O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, registrou queda de 0,11% em agosto, a primeira deflação do ano. O resultado foi influenciado principalmente pelos grupos Habitação (-0,90%), Alimentação e bebidas (-0,46%) e Transportes (-0,27%), que juntos retiraram 0,37 ponto percentual do índice geral.
Na energia elétrica, o recuo foi de 4,21% em função do bônus de Itaipu, creditado nas faturas de agosto. No grupo alimentação, os destaques foram as quedas do tomate, batata-inglesa, cebola, arroz e café Já nos transportes, os preços de gasolina, etanol e passagens aéreas tiveram retração.
O conselheiro do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF), Guidi Nunes, avalia que o alívio em agosto foi condicionado a fatores específicos. “Assim, o fator principal que pesou nessa influência foi o fator habitação, particularmente energia, que é o bônus de Itaipu. Na parte de energia, teve um desconto de 4,2%, que é só para agosto. Não vai ter, em setembro, esse desconto, então ela volta à normalidade”, aponta.
Com o resultado, o IPCA acumula alta de 3,15% no ano e 5,13% em 12 meses.
Para o conselheiro, trata-se de um quadro positivo: “Esse cenário todo, inflacionário brasileiro é um cenário benigno. O Banco Central ainda tem uma taxa de juros alta, perseguindo a meta de inflação de 3%, sendo que o teto é 4,5%, e a inflação tem ficado, nos últimos seis anos, na faixa de 5%.”
IPCA: diferenças regionais
O comportamento do IPCA em agosto variou entre as capitais (ver tabela abaixo). Vitória (ES) foi a que apresentou a maior alta, de 0,23%, puxada por energia elétrica e taxa de água e esgoto. Já Porto Alegre (RS) e Goiânia (GO) tiveram as maiores quedas, ambas de -0,40%, influenciadas pela retração nos preços da energia e da gasolina.
O gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, reforçou essas variações. “Em termos de regionais, a maior variação do IPCA foi em Vitória, com alta de 0,23%, e a menor em Goiânia e Porto Alegre, com queda de 0,40%.
Região | Peso Regional (%) | Variação (%) | Variação Acumulada (%) | ||
---|---|---|---|---|---|
Julho | Agosto | Ano | 12 meses | ||
Vitória | 1,86 | 0,10 | 0,23 | 3,56 | 5,30 |
Brasília | 4,06 | 0,01 | 0,11 | 3,37 | 4,93 |
São Paulo | 32,28 | 0,46 | 0,10 | 3,57 | 5,61 |
Fortaleza | 3,23 | 0,11 | -0,07 | 3,09 | 5,01 |
Curitiba | 8,09 | 0,33 | -0,07 | 3,33 | 5,46 |
Rio Branco | 0,51 | -0,15 | -0,08 | 1,95 | 4,78 |
Salvador | 5,99 | 0,02 | -0,08 | 2,94 | 4,94 |
Belém | 3,94 | -0,04 | -0,15 | 3,19 | 5,33 |
Recife | 3,92 | 0,32 | -0,24 | 3,09 | 4,58 |
Aracaju | 1,03 | 0,28 | -0,26 | 3,48 | 4,60 |
Belo Horizonte | 9,69 | 0,22 | -0,26 | 3,34 | 5,25 |
São Luís | 1,62 | -0,02 | -0,27 | 2,60 | 4,88 |
Campo Grande | 1,57 | -0,19 | -0,28 | 2,26 | 4,68 |
Rio de Janeiro | 9,43 | 0,24 | -0,34 | 2,35 | 4,63 |
Goiânia | 4,17 | -0,14 | -0,40 | 1,68 | 4,85 |
Porto Alegre | 8,61 | 0,41 | -0,40 | 3,18 | 4,29 |
Brasil | 100,00 | 0,26 | -0,11 | 3,15 | 5,13 |
Fonte: IBGE
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.
Na primeira quadrissemana de setembro, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), registrou queda de 0,20%. O resultado reforça a tendência de desaceleração da inflação, depois das altas observadas em julho, e mostrou que cinco das oito classes de despesa registraram acréscimos em suas taxas de variação.
Na composição do índice, Habitação foi o destaque de baixa, com variação passando de -0,80% para -0,27%. Os grupos que apresentaram acréscimo nas suas taxas de variações foram Educação, Leitura e Recreação (-0,90%), Alimentação (-0,28%), Transportes (0,19%) e Vestuário (0,29%).
