O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) promoveu, nesta quarta-feira (13), mais uma ação para fortalecer a Rota do Cacau no estado do Pará. A oficina de revisão do planejamento estratégico do Polo da Transamazônica, que teve apoio do e organização do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), contou com a presença de produtores, empresários, investidores, órgãos de fomento, instituições de ciência e tecnologia e representantes dos setores público federal, estadual e municipal. O objetivo foi definir um diagnóstico territorial da cadeia produtiva e uma carteira de projetos e identificar as intervenções necessárias para a estruturação da cadeia produtiva no estado.
Atualmente, o Polo da Transamazônica é responsável por 90% da produção de cacau no estado do Pará. A Rota do Cacau faz parte da estratégia Rotas de Integração Nacional, do MIDR, que visa aumentar a produtividade e agregar valor à produção regional dos setores apoiados. Além de fomentar o desenvolvimento, a inovação e a inclusão produtiva, por meio da estruturação da cadeia produtiva do cacau e chocolate, a iniciativa busca integrar os subsistemas de insumos, produção, processamento e comercialização.
Durante todo o dia, 30 produtores presentes participaram da montagem de um planejamento estratégico, no qual foram apresentado uma visão de futuro. Foram também abordadas as forças, fraquezas, ameaças e oportunidades para o setor produtivo local e realizado um diagnóstico que visa organizar a cadeia produtiva com base em quatro eixos: insumos e produção; beneficiamento, agregação de valor e comercialização; financiamento e infraestrutura ; e inovação e sustentabilidade.
Para o produtor de cacau Helton Gutzeit, o que mais o entusiasmou entre os conteúdos abordados na oficina foi a inovação. “A inovação tecnológica, mecatrônica, principalmente na questão da fermentação do cacau, assim como a agregação de valor ao produto, traz possibilidades de ter uma produção em escala disso, que é o que ninguém ousou fazer, de fato, até agora. Isso é fascinante”, afirmou.
Coordenadora do Polo da Transamazônica, a produtora de cacau Elisangela Trzeciak destacou que eventos como esse fortalecem a produção local de cacau. “A rota já capacitou técnicos que trabalham com cacau na região, além da criação de unidades demonstrativas para promover boas práticas e a capacitação de produtores. Outro projeto concluído foi a implantação da incubadora, que já está operando. Também temos um curso de mestrado e doutorado em Agronomia com foco em pesquisas relacionadas à cadeia do cacau em andamento”, informou Elisangela, que também é pesquisadora do Ipam.
O secretário de Agricultura do Pará, Giovani Queiroz, destacou que, embora o estado já tenha alcançado altos níveis de produção e avanços na industrialização, é crucial investir no aprimoramento de técnicas e na adoção de tecnologias para aumentar a produtividade e a verticalização da cadeia produtiva.
“A Rota do Cacau no estado do Pará é fundamental para identificar as necessidades e apresentar sugestões que promovam o desenvolvimento contínuo desse setor produtivo tão significativo para o Brasil, especialmente para o estado, que atualmente é o maior produtor de cacau do País”, afirmou.
O MIDR apoia o Polo Transamazônica da Rota do Cacau desde 2018, quando foi feito o planejamento estratégico que resultou na criação do Comitê Gestor local. Nesse mesmo ano, foi feito um projeto piloto em parceria com a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). O valor de R$ 100 mil foi aprovado para capacitação de técnicos que atuam na cadeia produtiva do cacau na região. Foram mais de 160 horas de curso e 30 profissionais capacitados.
Em 2019, o MIDR investiu R$ 550 mil para a construção de um manual de boas práticas da cacauicultura e para a implantação de unidades de testes de diferentes modelos de arranjo do plantio, além da elaboração de um plano de negócios para a implantação do Centro de Inovação e Excelência do Cacau.
Em outra ação do MIDR, em 2020, foi realizado, em parceria com a UFPA, um plano de negócios para a criação de um Centro de Inovação do Cacau e Chocolate. Foi desenvolvida uma incubadora de empresas que já conta com sete startups em desenvolvimento, totalizando cerca de R$ 3 milhões em investimentos.
