia de baixo carbono. E com certeza, vai ajudar também um nicho de empresas bastante relevante que são as micro, pequenas e médias empresas”, complementa Bomtempo.

A CNI apoia o setor produtivo a contribuir para a agenda ambiental no país. E as indústrias, cada vez mais, se mostram empenhadas e responsáveis por estimular a implementação de compromissos climáticos no Brasil. 

“Essa é uma agenda prioritária da CNI. E mais especificamente dentro da transição energética, há um foco em eficiência energética, expansão de renováveis — como solar, eólica e biomassa — como atrair novas tecnologias como hidrogênio verde e também captura de carbono. E ainda fortalecer a nossa Política Nacional de Biocombustíveis.” 

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