A transformação digital é uma das missões propostas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no Plano de Retomada da Indústria, compartilhado com o governo federal. A entidade entende que é necessário que as organizações redefinam suas estratégias, incorporando a tecnologia como elemento principal dos negócios, para que essa transformação seja possível.
DIA DA INDÚSTRIA: Plano de Retomada propõe quatro missões para impulsionar o setor
A transformação digital tem o objetivo de capacitar as empresas para que possam ampliar sua escala de mercado e, assim, se habilitarem para participar de cadeias globais de fornecimento. A gerente de Política Industrial da Confederação, Samantha Cunha, avalia a transformação digital como essencial pra a produtividade e a competividade do país e lembra que as pequenas e médias empresas são elos importantes das cadeias produtivas e precisam participar desse processo de transformação para que se tenha um impacto na atividade agregada, na economia e na indústria.
“As empresas pequenas e médias, como mostram as pesquisas da CNI, elas adotam menos tecnologias digitais. Quando olhamos para as grandes empresas, mais de 80% delas usam pelo menos uma tecnologia digital, entre 18 tipos, nessa pesquisa que a CNI realizou em 2021, esse percentual cai para em torno de 60% das médias empresas, e cai em torno de 40% das pequenas empresas”, revela. Apenas 7% das empresas sondadas em 2021 adotavam dez ou mais recursos tecnológicos, segundo levantamento da entidade.
O advogado e mestre em gestão de riscos e inteligência artificial da Universidade de Brasília (UnB), Frank Ned Santa Cruz, explica que a transformação digital está associada à inovação. “A inovação é quando você cria um ambiente onde você revisita processos, serviços, produtos e até mesmo pessoas para que possam fazer as coisas de forma diferente. Inovação necessariamente não quer dizer que você tem que utilizar a tecnologia, mas é muito comum você associar a tecnologia à inovação. Quando você tem a inovação associada à tecnologia, você tem esse processo de transformação digital”, ressalta.
Para Marcos Tupinambá Martin Alves Pereira, professor e pesquisador nas áreas do direito digital, crimes eletrônicos e privacidade, a transformação digital vai além: “É uma mudança na mentalidade das empresas, na qual elas buscam acompanhar os tempos modernos, os tempos atuais, os avanços tecnológicos e tirar vantagem desses avanços para que as pessoas, os clientes, os funcionários e os próprios processos das empresas possam se tornar mais eficientes. A partir do momento que a empresa adota essa postura, ela consegue atender melhor o cliente, criar um ambiente melhor no trabalho e aumentar a eficiência do negócio”, avalia.
De acordo com Frank Ned Santa Cruz, para aplicar a transformação digital nas empresas, é preciso criar um ambiente de inovação. “É necessário criar mecanismos para facilitar e incentivar a criação da inovação. O resultado é o alcance melhor de mercado e produtos atendendo demandas que até então não eram atendidas”, relata. Ele explica que, à medida que as empresas conseguem reduzir custos, conseguem ter mais eficiência e isso aumenta o seu alcance de mercado e também contribui para uma sociedade melhor.
Com a transformação digital, o professor Marcos Tupinambá Martin Alves Pereira diz que as empresas terão capacidade para aumentar a produtividade e a competitividade, mas precisam mudar a mentalidade estratégica para conseguir obter resultados positivos: “É muito mais do que estrutura, é muito mais do que processos, a empresa tem que aproveitar a rede de clientes, criar plataformas, trabalhar com os ativos, aproveitar tudo o que a empresa tem a disposição para produzir com mais qualidade e melhor atendimento”, explica.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) propõe quatro missões de política industrial em seu Plano de Retomada. Cada uma delas é apresentada com a identificação de um problema, no qual é apresentado o contexto atual do tema no país, a solução proposta e os benefícios esperados a partir da adoção de cada política. Para a implementação de cada missão, são sugeridos programas de trabalho com as ações específicas para se chegar aos objetivos estipulados.
Confira abaixo os objetivos de cada uma das missões
Missão 1: Descarbonização
Objetivo: desenvolver uma economia de baixo carbono, com estímulos à descarbonização da indústria, à transição energética e à promoção da bioeconomia e da economia circular.
Missão 2: Transformação Digital
Objetivo: capacitar as empresas brasileiras, em especial as pequenas e médias empresas, para que possam ampliar sua escala de mercado e, assim, se habilitarem para participar de cadeias globais de fornecimento.
Missão 3: Saúde e Segurança Sanitária
Objetivo: universalizar o acesso e promover o desenvolvimento competitivo da cadeia de produção e exportação de medicamentos, vacinas, testes, protocolos, equipamentos e serviços.
Missão 4: Defesa e Segurança Nacional
Objetivo: apoiar o desenvolvimento de elos estratégicos das cadeias do complexo industrial da defesa e segurança nacional, com foco em tecnologias de uso atual.
