Exportações

20/03/2024 00:20h

Açúcar, algodão, café verde e carne bovina foram os produtos que impulsionaram o mercado a quase 20% de aumento em comparação com o mesmo período do ano passado

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Açúcar, algodão, café verde e carne bovina. Esses quatro produtos levaram o agronegócio brasileiro a ter um resultado positivo, no mês passado. “Nós temos uma produção muito grande, principalmente vinculada ao setor primário, ao agronegócio — e são grandes volumes de produtos exportados que acabam gerando um saldo positivo na balança comercial”, explica o advogado especialista em agronegócios Francisco Torma, ao comentar o desempenho do país que, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, teve desempenho recorde em fevereiro com relação ao mesmo período do ano passado..

A notícia pode até deixar o setor otimista, mas na opinião do Francisco Torma, o Brasil ainda carece de mais investimentos para que os produtos tenham maior competitividade e atratividade no mercado.

“Óbvio que temos desafios gigantescos, principalmente por estarmos num país com dimensões continentais. E quando nós trabalhamos política agrícola dentro de um país de dimensões continentais, nós vamos precisar fazer adaptações regionais”, analisa.

As exportações do agronegócio alcançaram cifras recordes para os meses de fevereiro, chegando a US$ 11,63 bilhões. O valor foi 19,7% superior na comparação com os US$ 9,71 bilhões exportados em fevereiro de 2023, correspondendo a um crescimento de US$ 1,91 bilhão nos valores exportados, conforme dados do MAPA.

A Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (SCRI/Mapa) mostra os números do agro com relação aos produtos que se destacaram e que contribuíram para o crescimento das exportações em fevereiro de 2024: açúcar (+ US$ 1,06 bilhão); algodão (+ US$ 406, 55 milhões); café verde (+ US$ 313,06 milhões) e carne bovina (+ US$ 211,65 milhões).

Para o analista e consultor de SAFRAS & MERCADO Fernando Iglesias, não adianta ter um índice de produtividade espetacular dentro do seu ramo, mas na hora de comercializar, pecar em alguns aspectos básicos. 

“As regiões que nós temos maior preocupação nesse momento são as grandes regiões que produzem leite, aqui na região sul por exemplo, temos que considerar também os estados do Mato Grosso, alguns outros estados em que a quebra da soja foi mais expressiva e os produtores dessas regiões encontram maiores dificuldades. São dificuldades que poderiam ser mitigadas em caso de bom uso das ferramentas de gestão de risco e gestão de preço.”, salienta.

Exportações e importações

De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, a China continua sendo a principal parceira do agronegócio brasileiro, tendo adquirido US$ 3,60 bilhões em produtos do setor em fevereiro de 2024. O valor colocou o país asiático com 31,0% de participação nas exportações brasileiras do agronegócio no mês. Na sequência vêm os Estados Unidos com US$ 842 milhões.

As importações de produtos agropecuários passaram de US$ 1,34 bilhão em fevereiro de 2023 para US$ 1,44 bilhão em fevereiro de 2024 (+7,5%). Além desses produtos, houve aquisições de inúmeros insumos necessários à produção agropecuária, como: fertilizantes (US$ 640,47 milhões) e defensivos agropecuários (US$ 306,55 milhões).

Para o especialista em agronegócios Marcelo Moura, o país precisa continuar investindo, continuar recebendo incentivos para trazer sempre bons resultados para um setor que é responsável por movimentar a economia.

“Pra colher tem que plantar, e pra plantar precisa de insumos. Então são resultados bastante otimistas, quase 20% de crescimento para o mês. A gente espera que o ano, apesar das dificuldades, principalmente climáticas, que se anunciam, possa trazer novos resultados como esse”, deseja.

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06/03/2024 00:01h

Apesar da alta na produção e exportação, alto custo de faz margem do produtor cair

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Reconhecida internacionalmente, a força do agro brasileiro se reflete em números extensos. Só em 2023, a agropecuária movimentou cerca de R$ 680 bilhões.  A safra 2022/23 foi recorde, com alta de 15% — o maior da série histórica — e  que o ajudou a alavancar o Produto Interno Bruto (PIB) do país, que fechou em 2,9%. 