Segmentos como Despesas Diversas e Saúde e Cuidados Pessoais apresentaram recuo em suas taxas, enquanto Comunicação apresentou estabilidade.
De acordo com o economista César Bergo, o movimento confirma que a inflação vem cedendo de forma gradual, mas em velocidade menor que no início do processo. Ele avalia que, apesar de pressões pontuais, os preços começam a se acomodar “dentro de um certo controle”.
“Isso mostra que a inflação, embora venha apresentando uma queda gradativa, está diminuindo a sua velocidade. Então, isso pode ter um certo impacto nas próximas semanas. Mas o importante é que vem atingindo um patamar em que coloco os preços de alguma forma dentro de um certo controle”, avalia.
A expectativa é de que, nas próximas semanas, a inflação mantenha o ritmo de queda e até registre episódios de deflação, o que poderia ampliar o poder de compra das famílias até o fim do ano. Bergo destacou ainda que fatores externos, como as tarifas impostas pelos Estados Unidos, trouxeram impacto principalmente para as capitais do Norte e do Nordeste, que sentiram a redução das exportações. “De todo modo, é ainda uma incógnita, é um peso grande no tocante às exportações brasileiras, em que a negociação, a diplomacia, não está fazendo efeito, mas o Brasil tem conseguido novos mercados."
O cenário político chama atenção, devido ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro que pode influenciar a postura americana em relação a novas sanções comerciais contra o Brasil.
No acumulado de 2025, o IPC-S registra alta de 2,41% e, em 12 meses, avanço de 2,90%, mantendo a inflação sob controle em meio às incertezas externas e internas.
A prévia da inflação oficial de agosto registrou deflação de 0,14%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado nesta terça-feira (26) pelo IBGE. O resultado foi puxado pelas quedas nos preços de transportes, habitação e alimentação. No acumulado de 12 meses, a taxa recuou para 4,95%, abaixo dos 5,30% apresentado em julho.
O destaque foi para Habitação que recuou 1,13%, resultado da queda nos valores da energia elétrica residencial (4,93%), reflexo da incorporação da usina de Itaipu nas faturas, mesmo com manutenção da bandeira vermelha. O grupo dos Transportes apresentou deflação de -0,47%, impulsionado pela queda da gasolina e etanol, além da redução nas passagens aéreas.
No grupo Alimentação e bebidas, itens importantes do consumo diário, como manga, tomate, batata-inglesa, cebola, arroz e carnes apresentaram retração de -0,53%. Por outro lado, a alimentação fora do domicílio subiu, devido à alta dos lanches, mas não foi fator determinante para impedir a queda do grupo. Já Despesas pessoais, Educação, Saúde e cuidados pessoais, Vestuário e Artigos de residência apresentaram variações e impactos positivos ou nulos.
De acordo com César Bergo, o resultado mostra um cenário positivo para a inflação no país. “O IPCA-15 apresentou uma deflação, uma boa notícia, uma deflação de 0,14%, embora o mercado acreditasse que poderia ser um pouquinho maior a queda dos preços, mas é muito importante para trazer a inflação nos últimos 12 meses para baixo de 5%. Então, a projeção para o final do ano é que fique nessa linha, em torno de 4,9% a inflação”, afirmou.
Bergo também destacou que a queda nos preços da energia elétrica pode continuar nos próximos meses, caso haja mudança para bandeiras tarifárias menos onerosas. Além disso, fatores externos devem contribuir para manter a inflação em trajetória de desaceleração. “A questão da taxação americana, que pode trazer produtos que seriam anteriormente exportados para os Estados Unidos para o mercado brasileiro, como por exemplo a carne, e também o pescado”, avaliou.
O economista observa que, apesar da melhora, a inflação deve terminar 2025 ainda ligeiramente acima do teto da meta de 4,5%. “Então existe uma boa perspectiva da inflação continuar caindo e assim, de alguma forma, contribuir também para que o Banco Central possa decidir definitivamente pela redução da taxa Selic, que será tão importante para o nosso país", concluiu.
O IPCA-15 é calculado pelo IBGE como prévia do índice oficial de inflação, medindo a variação dos preços de bens e serviços consumidos pelas famílias durante o período de 16 de julho a 14 de agosto e comparados à última prévia feita.
O mercado financeiro voltou a reduzir as projeções para a inflação do próximo ano. Segundo o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (25), a expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 4,95% para 4,86% em 2025. Apesar da queda, a taxa ainda supera o teto da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5%.
