Aluguel, compra e Minha Casa, MInha Vida podem ser afetados caso não haja ajuste no texto
O mercado imobiliário — que inclui aluguel, construção, compra e venda de imóveis — está atento às mudanças que a reforma tributária vai trazer. E os impactos podem ser grandes, pelo menos é isso que alegam os representantes do setor. Eles estiveram em mais uma audiência pública realizada no Senado para debater o PLP 68/2024, que regulamenta a reforma.
Na audiência, foram apresentados dados de um estudo que mostra que a carga tributária aplicada hoje na construção e incorporação é de 7,8%. Mesmo com uma redução de 40%, já prevista no texto atual, a carga de impostos para o setor subiria para 10,9%, alteração que poderia agravar ainda mais o déficit habitacional do país — que hoje chega a 7 milhões de moradias, segundo o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Renato de Sousa Correia.
Para que o setor não sinta o impacto, um redutor maior — de 60% — seria suficiente para manter a carga tributária no mesmo índice atual, de 7,8%. No caso do aluguel, o texto prevê um redutor de 60%, mas esse número deveria ser de 80% para também absorver o impacto e não afetar a tributação nas locações.
O relator da matéria no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM) apresentou dados do IBGE que mostram que o número de aluguéis aumentou muito entre 2016 e 2022 — passando de 18,5% para 21,1%. Segundo o parlamentar, esse movimento é puxado sobretudo por jovens que não podem investir altos valores na compra de imóveis.
Outros dados apresentados na audiência reforçam os números de Braga, como os levados pelo presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis Residenciais ou Comerciais (Secovi/SP), Ely Wertheim.
Hoje, quem compra um imóvel para ganhar com a locação paga cerca de 12% de imposto. O redutor previsto pelo texto atual da reforma é de 60%, o que faria a carga tributária passar de 12% para 20%, segundo Wertheim. O setor de alugueis reivindica que o redutor passe para 80%, o que não resolveria, mas amenizaria o impacto da mudança. No entendimento dos representantes do setor, se a mudança no texto não ocorrer, a inflação sobre o aluguel pode aumentar, em função do déficit habitacional que pode passar a existir.
Outro impacto previsto pela reforma, segundo o presidente do Secovi, é no programa Minha Casa, Minha Vida. O gestor alega que se o redutor para incorporação não subir de 40% para 60%, os imóveis do programa poderão ter 15% de aumento no seu preço.
O texto da reforma tributária prevê uma mudança para o IPTU, que é uma nova possibilidade de alteração da base de cálculo. Essa atualização, segundo a EC 132/23, poderá ser feita por meio de decreto municipal. A palavra “atualizar”, prevista na nova legislação, pode gerar dúvidas quanto ao tributo, já que pode significar recomposição do valor do IPTU pela inflação ou pelas variações de mercado.
O indicador que mede o otimismo dos empresários da construção civil subiu dois pontos em relação ao mês de agosto e está próximo da média histórica, com 53,8 pontos. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da Construção é medido pela Sondagem da Indústria da Construção e divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
No mês de setembro, todos os componentes que formam o ICEI da Construção tiveram alta, o que mostra, segundo o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, que a avaliação dos empresários sobre o momento e o futuro da economia está menos negativa.
“A confiança dos empresários da construção aumentou e se afastou da linha divisória de 50 pontos, mostrando uma confiança cada vez mais disseminada, muito por conta da avaliação da economia brasileira. Isso é bastante importante, porque é essa avaliação que vem segurando a confiança dos empresários da construção, de forma geral”, avalia.
O índice que mede o nível de atividade da indústria da construção ficou em 49,7 pontos no mês de agosto, em queda na comparação com o mês de julho, mas próximo à linha dos 50 pontos — o que significa relativa estabilidade, segundo a CNI.
No segmento de Obras de Infraestrutura houve alta no nível de atividade e de empregos, já os setores de Construção de Edifícios e de Serviços Especializados registraram recuo na atividade. Mesmo com índices estáveis ou em leve queda em agosto, ambos estão em patamar muito acima do comum para o mês.
O bom desempenho, tem explicação, segundo Marcelo Azevedo.
“A construção vem tendo resultados positivos por conta de mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida, que impulsionaram as vendas e o lançamento de unidades residenciais. Há também um crescimento de obras de infraestrutura. Há também a questão da taxa de juros. Apesar do recente aumento, a Selic ainda está menor do que no ano passado e esses efeitos defasados positivos continuam impulsionando o setor da construção”, analisa.