A unidade operava com resultados operacionais negativos e alto custo crescente
A AngloGold Ashanti suspendeu temporariamente a produção em Córrego do Sítio (CDS), em Santa Bárbara (MG). A unidade operava com resultados operacionais negativos e alto custo crescente ao longo dos últimos anos. Desta forma, a companhia resolveu, após diversos estudos de alternativas, paralisar a operação. O processo de suspensão, iniciado em 23 de agosto, é temporário e será reavaliado de modo sistemático ao longo dos próximos anos.
A mineradora ressalta que apenas a produção da unidade está suspensa, enquanto as atividades essenciais de monitoramento de segurança, controle ambiental, manutenção e conservação dos ativos, além do monitoramento patrimonial, estão mantidas. As estruturas geotécnicas, como barragens e pilhas, continuarão a ser gerenciadas e monitoradas normalmente, conforme a legislação. Além disso, o projeto de descaracterização da Barragem de CDS II será mantido até a sua finalização. Todas as estruturas estão seguras e estáveis.
A AngloGold Ashanti considera o desligamento da operação a última alternativa, após análises de todas as possibilidades de reestruturação e reaproveitamento interno de profissionais. A CDS manterá equipes trabalhando para as atividades que serão continuadas. Além disso, outros empregados estão sendo realocados internamente. Com o final deste processo, parte dos empregados tiveram contrato de trabalho encerrado. Apesar da suspensão temporária da operação Córrego do Sítio (CDS), a AngloGold Ashanti Brasil continua trabalhando por seus resultados em suas outras unidades no Brasil. Ao todo, serão investidos mais de R$ 1 bilhão em 2023 e mais de 3,3 mil empregos continuam sendo gerados. A AngloGold Ashanti ressalta que mantém seu compromisso com as obrigações de qualquer natureza, sejam legais, ambientais ou regulatórias.
No acumulado até julho de 2023, a produção de aço bruto somou 18,6 milhões de toneladas, 8,6%
Segundo dados do Instituto Aço Brasil (IABr), o País produziu 2,7 milhões de toneladas de aço bruto em julho de 2023, um acréscimo de 5,9% sobre junho, enquanto as vendas internas somaram 1,6 milhão de toneladas, queda de 1,3% na mesma comparação. As exportações registraram 828 mil toneladas, recuo de 30,6%.
O consumo aparente de produtos siderúrgicos cresceu 1,4% no mês frente ao mês anterior, e atingiu 2 milhões de toneladas. Este crescimento é explicado exclusivamente pelo aumento de 26,1% nas importações, com 481 mil toneladas no mês. As importações da China alcançaram 271 mil toneladas. O instituto preocupa-se com este avanço nas importações, já que existe excesso de capacidade de 564 milhões de toneladas de aço no mundo, o que leva a práticas predatórias de mercado, escalada protecionista e a desvios de comércio.
No acumulado até julho de 2023, a produção de aço bruto somou 18,6 milhões de toneladas, 8,6% a menos que no mesmo período de 2022. As vendas internas atingiram 11,3 milhões de toneladas, 5,2% inferior, enquanto as importações saltaram 48,4%, para 2,7 milhões de toneladas e as exportações recuaram 6,2%, para 7,1 milhões de toneladas. O consumo aparente de aço (vendas internas mais importações por distribuidores e consumidores) caiu 0,5% e chegou a 13,6 milhões de toneladas.
O Índice de Confiança da Indústria do Aço, calculado pelo Aço Brasil, fechou em 44,6 pontos em agosto, um aumento de 0,5% em relação a julho, abaixo da faixa que aponta falta de confiança dos CEOs da indústria do aço, especialmente em relação ao cenário econômico brasileiro. É o décimo mês seguido em que o indicador se encontra abaixo dos 50 pontos.
Em julho, todos os índices de expectativas da indústria subiram. É o que mostra a mais recente Sondagem Industrial, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na terça-feira (18).
Há maior otimismo dos empresários industriais com relação à demanda, à compra de matérias-primas, ao número de empregados e à quantidade de bens exportados, para os próximos seis meses. Já o indicador que mede a intenção de investimento cresceu 0,1 ponto, para 54,1. Ele está acima da média histórica para o mês.
Entretanto, o desempenho da indústria piorou na passagem de maio para junho de 2023. A Sondagem Industrial aponta que houve queda na produção e no emprego no setor. Os estoques também ficaram acima do planejado pelas empresas e a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) se manteve estável.