Pandemia mostrou importância de investir na cadeia produtiva de saúde e segurança sanitária
Mão de obra qualificada é um dos grandes desafios para a indústria brasileira
O aplicativo Bora, lançado pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) no ano passado, ganhou reconhecimento internacional pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e é indicado como modelo para outros países no aprimoramento das políticas públicas. O projeto inovador estimula a interação entre gestores e pesquisadores das políticas públicas E faz parte do banco de soluções do Observatório de Inovação do Setor Público (OPSI, na sigla em inglês), da OCDE.
O desenvolvimento do aplicativo surgiu por meio da observação da necessidade dos entes públicos de um espaço de troca mais eficiente e democrático, como explica Carolina Coppetti, socióloga, analista de políticas sociais na Enap e gerente do aplicativo Bora. “A gente percebeu essa necessidade no próprio cotidiano da escola, a gente percebeu que tinha uma necessidade de ampliar rede de contato para realização de pesquisa de qualidade, então tanto da parte da administração pública quanto dos próprios profissionais avaliadores de políticas públicas, tinha esse gap aí de contato mais rápido e transparente, uma coisa menos burocrática, então a gente decidiu criar a ferramenta que é o Bora para ajudar a promover esse encontro”, elucidou.
Para ter o melhor resultado possível, a Enap se uniu à Universidade de Brasília (UnB) no desenvolvimento da aplicação, que aconteceu em um curto espaço de tempo: “A coordenação à época fez um acordo de trabalho com a Universidade de Brasília, que foi essencial, porque foi ali que a gente conseguiu pessoas especializadas em desenvolvimento, design, tecnologia, então a gente conseguiu pegar o conhecimento da Universidade de Brasília e unir com a capacidade de gestão de projetos que a Enap tem, que já é bastante conhecida, e esse casamento feliz fez com que durante seis meses se trabalhasse arduamente, um trabalho coletivo muito intenso, para que a gente conseguisse fazer o lançamento do Bora”, contou Carolina..
O professor Jackson De Toni, especialista em Projetos na equipe técnica da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), comentou sobre a importância de ferramentas inovadoras como essa para melhorar o serviço público. “Porque ele consegue conectar, de uma forma gratuita, centenas ou milhares talvez de pesquisadores em políticas públicas que estão no estados, nas prefeituras, no governo federal, nas universidades, nos institutos de pesquisa, juntando quem precisa de avaliação de políticas públicas com quem tem condições de oferecer capacitação e realizar trabalhos, remunerados ou não. Então ele é uma grande plataforma de conexão, de criação de redes, de relacionamentos e um hub de crescimento coletivo nessa área”, avaliou.
O aplicativo foi lançado em agosto de 2022 e pode ser baixado de forma gratuita. O aplicativo se apresenta como uma vitrine onde gestores de projetos e pesquisadores podem dar match ou apresentar interesse em projetos. Bora é um acrônimo para Base Online de Relacionamentos para Avaliação.
A principal premiação de reconhecimento e incentivo à inovação do país está com inscrições abertas até 31 de março. O Prêmio Nacional de Inovação (PNI) tem como objetivo incentivar e reconhecer os esforços de organizações e de pesquisadores que atuam no Brasil, além de estabelecer um autodiagnóstico para a melhoria do desempenho e conhecer os níveis de inovação dos participantes.
O PNI é uma iniciativa de mobilização empresarial de estímulo a práticas inovadoras realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O prêmio é destinado às empresas do setor industrial; aos pequenos negócios de todos os setores; aos ecossistemas de inovação do país; e a pesquisadores que apoiaram as empresas em seus projetos de inovação.
Esta é a oitava edição do prêmio que começou em 2011. Desde então, sete edições foram realizadas e juntas somam mais de 13,5 mil inscritos. Segundo a diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, a iniciativa se fortaleceu como uma das principais premiações de inovação no país e na América Latina.
“O prêmio tem uma metodologia robusta que dá visibilidade para empresas e também para ecossistemas com resultados de inovação. Queremos tornar público para o Brasil e para o mundo as boas práticas que têm sido desenvolvidas por essas instituições no fortalecimento da pesquisa, do desenvolvimento e da inovação. Sua importância está em reconhecer e estimular que as instituições tenham inovação como elemento estratégico fundamental para o seu crescimento”, destaca.
A premiação é voltada para a construção de um ecossistema de inovação que visa o aumento da produtividade e da competitividade da economia nacional e do bem-estar da população. Marcus Vinicius Bezerra, analista de Inovação do Sebrae, orienta os interessados a realizar a inscrição o quanto antes.
“As inscrições irão até 31 de março, mas não deixe para os últimos dias. Já entre, faça sua inscrição, comece a entender o processo. Comece a ler as perguntas, a buscar as evidências de cada uma daquelas respostas para você ter uma participação mais qualificada, para a sua resposta, sua devolutiva ser mais completa”, explica.
