CNI

25/11/2025 04:50h

Atividade fraca faz recuar emprego, aumentar uso de estoques e da capacidade instalada

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A produção industrial brasileira mostrou sinais de recuperação no último mês. A Sondagem Industrial, levantamento realizado mensalmente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostrou evolução de 1,4 ponto no índice de desempenho do parque fabril nacional, saindo de 50,1 pontos em setembro para 51,5 em outubro. A taxa varia de 0 a 100 e, quanto mais longe de 50 pontos, mais acentuada é a variação.

A melhora era esperada pelo setor. O período costuma ser de alta demanda devido à renda da população, que no final do ano tem incremento com bônus e o décimo-terceiro salário. A pontuação, no entanto, é bem inferior quando comparada ao mesmo mês do ano passado. Em outubro de 2024, o índice indicava 53,7 pontos, ou seja, uma diferença de 2,2 pontos de desempenho.

“Só que, neste ano, esse aumento foi mais fraco do que em anos anteriores”, alertou Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI. “O ritmo dessa expansão foi menor, como também acontece numa base mais fraca; a indústria já não vinha trazendo bons resultados nos últimos meses”, afirmou o especialista.

Expectativa e empregos em queda

A pesquisa revela que essa menor atividade industrial reflete na geração de empregos: 48,8 pontos, 0,1 ponto abaixo na comparação com setembro e segunda pior marca no ano, atrás apenas de agosto, quando o índice marcava 48,4 pontos. Isso significa queda no total de trabalhadores empregados pelo segmento.

O cenário faz com que os gestores industriais adotem tom pessimista. Em novembro, o índice de expectativa de demanda por produtos industriais recuou 1,2 ponto, de 52,5 pontos para 51,3 pontos, o pior resultado para o mês desde 2016.

Para Azevedo, essa tendência negativa deve perdurar pelos próximos seis meses se não houver melhora no ambiente de negócios. “Há uma expectativa de continuação dessa queda do emprego, como também compras menores de matérias primas e insumos, justamente por conta dessa expectativa mais fraca de demanda.”, conclui.

Uso de estoques e capacidade industrial

Outro reflexo da situação se observa na evolução do nível de estoques. O indicador caiu 0,4 ponto no último mês, agora marcando 50,3 pontos em outubro. Isso revela desaceleração no ritmo do acúmulo de estoques, aproximando o uso efetivo do nível planejado, atualmente em 50,2 pontos.

Com menos mão de obra e maior uso dos estoques, subiu também a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) na indústria. Outubro viu incremento de 1 ponto percentual na comparação com setembro, atingindo 71%. O valor é 3 pontos percentuais menor do que o observado em outubro de 2024 (74%) e idêntico ao do mesmo mês de 2023 (71%).

Sondagem Industrial

Para a edição de novembro da Sondagem Industrial, foram consultadas 1.446 empresas pela CNI: 603 de pequeno porte; 492 de médio porte; e 351 de grande porte, entre 3 e 12 de novembro de 2025.

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24/11/2025 04:50h

O evento é promovido pela CNI e pelo Sebrae. A programação reúne lideranças empresariais, startups e centros tecnológicos com o propósito de mapear desafios e revelar soluções

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Após passar por várias cidades do Nordeste brasileiro, a Jornada Nacional de Inovação da Indústria chega a Salvador (BA) para promover um encontro regional. O evento está agendado para esta terça-feira (25), no SENAI CIMATEC, localizado na Avenida Orlando Gomes, 1845, no bairro Piatã.

A iniciativa é desenvolvida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A ação pretende mapear desafios, revelar soluções e impulsionar conexões em torno das transições ecológica e digital.

O superintendente de Projetos de Inovação da CNI, Carlos Bork, explica que esse movimento busca ouvir diferentes atores para que, de maneira conjunta, possam promover a criação de uma indústria mais moderna, competitiva e sustentável.

“Já ouvimos mais de praticamente 2 mil empresários nos mais diversos setores, nas mais diversas áreas, principalmente sobre transformação digital e transição ecológica. Estamos descobrindo que os temas que eles estão preocupados, que são desafios para indústrias de todos os portes, são muito similares. O empresário que está participando tem voz ativa para dizer quais são os seus problemas e quais as suas oportunidades”, destaca.

A programação da etapa regional contará com apresentação de um panorama da indústria e do ecossistema de inovação. Também serão expostos os resultados da Jornada no Nordeste do país. Os participantes ainda vão acompanhar o endereçamento dos desafios mapeados na região. Além disso, haverá painéis sobre como encaminhar as oportunidades, demandas e temas prioritários para a Inovação.

Entre os convidados a participarem do evento estão lideranças empresariais regionais, investidores, companhias de base tecnológica, gestores de Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) e de Parques Tecnológicos, assim como representantes do poder público e organizações nacionais ou internacionais.

Exemplos de empresas inovadoras com atuação no Nordeste

Das empresas que se destacam com potencial inovador no Nordeste está a fábrica de móveis sob medida Essanto, do Grupo Officina. A unidade já produziu mais de 400 mil peças.

Atualmente, a empresa distribui para mais de 30 lojistas em todo Nordeste e, a partir de investimentos em máquinas e softwares de automação, registrou um crescimento anual de 35%.

Entre os produtos mais interessantes, está a poltrona ‘Baixa o facho’, feita de aço e algodão orgânico colorido naturalmente. O item é produzido em parceria com o designer brasiliense Marcelo Bilac. A peça foi inspirada no Lajedo do Pai Mateus - formação rochosa no Cariri paraibano de mais de 570 milhões de anos.

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Outro exemplo de empresa inovadora com atuação no Nordeste é a Microciclo, estabelecida a partir de um trabalho de uma equipe multidisciplinar do laboratório de Biologia Molecular e Genômica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Por 15 anos, o grupo se dedicou a desenvolver novas técnicas de genética ambiental, microbiologia de petróleo, biologia molecular, bioquímica e bioinformática.

A startup criou um método de tratamento de resíduos oleosos da indústria. No caso, os pesquisadores usam bactérias não patogênicas para degradar frações do petróleo dos efluentes industriais, que exigem tratamento e destinação correta.

Ao longo de seis anos, a companhia conquistou oito programas de aceleração/editais, R$800 mil de investimento e quatro prêmios, sendo três internacionais. Além disso, a empresa validou a solução com 15 diferentes tipos de resíduos.

Congresso de Inovação da Indústria

Após a passagem da Jornada por todas as regiões do país, os organizadores vão apresentar o resultado do trabalho no 11º Congresso de Inovação da Indústria, previsto para março de 2026, em São Paulo.  

