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Estimativa anterior era de 3,5%. Revisão ocorreu pela alta das commodities, queda cambial e segunda onda da Covid-19
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou para 3,7% a alta da inflação brasileira em 2021, divulgada na visão geral da Carta de Conjuntura n° 49. Em dezembro do ano passado, a inflação para este ano tinha sido projetada pela instituição em 3,5%.
Com o avanço da pandemia, os preços internacionais das commodities aumentaram, a demanda pelo alimento domiciliar cresceu, o dólar ficou mais caro, houve alta internacional do valor do petróleo, que gerou aumento no preço dos combustíveis. Tudo isso fez com que a projeção dos preços administrados ficassem maiores para este ano.
Embora as expectativas para 2021 ainda sejam de desaceleração nos próximos meses, o elevado nível atual da inflação, combinado com o aumento do grau de imprecisão da economia brasileira devido às incertezas relacionadas à política fiscal, vem gerando revisões para cima das estimativas do IPCA para 2021.
De acordo com a técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Maria Andreia Lameiras, nos últimos doze meses a taxa de alimentação em domicílio medida pelo IPCA subiu 19% no país. “A tendência é que essa alta vá desacelerando. Esperamos que 2021 seja o ano de uma alta tão forte de alimentos quanto foi em 2020. Teremos uma produção maior, as expectativas de safra não só do Brasil mas do mundo como um todo estão muito boas.”
Mas a especialista reforça que essa baixa não significa que os alimentos ficarão mais baratos, alguns terão custo benefício, mas no geral, a conta do supermercado ainda será alta.
Em contraste, a consumidora Beatriz Rodriguez, de Goiânia (GO), reclama que a alta no preço dos alimentos domésticos básicos levou a família a buscar alternativas, trocou a carne pelo frango e faz um comparativo do quanto gastava no supermercado. “Antigamente, quando era só eu e meu marido, uma compra de R$400 reais dava para passar quase dois meses. Hoje em dia esse valor ficou bem diferente, R$400 reais compramos só o ‘grosso’, não inclui carnes, ovos, leite”, disse.
É possível notar uma leve alta em relação aos serviços. No acumulado em doze meses, até janeiro, a inflação de serviços registrava variação de 1,5%, refletindo a queda de 5,7% dos serviços de transportes e alta de apenas 0,9% dos serviços pessoais e de recreação. Assim como o esperado, esses serviços foram os mais impactados pelo isolamento social, podendo ser visto nas deflações de passagens aéreas (-29%), hospedagem (-8,0%) e ingresso de cinema, teatro e show (-2,0%).
A especialista Maria Andreia Lameiras ressalta que a pandemia da Covid-19 influenciou na revisão da projeção da inflação, mas de forma decrescente. “Esperávamos um primeiro trimestre mais forte para a economia brasileira como um todo, especialmente no setor de serviços. Já estávamos imaginando que não teria esse crescimento mais expressivo no primeiro trimestre”, conclui.
Famílias pobres foram as mais atingidas pela inflação em 2020
Preço do gás de cozinha sobe mais que o dobro da inflação e encerra 2020 com alta de 9,24%
Preço da cesta básica aumentou em todas as capitais brasileiras em 2020
Espera-se que o aumento da cobertura da imunização contra a Covid-19 contribua para a recuperação da demanda por serviços, principalmente os relacionados a cuidados pessoais e recreação, fazendo com que a inflação deste grupo encerre o ano de 2021 com alta de 3,6%, abaixo, portanto, da previsão anterior (4,0%).
No caso dos preços administrados, a alta projetada agora de 4,4% superou a inflação estimada em dezembro de 2020, de 4%. Os preços administrados devem exercer maior pressão sobre a inflação neste ano. Parte dessa queda deve-se ao adiamento dos reajustes dos planos de saúde, dos medicamentos, adoção de home office, - que gerou a diminuição do uso de transporte público e queda nas receitas das empresas e reajustes maiores para 2021.
Pesquisa do Ipea também mostrou que as mulheres são maioria no trabalho remoto
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta para uma redução no total de trabalhadores que fazem home office no Brasil. Segundo o levantamento, em novembro de 2020, 7,3 milhões de pessoas trabalhavam em casa, o que representa uma diminuição de cerca de 260 mil em comparação a outubro.
O trabalho remoto alcançou, em novembro, 9,1% do total de pessoas ocupadas e não afastadas, ante 9,6% em outubro. Foi o terceiro mês consecutivo com redução de pessoas atuando em home office.
Entre os trabalhadores que tiveram que abandonar o home office está a servidora pública Thais Barbosa de Farias, moradora de Brasília, que afirma que diversos procedimentos em seu trabalho foram simplificados com o advento da pandemia. Após 8 meses trabalhando em casa, ela lamenta ter tido que voltar a trabalhar presencialmente.
“Com o home office, muitos procedimentos foram desburocratizados e o meu trabalho dá para ser feito quase em sua totalidade de casa, onde eu consigo desenvolvê-lo muito bem”, afirma.
Mudança na CLT propõe mesma regra do presencial para home office
Por outro lado, o jornalista Victor Henrique, 22 anos, morador de Valparaíso (GO), prefere trabalhar presencialmente. Ele chegou a fazer home office, modalidade que, segundo ele, o exigia mais horas de trabalho. “Em casa, se produz muito mais, porém, você fica mais tempo trabalhando.”
Entre outros pontos, a pesquisa constatou que os trabalhadores em home office contribuíram com 17,4% da massa total de rendimentos efetivamente gerados em novembro. O estudo apontou ainda o perfil predominante das pessoas que trabalham de forma remota.