Além do troféu com alusão à categoria e modalidade associada, as empresas vencedoras poderão indicar um representante para imersão em ecossistemas de inovação em centros nacionais de referência em inovação e uma bolsa em curso de educação executiva do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).
As categorias do prêmio são: Gestão da Inovação, Inovação de Produto, Inovação em Processo; Inovação para Sustentabilidade; e Destaque em Saúde e Segurança no Trabalho. Para se inscrever e saber mais sobre o regulamento, a metodologia de avaliação e o prêmio basta acessar o site www.premiodeinovacao.com.br.
O cenário das agtechs ocupa o terceiro lugar (11,8%) entre os segmentos mais comuns de startups
A proporção de internautas em áreas rurais cresceu no país, em comparação ao período anterior à pandemia. Em 2019, 53% dos indivíduos de 10 anos ou mais estavam conectados à internet; em 2021, o número subiu para 73%, segundo a pesquisa TIC Domicílios 2021. De acordo com o levantamento, o Brasil tem hoje mais de 148 milhões de usuários.
O setor agropecuário é um dos motores da economia nacional, e as novas tecnologias são um fator chave para o avanço. A inovação tecnológica tem um papel essencial para otimizar os rendimentos do agronegócio, com produtividade e sustentabilidade. Nesse cenário, as startups ganham destaque pela inovação, por meio de soluções de alta tecnologia para obstáculos enfrentados por produtores rurais.
As startups especializadas em soluções voltadas para o setor do agronegócio são denominadas agtechs, que ocupam o terceiro lugar (11,8%) entre os segmentos mais comuns de startups, ficando atrás apenas de educação (17,3%) e saúde e bem-estar (17,1%), segundo a Associação Brasileira das Startups (Abstartups).
A associação mapeou e identificou 299 agtechs ativas em todo Brasil, concentradas principalmente nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Ainda de acordo com o estudo, o setor é majoritariamente composto por empreendedores homens, com 68,8% dos fundadores do gênero masculino e 5,1% de fundadoras mulheres. As empresas com mais de um fundador em que a maioria são mulheres correspondem a 2,5%; as empresas com mais de um fundador e a maioria são homens representam 16,6%; e 7% são empresas com mais de um fundador com igual proporção entre mulheres e homens.
As tecnologias dentro das agtechs brasileiras
Ainda segundo dados da Abstartups, as principais tecnologias aplicadas pelas agtechs brasileiras são: aplicação de dados, inteligência artificial (IA), internet das coisas (IoT), softwares de comunicação e gerenciamento de nuvem e devices. Isso permitiu aumentar a produtividade, os lucros e a eficiência, além de garantir maior segurança nas operações e entender melhor as demandas do mercado.
A agtech PerfectFlight foi fundada em 2015 em São João da Boa Vista, São Paulo, pelos produtores rurais Kriss Corso e Josué Corso. O objetivo era criar um sistema para solucionar os desafios dos produtores no gerenciamento das pulverizações aéreas. O sistema foi construído em um ambiente de nuvem (cloud computing), o que permite que o software seja executado em qualquer dispositivo com acesso à internet.
“O nosso objetivo é saber onde, quando e como esses químicos, biológicos estão sendo aplicados, como que o agricultor está investindo o seu dinheiro em defensivos e qual é o retorno disso dentro da lavoura. Então a PerfectFight, ela vem com esse papel, de trazer toda essa mensuração, essa gestão sustentável da pulverização aérea agrícola é não só com aeronaves, hoje nós temos trabalhado com drone, helicópteros para melhor informação e tomada de decisão do agricultor”, explica o engenheiro agrônomo e gestor de desenvolvimento de negócios da empresa, Paulo Villela.
Já a Grão Direto, startup fundada em 2006 por três amigos de infância em Uberaba, Minas Gerais, é uma plataforma para a negociação de commodities como milho e soja entre vendedores, corretores, compradores e armazéns de grãos. Todo o processo é feito de maneira digital. Para facilitar, os usuários têm acesso aos preços médios das commodities em diversas regiões. Assim, tanto vendedores quanto compradores podem tomar a melhor decisão.
A plataforma também permite acessar os custos médios com frete para entregas, a cotação de dólar e ativos das principais bolsas. “Por meio da Grão Direto, você pode aumentar sua rede de contatos, se conectando com diferentes pessoas e encontrando oportunidades de negócio que antes, só teria acesso por telefone, de forma analógica. Temos vários exemplos no nosso dia a dia, de compradores e vendedores da mesma cidade, que antes da Grão Direto não se conheciam e nunca haviam negociado. E que através da plataforma tiveram a oportunidade de se conectar e realizar muitos negócios. Há negociadores, também, de regiões distintas e fora dos grandes centros”, aponta o líder de transações digitais da agtech, José Carlos Mazzeto.