Paula Verlangeiro, analista de Políticas e Indústria da CNI, comenta os resultados do levantamento. "Em junho de 2023, a gente observou uma piora no desempenho da indústria. Isso veio por meio dos indicadores de produção e de emprego industrial. Os dois apresentaram queda. Em maio, teve um crescimento da produção, mas isso foi revertido em junho. E, para o emprego industrial, há nove meses esse indicador vem em tendência de queda. Em junho ele teve uma leve melhora, mas continua um patamar que sinaliza queda do emprego."
Otimismo dos industriais é reflexo de cenário mais positivo, diz economista
Segundo a pesquisa, o índice que mede a produção da indústria caiu 5,3 pontos, de 51,6 para 46,3. Por estar abaixo da linha divisória dos 50 pontos, o indicador mostra tendência de queda na produção. Já o índice de evolução do número de empregados passou de 48,4, em maio, para 48,6, em junho. Apesar da leve alta de 0,2 ponto, o indicador continua abaixo da linha de divisão — o que aponta a manutenção do ciclo de queda.
Outro importante indicador para entender o desempenho da indústria, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) permaneceu em 69%. A UCI mostra qual o nível de atividade produtiva no momento, em relação ao seu potencial máximo de produção. Em junho de 2021, a UCI estava em 71%. No ano passado, em 72%. Ou seja, esse é o patamar mais baixo para o mês nos últimos três anos.
Os estoques mantiveram-se no mesmo patamar: 51,3 pontos. Por estar acima da linha divisória dos 50 pontos, o resultado mostra que o armazenamento cresceu, o que é reflexo do consumo menor.
A Sondagem Industrial também elencou os principais problemas enfrentados pela indústria no segundo trimestre de 2023. A demanda interna insuficiente foi apontada como o maior desafio do setor entre maio e junho, por 37% dos empresários.
Em segundo lugar, escolheram a elevada carga tributária. Ao longo da série histórica, esse problema normalmente se encontra nas primeiras posições do ranking. Os juros elevados fecham a lista dos três principais problemas para os empresários. Paula Verlangeiro afirma que a indústria está estagnada em 2023 — o que se reflete no ranking das principais dificuldades.
"O primeiro lugar ficou para a demanda interna insuficiente, o que mostra a baixa procura por bens industriais. Isso está muito ligado ao desaquecimento da economia, como um todo. As taxas de juros elevadas também registraram aumento e foi o maior aumento de toda a série, desde 2015. Esse problema está sendo sentido demais pelos empresários. E essa questão afeta uma série de decisões importantíssimas para o empresário, como de investir, comprar maquinário", explica.
Apesar disso, há boas notícias, de acordo com o levantamento. O indicador que mede o quão satisfeitos os industriais estão com o lucro operacional de suas companhias saltou 0,6%. Ainda sim, permanece abaixo da linha divisória. Ou seja, há mais insatisfação do que satisfação.
Quando o assunto é o contentamento com a situação financeira da empresa, houve aumento de 1,1 ponto no indicador respectivo. A alta foi suficiente para o índice ultrapassar os 50 pontos, o que aponta para satisfação com a situação financeira no período.
Apesar da taxa de juros básica estar em 13,75%, o acesso ao crédito melhorou na visão dos empresários da indústria. No entanto, a alta de 2,8% não foi o bastante para mudar a dificuldade em obter crédito, de modo geral — dizem os entrevistados.
Já o preço das matérias-primas recuou 6,4 pontos, ficando abaixo da linha dos 50 pontos, o que significa que um dos grandes gargalos enfrentados pelo setor nos últimos meses deixou de ser crítico, aponta o estudo.
Indústria é essencial para alavancar o desenvolvimento econômico do país, afirma economista
O déficit do país na balança comercial de produtos químicos atingiu US$ 15,5 bilhões até abril. Isso representa uma retração de 10,3% na comparação com igual período de 2022. O montante chegou a US$ 61,2 bilhões nos últimos 12 meses, com redução de US$ 1,8 bilhão frente ao recorde de US$ 63 bilhões em 2022. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
Para a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, é importante ter uma uma política de Estado de longo prazo, que faça frente aos desafios estruturais da competitividade e que viabilize a atração de investimentos produtivos ancorados em sustentabilidade. Ela também reforça a necessidade de ações imediatas e de alto impacto em termos de política comercial no contexto do agravamento do cenário conjuntural.