“A expectativa é que consigamos trabalhar projetos estruturantes a partir dos insumos que saíram da Jornada por estados e regiões e deixar um legado real da Jornada. Além dos aprendizados e conexões, teremos uma plataforma digital que vai reunir soluções, desafios e oportunidades identificadas ao longo do percurso”, projeta a analista de desenvolvimento industrial da CNI, Marilene Castro.

O objetivo da Jornada é promover a articulação do ecossistema de inovação em torno dos temas inteligência artificial, economia circular, transição energética e deep techs.

Sobre as deep techs

As deep techs são startups baseadas em descobertas científicas com alto potencial de impacto. Atualmente, o Brasil conta com mais de 20 mil startups.
De acordo com dados do Deep Tech Radar Brasil 2025, produzido pela Emerge em parceria com o Sebrae, o Nordeste conta com 65 deep techs. Na região, a quantidade dessas companhias é dividida geograficamente da seguinte forma:

  • Pernambuco (17)
  • Rio Grande do Norte (13)
  • Ceará (12)
  • Bahia (8)
  • Piauí (4)
  • Maranhão (4)
  • Alagoas (4)
  • Sergipe (2)
  • Paraíba (1)

Confira a programação completa do encontro regional da Jornada no Nordeste

  • 13h30: Boas-vindas
  • 14h: Abertura
  • 15h: Apresentação: panorama da indústria e do ecossistema de inovação e resultados da Jornada na Região Nordeste – como endereçar os desafios mapeados?
  • 15h45: Painel 1: Como empresas estão conseguindo superar desafios comuns e gerar inovação na Região Nordeste?
  • 16h45: Painel 2: Como o ecossistema de fomento pode destravar desafios e alavancar a inovação no Nordeste?
  • 17h45: Síntese

Vale destacar que a programação também contará com atividades para a quarta-feira (26). Confira:

  • 09h às 11h: Visita ao Senai CIMATEC - Av. Orlando Gomes, 1845 - Piatã, Salvador - BA
  • 11h30 às 13h: Almoço livre - Restaurante sugerido pelo CIMATEC
  • 13h às 14h: Deslocamento para o Senai CIMATEC Park - Transporte oferecido pela organização
  • 14h às 15h30: Visita ao Senai CIMATEC Park - Via Atlântica, BA 530, km 2,5, Camaçari - BA
  • 15h30- 16h30 Retorno ao Senai CIMATEC
     
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Mecanismo é determinante para garantir a rastreabilidade do hidrogênio usado como insumo em produtos estratégicos

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A certificação do hidrogênio de baixo carbono (H₂BC) está se tornando um dos elementos centrais da transição energética global. No Brasil, esse selo ambiental pode ser decisivo para atrair investimentos, ampliar a competitividade e posicionar o país como referência no mercado de hidrogênio limpo. Mas o que caracteriza essa certificação e por que ela é essencial para a indústria e para os transportes pesados?

O que é a certificação do hidrogênio de baixo carbono

A certificação do H₂BC atua como um selo que comprova que o hidrogênio foi produzido com baixa emissão de gases de efeito estufa (GEE). Esse mecanismo diferencia o produto do hidrogênio convencional e assegura efetividade na redução das emissões em setores estratégicos.

Para compradores, investidores e governos, a certificação oferece segurança quanto à rastreabilidade e à credibilidade ambiental do produto. “Fortalece tanto o mercado interno quanto o de exportação, criando condições favoráveis para que os projetos brasileiros possam acessar políticas de estímulo, como o Regime Especial de Incentivos para a Produção de Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono (Rehidro) e o Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono (PHBC), e competir globalmente, especialmente em mercados exigentes como o europeu”, avalia Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Como funciona a certificação

A certificação analisa todo o ciclo de produção do hidrogênio, do processo de geração até a saída da fábrica, seguindo modelos como o do poço ao portão (well-to-gate), adotado internacionalmente. Padrões como a ISO/TS 19870:2023 orientam o cálculo das emissões envolvidas na produção.

Insumos essenciais para a transição energética dependem de hidrogênio certificado, como: 

  • amônia verde (base de fertilizantes de baixo carbono e combustível marítimo);
  • combustíveis sustentáveis de aviação (SAF);
  • combustíveis para navegação e transporte pesado;
  • aço verde, no qual o hidrogênio substitui o coque de carvão na siderurgia.
     

Estudo da CNI aponta importância da certificação e destaca práticas internacionais

Apresentado na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), estudo da CNI reforça que um sistema nacional de certificação confiável é fundamental para destravar investimentos e acelerar a transição energética. A entidade analisou modelos adotados por dez países, entre eles Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos, China, França e Coreia do Sul, com o objetivo de identificar práticas aplicáveis à realidade brasileira. O levantamento apontou que o uso do modelo da well-to-gate é adotado pela maioria dos esquemas de certificação pesquisados.

De acordo com Davi Bomtempo, superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, o Brasil reúne condições para assumir liderança no mercado global de hidrogênio de baixo carbono, principalmente devido à matriz elétrica majoritariamente renovável. “O levantamento reforça a necessidade de certificação confiável, principalmente, olhando para a garantia de credibilidade ambiental; dessa forma, há atração de investimentos e, também, o acesso a políticas de incentivo econômico”, complementa Bomtempo.

A análise conclui que a certificação do H₂BC é fundamental para consolidar a credibilidade ambiental do hidrogênio brasileiro. O mecanismo abre caminho para investimentos nacionais e internacionais, além de permitir que empresas se adequem a regulações como o Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira da União Europeia (CBAM), ampliando a competitividade global.

Sistema brasileiro de certificação do hidrogênio

A CNI recomenda que o Sistema Brasileiro de Certificação do Hidrogênio (SBCH2), previsto no marco legal do hidrogênio de baixa emissão de carbono (Lei 14.948/2024) e ainda pendente de regulamentação, seja flexível e adequado ao contexto produtivo nacional. Defende ainda o uso exclusivo de novas fontes renováveis (adicionalidade) seja opcional no mercado interno para evitar aumento de custos e preservar a competitividade. O certificado nacional poderia conter informações básicas e, de forma opcional, dados mais detalhados para exportação.

Indústria brasileira testa modelos de rastreabilidade

Iniciativas no país já apontam para uma possível adoção futura da certificação. Em Pernambuco, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), em parceria com empresas como Neuman & Esser, Hytron, Siemens e White Martins, desenvolve um sistema digital de rastreamento com sensores e Internet das Coisas (IoT) para assegurar a rastreabilidade completa da produção.