Os empresários avaliam que embora o agronegócio seja um dos principais setores da economia brasileira, ainda há muitos produtores rurais pequenos, sem acesso a tecnologia por diversos motivos, entre eles a pouca escolaridade, a falta de informação e os altos custos de implementação. Para José Carlos Mazzeto, a digitalização e a agregação tecnológica são os maiores desafios encontrados nos processos fora da porteira, ou seja, nas atividades necessárias para a comercialização do produto final, como industrialização, armazenagem e distribuição.
“Nós temos os desafios de adaptação, nós sempre temos em qualquer setor a adaptação à tecnologia, mas essa forma pessoal de tratar o cliente, de tratar o usuário, ela é superimportante. Essa forma humana de você ensinar, mostrar o caminho, essa empatia com o cliente, ela é essencial para as agtechs”.
Como as tecnologias podem ajudar o setor no futuro
O agrônomo Paulo Villella observa que a cada nova tecnologia implementada, processos são transformados e toda a cadeia de produção agrícola sai ganhando. “A tecnologia no campo evolui muito rápido, às vezes em um dia a demanda é uma, em outra safra a demanda já mudou completamente. Pego pela nossa região, que já passou diversas culturas, tinha muito algodão há 30, 40 anos atrás, aqui no interior de São Paulo, hoje já não tem pé de algodão, então são oportunidades diferentes em cada safra, e as agtechs têm que estar de olho nisso para transformar a tecnologia a favor da cultura”, aponta.
Outros pontos importantes, segundo o agrônomo, são o aumento da produção e a melhoria da qualidade dos produtos. Quando o produtor tem informações da própria produção em mãos, pode escolher mais pontualmente onde precisa melhorar. “Os agricultores de médio, grande porte que não olharem para isso e não utilizarem essas ferramentas, estão cada vez mais sujeitos a perderem as suas margens que são cada vez menores. Quem não mede não controla. Então esse agricultor vai precisar dessas ferramentas para cada vez mais medir e ajeitar, saber onde que ela perde, para perder menos, saber onde ela ganha, para ganhar mais. E cada vez mais ter esse giro e pensar sempre em expansão”, explica Paulo Villela.
O Sebrae vai selecionar 20 startups brasileiras para exporem suas soluções ao público da 20ª Conferência ANPEI, evento nacional dedicado à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, a ser realizado nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro em Campinas (SP). Os empreendedores têm até esta quinta-feira (27) para fazer a inscrição no site do evento e cada selecionado terá direito a estande e duas credenciais. Os empreendimentos precisam apresentar soluções de pequenos negócios de base tecnológica e/ou científica.
A Conferência da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras reúne os principais empresários, gestores públicos, investidores, instituições de fomento, pesquisadores e profissionais que atuam no ecossistema de inovação, com média de 3 mil participantes por ano. A edição atual volta a ter formato presencial após o período de pandemia.
O foco da 20ª Conferência ANPEI será o desenvolvimento sustentável inovador, ou seja, as soluções com aderência aos princípios ESG (ambiental, social e governança, da sigla em inglês) do Pacto Global, como explica Rafael Castro, analista de Inovação do Sebrae Nacional.
“Esse ano o tema é ‘Sustentabilidade, um círculo virtuoso’. Justamente trabalhando as questões da economia circular, a circularidade das cadeias produtivas e a inovação nesse processo como um todo. Claro, sempre falando de futuro, novos negócios, novos modelos de negócios, novas tecnologias e assim por diante”, explica Castro.
Castro ressalta que a Campinas tem um ecossistema com muitos atores que fomentam a inovação tecnológica e científica, ou seja, possui um terreno fértil e repleto de oportunidades, principalmente pela participação de grandes players do mercado.
“É um evento onde vão estar as áreas de inovação e P&D das maiores empresas desse país e, por isso, são muito importantes para os pequenos negócios inovadores, que podem contribuir para o desenvolvimento de soluções e novos negócios que beneficiem a cadeia de valor dessas grandes empresas”, destaca o analista do Sebrae.
O objetivo do Sebrae com a iniciativa é justamente proporcionar aos empreendedores a chance de ficarem frente a frente com essas grandes empresas e investidores, exporem seus negócios para o universo de participantes do evento e estabelecerem conexões.
Para participar, as empresas precisam ter maturidade tecnológica da solução inovadora TRL (Technology Readiness Level ou Níveis de Prontidão de Tecnologia) nível 7 para cima. Além disso, devem ter como mercado-alvo: B2B (de empresas para consumidores finais, ou seja, atende demandas diretas dos consumidores finais no varejo) ou B2B2C (de empresas para empresas atenderem consumidores finais, ou seja, atende uma demanda de uma empresa no seu atendimento/relacionamento com consumidores finais).
A lista com os empreendimentos selecionados pelo Sebrae deve ser divulgada até o dia 4 de novembro.