Há anos, as culturas de soja e milho se destacam. Desde 2000, com a inclusão de tecnologia de  ponta nas lavouras, houve crescimento da produção e ganho de produtividade. A soja, no ano passado, aumentou 27,1% e o milho 19%. Nesse cenário, uma cidade do interior do Mato Grosso tem no nome um sentimento que vem traduzindo o sentimento de seus moradores: Sorriso. 

Há cinco anos, o município mato-grossense de menos de 100 mil habitantes responde sozinho por 1,4% de toda a soja e milho produzidos no Brasil. Além de algodão herbáceo (em caroço) e feijão. Em valor de produção, a cidade chegou a um montante de R$ 11,5 bilhões.  

A força do agro reflete nas oportunidades em outras áreas, como conta o prefeito Ari Lafin (PSDB). “A oportunidade da geração de empregos através do agro. A indústria se consolida no município, fortalece o comércio, instituições de ensino se instalam por aqui, assim como médicos, dentistas, advogados. É uma rede de geração de oportunidades que são geradas através da produção agrícola no nosso município”. 

PIB aumentou, mas a margem dos produtores não

O resultado positivo em 2023 é resultado da safra 2022, e segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira, o Brasil aumenta a todo ano a safra pois ainda tem muita terra onde plantar. “Somos um dos únicos países que ainda temos potencial para aumentar”, acrescenta.  

Apesar disso, o cenário não é apenas de vitórias. Segundo o diretor-executivo, o real cenário para o produtor não é apenas de comemorações. “A gente tem um aumento de PIB, mas com custos muito altos e o produtor acabou ficando numa margem muito baixa, até com prejuízo. Estamos num momento muito ruim. Nos anos anteriores, estávamos num momento positivo, de comemoração. Mas hoje, tanto agricultura quanto pecuária, estão com preços não remuneratórios.” 

O diretor-executivo da Abramilho explica que, mesmo com o aumento da produção e das vendas, o alto custo de produção acaba reduzindo muito a margem de lucro do produtor. 

PIB: apesar de fechar 2023 em alta, atividade econômica mostra desaceleração no segundo semestre

O que faz do Brasil um campeão de exportações 

O Brasil é hoje o maior produtor e exportador de soja do mundo. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produtividade média chega a 55,5 sacas por hectares com potencial de crescimento. Isso porque ainda existem muitos locais de pastagens degradadas — que podem ser usados no futuro para a expansão da lavoura, sem desmatamento. Especialista em direito econômico, o advogado Alessandro Azzoni explica que chegamos a esse nível por termos nos adequado às certificações exigidas internacionalmente. 

“Os nossos produtos são muito bem referenciados lá fora. A qualidade do grão da soja, do milho, frutas, carnes. Nossa proteína tem uma qualificação muito grande — desde o frango, boi, suínos. E o mundo é consumidor.”  

Entre os principais compradores do agro brasileiros, segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) estão China (31,9%), União Europeia (16,1%) e Estados Unidos (6,6%).
 

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29/02/2024 21:45h

Tensão diplomática entre os dois países após declarações do presidente Lula não deve respingar no comércio, avaliam especialistas. Se isso ocorrer, impacto seria pequeno, pois parceria não está entre as maiores do Brasil. Apesar disso, há cidades cuja pauta com Israel é relevante

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Embora improvável, um embargo israelense ao Brasil por conta das declarações recentes do presidente Lula sobre a guerra em Gaza teria pouco impacto na balança comercial brasileira. É o que apontam especialistas em comércio exterior ouvidos pelo Brasil 61. Uma escalada da tensão entre os dois países, no entanto, poderia impactar, em maior grau, as exportações de municípios que têm em Israel um parceiro estratégico. 

Ex-diretor da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), Márcio Coimbra diz que, por enquanto, a relação comercial entre Brasil e Israel não está em risco por conta da relação diplomática abalada. 

"O embargo israelense é algo factível, porém não é provável e nem vai acontecer nesse momento, porque as relações sofreram um abalo na frente política e não num nível que pode levar isso a um conflito na área comercial. O conflito na área comercial acaba sendo um desdobramento de uma relação política que chegou a um nível insustentável. Mas essa relação ainda não chegou nesse nível e eu não acredito que chegará", avalia. 