Em setembro, os empresários da construção demonstraram expectativas positivas para todas as variáveis pesquisadas, em especial para aquelas ligadas à produção do setor, como nível de atividade e novos empreendimentos e serviços. A expectativa de compra de matérias-primas registrou leve alta, ao passo que a do número de empregados não mudou.
O Informativo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) de Mercado de Trabalho revela que 59% das cidades brasileiras tiveram saldo positivo de carteiras assinadas em junho de 2024. Ao todo, foram criados 2.064.143 empregos contra 1.867.874 desligamentos, totalizando um saldo positivo de 196.269 postos de trabalho em todo o país.
No acumulado dos últimos 12 meses, o saldo de empregos ficou em 1,72 milhão, um aumento de 4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o resultado para os seis primeiros meses de 2024 foi de 1.283.046, um crescimento de 25% no saldo na comparação com o primeiro semestre de 2023.
O presidente do Sindicato dos Economistas no Estado de São Paulo (SINDECON-SP), Carlos Eduardo Oliveira Junior, atribui a confiança dos empresários ao aumento da empregabilidade no país.
“Essa melhora significativa, sem dúvida alguma, é referente à confiança. A confiança por parte dos empresários em investir, visto que o consumo está se elevando e, automaticamente, isso gera emprego, porque você tem que aumentar a produção. Aumentando a produção, tem que, necessariamente, contratar novos profissionais. Isso faz com que a economia, como um todo, se eleve nesse momento.”
O levantamento da CNM também mostra que a quantidade de empregos com carteira assinada, ou seja, os empregos formais, alcançou o maior nível da série histórica em junho, com 46,8 milhões de postos de trabalho regularizados. O aumento foi de 0,4%, em relação a maio; 3,8%, em relação a junho de 2032 e 3,5% nos últimos 12 meses.
Para o economista Carlos Eduardo, o aumento dos empregos formais se deve à elevação da produção. “Ou seja, você eleva a produção se sabe que vai comercializar essa produção. Mas se vai comercializar essa produção, você tem a necessidade de produzir mais. Vai gerar mais emprego, contratar mais e, às vezes, até aquela pessoa que estava de uma maneira informal vê essa melhora e migra para o mercado formal; seja fazendo o que está fazendo ou [troca] por uma ocupação melhor”.
Ainda de acordo com a pesquisa da CNM, 76% do saldo de empregos gerados nos seis primeiros meses de 2024 estão relacionado aos:
O professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), José Luiz Oreiro, destaca que o país está voltando a construir.
“O país está voltando a construir, mas é principalmente obras de infraestrutura, tocadas por estados e municípios. Quer dizer, o investimento de estados e municípios, dos governos estadual e municipal, aumentou muito nos últimos 18 meses, muito em razão do ajuste fiscal que os entes subnacionais fizeram no período 2021-2022, em que não houve reajuste do salário dos servidores públicos. Isso abriu espaço no orçamento para o aumento do investimento.”
Todas as regiões do país apresentaram aumento do estoque de empregos em junho de 2024, aponta a CNM. A maior variação mensal, contra junho de 2023 e nos últimos 12 meses ocorreu na Região Norte, onde o crescimento foi de 0,8%, 5,4% e 4,9%, respectivamente. As menores variações ocorreram na Região Sul, com aumento de 0,2%, 3,1% e 2,7%, respectivamente.
Taxa de crescimento do estoque de ocupações por região geográfica
Região | Municípios | Municípios com crescimento de vagas | Ocupações | "Ocupações (%)" |
jun/24 | jun/24 - jun/23 | jul/23-jun/24 - jul/22-jun/23 |
Norte | 450 | 58% | 2.343.759 | 5% | 0,8% | 5,4% | 4,9% |
Nordeste | 1.794 | 58% | 7.758.766 | 17% | 0,6% | 4,5% | 4,0% |
Sudeste | 1.668 | 65% | 23.908.561 | 51% | 0,4% | 3,7% | 3,4% |
Sul | 1.191 | 52% | 8.568.031 | 18% | 0,2% | 3,1% | 2,7% |
Centro-Oeste | 467 | 67% | 4.220.922 | 9% | 0,6% | 4,1% | 4,2% |
Total | 5.570 | 59% | 46.800.039 | 100% | 0,4% | 3,8% | 3,5% |
Fonte: Novo CAGED/MTP. Elaboração: Departamento de Estudos Técnicos/CNM
Para o economista Carlos Eduardo, o ano eleitoral contribui com o aumento das contratações, especialmente nas pequenas e médias cidades das regiões Norte e Nordeste.