Essa é a 13ª semana consecutiva de revisão para baixo nas projeções, que também apontam recuo para os anos seguintes: 4,33% em 2026, 3,97% em 2027 e 3,8% em 2028.
Para o economista-chefe da Análise Econômica, André Galhardo, a trajetória de queda reflete uma correção das expectativas exageradas feitas no início do ano.
“Essa projeção de inflação menor por parte do mercado financeiro decorre justamente das projeções que o mercado fez no começo do ano. Nós tínhamos projeções de inflação muito mais altas, tínhamos instituição projetando que o IPCA encerraria o ano de 2025 acima de 7,1% e parte da explicação para essas projeções tão ruins no começo derivam de duas coisas: a primeira delas, o descontrole cambial visto em dezembro do ano passado; e a segunda, na crença de que as contas públicas sairiam de controle — nenhuma das coisas acabou se mostrando verdadeira.”
A queda recente dos preços dos alimentos e a estabilidade relativa do barril de petróleo ajudaram a aliviar as expectativas. Segundo Galhardo, isso abre a possibilidade de cortes no preço da gasolina até o fim do ano.
“De modo geral, além desse ajuste, o mercado tem projetado uma inflação mais baixa. Projetou muito alto lá no começo, mas também tem um comportamento relativamente benigno dos preços dos alimentos, relativamente benigno do barril do petróleo — o que inclusive pode abrir espaço para que a Petrobras corte o preço da gasolina nessa reta final de 2025.”
Em julho, o IPCA oficial medido pelo IBGE ficou em 0,26%, acumulando alta de 5,23% em 12 meses, ainda acima do teto da meta. O resultado foi pressionado pelo aumento na conta de energia e pela variação cambial, mas compensado pela queda nos alimentos.
A taxa Selic segue em 15% ao ano, após sete altas consecutivas interrompidas em julho pelo Comitê de Política Monetária (Copom). O mercado projeta manutenção do patamar até o fim de 2025, com recuos graduais nos anos seguintes.
Para Galhardo, embora a política monetária tenha influência na desaceleração da economia e na formação das expectativas, ela não é o único fator que explica a redução das projeções.
“Claro que tem o papel da taxa básica de juros, que já tem contribuído para desaceleração da atividade econômica, e isso também contribui para a ancoragem das expectativas, para a redução das projeções de inflação, sobretudo de curto e médio prazo. Agora, seria incorreto atribuir essa ancoragem das expectativas ao papel da política monetária. O que tem puxado a inflação para baixo nesse momento é, sobretudo, um arrefecimento dos preços dos alimentos e, em alguma medida, dos transportes também.”
Além da inflação, o Boletim Focus também revisou ligeiramente para baixo a projeção de crescimento do PIB deste ano, que passou de 2,21% para 2,18%. Para 2026, a expectativa é de expansão de 1,86%.
Na segunda quadrissemana de agosto de 2025, o índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), registrou alta de 0,09%, acumulando, nos últimos 12 meses, uma variação positiva de 4,31%. Esse resultado representa uma desaceleração em comparação à alta de 0,38% observada na primeira quadrissemana do mês.
Dos oito grupos que compõem o índice, seis apresentaram redução de variação. O grupo Habitação passou de 1,00% para 0,18%, enquanto Educação, Leitura e Recreação recuaram para -0,44%. Alimentação também registrou queda intensa dos preços, com -0,31%, ao lado de Transportes, com -0,29%, Despesas Diversas, de 1,52% para 1,08% e Vestuário, para 0,01%.
Segundo o economista César Bergo, esse decréscimo foi provocado, principalmente, pela queda nos preços dos combustíveis, o que impactou diretamente o grupo dos transportes. “Provocada principalmente pelo preço dos transportes, em função da queda no preço dos combustíveis. Também contribuiu para isso o item educação, onde também houve um recuo dos preços. Agora, o positivo é o preço dos alimentos também, que acaba caindo. Isso vem acontecendo de maneira geral no país, sobretudo em função da entrada de algumas safras.”, afirmou.
