A inflação do aluguel, que é mensurada pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), caiu 1,84% em maio, após uma queda de 0,95% no mês de abril. Com este resultado, o índice acumula taxa de -2,58% no ano e -4,47% em 12 meses. No mesmo período de 2022, o índice apresentava alta.
Esta pode ser uma boa notícia para os contratos de aluguel firmados em junho. Ainda que repasses deflacionários tardem a ocorrer para os contratantes, é esperado que contratos firmados neste período mantenham-se com preços estáveis. Ou seja, a menos, sem possíveis altas.
O IGP-M, por ser um índice de mercado, é composto pela estrutura de três outros índices: o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M), Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M).
A deflação registrada no índice ao produtor, de -2,72% é a maior da série histórica e, segundo especialistas, influenciada pela redução dos preços de cinco grandes commodities. Dentre estas, se destacam as quedas experimentadas significativamente nos preços do minério de ferro e da soja.
É a deflação presente no índice do produtor que mais influencia a queda do IGP-M.
Já com relação à componente do índice de preços ao consumidor (IPC), houve aumento de 0,48% em maio, com maior contribuição partindo do grupo de alimentação, cuja taxa de variação passou de 0,36% para 0,79%.
O mesmo ocorre com o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que variou 0,40% em maio e registra inflação.
Redução do IPCA, índice que mede a inflação, para 5,71%.
O mercado financeiro reduziu, na manhã de segunda-feira (29), através do Boletim “Focus”, as expectativas de inflação, medidas pelo Índice de Preço ao Consumidor (IPCA), com relação à última divulgação realizada pelo Boletim, há uma semana. Desta vez, o índice é de 5,71%, o que representa uma queda de 1,55% com relação ao índice anterior, de 5,80%.
O IPCA é considerado o índice oficial que mensura a inflação brasileira.
Para 2023, a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 pontos percentuais (p.p), para cima (4,75%), ou para baixo (1,75%).
A redução da expectativa da inflação medida pelo IPCA vem acompanhada de um avanço pela terceira semana consecutiva do PIB, em 1,26%, e queda de aproximadamente 0,77% do dólar, com relação à mesma data da semana anterior, cotado a R$5,15.
Ainda que a expectativa de inflação supere seu teto de meta, pode-se dizer que, conjuntamente, os índices de IPCA, PIB e Câmbio divulgados nesta segunda-feira (29) indicam melhoria da economia brasileira em 2023.
Já a taxa de juros básica da economia, selic, permanece cotada a 12,50%, há seis semanas consecutivas.
O IGP-M - principal índice de reajuste de aluguel do país - foi revisto para 0,67%, representando uma sequência de quedas semanais desde o início de abril de 2023. Da mesma forma, o IPCA Administrados, que representa preços de serviços e produtos com reajustes definidos por contratos ou regulados pelo setor público, teve queda pela 4ª semana consecutiva e se encontra no patamar de 9,44%.
Segundo o Banco Central: “As informações são provenientes do Relatório Focus e resumem as estatísticas calculadas considerando as expectativas de mercado coletadas até a sexta-feira anterior à sua divulgação. Ele é divulgado toda segunda-feira. O relatório traz a evolução gráfica e o comportamento semanal das projeções para índices de preços, atividade econômica, câmbio, taxa Selic, entre outros indicadores. As projeções são do mercado, não do Banco Central.”
Segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (25), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) apresentou alta de 0,51% maio, 0,06 ponto percentual (p.p.), ou 10,52%, abaixo da taxa registrada em abril (0,57%). No ano, o IPCA-15 acumula alta de 3,12% e, em 12 meses, de 4,07%, abaixo dos 4,16% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em maio de 2022, a taxa foi de 0,59%.
O resultado surpreendeu analistas, que esperavam uma inflação mais elevada neste mês. Com os resultados, esta é a menor inflação prévia mensal acumulada registrada desde outubro de 2020.
Nove grupos de serviços e produtos foram pesquisados e sete tiveram alta no mês de maio, impulsionados principalmente por itens de Saúde e cuidados pessoais (1,49%), além de Alimentação e bebidas (0,94%). O aumento de saúde e cuidados pessoais foi principalmente puxado pelo aumento do preço nos produtos farmacêuticos (2,68%), além dos itens de higiene pessoal, influenciados principalmente pelos perfumes (2,21%). Já o aumento da alimentação e bebidas ocorre pela alta de alimentação no domicílio (1,02%). Destacam-se os aumentos nos preços dos tomates (18,82%), batata inglesa (6,60%), leite longa vida (6,03) e queijo (2,42%). Pelo lado das quedas estão o óleo de soja (-4,13%) e as frutas (-1,52%).