 No Porto de Suape, um eletrolisador de 100 kW produz diariamente cerca de 30 kg de hidrogênio verde, volume suficiente para abastecer quatro veículos por aproximadamente 100 km cada. A estrutura inclui sistemas de armazenamento, célula a combustível e estação de abastecimento, permitindo testar todo o ciclo de produção, estocagem e uso do H₂BC.

Segundo a CNI, em âmbito nacional, mais de R$ 250 milhões já foram investidos em 45 projetos de pesquisa conduzidos pelos Institutos SENAI de Inovação, envolvendo 62 empresas e 17 instituições científicas. O objetivo é validar tecnologias eficientes e sustentáveis para produção e uso do hidrogênio de baixo carbono no Brasil.
 

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22/11/2025 04:55h

Levantamento divulgado pela CNI revela que, com remoção da tarifa de 40% imposta a 238 produtos listados, 37,1% das vendas nacionais ao mercado norte-americano ficam livres de taxas adicionais

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O governo dos Estados Unidos removeu a tarifa de 40% imposta a 238 produtos agrícolas listados, dos quais 85 foram exportados pelo Brasil em 2024. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão representa um avanço importante na renovação da agenda bilateral entre as duas nações. De acordo com o estudo divulgado pela entidade, nesta sexta-feira (21), a medida faz com que 37,1% das vendas brasileiras ao mercado norte-americano (US$ 15,7 bilhões) fiquem livres de taxas adicionais.

Pelo que destaca o levantamento, pela primeira vez desde agosto, o volume exportado isento das sobretaxas ficou acima do submetido à tarifa cheia de 50%, que atinge 32,7% das exportações.

Os cálculos levam em conta dados de 2024, com base em estatísticas da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos. O superintendente de Relações Internacionais da CNI, Frederico Lamego, explica que, nessa nova determinação, 231 produtos exportados pelo Brasil passam a ter alíquota zero. Segundo ele, a publicação feita pelos Estados Unidos teve como motivação dois principais aspectos.

“O primeiro é a pressão inflacionária nos Estados Unidos, e o segundo é a primeira ordem executiva que cita nominalmente o processo de negociações em curso entre os Estados Unidos e o Brasil. Ou seja, isso já é um ato de boa vontade do governo americano no sentido de que avancem as negociações entre Brasil e Estados Unidos o quanto antes”, afirma Lamego.

Para o presidente da entidade, Ricardo Alban, essa movimentação também condiz com o papel do Brasil como parceiro comercial do país norte-americano. “Vemos com grande otimismo a ampliação das exceções e acreditamos que a medida restaura parte do papel que o Brasil sempre teve como um dos grandes fornecedores do mercado americano”, destaca. Ainda segundo Alban, o setor privado tem atuado de forma consistente para contribuir com a evolução das negociações envolvendo o tarifaço.

“A complementaridade das economias é real e agora precisamos evoluir nos termos para a entrada de bens da indústria, para a qual os EUA são nosso principal mercado, como para o setor de máquinas e equipamentos, por exemplo”, pontua o presidente.

Mesmo com a mudança, 62,9% das vendas brasileiras àquele país continuam sujeitas a algum tipo de tarifa adicional, considerando tanto as medidas horizontais quanto as setoriais, como as aplicadas para aço e alumínio.

Como fica a situação das exportações brasileiras aos EUA:

  • Isentos de sobretaxa: 37,1% das exportações (US$ 15,7 bilhões);
  • Total de exportações sujeitas a algum tipo de tarifa: 62,9%;
  • Tarifa recíproca de 10%: 7,0% das exportações (US$ 2,9 bilhões);
  • Tarifa adicional de 40%: 3,8% das exportações (US$ 1,6 bilhão);
  • Tarifa combinada de 50% (10% de tarifa recíproca + 40% específica ao Brasil): 32,7% das exportações (US$ 13,8 bilhões);
  • Tarifa setorial de 50% (Seção 232): 11,9% das exportações (US$ 5 bilhões);
  • Isenção da tarifa de 40% condicionada à destinação para a aviação civil, instituída pela Ordem Executiva de julho: 7,5% das exportações (US$ 3,2 bilhões).

Entre os produtos incluídos na lista de itens isentos à sobretaxa de 40%, aplicada ao Brasil desde agosto, estão a carne bovina, café e cacau - insumos considerados comuns da cesta de consumo da população dos Estados Unidos.

Na avaliação da CNI, essa nova medida faz com que os produtos brasileiros voltem a ficar competitivos no mercado, já que a remoção das tarifas recíprocas, de 10%, na última semana, havia deixado os itens nacionais em “condições menos vantajosas".

Governo reagiu com otimismo

Após o anúncio de Donald Trump acerca da remoção da tarifa de 40% imposta a centenas de produtos agrícolas nacionais, o governo brasileiro informou, na quinta-feira (20), por meio de nota, que recebeu a notícia com “satisfação”. 

Na publicação, o Executivo afirma que manterá o diálogo, a fim de resolver questões entre os dois países, em linha com a tradição de 201 anos de excelentes relações diplomáticas. “O Brasil seguirá mantendo negociações com os EUA com vistas à retirada das tarifas adicionais sobre o restante da pauta de comércio bilateral”, diz a nota.

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Além disso, na própria quinta-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em vídeo postado nas redes sociais, que essa suspensão anunciada por Trump foi um sinal importante. 

"Não é tudo o que eu quero, não é tudo que o Brasil precisa, mas é uma coisa importante. O presidente Trump acaba de anunciar que vai começar a reduzir vários produtos brasileiros que foram taxados em 40%. Isso é um resultado muito importante", afirma Lula.

Produtos contemplados

No fim de julho, o presidente dos Estados Unidos impôs uma tarifa adicional de 40% aos produtos do Brasil. Esse acréscimo foi somado à tarifa recíproca de 10% aplicada em escala global, que totalizou 50%. No entanto, o decreto apresentou uma lista com quase 700 exceções, a exemplo do suco de laranja e produtos de aviação.

Na última semana, Donald Trump assinou uma ordem executiva que retirava a tarifa recíproca de 10% sobre a importação de produtos como café, banana, tomate e carne bovina.

Na ocasião, o governo norte-americano disse que manteve a tarifa adicional de 40% para o Brasil. Essa taxa, porém, caiu para diversos produtos na quinta-feira (20). Com isso, itens como carne e café agora estão com a taxação zerada.