“Continuamos defendendo uma agenda estruturante e inovadora, com projeto de desenvolvimento industrial de médio e longo prazos, mas entendemos ser indispensável e urgente uma política comercial pragmática que priorize a retomada imediata dos níveis tarifários regulares, e que combata sistematicamente os surtos de importação restabelecendo um ambiente de negócios seguro, leal e que traga benefícios a todos os brasileiros”, avalia.
As importações de produtos químicos tiveram um recuo de 6,6% em comparação com o mesmo período do ano passado. Nos quatro primeiros meses do ano, o setor movimentou praticamente 16 milhões de toneladas. Os números se concentraram nas retrações de aquisições de 7,9% em produtos inorgânicos e de 10,1% em produtos orgânicos, grupos mais representativos em termos de quantidades adquiridas.
No entanto, no primeiro quadrimestre de 2023 foram registrados aumentos significativos dos volumes importados de resinas termoplásticas (29,9%), de fibras sintéticas (16,1%) e de aditivos de uso industrial (2,4%), em grande medida adquiridos de origens asiáticas com preços expressivamente inferiores àqueles praticados em igual período do ano anterior.
Segundo a diretora da Abiquim, esse fato preocupa demasiadamente, uma vez que esses surtos de importação ocorrem em grupos estratégicos de produtos químicos, materializando os danos na balança comercial, decorrentes da aceleração da deterioração das condições de competitividade. Esse fato também é verificado na elevação do grau de ociosidade do uso da capacidade instalada das plantas nacionais, aponta a representante.
Em termos monetários, até abril, registrou-se uma diminuição de 10,1% no valor importado (de US$ 22,8 bi para US$ 20,5 bi), sendo que os produtos para o agronegócio (fertilizantes e seus intermediários - US$ 4,8 bi; e defensivos agrícolas - US$ 1,7 bi) e farmacêuticos (US$ 5,8 bi) representaram 59,7% da pauta de importação. Em bases mensais, as importações se estabilizaram no patamar de US$ 5 bi e as exportações em US$ 1,1 bilhão.
A indústria química brasileira tem um regime diferenciado de tributação, o Regime Especial da Indústria Química (Reiq). Ele foi criado com o objetivo de equilibrar a competitividade do setor químico brasileiro. O presidente da Frente Parlamentar Mista pela Competitividade da Cadeia Produtiva do Setor Químico, Petroquímico e de Plástico e da Química Fina, o deputado Afonso Motta (PDT-RS), diz que a manutenção do Reiq é importante para que o setor consiga ter mais condições de competir com o mercado.
“A indústria química brasileira não tem condições de competir com a indústria química global, não só com relação a essa questão do Reiq, mas também com relação à competitividade mostrando a diferença entre a indústria brasileira e a indústria global. Por isso, vamos continuar trabalhando para assegurar a valorização de um setor que é responsável por mais de 2 milhões de empregos diretos e indiretos no nosso país, com um faturamento superior a US$ 200 bilhões por ano", ressalta.
Em 2022, o Congresso Nacional derrubou o veto que revogava a manutenção do Regime Especial da Indústria Química (Reiq) até 2027. Com a derrubada do veto, o texto, que já tinha sido aprovado pelo Congresso, foi restabelecido e o setor terá uma redução gradual do regime.
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Mato Grosso lidera ranking dos estados com o maior número de abate de bovinos
Os pecuaristas do Brasil abateram 29,80 milhões de cabeças de bovinos em 2022, aumento de 7,5%, após dois anos consecutivos de quedas. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram ainda que o resultado marca uma virada no ciclo pecuário para um nível maior de oferta de gado.
O abate de suínos também cresceu, alcançando um recorde, enquanto o de frango teve um leve recuo após uma máxima histórica em 2021, de acordo com o levantamento que considera abates realizados sob algum tipo de serviço de inspeção sanitária.
Segundo o IBGE, todos os meses do ano de 2022 apresentaram variação positiva no abate de bovinos em relação aos respectivos períodos de 2021, com destaque para setembro, quando foi registrado um aumento comparativo de 33,6%. “Em 2022, foi retomado o abate de fêmeas após três anos de retração, com alta de 19,1% em relação ao ano anterior. Nessa comparação, houve queda de 8,5% nos preços médios”, afirmou Bernardo Viscardi, analista da pesquisa do IBGE.