“Esse é um ano eleitoral, quando você identifica uma maior produção e contratação por parte de prefeitos, porque eles têm o que fazer, têm que mostrar serviço, têm que asfaltar a rua, têm que limpar, cuidar da zeladoria por parte da cidade. Com isso, você vai ter que contratar pessoas para fazer essas atividades. Também tem a questão da saúde, com os mutirões, e aí [surge] a necessidade de contratar.”
Já em relação ao crescimento moderado dos postos de trabalho na Região Sul, o professor José Luiz Oreiro atribui às enchentes que ocorreram este ano no Rio Grande do Sul.
“As enchentes do Rio Grande do Sul afetaram muito o estado, a indústria, a atividade agropecuária. Então, certamente, isso impactou negativamente na geração de renda e de emprego no estado do Rio Grande Sul.”
Taxa de desemprego no Brasil cai para 6,9% no trimestre encerrado em junho, aponta IBGE
Ministério da Saúde será o principal afetado por corte de R$ 15 bi do governo
Ibovespa caiu 0,20% no último fechamento
Para o segundo semestre de 2024, os economistas são otimistas:
“A expectativa para o segundo semestre é desse mercado se manter, de certa maneira, aquecido. Talvez até possa chegar a 2 milhões de empregos gerados até o final do ano”, avalia o presidente do SINDECON-SP, Carlos Eduardo Oliveira Junior.
“A taxa de desemprego está muito baixa, o salário real está crescendo, e é o que tudo indica. Então, os gastos de consumo das famílias vão continuar crescendo e, portanto, criando demanda. E é a criação de demanda que gera a criação de renda e de emprego. Portanto, as perspectivas são muito boas para o segundo semestre de 2024”, espera o professor do Departamento de Economia da UnB, José Luiz Oreiro.
Você já parou para avaliar os impactos causados pelos materiais que sobram de uma construção? Um estudo feito pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema) mostra que o setor também é um dos responsáveis pelo descarte de detritos que afetam o meio ambiente de diferentes formas. Segundo a última pesquisa Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2023, o país gerou 45 mil toneladas de resíduos de construção civil e demolição (RCD), só em 2022.
O coordenador do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Antônio Acacio de Melo Neto destaca um aspecto sobre este tema:
“Essa destinação do que sai em forma de caçamba precisa ser fiscalizada, porque essas empresas têm que fazer a deposição no local correto. Mas, às vezes, você encontra lugares onde você tem há m acúmulo de resíduos de construção em locais não permitidos. Na maioria das vezes, realmente, são de pequenas obras, que os populares fazem, que acabam descartando no local errado”, explica.
O especialista ainda acrescenta: “No médio e longo prazo você vai ter, não digo nem lixões, mas vai ter um acúmulo muito grande desse tipo de resíduo”, destaca.
De acordo com o recente levantamento da Abrema, em 2022, as regiões Norte e Centro-Oeste aumentaram a geração de RCD em 1,5% e 3,0%, respectivamente. Mesmo com uma queda de 1,8% em comparação com o ano anterior, o Sudeste também segue como a região que mais contribui para o total de RCD gerados no país – 50,6%.
Na opinião do engenheiro civil Hugo Borges, os geradores dos resíduos têm responsabilidades que devem ser observadas.
“A destinação correta dos resíduos de construção civil é crucial para proteger o meio ambiente e a saúde pública. Além disso, o descarte irregular pode causar doenças como a dengue e obstruir o sistema de drenagem pública, causando enchentes na época da chuva. Além disso, a reciclagem e o reuso de materiais reduzem a necessidade de distração de recursos naturais e podem gerar economia e empregos”. Esclarece.
Borges ainda continua. “Por isso, é importante cumprir as leis e as regulamentações estaduais, municipais e federais”, destaca.
Uma outra preocupação dos especialistas é a construção irregular. “As construções irregulares prejudicam ainda mais o despejo adequado de resíduos. A falta de planejamento e infraestrutura, juntamente com a fiscalização insuficiente, leva ao descarte inadequado, causando a degradação ambiental, problemas de saúde pública e o despejo irregular pode obstruir a saída de drenagem, resultando em enchentes e complicando a gestão de resíduos nessas áreas”, avalia o engenheiro civil Hugo Borges.