Confira os principais setores beneficiados pelo “alívio” tarifário

Café

O café brasileiro foi um dos produtos mais afetados pelas tarifas, principalmente porque ficou fora da primeira lista de exceções, divulgada em 31 de julho. 

De acordo com o Conselho de Exportadores de Cafés do Brasil (Cecafé), os Estados Unidos foram o principal importador dos cafés do Brasil no acumulado dos 10 primeiros meses de 2025. Nesse período, o país norte-americano importou do Brasil 4,711 milhões de sacas. Esse volume corresponde a uma queda de 28,1% na comparação com o adquirido entre janeiro e outubro de 2024.

Esse volume corresponde a 14,2% dos embarques totais no agregado do ano. O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, afirma que, em meio a essas movimentações tarifárias, houve uma perspectiva de que seria registrada uma perda de mais 30% do mercado, totalizando 80%, caso as taxações continuassem avançando.

“Significa uma queda na balança comercial da ordem de aproximadamente 2 bilhões de dólares, somente para os Estados Unidos. Um outro fator muito relevante é que o Brasil, para se manter permanente nas exportações para os outros países, vem sofrendo com uma pressão muito grande em relação aos diferenciais aplicados para o café brasileiro, que inclusive, mesmo com uma safra menor, esses diferenciais que a gente chama de desconto sobre a Bolsa, se alargaram bastante”, destaca.

Carne

A carne, outro produto relevante da pauta exportadora brasileira aos EUA, também foi contemplada.

Dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (ABRAFRIGO) revelam que, mesmo com as tarifas adicionais impostas pela Casa Branca, as exportações de carne bovina continuaram em um ritmo bom, em outubro, e registraram uma receita de US$ 1,897 bilhão, ou seja, uma elevação de 37,4%, para uma movimentação de 360,28 mil toneladas (+12,8%).

No mesmo mês do ano passado, a receita foi de US$1,380 bilhão e a movimentação, de 319,3 mil toneladas. 

Frutas e outros produtos

O documento divulgado pelo governo dos Estados Unidos também inclui frutas como goiaba, abacate, banana, manga, cacau e açaí. Entre outros itens contemplados, ainda estão nozes, água de coco, raízes e tubérculos.

Missão a Washington

No início de setembro, a CNI liderou uma missão empresarial a Washington (EUA), com o intuito de abrir canais de diálogo e contribuir com as negociações para reverter ou reduzir o tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A comitiva reuniu cerca de 130 empresários, dirigentes de federações estaduais e representantes de associações industriais. 

A agenda incluiu reuniões no Capitólio, encontros bilaterais com instituições parceiras, plenária com representantes do setor público e privado dos dois países e audiência pública na US International Trade Commission, no âmbito da investigação aberta pelo governo americano contra o Brasil, com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. 

Entre os setores mais afetados pelo tarifaço e que foram representados na missão, estiveram máquinas e equipamentos, madeira, café, cerâmica, alumínio, carnes e couro. Grandes empresas, como Embraer, Stefanini, Novelis, Siemens Energy e Tupy também integraram a comitiva.

Estudos da CNI já alertaram que as tarifas adicionais poderiam gerar um impacto negativo de até R$20 bilhões no PIB brasileiro e a perda de 30 mil empregos.  
 

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19/11/2025 04:55h

Estudo divulgado nesta terça-feira (18) pela entidade também detalha as melhores soluções para as cinco principais rotas de integração da América do Sul

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No Brasil, 220 obras federais de transporte estão paralisadas. Os dados foram divulgados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e constam no Painel de Obras Paralisadas. Esse número corresponde a 19% do total de empreendimentos, com recorte até abril de 2025.  

Em meio a esse cenário, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nesta terça-feira (18) um estudo com recomendações para que o Brasil aprimore os planos e a execução de sua política de transportes. A ideia é que sejam feitas análises de custo-benefício, identificação de falhas críticas que impeçam a implantação, avaliação integrada de projetos, entre outros pontos.

Denominado “Planejamento de Transportes e as Novas Rotas de Integração Logística na América do Sul”, o levantamento propõe, de maneira geral, que nenhum projeto deveria avançar no ciclo de planejamento sem antes passar por um teste de viabilidade. Inclusive, o estudo menciona obras iniciadas sem projeto básico e executivo, que se arrastam há mais de duas décadas, como é o caso da Ferrovia Transnordestina.

Clique aqui para ter acesso ao estudo na íntegra 

Para a entidade, o setor industrial brasileiro enfrenta inúmeros gargalos logísticos. Os principais entraves apontados são congestionamentos nos grandes centros urbanos, estradas esburacadas e sem conservação, ferrovias sucateadas, portos com restrições em termos de espaço e limitações de acessos terrestre e marítimo.
O especialista em infraestrutura da CNI, Ramon Cunha, entende que todos esses problemas estão relacionados ao baixo investimento e a aplicação dos recursos de maneira ineficiente.

“O Brasil investe pouco no setor de transportes, algo como 0,7% do PIB ao ano, frente a uma necessidade de cerca de 2,2%. Uma outra preocupação diz respeito ao fato de que, além de investir pouco no setor, não necessariamente o país aplica esses recursos de forma adequada. Portanto, o Brasil precisa encarar esse desafio de aprimorar o processo de planejamento com visão estratégica, garantindo, de fato, políticas públicas que possam resultar em ganhos de competitividade, sustentabilidade e prosperidade para o país”, pontua.

América do Sul: as 5 principais rotas de integração

Por outro lado, o levantamento também detalha as melhores soluções para as cinco principais rotas de integração da América do Sul, que são as seguintes:

