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Demanda por bens industriais cresce 0,2% em outubro, segundo Ipea

Economista avalia como positivo crescimento tímido, puxado principalmente pelo setor de serviços e comércio, mas afirma que recuperação da indústria é prevista somente para 2024

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A demanda por bens industriais cresceu 0,2% em outubro, segundo o Indicador Ipea de Consumo Aparente de Bens Industriais, levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Mesmo com esse resultado, que se soma a uma sequência de seis variações positivas, o trimestre móvel finalizado em outubro recuou 0,9% na margem. 

Entre o consumo aparente, a produção de bens destinados ao mercado nacional cresceu 0,3% em outubro, mas registrou um recuo de 2,4% no trimestre móvel. Já a importação de bens industrializados recuou 1% no mesmo período, mas avançou 3,9% no trimestre móvel.

O economista Cesar Bergo analisa que apesar de ser um crescimento tímido, essa alta é importante para manter o setor industrial estável. Segundo o especialista, esse aumento foi puxado pela melhoria do cenário econômico, a redução da inflação, com recuperação do cenário crítico de pandemia, principalmente do setor de serviços e comércio.

“Apesar de mostrar uma estabilidade, o setor industrial realmente no ano de 2022 enfrentou muitas dificuldades, sobretudo na cadeia de fornecimento, na questão da produção também. Isso acaba afetando a demanda por esses produtos. A perspectiva de normalizar essa situação é apenas em 2024.”, avalia o economista.

Incertezas

Para o especialista, o próximo ano para a indústria ainda é de incertezas devido ao cenário da economia brasileira e da dependência do que será feito pelo novo governo federal. Por isso, Cesar Bergo observa uma redução na expectativa e no otimismo do setor industrial. 

“Os empresários estão com passos de espera, porque de fato existe ainda muita incerteza no mercado e mesmo com a queda da inflação esse ano, e um crescimento em torno de 3%, 2023 apresenta ser muito difícil, sobretudo para a área de crescimento e pode haver aumento da inflação. Então, tudo isso somado acaba de alguma forma freando as expectativas e as perspectivas para o setor industrial em 2023”, analisa Cesar Bergo.

O deputado federal Vitor Lippi (PSDB-SP) ressalta que o próximo governo precisará  ter um cuidado maior com o setor industrial para que o segmento consiga se recuperar. Entre as medidas que o parlamentar considera como fundamentais para essa recuperação está a reforma tributária.

“É muito importante que entre essas agendas nós possamos ter a reforma tributária, que hoje é, sem sombra de dúvida, o maior e mais grave problema de competitividade das indústrias. Isso traz um custo para as indústrias e empresas do Brasil superior a 200 bilhões de reais de custo burocrático, o país tem um custo superior a 400 bilhões de reais de custo burocrático tributário, por conta também do gasto do governo federal, dos governos estaduais e municipais, então é algo que precisa ser enfrentado.”, defende o deputado.

Comparação anual

Quando comparada ao mesmo período de 2021, a demanda de bens industriais teve alta de 3%. Com esse resultado, o trimestre móvel subiu 3,2% em relação ao ano passado. Na comparação da produção industrial, analisada pela Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PIM-PF/IBGE), houve uma queda de 1,4% no acumulado de doze meses e a demanda recuou 0,6% no mesmo período. Já a importação de bens industriais, na mesma base de comparação, registrou aumento de 5,4%.

Tiveram desempenho positivo na margem, oito dos 22 segmentos da indústria de transformação, com destaque para os segmentos de outros equipamentos de transporte e metalurgia, com crescimento de 15,6% e 8,2% respectivamente. Em relação ao trimestre móvel, nove segmentos apresentaram avanço na comparação dessazonalizada, com peso para farmoquímicos (8,4%) e veículos (6,2%).

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