A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado Federal aprovou por unanimidade, nesta quinta-feira (20), o PL 149/2019, que cria o Plano de Agricultura e Pecuária de Precisão. A nova legislação tem o intuito de ampliar a utilização de técnicas de produção agropecuária no Brasil com a adoção de tecnologia avançada, permitindo um melhor aproveitamento do solo e dos rebanhos.
Georreferenciamento, satélites, internet e informações em tempo real são exemplos de ferramentas tecnológicas que terão o uso incentivado pela nova política. Algumas das principais diretrizes do projeto são o apoio à inovação, à sustentabilidade e ao desenvolvimento tecnológico e à difusão dessas novas tecnologias, além do estímulo à ampliação da rede e da infraestrutura de pesquisa.
A novidade agrada representantes dos setores envolvidos. “A gente tem certeza que, a partir da inserção de tecnologia, novas aplicações, novas gerações de emprego, novos usos de tecnologia vão surgir. E, aí, o dinamismo econômico vai se dar a partir desse uso da tecnologia, sendo mais eficiente na sua aplicação, no caso da agricultura”, comentou Sergio Sgobbi, diretor de Relações Institucionais e Governamentais da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom). “Então, a gente vê com muito bons olhos essa aprovação no dia de hoje", enalteceu o gestor.
A expectativa do agronegócio é que o uso de tecnologias de ponta faça com que o ramo ganhe eficiência. "Através do uso de tecnologia, você vai aplicar o fertilizante apenas no local onde é necessária a correção do solo. Quer dizer, você não desperdiça recursos, consequentemente você tem uma maior eficiência na aplicação desses recursos. A racionalização de água tá nesse mesmo contexto, a aplicação de defensivo agrícolas tá nesse mesmo contexto”, frisa Sgobbi.
“Esse PL ele não traz nenhuma obrigação, mas ele traz diretrizes, ele traz os caminhos que o agronegócio pode trilhar para que, através do uso de tecnologias digitais, ele possa se desenvolver ainda mais e ganhar mais vantagem ainda do que ele já tem", completa.
O avanço tecnológico traz consigo também mudanças no mercado de trabalho, mas, para Sgobbi, não vai ser o caso de demissões. “O uso de tecnologia, ele substitui o emprego que é mais laboral, braçal, por um emprego que é mais intelecto. Então, o que que muda? Não é a quantidade de emprego, muda a característica do emprego. É isso que muda. E a consequência disso é que a gente precisará de profissionais mais habilitados com essa competência", afirmou o diretor.
O projeto foi apresentado ainda em 2019, tendo origem na Câmara dos Deputados. Como não sofreu alterações no texto da casa de origem e tinha caráter terminativo, o projeto, que recebeu todos os 10 votos favoráveis dos senadores presentes na comissão, vai direto para a sanção presidencial, caso não haja recursos para votação em plenário. Após recebida a notificação, o Presidente da República tem 15 dias úteis para sancionar, vetar parcialmente ou vetar completamente o projeto. Passado esse prazo sem manifestação, a norma é automaticamente sancionada.
O Banco da Amazônia (Basa) lançou consulta pública para contribuições de empresas de Aceleração de Startups que desejem participar do programa Acelera Basa.
O gerente executivo de Governança e Inovação de TI do Basa, Cláudio Pinto, explica que o objetivo da ação é, entre outros pontos, desenvolver o empreendedorismo, a inovação, assim como fomentar e propiciar a cultura inovadora com o objetivo de fortalecer esta instituição e a cadeia produtiva por nós financiada. Ser um polo catalizador para as pequenas empresas que tenham foco em soluções tecnológicas.
“O Chamamento Público está na praça para contribuições do modelo. Então é uma oportunidade para que as aceleradoras contribuam e opinem. Após este chamamento, faremos uma licitação para contratação da aceleradora que vai nos ajudar a construir o programa de aceleração aberta, chamado Acelera Basa. Não só vai nos auxiliar a estruturar o programa, como também vai nos ajudar a preparar o Basa para interagir com o mercado e poder ir a campo atrás de suas soluções”, destaca.
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Ainda segundo o gerente, empresas de todo o Brasil poderão participar deste certame. “É uma oportunidade para que essas empresas também cresçam e produzam cada vez mais”, considera o gerente executivo.
As empresas que têm interesse em contribuir nesta primeira etapa devem enviar as propostas até o dia 30/10/2022, para o e-mail institucional licitacoes@basa.com.br.
Especialistas e autoridades em inovação celebraram a evolução do Brasil no Índice Global de Inovação (IGI) em live promovida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), na última sexta-feira (30). Os participantes também destacaram que o país pode e deve subir consideravelmente no ranking se enfrentar seus pontos fracos e aproveitar o potencial das empresas brasileiras e de sua biodiversidade.
O Brasil subiu três posições no IGI, passando da 57ª posição, em 2021, para a 54ª este ano, de acordo com a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). Ainda assim, o país está sete posições abaixo de sua melhor marca, o 47º lugar em 2011.