Um embargo econômico é uma medida adotada por um país para proibir ou limitar o comércio com outro país, o que se reflete nas exportações e importações bilaterais. 

Professora do departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora de comércio internacional do agronegócio, Krisley Mendes trata um embargo israelense como especulação. Ela considera difícil que os ataques do presidente Lula à atuação de Israel na Palestina impactem a relação comercial entre os dois países. 

"Israel tem demanda desses produtos [brasileiros]. As relações comerciais estão presas a questões de ganho mútuo. O governo israelense vai impedir que o empresário israelense compre do Brasil? Ele vai ter que enfrentar o interesse dos empresários israelenses, obrigá-los a comprar uma carne de menor qualidade, mais cara, em outro lugar do mundo, por exemplo. Não sei se isso é possível", analisa. 

Eventual embargo teria impactos locais

Ainda que seja cenário distante, o Brasil 61 buscou saber se um eventual embargo de Israel impactaria significativamente a balança comercial brasileira, em especial o agronegócio. 

Com exclusividade ao portal, a pesquisadora Krisley Mendes fez o levantamento a partir das bases de dados de comércio exterior das Nações Unidas e do governo brasileiro. 

Israel foi o 54º maior destino de produtos brasileiros no ano passado. O país localizado no Oriente Médio rendeu US$ 600 milhões num universo de US$ 340 bilhões, apenas 0,19% de tudo o que foi exportado pelo Brasil. "É bem pequeno", classifica Mendes. 

Segundo a pesquisadora, mesmo quando se observam os itens mais vendidos pelo Brasil aquele país nos últimos quatro anos, não se nota participação significativa. 

No ano passado, os óleos brutos de petróleo foram o principal item exportado para Israel. Ainda sim, representou apenas 0,3% do total de exportações brasileiras desse produto a nível internacional. 

A soja vendida aos israelenses, por sua vez, significou apenas 0,2% das vendas totais brasileiras do grão. Já quanto à carne bovina congelada, a participação foi de 1,5%, enquanto a do suco de laranja foi de 0,5% e, a do café, de 4,2%.

"Mesmo para esses produtos, Israel ainda é um destino irrelevante", aponta. 

Se as exportações são pouco significativas para o país, em geral, o mesmo não se pode dizer em relação a alguns municípios brasileiros, cujas vendas para Israel têm peso importante na balança comercial. 

Em destaque está São Félix do Xingu, no Pará. Dos quase US$ 23 milhões – equivalente a R$ 114 milhões – que o município exportou em produtos no ano passado, Israel foi responsável por 88%. 

Já no município paulista de José Bonifácio as exportações totalizaram pouco mais de US$ 18 milhões, sendo que 16% embarcou rumo a Tel Aviv. 

Em Cruzeiro do Oeste, no Paraná, as vendas para o país do Oriente Médio representaram 21% dos cerca de US$ 16,7 milhões exportados, enquanto em Anastácio, Mato Grosso do Sul, 22% dos US$ 10 milhões em vendas ao exterior. 

Segundo a pesquisadora, um eventual embargo poderia abalar as contas dessas cidades. "Às vezes não é importante para o Brasil, mas é para um município em que toda dinâmica está em torno da exportação para Israel", lembra. 

Importações

Israel ocupa entre a 28ª e a 35ª posição entre as origens das importações brasileiras. No ano passado, dos US$ 241 bilhões que o Brasil importou, US$ 1,4 bi – cerca de 0,6% – vieram de lá. 

O principal item da pauta são os fertilizantes, dos quais o Brasil  depende para a produção nas lavouras. Ao contrário das exportações, Israel têm participação importante em alguns produtos, aponta a pesquisadora. 

No ano passado, os fertilizantes de cloretos de potássio representaram 9% de tudo o que o Brasil comprou no exterior, enquanto aqueles de superfosfatos significaram 22%, por exemplo. Também usados pelo agro, os inseticidas comprados de Israel foram 9% do total, enquanto os herbicidas, 25%. 

Krisley diz que, além de Israel, outros países são grandes exportadores desses produtos, o que permitiria ao Brasil abrir novas frentes em caso de embargo. 