Na sequência, os itens de maiores altas foram:
Os itens que tiveram queda foram artigos de residência (-0,28%) e transportes (-0,04%).
Quanto aos índices regionais, todas as áreas pesquisadas tiveram alta em maio. A maior variação foi registrada em Belo Horizonte, com 0,90%, sendo que a principal contribuição veio do ônibus urbano, com alta de 24,00%. A menor variação foi em Recife, com 0,19%, influenciada pela queda de 18,25% nas passagens aéreas e 3,46% na gasolina.
O IPCA-15 difere do Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) no tempo da coleta dos dados e divulgação; além da menor abrangência geográfica. O IPCA-15 é coletado entre o dia 15 de um mês e o dia 15 do mês seguinte, e é considerado uma medida prévia de inflação. O IPCA é coletado ao longo de um mês corrente e é a medida oficial de inflação no país.
Ex-ministro alerta que "o governo dificilmente pode economizar"
Economista. Foi ministro da Fazenda no período 1988-1990. Tem seis livros publicados, inclusive sua autobiografia. É colunista da revista Veja e mantém um blog na Veja online. Membro do conselho de administração de várias empresas brasileiras. Economista do Ano 2013 pela Ordem dos Economistas do Brasil.
Roberto Dardis – Como o senhor enxerga hoje nossa economia com juros de 13,75%? Culpar somente o BC por esses juros é certo?
Maílson da Nóbrega - A taxa Selic é compatível com as expectativas de inflação. Por certo, contribui para desacelerar a atividade econômica, mas essa é a consequência natural de qualquer política monetária voltada para combater aumentos de preços. A taxa Selic reflete a baixa potência da política monetária, que influencia apenas 60% da oferta de crédito da economia, da periclitante situação fiscal. As críticas que o BC vem recebendo parecem resultar de visões ideológicas e de grossa ignorância de como funciona um banco central moderno, particularmente na questão chave da inflação.
RD – Com uma dívida pública alta e sem o governo economizar, será iminente um aumento de impostos? Ou temos outras saídas?
MN - O governo dificilmente pode economizar, pois dispõe de menos de 10% dos gastos primários federais para realizar todos os gastos discricionários. Isso tende a piorar com o crescimento vegetativo dos gastos obrigatórios e com a decisão do governo de conceder aumento reais do salário-mínimo, que reajusta três de cada benefício previdenciário, e de recompor salários do funcionalismo. A média mundial de disponibilidade do Orçamento é de 50%.
RD – Com crescimento baixo, inflação ainda fora da meta e juros altos, e sem um projeto econômico viável (arcabouço fiscal/reforma tributária), qual seria a saída para o governo voltar a ter superávit em suas contas?
MN – Dificilmente o governo não recorrerá a aumento de alíquotas de tributos. Promete-se reforçar a arrecadação com a eliminação de gastos tributários, mas se trata de difícil tarefa, principalmente porque não inclui os benefícios fiscais do Simples, da Zona Franca de Manaus e das instituições sem fins lucrativos. Propostas semelhantes fracassaram em passado recente.
RD – Mesmo sabendo que precisamos de reformas gerais, muitos fogem desse vespeiro, mas o pais está ficando para trás sem elas... qual a nossa saída?
MN – A saída é propor reformas que aumentem a inovação e a produtividade da economia, bem como as que melhorem a qualidade da educação quando comparada a outros países. O Brasil gasta em educação 6,3% do PIB, mais do que os países ricos (5,6% do PIB), mas tem fracassado em oferecer educação de qualidade, particularmente no ensino fundamental e médio.
Expansão foi esticada por peças e matérias de informática
Em março de 2023, o volume de vendas no comércio varejista cresceu 0,8% frente a fevereiro, na série com ajuste sazonal. A média móvel trimestral foi de 1,5% no trimestre encerrado em março, segundo pesquisa feita pelo indicador do comércio dos varejistas e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, (IBGE).
Na avaliação de Cristiano Santos, gerente de Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), o momento desse crescimento foi por causa de suas variações negativas.