O Mato Grosso continua liderando o ranking dos estados em abate de bovinos em 2022, com 15,8% da participação nacional, seguido por São Paulo, com 11,5% e Mato Grosso do Sul, com 11,0%. “O aumento de 19,1% do abate de fêmeas foi fundamental para essa retomada. São os ciclos da pecuária. Depois de um período de retenção das vacas para procriação, seguido pela entrada dos bezerros no mercado e sua consequente desvalorização pelo aumento da oferta, as fêmeas começam a ser destinadas ao abate”, justificou Viscardi.
No quarto trimestre do ano passado, foram abatidas 7,49 milhões de cabeças de bovinos sob algum tipo de serviço de inspeção sanitária, alta de 7,7% no ano.
O consultor da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) Amado de Oliveira Filho explica que o estado tem uma característica importante na pecuária de corte. E que a pecuária mato-grossense tem trabalhado para elevar mais ainda a produção.
“Não queremos mais ser apenas campeões em número de relações de cabeça de gado bovino. Nós queremos ser campeões, como o estado que mais produz arroba por hectare. Porque daí nós vamos continuar fazendo o que estamos fazendo. Nós transferimos área de pecuária para agricultura e nós temos o rebanho crescente. Mas estamos também aumentando o peso do animal, nós estamos reduzindo a idade do abate. E é isso que conta no final do dia, final do mês, final do ano, no nosso aumento de produtividade. A nossa produtividade média é acima da média brasileira”, comentou o consultor.
Em 2022, foram abatidos 56,15 milhões de cabeças de suínos, representando um aumento de 5,9% em relação a 2021 e um novo recorde para a pesquisa na série histórica desde 1997. “No acumulado de 2022, as exportações de carne suína in natura mantiveram-se em um patamar elevado, -0,1% abaixo do recorde do ano anterior”, pontuou o analista do IBGE.
Por outro lado, Viscardi afirma que o panorama para a suinocultura brasileira continuou desafiador, com altos custos de produção e oferta abundante, o que afetou o retorno da atividade para os produtores do animal. O abate de suínos somou 13,89 milhões de cabeças no quarto trimestre de 2022, com alta de 3,4% na comparação com o mesmo trimestre de 2021. Foi o melhor quarto trimestre da série histórica, com aumentos em 16 das 24 unidades federativas, destacou o IBGE.
Sobre o frango, o volume de abates ficou em 6,11 bilhões de cabeças, recuo de 1,26 milhão no comparativo anual. Segundo o instituto esse resultado foi o segundo melhor da série histórica iniciada em 1997, superado apenas pelo de 2021.
O IBGE ressaltou que, em 2022, foi registrado novo recorde de exportações da carne de frango in natura e, no mercado interno, a oferta mais ajustada em boa parte do ano favoreceu os preços da avicultura. No quarto trimestre de 2022, foram abatidas 1,56 bilhão de cabeças de frango, alta de 2,2% no ano a ano.
Pelo segundo ano seguido, houve recuo na aquisição de leite cru feita por estabelecimentos sob inspeção sanitária (federal, estadual ou municipal) no país. O volume caiu 5% em 2022, ante 2021, para 23,85 bilhões de litros. A diferença foi de 1,27 bilhão de litros a menos.
Na divulgação dos dados, o IBGE destacou que o ano de 2022 foi marcado por alto custo de produção e por secas no Sul do Brasil, ocasionadas pelo fenômeno La Niña. A restrição da oferta de leite levou a cotações recordes no terceiro trimestre e ao aumento das importações para atender às indústrias. Esses fatores, combinados à demanda incipiente dos consumidores pelos derivados lácteos, contribuíram para a queda.
No quarto trimestre, a aquisição de leite cru foi de 6,29 bilhões de litros. O valor correspondeu a redução de 3,2% em comparação ao volume registrado no quarto trimestre de 2021 e aumento de 2,5% em comparação ao obtido no terceiro trimestre de 2022.
A safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas de 2023 deve atingir o recorde de 298 milhões de toneladas, cerca de 34,9 milhões de toneladas a mais que a produção de 2022, um aumento de 13,3%. Os dados são do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A estimativa é 1,3% menor que o previsto no levantamento anterior, de janeiro, o que representa um recuo de 3,9 milhões de toneladas.