TABELA DE VARIAÇÃO PERCENTUAL
Classe de Despesa | Variação percentual | ||||
---|---|---|---|---|---|
15.07.2025 | 22.07.2025 | 31.07.2025 | 07.08.2025 | 15.08.2025 | |
IPC-S | 0,25 | 0,31 | 0,37 | 0,38 | 0,09 |
Alimentação | 0,01 | 0,05 | -0,04 | -0,08 | -0,31 |
Habitação | 0,62 | 0,77 | 0,88 | 1,00 | 0,18 |
Vestuário | 0,01 | -0,30 | -0,07 | 0,03 | 0,01 |
Saúde e Cuidados Pessoais | 0,31 | 0,39 | 0,69 | 0,66 | 0,50 |
Educação, Leitura e Recreação | 0,93 | 0,86 | 0,66 | 0,20 | -0,44 |
Transportes | 0,18 | 0,29 | 0,10 | 0,13 | -0,29 |
Despesas Diversas | 0,47 | 0,80 | 1,10 | 1,52 | 1,08 |
Comunicação | 0,09 | 0,05 | -0,09 | -0,02 | 1,08 |
Fonte: FGV IBRE |
Para os municípios, avalia o economista, esse equilíbrio nos preços é essencial, pois permite que o consumidor mantenha seu poder de compra, movimentando a economia local e contribuindo para a estabilidade dos orçamentos familiares.
De acordo com Guidi Nunes, conselheiro do Corecon-DF, o resultado do IPC-S indica que a inflação permanece controlada e abre a possibilidade de uma eventual deflação ao longo do mês. “Agora, que fatores estão contribuindo para esse cenário? A taxação dos Estados Unidos aos produtos exportados pelo Brasil. Esses produtos que estão fora da lista de exceção, que são aproximadamente 3.300 produtos, ao gerar um excesso de oferta, ou eles ao serem ofertados no mercado interno, então aumenta a oferta. Ao aumentar a oferta, reduz o preço, ou pelo menos diminui a pressão para o aumento de preço desses produtos”, apontou.
Além disso, ressalta que a valorização do real, a queda nos preços internacionais de commodities e uma safra agrícola robusta ajudam a conter a inflação. “Tivemos uma valorização do real frente ao dólar de 12% aproximadamente, ao longo do primeiro semestre de 2025. Queda nos preços internacionais dos produtos exportados pelo Brasil, como soja, milho, vários produtos tiveram queda. Por quê? Porque você não está tendo um crescimento internacional e econômico pujante como nos anos anteriores”, explicou.
Com a continuidade do recuo nos preços dos combustíveis e a possibilidade de redução da bandeira tarifária de energia elétrica, a trajetória de moderação da inflação deve se manter nas próximas semanas.
Pela 11° semana consecutiva, a estimativa do IPCA recua, mas segue acima acima do teto da meta
O mercado financeiro reduziu a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 para 5,05%, segundo o Boletim Focus. A expectativa representa uma queda de 0,60 ponto percentual em relação ao pico registrado em março, quando a estimativa chegou a 5,65%. Apesar da melhora, o índice segue acima do teto da meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional, cuja meta central é de 3%.
Essa trajetória de queda é reflexo, principalmente, da diminuição nos preços dos alimentos e de itens de transporte, embora o custo elevado da energia elétrica, pressionado pela bandeira vermelha, ainda pese no orçamento das famílias, indústrias e comércio, segundo o economista César Bergo.
“Essa perspectiva de redução gradativa da inflação, como está acontecendo agora, é em função da queda nos preços dos alimentos e também dos itens de transporte. Pesa ainda no segmento de habitação o preço da energia elétrica, porque nós estamos praticando a bandeira vermelha. Isso faz com que a energia elétrica nas residências, nas indústrias e no comércio fique mais cara. Isso, de alguma forma, é repassado para os preços. A tendência é de que essa inflação venha caindo gradativamente esse ano, podendo as próximas expectativas demonstrarem isso, mas para o ano que vem já se prevê uma inflação abaixo do teto da meta”, afirmou.
A expectativa é que a inflação possa continuar recuando nos próximos meses, mas há risco de novas pressões devido a fatores externos, como a tarifa de até 50% aplicada pelo presidente Donald Trump sobre diversos produtos brasileiros, que tende a elevar os custos de produção e, consequentemente, ser repassada aos consumidores. Para o economista Francisco Rodrigues, a mudança pode gerar oscilações até o final do ano.
“À medida que há aumentos e reduções no IPCA, os custos operacionais dos municípios podem oscilar. Para os próximos meses, a expectativa é que possa diminuir o IPCA. Porém, a conjuntura econômica e a entrada em vigor do tarifaço dos Estados Unidos em até 50% para diversos itens brasileiros podem fazer com que os custos das empresas e dos produtores aumentem. Provavelmente, eles terão que repassar o aumento desses custos para o consumidor. Então, podemos ver oscilações no IPCA até o final de 2025”, explicou.