  1. Ilhas da Guiana: Liga o Brasil ao litoral venezuelano. Compreende os estados do Amapá, Pará, Amazonas e Roraima, integrando-os à Venezuela, Guiana, Guiana-Francesa e, indiretamente, ao Suriname. As conexões internacionais ocorrem por meio de rodovias em Roraima e Amapá.
  2. Amazônica: Inicialmente anunciada como “Rota Manta-Manaus”, que ligaria a capital amazonense ao porto de Manta, no litoral equatoriano, por um eixo único, essa rota passou por uma ampliação ao longo de um ano de estudos e negociações. A Rota Amazônica prevê a conexão entre o estado do Amazonas, a Colômbia, o Peru e o Equador. Inclui a conexão com os litorais peruano e colombiano, alcançando os portos de Tumaco (COL), Paita (PER) e Chancay (PER).
  3. Quadrante Rondon: Integra os estados de Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Acre, ao Peru e à Bolívia, estendendo-se até o porto de Arica, no Chile, por meio da ferrovia La Paz – Arica. É a rota que tem maior interconectividade com as demais, unindo-se às Rotas 1 e 2 na hidrovia do Rio Amazonas, e à Rota 4 na cidade de Corumbá (MS).
  4. Bioceânica de Capricórnio: Apontada desde o primeiro plano de ação da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), essa rota faria a ligação entre portos no Atlântico (Santos, Paranaguá, São Francisco do Sul e Itajaí) e no Pacífico (Antofagasta, Mejillones e Iaquique, no Chile), por meio de obras de integração de fronteiras localizadas em Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina, unindo-os à Argentina e ao Paraguai.
  5. Bioceânica do Sul: No lado brasileiro, essa rota passa exclusivamente pelo estado do Rio Grande do Sul conectando-o à Argentina, ao Uruguai e ao Chile por meio de rodovias e uma hidrovia. A rota criaria um corredor rodoviário Bioceânico entre os portos de Imbituba, no sul de Santa Catarina, e porto de Rio Grande, no extremo sul do Rio Grande do Sul, e os portos chilenos de Valparaíso, Viña del Mar e San Antonio.

Ao fazer uma avaliação dos projetos de integração sul-americana, conduzidos pelo governo, o estudo não encontra evidências ou semelhanças com os critérios metodológicos de seleção de projetos do modelo em curso.

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Além disso, são destacadas preocupações com os critérios de escolha e priorização dos projetos. Outro fator apontado é a necessidade de análises mais rigorosas de custo-benefício e de cálculo da taxa social de retorno das iniciativas.

Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, o planejamento na área de transportes é fundamental para a construção de um país mais integrado e competitivo. “A modernização da infraestrutura de transportes representa mais do que eficiência operacional para a indústria. É um vetor de desenvolvimento econômico e social”, afirma.

Ainda segundo Alban, quando os modais de transporte estão bem estruturados, há uma redução do Custo Brasil e um aumento da atratividade para novos investimentos. “Ao mesmo tempo, são fatores essenciais para melhorar a qualidade de vida da população, com impactos positivos sobre o emprego, a renda e o bem-estar social”, destaca o presidente.

Contribuições para o Plano Nacional de Logística

A CNI explica que o intuito do estudo é contribuir com o Plano Nacional de Logística (PNL 2050), em elaboração pelo governo federal. O diretor de Relações Institucionais da entidade, Roberto Muniz, considera que o país não apenas investe pouco no setor de transportes, como aplica de forma ineficiente os recursos disponíveis.

“Nas últimas duas décadas, os investimentos em transporte e logística no Brasil têm sido entre 0,4% e 0,7% do PIB ao ano, frente a uma necessidade de algo em torno de 2,2%. Ao longo dos anos, avançamos na adoção de melhores regras de transparência e governança dos investimentos, mas ainda assim é preciso evoluir significativamente para garantir uma alocação mais eficiente desses recursos”, diz.

Déficit estrutural em infraestrutura

De maneira geral, o Brasil enfrenta um déficit estrutural em infraestrutura e precisa dobrar os investimentos no setor para alcançar o patamar médio global. A conclusão está no estudo Raio-x do Setor de Infraestrutura Brasileiro 2025, lançado pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)

O levantamento revela que o país ocupa a 62ª posição, em um ranking de 67 países em desenvolvimento, quando o assunto é infraestrutura. Nos últimos 15 anos, o investimento médio em infraestrutura foi de aproximadamente 2%. Este foi o pico de investimento, registrado em 2014.

O diretor-executivo do Sinicon, Humberto Rangel, destacou ainda a necessidade de o país tratar o investimento em infraestrutura como prioridade nacional. “Chamo atenção para um dos dados fundamentais que estão aqui expressos nesse raio-x, que se refere ao estoque de infraestrutura que o Brasil tem na sua totalidade, que corresponde a 35% do PIB nacional. Uma parte do investimento, talvez cerca de 2% do PIB, seria o valor necessário só para você ficar no mesmo lugar e nós não podemos ficar no mesmo lugar”, afirma.

Só em relação às rodovias, o estudo mostra que mais da metade da malha viária apresenta problemas, com 40% em estado regular e 13% em condição ruim ou péssima. Essa situação gera um prejuízo logístico anual estimado em R$8,8 bilhões.
 

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Meio Ambiente
19/11/2025 04:50h

Parceria entre CNI e MDIC busca modernizar parque industrial nacional e atingir metas climáticas

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Em meio às discussões globais sobre combate às mudanças climáticas na COP 30, em Belém (PA), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) lançou uma consulta pública que reforça a posição do Brasil como liderança em transição energética. A Estratégia Nacional de Descarbonização Industrial (ENDI) propõe colocar a sustentabilidade no centro do desenvolvimento econômico de setores estratégicos da indústria, estruturada em quatro eixos:

●    pesquisa, desenvolvimento, inovação e capacitação profissional;
●    insumos descarbonizantes;
●    estímulo à demanda por produtos de baixo carbono;
●    financiamento e incentivos.

A iniciativa integra o conjunto de políticas que o governo federal vem anunciando para fortalecer a indústria brasileira diante da crescente demanda internacional por processos produtivos de baixo carbono – ao mesmo tempo em que busca ampliar a competitividade e gerar empregos.

O lançamento da consulta pública ocorreu na segunda-feira (17), na Zona Verde da COP30. Presente à solenidade, o vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, destacou que o Brasil precisa aproveitar sua posição estratégica para modernizar a produção industrial e alinhá-la às metas climáticas para 2050. 

“Entre as grandes economias do mundo, ninguém tem 85% de energia renovável — eólica, solar, hidrelétrica — como o Brasil. Quando eólica e solar começaram lá atrás, poucos acreditavam que eram viáveis. Hoje são as fontes mais baratas. O meio ambiente, a sustentabilidade, ajudam a economia”, afirmou.

Parceria técnica

A elaboração da estratégia conta com parceria técnica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que representou o setor industrial na assinatura da carta de engajamento. A entidade também mobilizou setores energointensivos para contribuir com o processo.

“A ENDI consolida diretrizes presentes em diversas políticas públicas — como a Nova Indústria Brasil, o Plano de Transformação Ecológica, o Plano de Transição Energética e o Plano Clima. Ela aponta o ‘como fazer’, com eixos que tratam de tecnologia e inovação, mercado, insumos verdes e o alicerce que sustenta tudo isso: o financiamento sustentável”, explicou Davi Bomtempo, superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI.