Soumitra Dutta, um dos responsáveis pelo IGI, ressaltou que o Brasil vem melhorando nas últimas edições do IGI. “O que é impressionante é que se você olhar para o ranking de 2020, o Brasil era o 62º. Então houve, definitivamente, uma melhora na performance do Brasil em inovação nos últimos anos. Se você comparar o Brasil com o Chile, que é o tradicional líder em inovação na América Latina, o Chile está em 50º”, afirmou.
Paulo Alvim, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, disse que o governo tem trabalhado para desburocratizar o ambiente de negócios e torná-lo mais atraente para os investidores.
“Estamos felizes com o resultado do IGI 2022, especialmente porque entendemos que estamos indo em direção ao nosso objetivo, que é ser um líder global em inovação. Nos últimos anos, o Brasil passou da posição 62 para 54 no ranking, um avanço relevante considerando os desafios da pandemia e os impactos sociais e econômicos.”
Pedro Wongtschowski, presidente do Conselho de Administração da Ultrapar e membro do Conselho Consultivo do IGI, representou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, no evento. Segundo ele, o Brasil ainda está longe do ideal e precisa dar atenção para alguns dos pilares do índice que tiveram desempenho bem abaixo.
“Se olharmos para os sete pilares do IGI do Brasil, podemos ver que a categoria de sofisticação empresarial é o pilar na qual o Brasil está melhor posicionado. Contudo, o Brasil não performa bem em produtos de conhecimento e tecnologia, infraestrutura e, especialmente, instituições. Isso mostra que o ecossistema de inovação brasileira precisa melhorar urgentemente, principalmente, em relação ao ecossistema de negócios”, afirmou.
O IGI é calculado a partir da média de dois subíndices: insumos de inovação e produtos de inovação. O primeiro avalia os elementos da economia que viabilizam e facilitam o desenvolvimento de atividades inovadoras e tem cinco pilares: 1) Instituições; 2) Capital humano e pesquisa; 3) Infraestrutura; 4) Sofisticação do mercado e 5) Sofisticação empresarial. O segundo capta o resultado efetivo das atividades inovadoras dentro da economia e tem dois pilares: 6) Produtos de conhecimento e tecnologia e 7) Produtos criativos.
Soumitra lembrou que o Brasil progrediu bastante no quesito sofisticação empresarial, em que ficou na 35ª colocação entre 132 países. Mas o desempenho em instituições (102) e infraestrutura (65) deixou a desejar. Uma das estratégias para que o país avance, acredita, é “criar uma cultura de inovação”.
“É importante ter algum tipo de estratégia nacional para a inovação. Na maioria dos países, há o entendimento do presidente ou do primeiro-ministro de que a inovação é importante para o futuro do país.”
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Convidado para comentar como o Brasil pode melhorar a sua produtividade, Dennis Herszkowicz, CEO da TOTVS, destacou que a indústria é o setor que mais contribui para isso. “Sua relevância não pode ser subestimada. Ela representa mais de 20% do PIB e dos empregos no país. Também responde por cerca de 70% das exportações do Brasil”, disse.
Dennis Herszkowicz acredita que o caminho para aumento da produtividade e do aumento da renda da população passa por cinco fatores. São eles: a diminuição da informalidade; o aumento da digitalização da economia, sobretudo das pequenas empresas; a disseminação de manufaturas limpas; melhor uso dos institutos de ensino técnico; melhoria do ambiente de negócios.
Os participantes também reforçaram que o Brasil tem vantagens sobre a maioria dos países quando o assunto é inovação aliada ao meio ambiente. “Eu acho que o Brasil pode e deve tentar usar a biodiversidade como uma força, tentar fazer mais pesquisas nessa área e construir mais empresas globais, como a Natura, baseadas em sustentabilidade, preocupadas com o meio ambiente. Ele poderia liderar essa área, porque basta olhar os recursos naturais que o Brasil tem e outros países do mundo não tem”, disse Soumitra.
Os dez países mais bem colocados no IGI de 2022 são: Suíça, Estados Unidos, Suécia, Reino Unido, Holanda, Coreia do Sul, Singapura, Alemanha, Finlândia e Dinamarca.
Em relação ao ranking de 2021, o Brasil ultrapassou o México e a Costa Rica e, agora, só está atrás do Chile na região da América Latina e Caribe.
O Brasil subiu três posições e passou do 57º para o 54º lugar no Índice Global de Inovação (IGI), divulgado na última quinta-feira (29) pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). O país está mais perto de seu melhor resultado, a 47º posição alcançada em 2011.
No Brasil, a OMPI conta com a parceria da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para publicar a classificação. Na avaliação da CNI, embora o Brasil tenha caído duas posições no ranking de “insumos de inovação” (de 56º, em 2021, para 58º em 2022), o país ganhou seis posições no ranking de resultados de inovação (de 59º para 53º). Isso explica a melhora no ranking.