A taxa básica de juros, Selic, deve encerrar 2025 em 15% ao ano. A previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) foi ajustada de 2,23% para 2,21%, enquanto para 2026 e 2027 as estimativas estão em 1,87% e 1,93%, respectivamente.
Em julho de 2025, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,26%, marginalmente superior aos 0,24% registrados em junho. A inflação acumulada em 12 meses caiu para 5,23%, ante os 5,35% observados no mês anterior.
O resultado ficou abaixo das expectativas: analistas projetavam alta de 0,37% para o mês, segundo pesquisas. Embora tenha havido desaceleração, o ritmo ainda permanece acima da meta estabelecida pelo Banco Central, de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual, o que mantém as perspectivas monetárias restritivas.
O setor que mais pressionou o índice foi o grupo Habitação, puxado pela energia elétrica residencial. A bandeira vermelha patamar 1 e reajustes regionais elevaram o custo da conta de luz, resultando em impacto de 0,12 ponto percentual no IPCA. Sem esse efeito, o índice teria sido de apenas 0,15% no mês.
Por outro lado, os preços dos alimentos seguiram em queda pelo segundo mês consecutivo, contribuindo para desacelerar o índice. Alimentação e bebidas registrou variação negativa de –0,27 %, com destaque para os recuos significativos em batata-inglesa, cebola e arroz.
Outros grupos com variação negativa foram Vestuário (–0,54 %) e Comunicação (–0,09 %). Já Transportes cresceu, impulsionado por forte alta nas passagens aéreas (19,9%), enquanto Combustíveis recuou 0,64%. No ano, o IPCA acumula alta de 3,26%.
O Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), registrou aceleração da inflação em quatro das sete capitais pesquisadas na última apuração, divulgada na segunda-feira (4).
São Paulo foi a capital com a maior variação, passando de 0,45% para 0,69%, principalmente pela tarifa de eletricidade residencial, seguida por Salvador, Porto Alegre e Brasília, com variações de 0,22%, 0,16% e 0,34%, respectivamente.
Já as cidades que registraram desaceleração foram Rio de Janeiro (0,01%), Belo Horizonte e Recife. De acordo com o economista César Bergo, essa variação está diretamente ligada aos preços da energia elétrica e transporte aéreo.
“O aumento e a aceleração dessa inflação decorrem da energia elétrica, principalmente em São Paulo. Você tem a bandeira vermelha sendo utilizada. Isso está, de alguma forma, comprometendo os preços na cidade, porque o peso é maior lá. Temos, do outro lado, a questão do transporte aéreo, que acabou fazendo com que o Rio de Janeiro apresentasse a menor variação. Além disso, todas elas sofreram o aumento de preço dos alimentos, também do vestuário”, explicou.
TABELA DE VARIAÇÃO PERCENTUAL
Municípios | 30.06.2025 | 07.07.2025 | 15.07.2025 | 22.07.2025 | 31.07.2025 |
---|---|---|---|---|---|
Salvador | 0,02 | -0,11 | 0,02 | 0,08 | 0,22 |
Brasília | 0,50 | 0,36 | 0,41 | 0,31 | 0,34 |
Belo Horizonte | 0,28 | 0,47 | 0,51 | 0,43 | 0,30 |
Recife | 0,85 | 0,75 | 0,60 | 0,54 | 0,37 |
Rio de Janeiro | 0,28 | 0,17 | 0,33 | 0,18 | 0,01 |
Porto Alegre | -0,11 | -0,09 | 0,03 | 0,08 | 0,16 |
São Paulo | 0,03 | 0,03 | 0,23 | 0,45 | 0,69 |
A expectativa, no entanto, é de alívio nos próximos meses. “A partir do meio de setembro, você pode ter a mudança de bandeira tarifária para amarela e também, em sequência, para verde. Isso vai baratear o preço da energia elétrica, deve contribuir para que a inflação reduza, pelo menos nessas capitais onde o peso é maior”, disse o economista.
O IPC-S é um dos principais indicadores da FGV para medir o custo de vida nas capitais brasileiras, com base na variação semanal dos preços de produtos e serviços consumidos pelas famílias.
O Banco Central divulgou nesta segunda-feira (28), por meio do Boletim Focus, que as estimativas para a inflação nos próximos anos indicam desaceleração. A pesquisa semanal, realizada com mais de 100 instituições financeiras, registra redução nas projeções pela nona semana consecutiva.