Consulta pública

A estratégia envolve setores como siderurgia, cimento, químico, papel e celulose, alumínio e vidro, e reúne ações voltadas à inovação, eficiência produtiva e criação de mercados para produtos de baixo carbono.

A consulta pública está aberta na Plataforma Brasil Participativo até 17 de janeiro de 2026.

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18/11/2025 04:55h

Dados do Observatório Nacional da Indústria revelam que, em 2002, eram produzidas 1,43 tonelada de produtos têxteis por 1 tonelada equivalente de petróleo. Em 2024, o mesmo consumo energético foi responsável pela produção de 2,9 toneladas de produtos

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O setor têxtil do Brasil tem apresentado avanços em questões relacionadas à eficiência energética e produtividade. Entre 2000 e 2024, por exemplo, a produção de têxteis aumentou 18%, enquanto as emissões diretas de CO₂ foram reduzidas em mais de 70%. 

Os números podem ser verificados no novo painel de dados lançado pelo Observatório Nacional da Indústria, em parceria com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT)

De acordo com informações disponibilizadas pela Confederação Nacional da Indústria, em 2002 eram produzidas 1,43 tonelada de produtos têxteis por 1 tonelada equivalente de petróleo. Já no ano passado, o mesmo consumo energético foi responsável pela produção de 2,9 toneladas de produtos.

Essa diferença corresponde a uma elevação de 103% em produtividade energética, com expressiva redução nas emissões diretas e indiretas de CO₂ - um dos principais gases que causam o efeito estufa. 

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Na avaliação do diretor-superintendente da ABIT, Fernando Pimentel, esses resultados reforçam o compromisso do setor com a sustentabilidade e a eficiência produtiva. Porém, ele pontua que é preciso expandir a participação do mercado para que os objetivos sejam alcançados em larga escala.

“Esse é um tema muito relevante para nós e vai ser um diferencial da indústria de confecção brasileira hoje, amanhã e sempre. Essa é uma agenda de sustentabilidade. Ela tem tiro de largada, mas não tem fita de chegada. Você vai depender sempre de um tripé regulatório, tecnológico e de mercado”, destaca.

“É preciso criar mercados para os produtos derivados dessa agenda, ter escala e viabilidade econômica. E é isso que nós estamos construindo junto com o nosso ecossistema, seja ele o privado, seja ele o público”, acrescenta Pimentel.

Evolução do setor têxtil em termos econômicos e sustentáveis   

Para atingir esse desempenho, o setor têxtil adotou um processo de modernização e eletrificação que começou na década de 1990. Naquela época, a abertura comercial e a valorização cambial expuseram a indústria nacional à concorrência internacional em condições desiguais. No entanto, foi criada uma possibilidade de adoção de novas tecnologias.

Nesse período, o setor ainda dependia de óleo combustível e lenha – apontados como grandes emissores de carbono, que respondiam por cerca de 50% da matriz energética da indústria têxtil. Mas, a partir de uma renovação do parque industrial e com investimento em fontes e processos mais limpos, foi possível atingir ganhos expressivos em eficiência.

O especialista em políticas e indústria da CNI, Danilo Severian, explica que essa revolução produtiva, energética e ambiental nas últimas décadas foi resultado da adoção de tecnologias mais eficientes, que permitiram aumentar a produção com um menor gasto de energia.

“Os resultados são importantes para mostrar que o setor têxtil de confecção manteve os investimentos em tecnologia e renovação do parque industrial para conseguir manter a sua competitividade, num cenário de abertura comercial e financeira que expôs a indústria nacional a um nível de concorrência desigual com as importações. Ao mesmo tempo que houve uma pressão na concorrência com produtos do exterior, houve a oportunidade de importar tecnologias, novos maquinários, assimilar novos processos produtivos e conferir competitividade para o setor”, afirma.

Mesmo com os avanços, vale destacar que o setor ainda enfrenta desafios estruturais. Entre os principais entraves estão o elevado custo da energia, a complexidade tributária e os gargalos de infraestrutura. Ainda assim, mesmo diante desses obstáculos, o setor têxtil representa, atualmente, menos de 1% das emissões totais da indústria nacional.
 

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17/11/2025 04:50h

Elevação de 1,1 ponto em novembro leva Índice de Confiança do Empresário Industrial a 48,3 pontos, mas segue em nível de pessimismo

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Pelo terceiro mês consecutivo, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) apresentou crescimento. Com elevação de 1,1 ponto em novembro, o levantamento produzido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) atingiu a maior marca nos últimos 5 meses, mas segue em nível de pessimismo.

Apesar das altas recentes, Larissa Nocko, especialista em Políticas e Indústria da CNI, entende que ainda não dá para falar que os dirigentes estão retomando a perspectiva positiva na indústria brasileira, principalmente por dúvidas quanto à política econômica e fiscal do país e problemas estruturais enfrentados pelo segmento. 

“Os principais problemas que vêm afetando os empresários são problemas como elevada carga tributária, que já não é um problema recente, os juros elevados, a demanda interna, que é considerada insuficiente, e a dificuldade por conta da falta ou alto custo da mão de obra, seja ela qualificada ou não”, afirma a especialista.

Segundo Samuel Dourado, economista especialista em macroeconomia, os desafios do empresariado internamente se somam a incertezas no mercado externo, como a taxa Selic no patamar mais alto dos últimos 20 anos e o aumento do protecionismo nacionalista. 

“Hoje você tem uma política monetária no Brasil extremamente contracionista e os juros altos; acaba desincentivando decisões de investimento industriais. Você tem uma incerteza externa, principalmente causada pelo tarifaço, por um ambiente macroeconômico fora do Brasil extremamente desafiador. Mesmo com a melhoria ali de curto prazo, com o câmbio reduzindo, você ainda tem um custo cambial relevante para a indústria”, destaca Dourado.

São por esses fatores que, desde janeiro deste ano, o ICEI está abaixo dos 50 pontos. Ou seja, há 11 meses o empresariado do setor industrial demonstra desconfiança com o cenário de negócios. 

Condições e expectativas

Ainda abaixo dos 50 pontos, o índice de condições segue mostrando melhora. Saiu de 43,2 pontos em outubro para 44,3, o mesmo 1,1 ponto do ICEI. Ou seja, o cenário atual ainda é desmotivador. Mas o crescimento de 1,3 ponto do índice de expectativa, que atingiu nível otimista com 50,4 pontos, indica que os industriais têm confiança na melhoria do panorama nos próximos 6 meses.