“Os dados de produção do Rio Grande do Sul, que está enfrentando uma seca, começaram a ser observados em fevereiro. Por isso vemos essa queda de 3,9 milhões de toneladas em comparação com o mês anterior. O estado é nosso terceiro maior produtor de grãos”, explica Carlos Barradas, gerente de LPSA.
Barradas afirma que apesar dos impactos sofridos no Rio Grande do Sul, a estimativa de produção de soja e milho no país continua recorde para 2023. “Ao contrário do ano passado, em 2023 a seca está concentrada mais no Rio Grande do Sul, e com menor intensidade no estado. Nos demais estados produtores, como Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, está chovendo muito bem. Por isso estamos batendo novo recorde de produção de soja, milho e grãos”.
Já a estimativa para a produção de arroz foi de 10,0 milhões de toneladas, redução de 2,5% em relação ao mês anterior e de 6,0% em relação a 2022. Apesar das perdas, que no mês de fevereiro chegaram a 252.744 toneladas, essa produção deve ser suficiente para abastecer o mercado brasileiro.
“O principal produtor de arroz do país é o Rio Grande do Sul. Com a seca, é possível que a disponibilidade de água para irrigação tenha sido reduzida, visto que quando há uma seca nessas proporções, muitos municípios limitam a água para este fim. A prioridade é o abastecimento urbano das populações ", explicou Barradas.
O analista Evandro Oliveira explica que os produtores vêm enfrentando prejuízos há algumas temporadas por conta do avanço nos custos de produção e rentabilidade mais baixas. Oliveira descarta qualquer possibilidade de faltar suprimento no mercado interno. “Os produtores de arroz vêm enfrentando prejuízos há algumas temporadas, devido ao aumento do custo de produção e baixa rentabilidade. Mas isso não deve afetar o consumo interno. Por isso, referente ao suprimento interno brasileiro não deve haver falta. Já que as estimativas apontam para um aumento das importações”.
Os produtores brasileiros devem colher 75,8 milhões de hectares, crescimento de 3,5% em relação a área colhida em 2022. Na comparação com a estimativa de janeiro, a área a ser colhida ficou estável. O arroz, o milho e a soja, os três principais produtos da safra, representam 92,8% da estimativa de produção e 87,6% da área a ser colhida.
Em relação a safra de 2022, houve um aumento de 4,1% na área a ser colhida de milho, sendo um aumento de 1,3% na primeira safra do grão e de 5,0% na segunda safra. A área de soja teve um acréscimo de 4,8%, enquanto a área de algodão herbáceo aumentou 1,2%. Por outro lado, houve um recuo de 5,8% na expectativa de área colhida de arroz e de 2,8% para o trigo.
Na comparação entre as pesquisas de fevereiro e janeiro, o IBGE destacou variações negativas nas seguintes estimativas de produção.
Exportações do cereal atingiram recorde de 6,17 milhões de toneladas
As vendas internacionais de milho em janeiro deste ano atingiram o recorde de 6,17 milhões de toneladas, um volume 126% maior do que o mesmo período do ano passado, quando o país exportou 2,73 milhões de toneladas do cereal.
A maior movimentação alcançada no mês de janeiro até então tinha sido registrada em 2016, quando o Brasil enviou 4,4 milhões de toneladas para o mercado mundial. Os dados constam na edição de fevereiro do Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo o analista de mercado da Safras & Mercados Paulo Molinari a demanda externa pelo cereal foi favorecida pelas restrições observadas nos maiores exportadores mundiais, como Estados Unidos, Argentina e Ucrânia.
“Este resultado ainda é um reflexo da demanda global de 2022, o que implicou na boas exportações brasileiras em janeiro. A quebra na Europa, Ucrânia com dificuldades e China comprando 2 milhões de toneladas do Brasil, ajudaram a chegar neste resultado. Não apenas janeiro foi recorde, mas o ciclo de exportação de 2022 que terminou em janeiro de 2023 foi recorde com 46.7 milhões de toneladas embarcadas no Brasil”.
Segundo o estudo da Conab, a firme demanda teve como principal origem os importadores da China, que abriram seus mercados para o cereal brasileiro no final de 2022, sendo destino de aproximadamente 1,16 milhão de toneladas do milho nacional no ano passado, com a maior parte embarcada em dezembro de 2022, representando 18% do total exportado no último mês do exercício passado. Esse desempenho ocorreu também em virtude da boa safra de inverno no país, que ampliou a disponibilidade do cereal para embarque.