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16/02/2024 04:15h

Conab estima redução de 10,9% em relação ao ciclo anterior

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Desde o ano passado, produtores de milho enfrentam dificuldades no plantio e colheita do grão. Por causa das condições climáticas, principalmente influenciadas pelo fenômeno El Niño, as regiões produtoras não têm passado por bons momentos no Brasil. Para a safra 2023/2024, a produção total está estimada em 117,6 milhões de toneladas — uma redução de 10,9% em relação ao ciclo anterior —, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 

As perspectivas com o milho 1ª safra —  na estimativa de janeiro da companhia — são de produtividades menores, com exceção do Sul do país, que registrou aumento de 13%, na comparação das safras 2022/23 e 2023/24. 

Já o Nordeste teve variação negativa de 13%; o Sudeste de 9%; o Norte de 7% e o Centro-Oeste de 3%. Além das questões climáticas, as pragas também aumentaram, prejudicando o desenvolvimento das lavouras. 

De acordo com a análise da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a falta de margem positiva para o milho em 2023 deixou o produtor indeciso sobre investir ou não na cultura.

Enori Barbieri, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina, diz que, no último ano, os produtores não tinham nem como pagar os custos da lavoura, já que a produção do milho tem um custo bem maior do que a da soja, por exemplo.

“Não há nenhum estado brasileiro que diga: eu vou colher minha safra e pagar minhas contas. Pelo contrário, ainda estamos plantando a safrinha, que é o grande volume da safra de milho brasileira, já que se projetava uma safra de mais de 130 milhões de toneladas, dos quais a safra foi em torno de 24, e o restante era safrinha, então ninguém consegue hoje dimensionar qual vai ser a área plantada de milho — qual vai ser o volume e a que preço”, comenta. 

Mesmo assim, o Brasil foi o maior exportador de milho do mundo na safra 2022/2023, sendo responsável por 32% das exportações mundiais — 56 milhões de toneladas, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Já os Estados Unidos, que lideram o mercado de milho há mais de um século, exportaram cerca de 23%. 

Perspectivas

O engenheiro agrônomo Charles Dayler avalia que, até o segundo semestre de 2024, os produtores terão os mesmos problemas do fim do ano passado, só que mais brandos, já que o El Niño vai perdendo força. Portanto, as chuvas intensas e as temperaturas extremas são preocupantes.

“Tudo isso vai afetar. Tanto a questão de colheita, a maturação da planta e também afeta a questão de pragas, porque dependendo da variação de temperaturas, você pode ter um tempo maior com a temperatura favorável para as pragas que atacam as lavouras. Tudo isso deve ser levado em consideração, pensando no que vai ser plantado neste ano”, explica.

Ele analisa ainda o que pode ajudar a melhorar esse cenário: “A gente pode tentar monitorar melhor o tempo, acompanhar bem as previsões do Inmet. Estar sempre preparado para a questão de replantio, porque uma vez que você coloca a semente no campo, a chuva pode não vir, então você tem que estar sempre preparado para isso”, reforça. 

A produção brasileira de grãos, em geral, deve chegar a 306,4 milhões de toneladas, segundo o 4º levantamento da safra 2023/24, divulgado pela Conab no mês passado. Se confirmado, o volume representa uma queda de 13,5 milhões de toneladas em relação à safra 2022/23.

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09/02/2024 00:05h

Indústria de transformação e comércio são os que mais crescem e oferecem oportunidades

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Se tem um lugar da casa onde é difícil cortar do orçamento é a cozinha. E se a comida movimenta o mercado, estimula a economia, ela também gera emprego. Segundo o informativo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Emprego no Campo, em dezembro de 2023 464 postos de trabalho foram gerados no setor de Comércio Atacadista de Frutas, verduras, hortaliças e legumes frescos. 

O produtor rural Rafael Corsino é dono de fazendas no DF e em Goiás — que produzem alho, cebola e cenoura. Ele conta que a diversidade de formas de plantio e mão de obra variam muito de acordo com cada região no país. Ele dá o exemplo da região Sul, que planta a cebola em maio e junho. “E colhe no final do ano. Então a contratação deles é no final do ano. Novembro, dezembro é a época de contratação  —e eles começam a vender no primeiro semestre.” 