“A avaliação dos empresários com relação às expectativas para a empresa estão acima de 50 pontos, então estão mostrando confiança, mas a leitura dos empresários com relação à economia brasileira segue abaixo de 50 pontos, indicando uma leitura mais crítica com relação à situação da economia brasileira para os próximos meses”, avalia Nocko.

O ICEI

O levantamento contou com a contribuição de 1.151 empresas entre os dias 3 e 7 de novembro. Desse total, 459 são companhias de pequeno porte, 415 de médio porte e 277 de grande porte.
 

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15/11/2025 04:50h

A unidade foi inaugurada nesta sexta-feira (14), em Belém (PA), em meio às atividades da COP30. O projeto conta com parceria do SESI, Ministério da Saúde e CN-SESI

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Os trabalhadores industriais que atuam em áreas ribeirinhas da Amazônia vão contar com uma nova estrutura de saúde. Trata-se da embarcação Saúde Conectada – Copaíba. A unidade vai disponibilizar cuidados prioritários, como doenças crônicas, saúde mental e auxílio no combate ao tabagismo e à obesidade.

O barco é movido a energia solar e tem a operação neutra em emissão de carbono. A iniciativa foi capitaneada pelo Serviço Social da Indústria (SESI), em parceria com o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional do SESI (CN-SESI).  

Copaíba – o nome dado à embarcação – faz referência à árvore amazônica medicinal conhecida como “antibiótico da mata”. Como dispõe de conectividade via satélite, a unidade oferece serviços como teleconsultas, telediagnóstico, exames e acompanhamento multiprofissional em fluxo de referência com as redes locais de saúde.

Os beneficiários também têm acesso à atenção primária, exames laboratoriais, eletrocardiograma, eletroencefalograma, audiometria e espirometria. Entre os profissionais que vão atuar no atendimento estão médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e educadores físicos.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Alex Carvalho, a parceria envolvida no projeto contribuiu para um avanço relevante na ideia de levar atendimentos de saúde a localidades mais remotas do país.

“É fruto de uma união, na qual cada um trouxe não só uma parcela de contribuição técnica, estrutural, mas também muita emoção. Contamos com uma indústria genuinamente brasileira, na tecnologia embarcada, nos motores de propulsão, energia renovável não poluente. Temos muitas indústrias espalhadas ao longo dos nossos rios. Então, de certo que isso vai cumprir um papel fundamental na chegada de uma saúde de qualidade”, destaca.

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O SESI-PA será o operador desses serviços. “Haverá tanto parcerias com secretarias de estado quanto municipais de saúde. Também haverá atuação das empresas que têm operações junto a essas comunidades”, explica o superintendente de Saúde e Segurança na Indústria do SESI, Emmanuel Lacerda.

A iniciativa foi lançada nesta sexta-feira (14), no Terminal Hidroviário de Tamandaré, em Belém, em meio às atividades da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30).

O evento de lançamento também contou com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha; do diretor-superintendente do SESI, Paulo Mól; e do presidente do CN-SESI, Fausto Augusto Junior.

Foco na realidade da Amazônia

A unidade foi desenvolvida em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA). Construída para atuar especificamente na Amazônia, a embarcação tem 15 metros de comprimento, 6 de largura e duas cabines de atendimento.

A definição dessas dimensões levou em conta as especificidades da região, que conta com grandes distâncias, sazonalidade dos rios e dispersão geográfica das comunidades.

Na avaliação do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a iniciativa é estratégica, já que os atendimentos são voltados para populações que vivem onde o atendimento é historicamente limitado. “É um barco adaptado para chegar às pequenas comunidades, operando com energia solar, manejo adequado de resíduos e zero emissão de carbono”, afirma.

O diretor superintendente do SESI, Paulo Mól, considera que esse processo de integração fortalece a equidade no acesso à saúde. "Quando se tem um atendimento por barco, levando atendimento de barco às populações ribeirinhas, isso é dar cidadania, é fazer com que, de fato, a saúde chegue".

12 linhas prioritárias de cuidado

O modelo foi estruturado com o intuito de atender, de forma prioritária, empresas, trabalhadores da indústria e seus familiares. Porém, há possibilidade de expansão para outros setores, como comércio e agronegócio.

Foram identificadas 12 linhas de cuidado prioritárias. São elas:

  1. Diabetes
  2. Hipertensão
  3. Dor lombar
  4. Eventos cardiovasculares
  5. Acidente Vascular Cerebral (AVC)
  6. Cefaleia
  7. Transtornos de ansiedade,
  8. Transtornos do sono
  9. Obesidade e sobrepeso
  10. Tabagismo
  11. Depressão
  12. Prevenção e rastreamento de cânceres mais letais ou incapacitantes

Vale destacar que essas condições poderão ser monitoradas à distância pela plataforma, o que possibilita acompanhamento contínuo, intervenções oportunas e manutenção da capacidade laboral.

Na avaliação do presidente do Conselho Nacional do SESI, Fausto Augusto Junior, o projeto inaugura uma nova etapa na organização da saúde na região. “A proposta é ampliar a presença da saúde nos territórios, fortalecer a prevenção e garantir que o cuidado chegue a quem vive e trabalha em áreas de difícil acesso”, pontua.

Atendimentos serão feitos em Belém até o fim da COP30

A embarcação deverá permanecer no Píer Tamandaré, em Belém, até 21 de novembro, das 8h às 20h, com atendimentos, exames e ações de orientação em saúde para trabalhadores da indústria e comunidades ribeirinhas selecionadas.

Em seguida, a Saúde Conectada – Copaíba seguirá roteiros programados pelos parceiros por diferentes localidades da região amazônica, com monitoramento contínuo das condições de saúde pela plataforma digital.
 

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14/11/2025 08:30h

As bolsas variam de R$ 350 a R$ 2,3 mil, além de auxílio transporte

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O Instituto Euvaldo Lodi (IEL) está com 1.941 vagas de estágio abertas em diversas áreas e níveis de formação, incluindo cursos técnicos e ensino médio. A informação é do levantamento quinzenal de vagas abertas realizado pela Agência de Notícias da Indústria.

Todas as vagas são remuneradas, com bolsas que variam de R$ 350 a R$ 2,3 mil, além de auxílio transporte. O objetivo é proporcionar aos estudantes a chance de colocar em prática seus conhecimentos, adquirir experiência e fortalecer sua formação profissional.

As oportunidades estão distribuídas no Distrito Federal e em 13 estados brasileiros: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Roraima e Tocantins. A Bahia lidera o número de oportunidades, com 628 vagas disponíveis. Em seguida, Goiás oferece 516 vagas (veja lista abaixo).