De acordo com o coordenador do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Antônio Acacio de Melo Neto, estas obras, pelo fato de estarem irregulares, não estar seguindo regras, não existe uma preocupação com o correto descarte do resíduo.
Mas é possível melhorar a postura de quem lida com os resíduos gerados pelas construções, segundo o engenheiro civil Hugo Borges.
“Para melhorar a destinação dos resíduos na construção civil, precisamos de mais conscientização, com programas de educação ambiental, campanhas informativas e é crucial fortalecer a fiscalização e aplicar punições eficazes. Além disso, investir em infraestrutura, como pontos de coleta e centros de reciclagem e criar incentivos para reciclagem são passos importantes”, salienta.
Conforme o engenheiro, “políticas públicas integradas ao planejamento urbano e parceria entre setores público e privado e a comunidade também são essenciais para promover práticas sustentáveis”, reforça.
O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) variou 0,17% em maio. Os dados apontam queda de 0,24 ponto percentual em relação ao índice de abril (0,41%).
O Sinapi aponta, ainda, que o acumulado nos últimos doze meses foi de 2,31%, resultado que está abaixo dos 2,51% registrados nos doze meses imediatamente anteriores. Inclusive, o índice de maio de 2023 foi de 0,36%.
O custo nacional da construção, por metro quadrado, chegou a R$ 1.739,26 em maio – cujo valor em abril fechou em R$ 1.736,37. No montante, 1.006,80 são relativos aos materiais e R$ 732,46 à mão de obra.
Com a menor taxa observada no ano, a parcela dos materiais apresentou variação negativa no mês de maio, sendo -0,05%. Nesse contexto, foi observada queda de 0,16 ponto percentual em relação ao mês anterior (0,11%). Já em relação a maio de 2023 (-0,24%), houve um aumento de 0,19 ponto porcentual.
A mão de obra registrou queda tanto em relação a abril quanto a maio de 2023. “A parcela da mão de obra, apesar dos dissídios observados no mês, apresentou variação de 0,46%, registrando queda tanto em relação a março quanto a maio do ano anterior”, destaca o gerente do Sinapi, Augusto Oliveira.
A região Norte registrou a maior variação mensal em maio, 0,34%, com alta em 4 dos seus 7 estados. As outras regiões brasileiras apresentaram os seguintes resultados:
O estado do Acre registrou a maior taxa em maio, 2,16%, seguido por Maranhão e Distrito Federal, 1,88% e 1,60%.
“A influência da parcela da mão de obra no índice agregado levou Acre, Maranhão e Distrito Federal, localidades que tiveram acordos coletivos, a registrarem as maiores taxas para maio de 2024”, salienta Augusto Oliveira.
De janeiro a maio (0,99%) os acumulados foram: 0,50% (materiais) e 1,68% (mão de obra). Os acumulados em doze meses somaram 0,24% (materiais) e 5,31% (mão de obra).
Empresários da indústria de transformação — que desempenha um papel estratégico no fortalecimento de todo o setor produtivo — e da construção mostraram preocupação com a falta de qualificação do trabalhador, o alto custo do funcionário qualificado e com a competição desleal neste terceiro trimestre de 2023. É o que mostra o Panorama da Pequena Indústria, da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A elevada carga tributária foi apontada como o maior desafio para a indústria de transformação. Já para a construção, as taxas de juros elevadas aparecem em primeiro lugar. Além disso, como explica a analista de Políticas e Indústria da CNI, Paula Verlangeiro, há outros problemas que os empresários destacaram como preocupantes neste trimestre.
“Os problemas que ganharam mais destaque neste terceiro trimestre foram a competição desleal, que engloba pirataria, contrabando, ilegalidade, essas práticas que atingem diretamente o ambiente de competição sadia.”
A qualificação profissional ainda é um grande desafio. O panorama mostra que faltam profissionais qualificados para trabalhar e, quando eles existem, o custo é elevado.
Os números provam isso: o percentual de empresários da indústria de transformação preocupados com essa questão passou de 20,4% no trimestre passado para 22,9% neste trimestre. Entre os empresários da construção civil, o percentual passou de 20,3% no segundo trimestre para 22,6% neste terceiro trimestre de 2023.
A carga tributária foi considerada pelos empresários da indústria de transformação o principal problema no terceiro trimestre. O percentual de pessoas do setor preocupadas com esse assunto chega a 38,8%.