Tanto no Sul quanto no Nordeste, a mão de obra costuma ser mais vasta, já que a maioria são pequenos e médios produtores que usam menos máquinas e tecnologia. 

A variação do fator clima

 Clima. Imprevisível e incontrolável, esse fator é um dos que mais influenciam o agronegócio no mundo. E no Brasil, o ano de 2023 teve fenômenos atmosféricos que se impuseram: La Niña e El Niño. Eles influenciaram não só na produção, como na empregabilidade do setor, como explica Corsino.

“O clima, que saiu da La Nina para o El Niño, e vai continuar até setembro, teve uma influência direta na produção, na produtividade, nas perdas — que foram muitas — contratações e nas dispensas em função do clima.”

A carne é o ouro do Brasil 

Brasil. O maior exportador de carne bovina do mundo também demanda mão de obra para o processamento do produto. Segundo o levantamento da CNM, foram criados 11.856 postos de trabalho em 2023 dentro de frigoríficos, com o abate de bovinos. 

A cidade de Assis Chateaubriand, no Oeste do Paraná, com 36,8 mil habitantes, teve um salto gigantesco na geração de empregos depois da instalação do maior frigorífico da América Latina, no final de 2022. O crescimento foi de 769% — passando de 284 postos de trabalho em 2022 para 2.464 em 2023 — levando a cidade para a oitava colocação no ranking de empregabilidade do estado.

No estado vizinho, Santa Catarina, onde a produção de aves e suínos é o forte, 2023 fechou com US$ 3,2 bilhões em exportações. Para o diretor-executivo do Sindicarne-SC, Jorge Luiz de Lima, o aumento nos postos de trabalho no setor são reflexo dos investimentos que as agroindústrias vêm fazendo no setor ao longo dos últimos cinco anos.

“As principais agroindústrias do setor — não importa o porte, se são pequenas, médias ou grandes — todas elas têm investido de maneira a ampliar seu parque fabril, a agregar tecnologia e a trazer novos e diferentes sistemas dentro do processo produtivo.” 

Segundo o diretor, isso agrega conhecimento, qualificação de pessoal, não só garantindo as vagas de trabalho existentes, mas agregando outras. Ele ainda ressalta que “para cada vaga direta de emprego criada, outros oito postos de trabalho indireto são criados.” 
 

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07/02/2024 10:00h

A remessa faz parte de um acordo de distribuição comercial e marketing com a Glencore

A Sigma Lithium Corporation concluiu seu sexto embarque de concentrado de lítio para a Glencore AG. O volume destinado somou 22 mil toneladas e saiu do Porto de Vitória. Para aquisição do concentrado de lítio, a Glencore efetuou um pré-pagamento de 50% do valor do sexto carregamento. Este pré-pagamento reflete o preço premium a um valor provisório de 7,5% do hidróxido de lítio na LME (média China, Japão, Coreia do Sul) para o exclusivo concentrado de Lítio Verde Quíntuplo Zero da empresa. A remessa faz parte de um acordo de distribuição comercial e marketing com a Glencore, que visa construir uma cadeia de fornecimento global de lítio de baixo carbono, ambiental e socialmente sustentável para veículos eléctricos.

"A nossa planta greentech atingiu 270 mil toneladas de capacidade nominal anualizada há apenas alguns meses e já conseguiu alcançar a consistência e a cadência de produção fornecidas apenas por produtores de grande escala”, disse Keith Prentice, co-diretor geral da Sigma. Para Catarina Noci, diretora comercial, a Sigma é a mais recente participante em um mercado global de lítio altamente competitivo. “Nosso sucesso comercial significativo é o resultado das propriedades técnicas únicas do nosso concentrado de lítio, incluindo a sua elevada pureza e granulometria."