Para Gianna Sagazio, diretora de Inovação da CNI, a melhora no IGI mostra que, apesar das dificuldades estruturais do ecossistema de inovação no Brasil, as empresas nacionais têm se superado. Isso fica evidente ao observar que o país é o 35º colocado no quesito economia com negócios mais sofisticados do mundo, enquanto no componente infraestrutura, o Brasil está na sexagésima quinta posição.
“Isso quer dizer que, em relação aos investimentos em inovação, o Brasil piorou. Entretanto, é como se os agentes do ecossistema brasileiro tivessem feito mais com menos e obtido melhores resultados, apesar da queda nos insumos/investimento", analisa.
Antes atrás de três vizinhos latinoamericanos, sendo Chile, México e Costa Rica, o Brasil ultrapassou os dois últimos e, agora, é o segundo país da América Latina mais bem posicionado no ranking.
Segundo a própria CNI, o Brasil tem tudo para ser uma potência quando o assunto é inovação, mas precisa investir mais do que a média atual de 1% do PIB. André Luís Helleno, professor de Planejamento Industrial da Universidade Presbiteriana Mackenzie, afirma que investir mais em inovação é importante para o crescimento econômico do país.
“Quando a gente olha esse grau de investimento, claramente é um ponto em que a gente precisa evoluir bastante como país para que se a gente quiser ter um povo, uma nação maior com relação à geração de riqueza, de valor para a sociedade, a gente precisa ampliar esses valores de investimento em inovação”, avalia.
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O investimento em inovação no Brasil passa necessariamente pelos empresários da indústria, já que é o setor de onde costumam sair as inovações em produtos e serviços que chegam aos consumidores. Os números mostram que 68,6% do investimento empresarial em Pesquisa e Desenvolvimento (P & D) vem da indústria.
“A inovação é o que move a indústria. A indústria tem uma consequência muito grande na distribuição de renda e no impacto do nosso dia a dia e sem inovação ela acaba não conseguindo dar esse dinamismo que a gente precisa”, acredita André Luís Helleno.
Para o coordenador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica, Vladimir Fernandes Maciel, a indústria gera não apenas a inovação incremental, que é aquela em que se promovem pequenas melhorias em produtos e serviços que já existem, mas também as chamadas inovações disruptivas, que se caracterizam pelo ineditismo e por soluções “fora da caixa”. “É na indústria, por exemplo, que a gente está falando de fármacos ou de biotecnologia, produção de espécies transgênicas ou com melhorias genéticas”, diz.
Um estudo do Banco Mundial adverte que “no Brasil não existe um sistema nacional de inovação eficiente”. A instituição destaca que o país registra "baixa taxa de transformação de pesquisa e desenvolvimento em aplicações comerciais". Entre as explicações estaria o que o Banco Mundial chama de "fraca colaboração entre empresas privadas e universidades".
Para Vladimir Maciel, a relação entre o setor produtivo e as universidades e instituições de pesquisa é pequena. “As universidades do Brasil, tanto públicas quanto privadas têm uma dificuldade enorme, inclusive da cultura organizacional das instituições, e preconceito de fazer alianças com o setor produtivo para fazer com que aquilo que está desenvolvido em laboratório possa virar, com as devidas remunerações de todas as partes envolvidas, uma inovação que possa ser produzida”, argumenta.
No ano passado, o Brasil ocupou apenas a 57ª posição no ranking do Índice Global de Inovação (IGI), divulgado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual. A colocação é incompatível com o fato de a economia brasileira estar entre as dez maiores do mundo e com o desejo do país de entrar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma vez que a média de investimento em inovação desses países é bem superior à nacional.
Mas o cenário pode ser revertido, segundo Rafael Lucchesi, diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em entrevista ao Brasil 61, ele diz que isso depende, principalmente, de o país apostar na indústria, que é de onde saem as inovações tecnológicas que aumentam a competitividade de todo o setor produtivo.
Confira abaixo:
Brasil 61: O Brasil investe pouco mais de 1% de seu Produto Interno Bruto em inovação, enquanto outros países chegam a gastar mais de 4% do PIB. É um sinal negativo, pensando no desenvolvimento do país a médio e longo prazo?
Rafael Lucchesi: Sim. A inovação é o principal fator de competitividade para as empresas. E como o dispêndio em inovação tem um elevado risco, todos os países apoiam fortemente criando externalidades e criando formas de apoio para que suas empresas inovem. E isso é decisivo, fazendo com que haja um maior retorno para toda a sociedade: desenvolvimento econômico, geração de emprego, renda e carga fiscal. Essa é uma receita em todo o mundo.
Brasil 61: Como está o Brasil em comparação com outros países quando o assunto é inovação?