Em novembro, do total de pessoas em home office 84,8% encontrava-se no setor formal, 57,8% eram mulheres, 76 % das pessoas possuíam ensino superior completo e 31,8% estavam na faixa etária entre 30 e 39 anos.
Outro estudo, esse feito pela consultoria em recursos humanos Soluções em Remuneração (SAP) com apoio da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt), também trouxe diferentes recortes sobre o home office no Brasil. De acordo com o levantamento, 72% das empresas pesquisas pretendem continuar com o trabalho remoto.
Empresas dos segmentos de tecnologia da informação (TI), químico e papel e celulose são as que mais aderiram à prática. Luis Otávio Camargo Pinto, presidente da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt), acredita que a tendência do mercado de trabalho é de que empresas comecem a adotar mais o sistema híbrido.
“Muitas empresas, segundo pesquisas recentes, passarão a adotar o trabalho híbrido, ainda que o home office esteja presente em apenas um dia da semana”, afirma.
O estudo do Ipea concluiu que a região Sudeste (58,3%) é a que possui a maior concentração de pessoas em home office, seguida pelo Nordeste (16,1%), Sul (14,7%), Centro-Oeste (7,6%) e Norte (3,3%).
Em entrevista exclusiva ao portal Brasil61.com, Sandro de Carvalho, doutor em economia e pesquisador do IPEA, fala sobre orçamento familiar, perspectivas para 2021 e conselhos para quem deseja formar a reserva de emergência
O primeiro semestre de 2021 deve ser desafiador não só para a economia do País, mas para o bolso dos brasileiros. O fim do auxílio emergencial para quase 70 milhões de pessoas, em dezembro, coincide com a concentração de despesas comuns aos consumidores no início do ano. Material escolar, IPTU, IPVA... Tudo isso se soma aos gastos mensais, como alimentação, aluguel, água e luz.
Pesquisa Datafolha publicada em janeiro, por exemplo, aponta que 69% dos brasileiros que receberam o auxílio emergencial ainda não haviam encontrado outra fonte de renda para substituir o benefício. Cerca de 62%, segundo o levantamento, sequer economizaram recursos para quando o auxílio acabasse. Com menos dinheiro e mais contas a pagar, a matemática pode não fechar.
Pensando em ajudar quem está com a corda no pescoço, o Brasil61.com conversou com Sandro Sacchet de Carvalho, doutor em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o IPEA.
Em bate-papo exclusivo, Sandro dá dicas para aqueles cujo auxílio emergencial era a única renda, fala sobre a recuperação dos postos de trabalho, a alta inflação dos alimentos e conta um pouco mais sobre a reserva de emergência, que pode salvar o orçamento de muita gente em períodos de crise, como a pandemia da Covid-19.
Sandro explica que, no auge da pandemia, 6% dos domicílios dependiam exclusivamente do auxílio emergencial para sobreviver. Para essas famílias, a urgência para obter uma nova renda exige soluções rápidas, que o mercado de trabalho formal não oferece no momento.
“Os domicílios que dependiam exclusivamente do auxílio emergencial estão em uma situação mais perigosa. As soluções práticas e rápidas são, justamente, para empregos que não precisam de entrevista ou de um processo longo de entrada. Por exemplo, como entregador e motorista de aplicativo, em que basta você se inscrever e já pode começar a trabalhar. Se, de fato, essas pessoas se encontram em domicílios que perderam toda a renda de trabalho e viviam do auxílio emergencial, um tipo de atividade como essa pode ser uma solução”, indica Sandro.
Beneficiários do auxílio emergencial ou não, os brasileiros de todo o País têm que lidar com outra dificuldade para cumprir o orçamento neste início de ano. Afinal, quem tem filho, carro ou casa para cuidar vai se deparar com a compra de material escolar e pagamento do IPVA e do IPTU, por exemplo. Sandro explica que nesse tipo de situação vai se sair melhor quem conseguiu guardar dinheiro do 13º ou em pequenas parcelas ao longo do ano passado.
Essa, no entanto, está longe de ser a realidade da maioria dos brasileiros. Levantamento da Fecomércio-RJ, por exemplo, mostra que 60% dos consumidores entrevistados não fizeram reserva em 2020 para arcar com as dívidas do primeiro semestre deste ano. Para essas pessoas, o pesquisador dá alguns conselhos.
“Se a pessoa não conseguiu fazer essa reserva, existem algumas opções, como buscar uma renda extra, tentar parcelar ao máximo esses gastos ao longo do ano para tentar encaixar isso no orçamento domiciliar ou recorrer a empréstimos. O que eu recomendo é que ela evite empréstimos com juros muito altos, porque isso vai formar uma bola de neve. O ideal seria recorrer a empréstimos baratos, com juros baixos, ou até de amigos e parentes, se for possível”, sugere.
Durante a entrevista, Sandro também falou sobre a inflação de alimentos que, no ano passado, acumulou alta de 14,09% de alta, o maior índice desde 2002, segundo o IBGE. A tendência, ele explica, é de que os preços se mantenham estáveis em 2021, mas a normalidade pode demorar um pouco mais. “O processo de deflação, de retornar aos preços a um nível um pouco mais baixo, vai demorar a aparecer. Só realmente quanto tudo se normalizar ao fim da pandemia, lá no final do ano”, projeta.
O mesmo vale para o mercado de trabalho, afirma o pesquisador. A chave para virar o jogo, ele confirma, é a “imunização em massa” da população. A entrevista completa, você confere logo abaixo.