Para Molinari, é possível que este cenário de alta nas exportações não se repita em 2023. Na avaliação do analista, os Estados Unidos devem ter uma recuperação de produção nesta próxima safra, com aumento da área de plantio. Quem também deve seguir a tendência de recuperação de produção é a Europa, após uma quebra de safra histórica.
“É uma situação conjuntural e não estrutural, mas não devemos imaginar o que esse conjunto de acontecimentos (quebra de safras) não se repita em 2023, mas é claro que podem se repetir. O Brasil está vindo com uma safrinha novamente com grande potencial, mas ainda temos o segundo semestre, a questão climática e a safra americana. Então são vários fatores que podem influenciar, mas não acredito que o Brasil atinja o mesmo resultado”, explicou o analista.
Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, as projeções das exportações de produtos do agro brasileiro para os próximos 10 anos permanecem favoráveis. Milho, soja, carnes (bovina, suína e de frango) são destaques do relatório das perspectivas agrícolas para 2032.
As vendas externas de milho do Brasil devem passar de 47 milhões de toneladas (2022/23) para 69,1 milhões, em 2032/33. O Brasil passaria, então, a abastecer 30,7% das exportações mundiais, situadas hoje em 25,7%, devendo se igualar aos Estados Unidos no mesmo ano, destacou a pasta em nota.
A região do Matopiba, formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, é a fronteira agrícola que mais cresce, em área plantada, em todo o Brasil atualmente. A informação é do Ministério da Agricultura e da Pecuária. A previsão da pasta é que a região chegue a 8,9 milhões de hectares até o final de 2030.
Nas últimas décadas, a área destinada para a soja em todo o Brasil cresceu quase cinco vezes. Esse aumento foi possível graças ao avanço das pesquisas de entidades como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que resultaram na migração de sulistas em buscas de terras nas Regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
Dentre elas, está a região do Matopiba, formada por 337 municípios e 73,1 milhões de hectares, cerca de 51% da área dos quatros estados. A região abrange os biomas Cerrado, com 90,94% (de toda a área), Amazônia, com 7,27%, e Caatinga, com 1,64%. Existem na área cerca 324 mil estabelecimentos agrícolas, 46 unidades de conservação, 35 terras indígenas, 36 quilombolas e 1.053 assentamentos de reforma agrária, de acordo com levantamento feito pelo Grupo de Inteligência Estratégica (GITE) da Embrapa.
O engenheiro agrônomo e diretor de operações da Brasil Agro Wender Vinhadelli lista os pontos positivos da região. “Do ponto de vista técnico, você tem áreas planas em abundância e que facilitam a sua eficiência operacional, melhor aproveitamento. Segundo: você tem uma luminosidade também interessante. Terceiro: você tem, principalmente nas regiões mais altas, uma amplitude térmica muito boa que aumenta a gama de plantio. Quarto: a gente tem uma parte dessa região onde você pode também - como no Mato Grosso, como em Goiás, como no Paraná, como no Rio Grande do Sul - fazer uma segunda safra. A logística da região é fantástica”.
O Tocantins é o maior produtor de soja da Região Norte do país, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A expectativa é de um bom potencial produtivo das lavouras de soja e milho na safra atual, apesar das oscilações no início da safra, ocasionadas pelo atraso e irregularidade das chuvas.
A projeção indica que a produção passará de 4 milhões de toneladas, um aumento de 3,3% na comparação com a safra 2021/2022. Já em relação à área plantada, o aumento é de 10,9%.
Com uma localização geográfica privilegiada em relação aos portos e ferrovias, o estado possui uma condição logística extremamente favorável que facilita o escoamento da produção e o preço final do produtor. Além disso, as inúmeras áreas de pastagem degradadas têm sido utilizadas para exploração agrícola.
“A gente tem essas áreas de pastagem degradadas que tem grande potencial para reinserção. A questão é avaliar a qualidade dessa pastagem e o custo para fazer a reinserção dessas pastagens para outras práticas agropecuárias, seja implantação de sistemas integrados, com integração, lavoura, pecuária e floresta (ILPF). Então, é explorar melhor. Esse é o grande desafio”, explica Lucíola Magalhães, chefe-adjunta de Pesquisa de Desenvolvimento da Embrapa Territorial.