A Sigma Lithium conseguiu industrializar um Lítio Verde Quíntuplo Zero único, reconhecido na COP28 como o lítio mais sustentável do mundo. A produção de lítio da Sigma  tem como características ser Carbono líquido zero: Primeiro produtor em grande escala na indústria do lítio a atingir a neutralidade de carbono; Zero energia a carvão na fábrica greentech: 100% de energia renovável; Zero barragem de rejeitos: 100% de rejeitos empilhados a seco; Zero utilização de água potável: Tratamento de esgoto para resíduos fecais sólidos para a água de entrada da planta greentech e a Utilização zero de produtos químicos perigosos no processamento do concentrado de lítio.

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05/02/2024 02:15h

Segundo especialistas, tanto escassez hídrica quanto excesso de chuvas provocados pelo El Niño devem reduzir a produção. Aprosoja Brasil projeta que a produção deva chegar a 135 milhões de toneladas

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Tanto a escassez hídrica como o excesso de chuvas na colheita, causados pelo fenômeno do El Niño, devem reduzir a produção de soja no Brasil. Conforme a Aprosoja-Brasil, a safra de 2023/2024 está em 135 milhões de toneladas. O número é menor do que tem sido divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – 155,3 milhões de toneladas. 

Já o quinto levantamento da consultoria Datagro estimou a safra de soja do Brasil em 148,55 milhões de toneladas. O número caiu 2,8% em comparação com a pesquisa anterior.

O doutor em Agronomia, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e coordenador da Equipe FieldCrops, Alencar Junior Zanon, explica que as mudanças climáticas devem comprometer a safra de 2023/2024.

“Nessa safra, em específico, o El Niño provocou uma alteração do regime hídrico, principalmente no mês de novembro, início de dezembro. Pensando em Mato Grosso, essa irregularidade e a baixa precipitação no mês de novembro e dezembro fez com que as cultivares precoces tivessem produtividades muito baixas. E quem plantou em setembro no Mato Grosso colheu muito pouca soja porque pegou muito pouca chuva. Se pensar no Nordeste, já é esperado que chova menos, pensando na Bahia, uma parte do Maranhão”, explica.

De acordo com a Aprosoja-MT, a safra de soja 2023/24 em Mato Grosso deve apresentar uma redução de 9,56 milhões de toneladas em relação à safra 2022/23. 

Para a região Sul do Brasil, também há expectativa de redução na produtividade, como ressalta o professor. “A configuração do El Niño, teoricamente para o sul do Brasil, era boa. E esse ano, pensando no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, em virtude dessa seca, dessa estiagem que está ocorrendo, acabou que vai comprometer a expectativa da safra”, explica.

Principal cultura de verão do Rio Grande do Sul, a soja possui uma área plantada de mais de 6 milhões de hectares. Em 2023, o estado colheu cerca de 12 milhões de toneladas da oleaginosa. Para a safra 2023/2024, a Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG-RS) estima uma colheita de 21 milhões de toneladas. 

Exportação da soja no Rio Grande do Sul

A soja em grão foi o produto mais exportado no Rio Grande do Sul em 2023. O produto representa 18,2% da participação total das exportações do agronegócio gaúcho, gerando US$ 4,05 bilhões.  Os dados são do Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à SPGG-RS.

Conforme a secretaria, em torno de 90% da soja colhida no estado é vendida ao exterior, principalmente para a China – mais US$ 644,8 milhões, o que representa 22,9%. Em seguida, aparecem o Iraque (mais US$ 59,4 milhões) e Bangladesh (mais US$ 52,3 milhões).

Segundo a SPGG-RS, quase todos os municípios gaúchos plantam alguma porção da oleaginosa, sendo Dom Pedrito, Rio Pardo, Cachoeira do Sul, São Gabriel e Palmeira das Missões os maiores produtores. Aproximadamente 12.000 empregos formais nos estados no estado estão relacionados ao cultivo e manejo da soja. 

O pesquisador do Departamento de Economia e Estatística da Secretaria, Sérgio Leusin Jr., ressalta que a soja desempenha um impacto significativo na geração de renda no estado. 

“A agropecuária é responsável por mais de 30% da atividade econômica em 268 municípios gaúchos. Sendo a participação da agropecuária superior a 50% da atividade econômica em 73 municípios do Rio Grande do Sul. Em geral, esses municípios integram as economias regionais por meio da oferta de produtos finais e de matéria-prima para a agroindústria e demanda um variado conjunto de bens e serviços agropecuários e também não agropecuários”, diz. 