Segundo a superintendente do IEL Nacional, Sarah Saldanha, o Instituto tem atuado como um parceiro estratégico da indústria para enfrentar desafios de empregabilidade. “Nós observamos o interesse crescente das empresas em formar talentos, principalmente nas áreas prioritárias da política industrial, nova indústria Brasil, como as cadeias do agronegócio, o complexo de saúde, mobilidade sustentável e transformação digital”, afirma.

Diversas áreas para se inserir no mercado de trabalho

As oportunidades contemplam áreas como arquitetura, ciências biológicas, computação, design gráfico, direito, gastronomia, marketing digital, radiologia, turismo, veterinária, cursos técnicos e até ensino médio.

A gerente de Carreiras e Desenvolvimento Empresarial do IEL Nacional, Michelle Queiroz, ressalta que o estágio é um passo essencial na formação dos jovens.

“As vagas de estágio do IEL são consideradas uma ótima forma de entrada para o mercado de trabalho. O IEL atua como uma ponte entre os estudantes, as instituições de ensino e as empresas, o que facilita o acesso a oportunidades reais e prepara jovens talentos para os desafios do ambiente corporativo. O estudante que faz um estágio do IEL tem a oportunidade de ter uma experiência prática e ter essa conexão entre a teoria e a prática. Consegue desenvolver habilidades técnicas e comportamentais – as chamadas soft skills –, e ganha visibilidade no mercado de trabalho”, afirma Michelle.

Confira as vagas por estado e saiba como se candidatar (Fonte: Agência de Notícias da Indústria):

Alagoas
O IEL-AL está com 23 vagas de estágio abertas para as áreas de administração, ciências contábeis, design, direito, educação física, engenharia civil, gestão ambiental, gestão pública, pedagogia, publicidade e propaganda. Para mais informações, acesse o site do IEL-AL.

Amazonas
O IEL-AM oferece 35 vagas de estágio na capital Manaus, para diversas áreas como, administração, arquitetura e urbanismo, ciências contábeis, design gráfico, economia, educação física, engenharia civil, farmácia, marketing, pedagogia e tecnologia da informação. Acesse o site do IEL-AM.

Bahia
O IEL-BA oferece 628 vagas de estágio para diversas áreas, incluindo administração, arquitetura e urbanismo, artes plásticas, biologia, ciências contábeis, comunicação social, design gráfico, direito, economia, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, gastronomia, marketing, nutrição, radiologia, turismo, ensino médio, técnico e vários outros. Para realizar a inscrição e mais informações estão disponíveis no site do IEL-BA.

Ceará
O IEL-CE está oferecendo 28 vagas de estágio para diversas áreas como, administração, ciências contábeis, direito, educação física, enfermagem, engenharia civil e de produção. Para preenchimento do cadastro e mais informações, acesse o site do IEL-CE.

Distrito Federal
O IEL-DF está com 43 vagas abertas para estágio. Há oportunidades para áreas de administração, arquitetura e urbanismo, arquivologia, ciências contábeis, comunicação, design gráfico, direito, educação física, engenharia civil, engenharia elétrica, farmácia, nutrição, publicidade e propaganda, recursos humanos e tecnologia da informação.Para realizar o cadastro e mais informações, basta acessar o site do IEL-DF. Em caso de dúvidas, ligue para (61) 3362-6075, mensagem para (61) 99128-2294 ou envie um e-mail para [email protected].

Goiás
O IEL-GO está oferecendo 516 vagas de estágio para diversas áreas, como administração, arquitetura e urbanismo, ciências biológicas, ciências sociais aplicadas, comunicação social, engenharias, tecnologia da informação e vários outros. Para mais detalhes e cadastro, acesse o site do IEL-GO.

Mato Grosso
O IEL-MT está com 67 vagas de estágio abertas em diversas áreas, incluindo administração, agronomia, arquitetura e urbanismo, ciências contábeis, direito, economia, educação física, engenharia (ambiental, civil, da computação e química), pedagogia, nível técnico e médio. Acesse o site do IEL-MT.

Minas Gerais
O IEL-MG oferece 53 vagas de estágio em diversas áreas, como administração, comércio exterior, economia, engenharias, logística, marketing, mecânica, segurança do trabalho, tecnologia da informação e nível técnico. Para mais informações acesse: site do IEL-MG.

Paraná
O IEL-PR tem 186 vagas de estágio abertas nas áreas de administração, ciências contábeis, economia, engenharia mecânica e de produção, logística, marketing, pedagogia, psicologia, química e muito mais. As bolsas variam de R$600 a R$2,3 mil. Preenchimento do cadastro por meio do  site do IEL-PR.

Pernambuco
O IEL-PE está com 216 vagas de estágio para a Região Metropolitana de Recife e no Sertão do São Francisco. Para se cadastrar e obter informações, acesse o site do IEL-PE.

Rio Grande do Norte
O IEL-RN está oferecendo 28 vagas de estágio para as áreas de administração, arquitetura e urbanismo, ciência da computação, ciências contábeis, design gráfico, direito, educação física, marketing, publicidade e propaganda, tecnologia da informação e nível técnico. As oportunidades são para as cidades de Mossoró, Natal e São Gonçalo do Amarante. As bolsas variam entre R$ 400 a R$ 1,6 mil. Para mais detalhes das vagas e preenchimento do cadastro, acesse o site do IEL-RN.

Rio Grande do Sul
O IEL-RS está oferecendo 53 vagas de estágio nas cidades de Cachoeirinha, Canoas, Caxias do Sul, Estrela, Farroupilha, Garibaldi, Gravataí, Porto Alegre, São Leopoldo e Viamão. As oportunidades são para as áreas de administração, ciência da computação, ciências contábeis, educação física, engenharia (ambiental, civil, de produção e mecânica), gestão comercial, marketing, psicologia, recursos humanos e nível técnico. Para mais detalhes das vagas e preenchimento do cadastro, acesse o site do IEL-RS.

Roraima
O IEL-RR está ofertando 22 vagas de estágio. Para áreas como administração, agronomia, ciências contábeis, direito, economia, educação física, engenharia civil, pedagogia e nível técnico. Para mais informações, basta acessar o site do IEL-RR.

Tocantins
O IEL-TO está com 43 vagas abertas para estágio. As oportunidades são para as áreas de administração, arquitetura e urbanismo, ciências contábeis, comunicação social, direito, educação física, engenharia ambiental e civil, farmácia, física, matemática, pedagogia, psicologia e relações internacionais.

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