“Esse crescimento é o terceiro ponto seguido com variações na margem não negativas. A passagem de dezembro de 2022 para janeiro de 2023 registrou 3,9% de crescimento e a passagem de janeiro para fevereiro representou uma estabilidade”, afirma.
No mês de março, quatro das oito atividades do comércio varejista tiveram suas taxas negativas. Combustíveis e lubrificantes 0,1%, tecidos, vestuário e calçados 4,5%, livros, jornais, revistas e papelaria 0,6% e outros artigos de uso pessoal e doméstico de 2,2%, todas no campo negativo.
Três atividades tiveram crescimento: equipamentos e material para escritório, informática e comunicação 7,7%, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria 0,7% e Móveis e eletrodomésticos com 0.3%. O comércio varejista ampliado, Material de construção variou 0,2%, ao mesmo tempo Veículos e motos, partes e peças cresceu 3,7%.
O economista Roberto Kanter, professor de MBAs da FGV, especialista em Varejo, afirma que o cenário para os próximos meses não deve ser muito bom para o setor.
“Eu acho que a gente vai ter um ano de 2023 fraco, vamos ter um crescimento eventual no PIB e o varejo vai eventualmente crescer, mas não vai ser algo significativo. A gente deve crescer no global em torno de 1 a 2%", destaca.
Comércio avança 3,2% frente a março de 2022
O comércio varejista mostrou um avanço de 3,2% no mês de março de 2023, combustíveis e lubrificantes 14,3%, artigos farmacêuticos, médicos , ortopédicos e de perfumaria 6,8%, Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo 4,5%, equipamentos e material para escritório, informática e comunicação 4,1% e Móveis e eletrodomésticos 2,0%.
Três setores apresentaram uma queda na comparação interanual como: outros artigos de uso pessoal e doméstico de 12,9%, livros, jornais, revistas e papelaria 8,0% e Tecidos, vestuário e calçados 7,3%.
O Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) da segunda quadrissemana de maio de 2023 subiu 0,60%. E acumulou alta de 3,54% nos últimos 12 meses, segundo informações do Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre). Renan Gomes, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), explica que a alta na inflação é devido ao momento de grande demanda por produtos e serviços que o Brasil vive.
“O mercado de trabalho ainda está aquecido com o aumento da renda, do trabalho e com mais empregos sendo gerados, o que eleva a demanda por produtos e serviços levando ao aumento de preços”, completa.
Segundo o estudo, a maior contribuição para o resultado do IPC-S partiu do grupo Educação, Leitura e Recreação cuja taxa de variação passou de -1,05%, na primeira quadrissemana de maio de 2023 para -1,90% na segunda quadrissemana de maio deste ano.
O grupo de Saúde e Cuidados Pessoais também registrou queda em sua taxa de variação, que foi de 1,67% para 1,41%. Nesta categoria, é importante destacar que os medicamentos em geral tiveram queda de 3,38% para 2,54%.
Os grupos de transportes, comunicação, habitação, despesas diversas, vestuário e alimentação apresentaram avanço em suas taxas de variação. O Ibre ressalta que, nestas categorias, vale citar os itens: tarifa de ônibus urbano (2,01% para 3,09%), tarifa de telefone móvel (2,27% para 3,74%), taxa de água e esgoto residencial (0,12% para 0,84%), jogo lotérico (3,35% para 6,63%), roupas femininas (0,11% para 0,56%) e hortaliças e legumes (7,14% para 8,37%).
O economista também avalia que embora o cenário ainda seja de aquecimento, o mercado gera sinais em alguns setores de freio no crescimento das vendas. O cenário é de boa demanda para o setor de serviços e comércio, mas em um cenário de maior aperto monetário, reduz o crédito para consumidores e portanto esse bom momento deve ter deve durar menos do que o esperado.
“A política monetária restritiva, com juros altos e também sinais do governo de maior controle das contas públicas, deve fazer com que nos próximos meses a inflação reduza, até com projeções de redução dos juros no final do ano por conta disso”, explica.
Gomes esclarece que as projeções de crescimento econômico para este ano são menores do que no ano passado, também revelando um cenário de desaceleração da economia nos próximos meses.
Otto Nogami, economista, expõe que a decisão da Petrobras em reduzir os preços do diesel, da gasolina e do gás de cozinha, impactarão sobre o IPC-S, pois são itens com grande participação no cálculo do indicador.