PIB do agronegócio brasileiro recua 0,94% em 2023

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24/01/2024 04:15h

A primeira ferrovia estadual do país chega ao estado para ligar cidades produtores, facilitar escoamento e fomentar o desenvolvimento

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A produção agrícola brasileira disparou em 2023 e foi responsável por quase metade da exportação nacional no ano, US$ 166,5 bilhões, boa parte vindo dos grãos: soja e milho. E Mato Grosso é o estado que lidera a produção dos dos commodities —  e também da cana-de-açúcar no país. 

Mesmo com safra recorde em 2023, agro ainda carece de incentivos do governo

Segundo uma pesquisa feita pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com base nos dados da Produção Agrícola Municipal (PAM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mato Grosso também tem 41 das 100 cidades mais ricas do país. Entre elas estão Campo Verde, Diamantino, Lucas do Rio Verde, Primavera do Leste, Nova Ubiratã e Nova Mutum. 

Um ciclo virtuoso: produção que gera riqueza, que, por sua vez, atrai investimentos. Um exemplo disso é a primeira ferrovia estadual que está sendo construída no estado desde 2022. Uma estrada de ferro com mais de 730 km de extensão, que vai passar por cidades estratégicas da produção agrícola como Rondonópolis, Cuiabá, levando até Mutum e Lucas do Rio Verde. 

Escoamento que leva a desenvolvimento

A ferrovia estadual — que só deve ficar 100% pronta em 2030 — será entregue por etapas e as obras, que estão sendo feitas por uma empresa contratada, estão sendo acompanhadas de perto pelo governo. O secretário de desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, César Miranda, explica de que forma o modal vai contribuir para o desenvolvimento do estado. 

“É mais um modal ferroviário dentro do estado de Mato Grosso — o maior produtor de grãos desse país, o maior produtor de carne bovina, etano, e milho —  e que nós vamos ter condições através da ferrovia, não só de ter uma maior competitividade na questão do frete, mas também de ter mais uma opção para aqueles que querem transportar aquilo que é produzido em Mato Grosso.”

Para o secretário, o modal ainda dá a possibilidade do caminho inverso, permitindo que uma grande variedade de mercadorias vindas de outras partes do Brasil cheguem até o Mato Grosso. “Ela melhora o escoamento da nossa produção agrícola de forma substancial. Um modal sustentável e que vai, não só baratear o frete como dar mais uma opção de logística.” 

Projeções para o futuro

Depois da safra recorde que levou o Brasil a aumentar a exportação agropecuária em 2023, este ano deve ser mais modesto, segundo o economista César Bergo. Ele cita as mudanças climáticas, questões ambientais, que têm impactos no ecossistema e na produção agropecuária, uma das atividades mais sensíveis e suscetíveis a essas alterações. 

Apesar disso, o economista aposta no cenário econômico para equilibrar o jogo. “A questão relacionada à conjuntura econômica deve contribuir para a melhora do ambiente de negócio e assim, o agronegócio acaba ganhando com isso. Teve a queda da inflação, a queda dos juros também deve acontecer e  favorecer o acesso a um crédito mais barato. Além da melhoria da renda dos consumidores que acaba fortalecendo o mercado de consumo.”

Já a consultoria da Biond Agro, empresa de gestão e comercialização de grãos, é mais otimista e prevê crescimento ainda maior para este ano. Apesar do clima continuar sendo o responsável pelo sucesso ou não da safra, dados do time de inteligência e em referência à safra de soja, estimam uma colheita acima de 153 milhões de toneladas, marca alcançada pelo país em 2022.
 

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20/01/2024 16:45h

Quase metade de tudo que saiu do país no ano passado veio do agro; foram US$ 166,55 bilhões, com destaque para grãos como soja e milho

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O produtor de soja de Goiás Leonardo Boaretto comemora o recorde na exportação do agro em 2023. Resultado positivo decorrente ainda da safra de 2022, quando o país produziu a maior quantidade de grãos da história, sobretudo soja e milho. 

“Uma superprodução, um excedente enorme, que fez com que os preços no mercado interno recuassem e o exportador aproveitou para comprar soja e milho baratos.” 