Já a taxa de juros — fixada hoje no Brasil pela Selic em 12,75% — tira o sossego de 34,7% dos empresários de pequeno porte da construção.
Com resultado positivo neste terceiro trimestre, o Índice de Desempenho para a Pequena Empresa “leva em consideração o volume de produção, o número de empregados e a utilização da capacidade instalada no trimestre”, como explica a analista Paula Verlangeiro. Segundo ela, o resultado é considerado positivo porque ele ficou “acima da média para terceiros trimestres”.
Outro indicador que também é considerado positivo é a situação financeira, estável diante de uma sequência anterior de resultados negativos.
“Calculada com base na margem de lucro operacional, acesso ao crédito e na percepção geral da situação financeira, dado o histórico do indicador, que vinha em queda e apresentou um aumento, ficando dentro do esperado para o terceiro trimestre”, enfatiza a analista.
Aumentou em 1,1% os números de novos empregos no setor de construção no mês de agosto em São Paulo
De acordo com dados do Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), em agosto de 2022 houve 52.842 admissões na área da construção civil, enquanto neste ano o número aumentou para 58.288 contratações no setor em São Paulo. Além do aumento de contratações ocorrido em um ano, o setor registrou crescimento de 1,1% no número de novos empregos em agosto em comparação com setembro.
A pesquisa Emprego Formal da Fundação Seade vem sendo analisada desde janeiro e constatou que em agosto foram criadas 8.086 novas posições no setor, o que resultou em 58,2 mil admissões e 50,2 mil desligamentos.
Em entrevista ao Brasil 61, o presidente do sindicato dos Economistas de São Paulo, Carlos Eduardo Oliveira, esclarece que o aumento se deu pela retomada de novas empresas, imóveis e projetos, que foram paralisadas por conta do coronavírus em 2019 — o que de acordo com ele afetou de forma significativa a economia do setor.
“Com relação à construção civil, nós recebemos aqui em São Paulo a retomada de vários projetos que até então estavam paralisados. Sejam por causa da economia. Seja o setor de serviço, comércio e a própria indústria, já que você tem os insumos que esse segmento usa, os serviços também que são prestados e também o comércio. Seja o comércio local, o comércio que vai gerar futuramente com a construção desses novos imóveis”.
O especialista também assegura que a retomada do setor traz perspectiva para a economia futuramente.
Dentre os municípios do estado, aqueles que apresentaram mais participação para a geração de novos empregos formais foram: Bauru, com 443 novas contratações; região metropolitana de São Paulo, com um total de 4.842 empregos criados; Santos, com 248 novas vagas; Ribeirão Preto, com 324, e Campinas, que registrou 1.178 contratações.
O economista Güidi Carneiro afirma que o lançamento de aceleração governamental do PAC, principalmente na área do programa Minha casa, Minha vida deve melhorar ainda mais o desenvolvimento do setor da construção civil, podendo elevar ainda mais os dados de empregabilidade no estado.
“Na parte da construção civil, você tem crescimentos expressivos nos últimos 3 anos, 9,7% em 2021, 6,9% em 2022 e esse ano caindo um pouco, quer dizer, você tem uma redução na taxa de crescimento, principalmente na parte específica do Minha Casa Minha Vida deve melhorar e impulsionar um pouco mais o setor de construção civil e ajudar a melhorar esses dados, que esperamos que sejam bem positivos para o ano de 2024”.
Para o próximo ano, os especialistas garantem que de acordo com os principais indicadores que avaliam a atividade econômica do estado, a tendência para o setor é positiva, embora possa se mostrar de forma mais lenta ou menor do que em 2023.
O professor de economia Otto Nogami também ressalta que São Paulo, o estado mais rico do Brasil, tem o maior PIB do país, que corresponde a 32,4% de todo o PIB nacional.
“Dados apurados pela Fundação Seade mostram que de abril a junho de 2023 o PIB do Estado de São Paulo avançou 0,7% no trimestre em relação ao trimestre anterior, já descontados os efeitos sazonais. O resultado foi influenciado pelo desempenho da agropecuária, com crescimento de 2,5%. Os setores da indústria e de serviços registraram expansão de 1,6% e 0,3%, respectivamente”
Conforme a análise de Otto Nogami, a economia do estado de São Paulo se destaca por sua diversificação, evidenciando um desenvolvimento em todos os setores econômicos. “O setor de serviços é o mais representativo do estado, correspondendo a cerca de 73,2% do PIB estadual. O setor industrial é o segundo maior setor econômico do estado, correspondendo a cerca de 25% do PIB estadual. Embora o setor agropecuário corresponda a apenas cerca de 2% do PIB, é um setor diversificado, mecanizado e com grande número de empregados”.