Os economistas do mercado financeiro apontam que a expectativa de inflação para 2025 caiu de 5,10% para 5,09%. Para 2026, a projeção recuou de 4,45% para 4,44%. Para 2027 e 2028, as previsões permaneceram em 4% e 3,80%, respectivamente.
Apesar das quedas, as estimativas para 2025 e 2026 superam o teto da meta de inflação adotada em janeiro deste ano, cujo objetivo central é de 3%, com variação entre 1,5% e 4,5%. Caso a inflação acumulada em 12 meses fique fora desse intervalo por seis meses consecutivos, o Banco Central é obrigado a enviar uma carta pública ao ministro da Fazenda, com uma explicação dos motivos do descumprimento.
Em junho de 2025, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, enviou uma carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com as justificativas do estouro da meta. Entre os principais fatores relatados, foram apontados a atividade econômica aquecida, a valorização do dólar frente ao real, o aumento do custo da energia elétrica e os efeitos de eventos climáticos extremos.
A estimativa do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 permaneceu em 2,23%, enquanto para 2026, a projeção subiu de 1,88% para 1,89%.
A previsão da taxa Selic, conhecida como taxa básica de juros, para o fechamento de 2025, foi mantida em 15% ao ano. Já para o fim de 2026 e 2027, a expectativa permanece em 12,50% e 10,50% ao ano, respectivamente.
A projeção para a taxa de câmbio no encerramento de 2025 caiu de R$ 5,65 para R$ 5,60. Por outro lado, para o fim de 2026, a expectativa foi mantida, com o dólar cotado a R$ 5,70.
A balança comercial mantém expectativa de superávit em 2025, mas a projeção recuou de US$ 69,3 bilhões para US$ 66,7 bilhões. Para 2026, o saldo positivo passou de US$ 75,2 bilhões para US$ 70 bilhões.
O investimento estrangeiro direto no país tem previsão de entrada de US$ 70 bilhões, tanto para 2025 quanto para 2026.
As cidades de Recife, São Paulo e Belo Horizonte, três das sete capitais pesquisadas para o estabelecimento do índice do IPC-S, pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), registraram inflação acelerada na terceira quadrissemana de julho de 2025. No geral, o indicador subiu no período 0,31%, resultado acima do registrado na última divulgação. Com esta marca, já acumula alta de 3,99% nos últimos 12 meses.
As maiores altas foram em Recife, de 0,54%, São Paulo, 0,45% e Belo Horizonte, com variação percentual de 0,43%. As demais capitais onde o indicador é medido são Salvador, Brasília, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
De acordo com o economista Matheus Dias, da FGV, o preço das passagens áreas, da energia elétrica e da gasolina teve influência direta no aumento da inflação nestas três capitais.
Luciano Bravo, CEO da consultoria Inteligência Comercial, também analisou o resultado do IPC-S da terceira quadrissemana de julho de 2025.
“O aumento de 0,31% no IPC-S da terceira quadrissemana de julho de 2025 revela pressões inflacionadas localizadas especialmente em Recife, onde o avanço foi impulsionado por passagens áreas, mais de 14,90%. Apesar de o acúmulo em 12 meses de 3,99% indicar uma inflação sob controle, a variação sobre capitais como Salvador, indicando apenas 0,08%, influenciada pela moderação na tarifa da eletricidade, demonstra que fatores regionais seguem sendo determinantes na composição do índice. Essa dispersão evidencia a complexidade no cenário inflacionário brasileiro e exige atenção redobrada de consumidores, formuladores de política e analistas econômicos”, destacou.
Bravo ainda alertou que é preciso considerar a importância dos fatores regionais na variação dos índices inflacionários.
Municípios | 22.06.2025 | 30.06.2025 | 07.07.2025 | 15.07.2025 | 22.07.2025 |
---|---|---|---|---|---|
IPC-S Brasil | 0,19% | 0,16% | 0,13% | 0,25% | 0,31% |
Salvador | 0,16% | 0,02% | -0,11% | 0,02% | 0,08% |
Brasília | 0,60% | 0,50% | 0,36% | 0,41% | 0,31% |
Belo Horizonte | 0,14% | 0,28% | 0,47% | 0,51% | 0,43% |
Recife | 0,90% | 0,85% | 0,75% | 0,60% | 0,54% |
Rio de Janeiro | 0,08% | 0,28% | 0,17% | 0,33% | 0,18% |
Porto Alegre | -0,07% | -0,11% | -0,09% | 0,03% | 0,08% |
São Paulo | 0,15% | 0,03% | 0,03% | 0,23% | 0,45% |