Rafael Lucchesi: O Brasil tem ficado para trás nas últimas décadas desde que perdeu a perspectiva de uma política industrial moderna, sobretudo como se discute hoje no mundo. Não é apenas um gasto ofertista em ciência, mas articulação de ciência, tecnologia e inovação como um componente central de uma política industrial moderna. Essa é a agenda que os principais países têm. O Brasil tem um duplo problema. Nós gastamos pouco em ciência, tecnologia e inovação. Pouco acima de 1% do PIB, quando deveria ficar acima de 2%, pelo menos. A média dos países que compõem a OCDE é de 2,7%. Israel e Coreia do Sul se aproximam de 5%. Japão, Alemanha e Estados Unidos estão acima de 3%. Então é claro que se o Brasil busca ambições nas cadeias mais sofisticadas, nas cadeias de maior valor agregado, nas cadeias que vão gerar o emprego e o PIB do futuro, nós temos que construir políticas de longo prazo, uma articulação entre políticas industriais do século XXI, onde tem centralidade o gasto de ciência, tecnologia e inovação.
Brasil 61: Qual a relação entre a inovação e a indústria?
Rafael Lucchesi: A vantagem da atividade industrial é que ela gera cadeias sofisticadas e longas, criando toda uma interação com o setor de serviços. Uma economia que é baseada em atividades de cadeias curtas, em commodities agrícolas ou minerais, vai gerar, por correspondência, uma estrutura de serviço pouco sofisticada e com empregos pobres com relação ao futuro e também com baixa adição de valor. Isso tem acontecido no Brasil nas últimas décadas, onde nós estamos criando uma especialização regressiva, porque o Brasil perdeu a perspectiva de uma política industrial. O Brasil desaprendeu a fazer isso. Nós fomos o país que mais cresceu no mundo a partir da segunda guerra mundial, entre as décadas de 30 e 80. Durante 50 anos o Brasil liderou o crescimento mundial e fez isso buscando fortemente a estruturação de um parque industrial complexo e integrado. Mas nas últimas quatro décadas o Brasil perdeu o protagonismo em políticas industriais modernas, exatamente o enredo que os tigres asiáticos fizeram nesse período. Nós liderávamos esse processo, países como a Coréia do Sul, que tinham uma renda per capita que era um terço da brasileira, mandava missões para estudar o Brasil. E hoje a Coréia do Sul tem uma renda per capita três vezes a brasileira. Então, nos faz pensar por que nós abdicamos e desaprendemos a capacidade de liderar o desenvolvimento econômico e também políticas industriais sofisticadas.
Brasil 61: E quais os impactos a desindustrialização causou?
Rafael Lucchesi: A taxa de crescimento brasileira nos últimos 40 anos é a metade da taxa de crescimento dos países ricos, da média da OCDE, ou seja, nós abdicamos de uma situação em que a gente liderava o crescimento econômico no mundo para uma situação de sub crescimento, onde o hiato entre o crescimento brasileiro e das principais potências está criando um fosso que se amplia, ou seja, nós estamos retrocedendo. Antes, nós estávamos numa estratégia de emparelhamento, nós paralisamos e estamos hoje numa estratégia de retrocesso.
Brasil 61: Como o Brasil pode promover a reindustrialização ao mesmo tempo em que aproveita o seu potencial no agronegócio?
Rafael Lucchesi: É claro que nós temos que pensar que temos vantagens comparativas e competitivas no setor de commodities minerais, no agronegócio, e eles são importantes. Agora, nós temos uma carga fiscal que penaliza a indústria brasileira. Nós temos um conjunto de burocracias e uma inação na agenda de defesa do setor industrial brasileiro que é uma contradição com o que acontece no resto do mundo. Então, nós precisamos pensar que mesmo para a competitividade do setor de commodities minerais ou do agronegócio, o seu desenvolvimento tecnológico está umbilicalmente vinculado à indústria, que vai produzir os defensivos, os fertilizantes, toda a agenda de biotecnologia. Nós não podemos repetir a história de maneira tão trágica e de forma tão esvaziada aceitando passivamente essa posição subalterna de perder a participação nos segmentos de média e alta tecnologia. Para um país com mais de duzentos milhões de habitantes e oito milhões de quilômetros quadrados, não cabe pensar pequeno. Nós temos que ter um projeto de país à altura e também que seja compatível à história brasileira.
Brasil 61: O que fazer para mudar esse cenário?
Rafael Lucchesi: Nós precisamos resgatar ambições maiores, que já fizeram parte da construção do projeto desse país. O Brasil saiu de uma condição de uma sociedade rural e agrícola na virada dos anos vinte para os anos trinta e demos um salto progressivo. Nós soubemos fazer isso, mas perdemos essa memória. Como país nós temos que pensar e ter claro que no mundo inteiro a grande agenda é de desenvolvimento industrial. O grande jogo e que está no centro da disputa geopolítica no mundo é uma enorme guerra fria pelo controle e o domínio profundo das tecnologias promotoras da indústria 4.0: a internet das coisas, a inteligência artificial, o big data, a indústria aditiva e a economia digital.
Indústria é o setor que mais investe em pesquisa e desenvolvimento