“É importante lembrar também que com a proximidade do inverno alguns produtos hortifrútis poderão apresentar alta de preço, reduzindo o benefício da redução do preço dos combustíveis”, comenta.
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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril, de 0,61%, abaixo da taxa registrada em março (0,71%) trouxe otimismo para os analistas econômicos. Os professores de economia Jackson de Toni, do Ibmec Brasília, e Benito Salomão, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), avaliam que a queda do IPCA em relação ao mês anterior sinaliza a continuidade da queda da inflação que vai aumentar ainda mais a pressão para os técnicos do Banco Central (BC) baixarem a taxa de juros.
Ligado ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA é um dos índices de inflação mais tradicionais do Brasil. O indicador, criado em 1979, mede a variação dos preços de um conjunto de produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras.
Conforme os dados divulgados pelo IBGE, nos índices regionais a maior variação de preços foi registrada na capital de Mato Grosso do Sul – Campo Grande (0,89%), em função da energia elétrica residencial (6,11%). Já a menor variação foi registrada em Recife, capital de Pernambuco (0,16%), influenciada pelas quedas de 3,41% da gasolina e de 2,51% de conserto de automóvel.
O professor de Economia do Ibmec destacou que o IPCA é o índice oficial que mede a inflação mais importante do Brasil, porque influi no reajuste de aluguéis, salários, índice de poupança e outros. “O índice é calculado com base nas famílias [que recebem] de 1 a 40 salários mínimos e os principais quesitos dos quase 400 mil preços coletados pelo IBGE [são relacionados à] saúde, educação, transporte e vestuário”, observou Jackson de Toni.
O especialista observou que o único item que registrou aumento significativo na tabela divulgada pelo IBGE foi relacionado ao setor de saúde: “Mas isso aconteceu partir de uma autorização de reajuste pela Agência reguladora. Então, [trata-se de] preço administrado”, esclareceu, acrescentando que “a notícia é muito boa, e aponta para uma queda tendencial positiva da inflação, que vai melhorar a atividade econômica para o ambiente de negócios”.
Quem concorda com Jackson de Toni é o professor Benito Salomão, doutor em economia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). “Apenas o item de remédios sofreu reajuste considerável, enquanto em muitos itens houve desinflação”, apontou.
“O Brasil experimenta um momento de desinflação, principalmente nos setores de comércio e serviços”, avaliou Benito Salomão. Para ele, “são vários os impactos causados pela desinflação”, principalmente a possibilidade de queda real na taxa de juros que, poderá acontecer já no segundo semestre deste ano”.
“Estou bastante convencido de que essa taxa de juros começa a cair já no segundo semestre desse ano, e aí nós podemos ter um estilo de demanda um pouco melhor”, concluiu.
O índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) da quadrissemana de maio apresentou elevação de 0,61% e acumula alta de 3,55% nos últimos 12 meses. De acordo com dados do FGV-IBRE, cinco capitais registraram um salto em suas taxas de variação. Salvador teve alta de 0,92%; Belo Horizonte, de 1%; Porto Alegre, de 0,41%; e São Paulo de 0,82%.
O economista André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV IBRE, explica que o indicador segue com pequena aceleração, já que algumas cidades do país passam por efeitos sazonais, ligados, sobretudo, ao setor de vestuários, marcado pela troca das estações, da primavera ao verão e do outono para o inverno.
“E também a parte da alimentação por conta de alimentos naturais, alguns com ofertas mais fracas nessa época do ano. Então, o comportamento do índice de inflação segue dominado por efeitos sazonais e transitórios. Isso faz com que a taxa de variação em algumas cidades componentes ao IPC-S tenha apresentado uma aceleração”, afirma.
Para Braz, a projeção para os próximos meses é de que a inflação desacelere e que o indicador visite o ponto mais próximo da meta de inflação, que é 3,25% em junho deste ano.
“Só no segundo semestre é que a gente encontre um espaço para um novo círculo de aceleração, porque no ano passado, no segundo semestre, foi o período em que o governo fez o corte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da energia, da telefonia e também da gasolina. E isso, ajudou muito baratear os preços desses itens", destaca.
A decisão do Banco Central em manter a taxa de juros em 13,75% não foi bem recebida pelo governo do presidente Lula. Ao Brasil 61, o deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT-MA), vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, disse que já "não se satisfaz mais com acenos" futuros para a possível redução da Selic e que a política monetária do Bacen está prejudicando a criação de empregos e o crescimento da economia.