Foram US$ 166,5 bilhões em exportações do agronegócio em 2023, 4,8% a mais que no ano anterior. O que fez com o que o agro fosse responsável por 49% de tudo que saiu do brasil no período — 1,5% a mais que em 2022. Os grãos exportados chegaram a 193 milhões de toneladas. 

Mas outros produtos também ajudaram a fazer com que o Brasil atingisse números tão grandiosos, somando US$ 1 bilhão em vendas externas. A exportação de carnes subiu 5,4%. A de açúcar, 15,1%. Já sucos, frutas e couros e seus produtos subiram 6%, 5,9% e 19,7%, respectivamente. 

Por setor, os que mais contribuíram nas vendas do agronegócio foram: 

Oferta e demanda

A superprodução fez com que os preços internos e externos caíssem. Apesar do grande volume de vendas, os produtores acabaram reduzindo o lucro. Segundo o economista César Bergo, isso desagradou parte do setor. 

“No segundo semestre, principalmente, os preços começaram a cair, levando muitos produtores a vender os produtos abaixo dos preços que eles esperavam. É claro que isso gerou muita reclamação no setor, mas faz parte do jogo econômico, que envolve a famosa lei da oferta e da demanda.” 

O produtor Leonardo Boaretto ressalta que, mesmo com a produção recorde, ainda faltam incentivos do governo para facilitar, por exemplo, o escoamento das mercadorias. 

“Nós precisamos ter urgentemente mais ferrovias, para diminuir o custo do transporte rodoviário. Precisamos melhorar os nossos portos, precisamos ter institutos de pesquisas confiáveis que consigam fazer estimativas precisas da produção nacional. Isso a gente não tem hoje”, reclama.

Além disso, Boaretto cobra a redução de encargos e impostos e, ao mesmo tempo, mais linhas de crédito para financiamento de máquinas e despesas de custeio. Outro ponto de insatisfação é a legislação trabalhista, que foi feita para o trabalhador urbano, mas excluiu o assalariado do campo. 

Cenário que pode melhorar, concordam economista e produtor, com mais investimentos no setor. “É preciso que os produtores tenham acesso às tecnologias, que é de fundamental importância para melhorar não só o desempenho do setor, mas também vai permitir que esse setor alcance mais produtividade e sustentabilidade”, acredita César Bergo.

A projeção do especialista em economia é que, passada a safra recorde do ano passado, a produção de 2024 seja menor, o que pode ser contornado com preços mais atrativos dos insumos agrícolas e pecuários.

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19/01/2024 10:45h

As importações alcançaram 5 milhões de toneladas e cresceram 50% em 2023

O Instituto Aço Brasil (IABr) divulgou que o Brasil produziu 31,9 milhões de toneladas de aço bruto, uma redução de 6,5% na comparação com 2022. As vendas internas somaram 19,4 milhões de toneladas e registraram queda de 4,4% em 2023 em relação ao ano anterior. As importações alcançaram 5 milhões de toneladas e cresceram 50% em 2023.

Já as exportações atingiram 11,7 milhões de toneladas, redução de 1,8% na comparação com o mesmo período de 2022, enquanto o consumo aparente de produtos siderúrgicos foi de 23,9 milhões de toneladas, aumento de 1,5% que se deve exclusivamente à disparada das importações. Na comparação entre os meses de novembro e dezembro de 2023, a produção de aço bruto foi de 2,5 milhões de toneladas, recuo de 7,8%. As vendas internas ficaram em 1,4 milhão de toneladas, 10,8% abaixo do apurado em novembro. As exportações foram de 842 mil toneladas e caíram 12,3%, enquanto o consumo aparente de produtos siderúrgicos chegou a 1,9 milhão de toneladas, diminuição de 2,4% na mesma base de comparação. As importações cresceram 43,5% entre novembro e dezembro de 2023, tendo atingido 511 mil toneladas.

O Índice de Confiança da Indústria do Aço (ICIA) cresceu 3,2 pontos frente ao mês imediatamente anterior e atingiu 40,9 pontos. Apesar da alta, o indicador segue abaixo de 50 pontos por 15 meses seguidos, reflexo da falta de confiança dos CEOs da indústria do aço.

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