LOC.: Os consumidores paulistas vão passar a gastar mais com a conta de energia elétrica a partir de agora. Tudo porque a Aneel criou uma nova faixa de cobrança, a bandeira “escassez hídrica”, com valores mais altos do que aqueles que já vinham sendo praticados na bandeira vermelha 2, a de valor mais elevado até então.
A nova cobrança na tarifa de energia elétrica reajustou o preço em 50%, passando de R$ 9,4 por 100 kwh (quilowatt-hora) para R$ 14,2 kwh. De acordo com a Aneel, a nova bandeira valerá até abril de 2022 e o reajuste médio aos consumidores deve ser de 6,78%.
Em São Paulo, os valores cobrados nas contas de energia elétrica, sem o acréscimo das bandeiras tarifárias, variam entre R $0,53 e R $0,71 por kwh (quilowatt-hora) consumidos.
A escalada de preço se deve à crise hídrica que o País enfrenta e deve impactar na meta de inflação anual, o IPCA, que era estimada entre 3,75% e 5,25% no início do ano. No entanto, o Banco Central já vislumbra uma taxa de inflação de 7,11% ao final do período. Em julho, e sem os reajustes nas tarifas de energia, o IPCA já acumulava quase 9%, em 12 meses, e a tendência é que esse número continue em alta.
A principal medida usada para frear a alta da inflação é o controle da taxa básica de juros da economia, a Selic. Entretanto, essa “receita”, segundo Luiz Carlos Ongaratto, especialista em Economia e Administração, é indicada quando a inflação dispara por forte consumo, ou seja, diferente da realidade atual.
TEC./SONORA: Luiz Carlos Ongaratto, especialista em Economia e Administração
“Quando você dá um ‘remédio’, que seria o aumento da taxa de juros, para uma inflação que não tem origem no consumo, ela tem origem na oferta, você gera desaquecimento da economia. O crédito e os produtos ficam mais caros e você desestimula da economia”.
LOC.: O aumento nas taxas de juros para conter a inflação pode sacrificar a produção industrial dos estados e comprometer a capacidade do setor produtivo de realizar investimentos, já que a Selic também influencia nos valores dos créditos e contribui para a falta de insumos e matérias-primas nas indústrias. O combo da política de contenção da inflação desestimula a atividade econômica, como explica o deputado federal Carlos Zarattini, do PT paulista.
TEC./SONORA: Carlos Zarattini, deputado federal – PT/SP
“É um resultado danoso porque o aumento de juros aumenta as dívidas federal, dos estados e municípios. Os investimentos vão diminuir porque os juros vão tornar os financiamentos mais caros. Então, é um erro essa decisão”.
LOC.: Este ano, a Selic teve quatro reajustes e já acumula alta de 3,25% a.a., saindo de 2% a.a. em janeiro para 5,25% a.a. em agosto. O BC manteve o reajuste em 0,75% nos três primeiros movimentos do ano, em março, maio e junho, mas elevou a taxa em 1%, este mês.
Reportagem, Cristiano Ghorgomillos