"Mais uma vez o Banco Central dá as costas para a realidade. Mantém a política monetária contrária a tudo o que está sendo feito pelo governo. Aparenta ser decisões tomadas mais levando em conta a política e está prejudicando extremamente o país, especialmente a retomada econômica e a retomada dos empregos".
Segundo o economista Benito Salomão, a manutenção do patamar dos juros pela sexta reunião consecutiva – desde agosto do ano passado – não foi uma surpresa para o mercado financeiro. "Não houve nenhuma surpresa. Isso já era esperado. O que pegou alguns analistas de surpresa foi o tom do comunicado, em que o Banco Central apresentou ali as razões pelas quais talvez a taxa de juros não comece a cair já em 2023".
Em seu comunicado após a decisão de manter a Selic em 13,75%, o Comitê de Política Monetária (Copom) disse que a volta de parte dos impostos federais sobre os combustíveis e, principalmente, a apresentação do arcabouço fiscal diminuíram parte da incerteza em torno da política fiscal conduzida pelo governo. Mas o Copom destacou que a inflação está resistente e que outros bancos centrais continuam a subir as taxas de juros.
Questionado se considerava o comunicado do Copom uma sinalização ao governo de que os juros podem começar a cair no futuro, Rubens Pereira Júnior disse que esperava a queda da Selic há duas reuniões do comitê e que "já não se satisfaz mais com acenos".
Entidades do setor produtivo também se posicionaram contrárias ao parecer do Banco Central. Em nota assinada pelo presidente Robson Braga de Andrade, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que considera "equivocada" a decisão de manter os juros em 13,75% e que o cenário atual já permitiria a redução da Selic.
A CNI argumenta que a taxa de juros real de 7,7%, isto é a Selic menos a inflação, está em "nível acima do necessário para garantir a manutenção da trajetória de desaceleração da inflação nos próximos meses" e que tem contribuído para o encarecimento do crédito para as empresas e para a desaceleração da economia.
Benito Salomão afirma também que, embora o Banco Central tenha dado a entender que o ciclo de redução dos juros pode levar mais tempo para começar, isso não significa, necessariamente, que o Bacen descarta diminuir a Selic ainda este ano.
"Em junho, o Copom se reúne de novo. Novas informações e novos dados vão ser incorporados na análise. E, talvez, já com o arcabouço fiscal aprovado e inflação um pouco mais cadente, talvez o Banco Central possa sinalizar uma queda de juros no próximo comunicado", avalia.
Desde o início do ano, o governo elevou o tom das críticas contra o patamar da taxa básica de juros da economia. O presidente Lula chegou, inclusive, ao dizer que poderia tentar rever a autonomia do Banco Central após o fim do mandato do atual presidente, Roberto Campos Neto.
Na avaliação do governo e de representantes do setor produtivo, os juros elevados estão dificultando o acesso ao crédito e freando a economia. O Banco Central, por outro lado, argumenta que está cumprindo o seu papel de fazer convergir a inflação para meta, responsabilidade da autoridade monetária, e que a conjuntura exige paciência.
O Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) medido na quadrissemana de abril registrou elevação de 0,5%, acumulando uma alta de 3,44% nos últimos 12 meses. Quatro capitais apresentaram um salto em suas taxas de variação. São elas: Salvador 0,70%, Belo Horizonte 0,73%, Rio de Janeiro 0,78% e São Paulo 0,72%.
A atividade econômica brasileira apresentou crescimento de 2,5% em fevereiro, em relação a janeiro de 2023. Os dados constam no Monitor do PIB-FGV. O resultado leva em conta o ajuste sazonal. Na comparação interanual, a elevação em fevereiro foi de 2,7%. Trata-se da mesma variação registrada no trimestre móvel terminado em fevereiro.
Os índices de confiança empresarial e dos consumidores registraram queda de 0,3 e 0,2 ponto, respectivamente, em abril. O resultado veio a partir de um movimento de acomodação, depois de uma alta de dois pontos no mês anterior. Os cenários foram motivados pela piora das expectativas para os próximos meses.
O indicador empresarial começa o segundo trimestre com reflexo do baixo nível de atividade econômica dos segmentos cíclicos da economia. A confiança dos consumidores, por sua vez, se mantém na faixa entre 80 e 90 pontos desde agosto do ano passado, ainda distante do nível neutro de 100 pontos.
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