O Índice Nacional de Custo da Construção subiu 0,24% em agosto
Os custos da construção subiram em agosto, a 0,24%. Os custos são mensurados pelo Índice Nacional de Custo da Construção e seu crescimento foi superior ao apurado no mês anterior, quando o índice subiu 0,06%.
No ano, o índice acumula alta de 2,50%.
A alta dos custos foi inferior ao registrado em agosto de 2022.
A taxa do índice relativo a materiais, equipamentos e serviços passou de -0,16% em julho para -0,07% em agosto.
Neste grupo, as maiores altas acumuladas ficaram com equipamentos para transporte de pessoas e materiais para acabamento. Para serviços, tanto aluguéis e taxas, quanto serviços técnicos registram altas acumuladas.
Para a mão de obra, as maiores altas em agosto acontecem para a categoria especializada (0,78%), seguida por técnica (0,70%) e auxiliar (0,56%).
Entre as capitais, seis apresentaram acréscimo em suas taxas de variação: Salvador, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo.
Recife foi a única capital que apresentou decréscimo em sua taxa de variação.
As informações são do Instituto Brasileiro de Economia, FGV-IBRE.
A confiança da construção subiu 0,7 ponto em agosto, para 95,9 pontos, atingindo o maior nível desde outubro de 2022. Em médias móveis trimestrais, o índice aumentou 0,6 ponto.
O avanço do indicador deste mês refletiu o resultado favorável da percepção sobre a situação atual do setor e das expectativas futuras.
Do lado da situação atual, os negócios avançaram e o indicador de carteira de contratos ficou estável.
Para as expectativas futuras, o melhor resultado ocorreu com a melhoria do indicador de tendência de negócios para os próximos meses. Em sentido contrário, o indicador de demanda prevista recuou.
As dificuldades do setor ocorrem com a queda da utilização da capacidade da construção. A queda foi motivada por menor utilização da capacidade da mão de obra, assim como menor utilização de máquinas e equipamentos.
Além disso, entre os fatores que dificultam a melhoria continuada da confiança ao longo do ano está uma piora da confiança no segmento de infraestrutura, devido ao maior pessimismo das empresas de obras especiais, responsáveis pela construção de pontes, viadutos etc.
Por outro lado, o aumento da carteira de contratos em obras viárias alavancou a confiança das empresas do segmento, que recuperou o campo otimista.
Segundo especialistas da Fundação Getúlio Vargas, a FGV, o novo PAC, que foi lançado em agosto, ainda não influenciou de forma positiva as expectativas de todas as empresas.
As informações são do Instituto Brasileiro de Economia, FGV IBRE.
O Índice de Confiança da Construção (ICST) do FGV IBRE subiu 1,3 ponto em julho, para 95,2 pontos, após dois meses em queda. Em médias móveis trimestrais, o índice variou -0,1 ponto.
O avanço do ICST deste mês refletiu o resultado favorável da percepção sobre a situação atual do setor e das expectativas futuras.
Sobre a situação atual, os negócios avançaram, assim como o número de contratos. Pelas expectativas, há uma maior demanda futura. Porém, houve leve recuo da tendência dos negócios nos seis meses seguintes.
As dificuldades do setor ocorrem em virtude da queda da utilização da capacidade da construção, motivada por menor utilização da capacidade da mão de obra, máquinas e equipamentos.
Além disso, entre os fatores que dificultam a melhora continuada da confiança ao longo do ano está o acesso ao crédito, que está mais caro e difícil para a maioria das empresas. Em julho, 31,4% mencionaram dificuldade no acesso ao financiamento, enquanto apenas 9,9% indicaram facilidade.
Especialistas da Fundação Getúlio Vargas, a FGV, destacam que a perspectiva de redução da taxa básica de juros da economia traz a perspectiva de alívio do cenário.
Outra tendência é que confiança da construção oscile entre altos e baixos ao longo do ano, sendo que em julho prevaleceu o sentimento de melhoria.
As informações são do Instituto Brasileiro de Economia, FGV IBRE.