No Oeste da Bahia, a agricultura se desenvolve em duas áreas com diferentes características: o Vale e o Cerrado. No Vale predomina a agricultura de subsistência, com o cultivo de mandioca, milho, arroz e feijão, além da pecuária. No Cerrado, a área é mais plana, permite mecanização e é onde se firmou o polo agrícola da Bahia. Na região estão as maiores áreas de soja, algodão, milho e café.
O algodão, outra forte cultura do Oeste da Bahia, é considerado o primeiro em qualidade no Brasil. A região é hoje a segunda maior produtora nacional. Na última estimativa de safra, somando também o milho, a área ocupada por estas culturas fica perto de um 1,9 milhão de hectares e a produção passa de 7,6 milhões de toneladas. E a agricultura na região pode crescer ainda mais.
A Volkswagen suspendeu temporariamente a produção de três de suas quatro fábricas de produção no Brasil. A parada na empresa, que começou em 20 de fevereiro, faz parte de sua estratégia de flexibilização na produção para minimizar os efeitos do fornecimento de chips e semicondutores. Os funcionários das unidades de São Bernardo do Campo (SP), São José dos Pinhais (PR) e São Carlos (SP) receberão férias coletivas de dez dias. Apenas a unidade de Taubaté (SP) continuará produzindo normalmente.
O engenheiro mecatrônico e especialista em chips e semicondutores Diogo Andrade explica que os semicondutores são materiais essenciais para a criação de eletrônicos e automóveis.
“As pessoas não param para pensar, mas o computador que ela está usando está cheio de semicondutores, o celular dela tem chips que são fabricados em Taiwan, na Coreia, os carros de hoje têm módulos que precisam dele. Assistentes virtuais que as pessoas usam dentro de casa, smartwatch, tudo tem um processador que é fabricado nessas fábricas de altíssima tecnologia agregada”, explicou o especialista.
Além disso, o engenheiro mecatrônico afirma que a escassez da matéria-prima se deu devido à pequena quantidade de fábricas que produzem a estrutura, já que é demandada alta tecnologia e especialização que poucos dominam.
“Essas fábricas, chamadas de Foundry, quase todas concentradas na Ásia, são altamente especializadas e de altíssima tecnologia. E são poucas no mundo. Como o processo de fabricação é guardado a sete chaves, nenhuma outra pode tomar o lugar rapidamente. São necessários anos de investimento e especialização para chegar ao mesmo nível. Então se a demanda aumenta, como ocorreu nesta pandemia, encontramos um grande gargalo”, destacou Diogo Andrade.
Desde o pico da pandemia em 2020, empresas automobilísticas vem sofrendo um impacto causado pela crise sanitária. Em 2022, a Volkswagen já havia anunciado que a fábrica de Taubaté (SP) estava com falta de chip semicondutores, peça essencial na linha de montagem.
A companhia automobilística afirma que tem monitorado intensamente os efeitos do fornecimento de componentes e que todas as unidades da Volkswagen do Brasil voltarão a produzir normalmente após as férias coletivas.
O economista Guidi Nunes explica que a suspensão na produção diminui a oferta de veículos e, consequentemente, os preços se manterão elevados. “Esse cenário manterá os preços elevados e, junto a isso, temos a transição para o carro elétrico”, afirmou.
Além disso, Guidi Nunes avalia que apesar das faltas de insumos que afetam a produção, a indústria não demitirá funcionários. “A falta de insumos como chips e semicondutores ainda provoca desorganização nas atividades econômicas. Avalio que não acontecerá demissões porque a indústria está com ociosidade, aquém da sua capacidade produtiva”, completou Guidi Nunes.
Apesar das faltas de insumos e da paralisação temporárias, o diretor operacional da Brasal Veículos Lucianos Chagas assegurou que a estratégia adotada pela fábrica não ocasionará nenhum tipo de danos.
“Isso não deve ocasionar nenhum problema para o consumidor de veículos Volkswagen, uma vez que a rede está devidamente estocada. Toda rede Volkswagen tem todos os produtos à disposição. Então o impacto será muito pequeno”, disse em entrevista ao portal.
No ano passado, a montadora seguiu a mesma estratégia para flexibilizar os processos produtivos. Funcionários da Fábrica de São Bernardo do Campo (SP) tiveram redução de jornada, férias coletivas e salários reduzidos.