Especialista reforça a importância de pesquisar preços antes de ir às compras
Com as despesas a mais em janeiro, pais de estudantes já começam a fazer o ajuste no orçamento para encaixar a compra dos itens escolares. A preocupação de sempre é com o preço dos materiais. Em levantamento de preços realizado pelo Procon-MS a diferença no valor de matérias escolares pode chegar até 415%.
No levantamento do órgão, o apontador de lápis vendido em papelarias apresenta diferença nos valores entre R$ 0,32 e R$ 1,65. Já o caderno de 10 matérias apresentou valores entre R$ 10,50 e R$ 56,29. A variação no preço do item pode chegar a 170,52%. Já o lápis de escrever, das nove marcas pesquisadas, indicou uma diferença de 244,49%.
A pesquisa realizada entre 18 e 29 de dezembro em Campo Grande — capital do estado — observou a variação de preços de 17 itens escolares em 10 estabelecimentos.
A advogada especialista em direito do consumidor Helena Lariucc recomenda aos pais que realizem pesquisa de preços antes de ir às compras.
“A primeira dica que a gente dá é para os consumidores fazerem pesquisa de preço. Todos os anos saem diferença de preços, às vezes até mil por cento de um local considerando outro local. Isso varia muito de acordo com os lugares. Então, faça pesquisa de preço para ver o custo-benefício. No momento de escolher o material, é importante observar, principalmente, material de uso no dia a dia. Já observar se não está rasgado, se não está quebrado, se não está amassado para evitar algum tipo de problema no futuro. E, principalmente, observar a qualidade daquele produto que está sendo adquirido para as crianças que serão destinadas”, diz.
No caso de compras online, a especialista alerta para os cuidados que devem ser tomados.
“É preciso tomar muito cuidado nas compras on-line com relação à disparidade de preço. Então, ele precisa observar que o site que está fazendo as compras é um site que tem a informação de um endereço físico. Todos os sites têm que, obrigatoriamente, ter o número do CNPJ e o endereço físico para reclamações. Na compra on-line, o consumidor tem sete dias da data que ele recebe o produto adquirido para poder usufruir do que a gente chama de direito de arrependimento, que é ele devolver o produto e receber os valores pagos de volta, devidamente corrigidos. E essa devolução não precisa ter motivo justificado”, explica.
Se a compra for presencial, a especialista diz que o consumidor normalmente tem um prazo de até 30 dias para solicitar a troca do produto ou devolução dos valores pagos.
De acordo com a Lei 12.886/2013, materiais de uso coletivo, como por exemplo, papel higiênico, copo descartável, resma de papel sulfite não devem ser pedidos nas listas de materiais escolares.
“Esses materiais, como copo descartável para as crianças tomarem água, papel higiênico para uso no banheiro, guardanapos para uso na escola, giz de quadro ou pincel para os quadros brancos são obrigações da escola em prover. Isso já está tecnicamente incluído no valor da mensalidade escolar. Por isso que esses materiais de uso coletivo não podem ser exigidos dos pais, com exceção daqueles que serão utilizados nas atividades dos alunos. Isso deve ser apresentado dentro das atividades lúdicas e aos pais é possível a entrega do material no momento da atividade”, ressalta Lariucc.
IPVA 2024: GO, MT e MS oferecem desconto para pagamento à vista; DF não oferece abatimento
Dificuldades para ouvir e enxergar, podem estar relacionadas ao mau desempenho do aluno na escola
Notas baixas e dificuldade em realizar tarefas em sala de aula nem sempre são por falta de interesse do aluno. Problemas com a saúde dos olhos e ouvidos também podem afetar o rendimento escolar das crianças. E, neste começo de ano letivo, é importante que os pequenos passem por uma bateria de exames oftalmológicos e auditivos.
É o que apontam especialistas ouvidas pelo Brasil 61. A fonoaudióloga Ariane Gonçalves, da clínica AudioFisa, alerta que fatores genéticos ou infecções no ouvido podem atrapalhar a concentração e o desempenho do aluno.
“É importante realizar o check-up auditivo nas nossas crianças agora, na volta às aulas, para ver se a criança tem alguma infecção de ouvido, se tem algo atrapalhando a passagem do som. Porque, caso esteja alguma coisa atrapalhando a passagem desse som, a criança vai ficar desatenta na escola e pode desencadear alguns problemas.”
Já Magna Rodrigues, oftalmologista do CBV-Hospital de Olhos, recomenda que crianças façam avaliações oftalmológicas anualmente para que se possa reconhecer doenças, como a miopia, que pode atrapalhar o desenvolvimento escolar.
“A miopia é a dificuldade de enxergar de longe, então essa criança vai ter dificuldade de enxergar o quadro, de desenvolver atividades e até de fazer esportes. Lembrando que o erro refrativo como a miopia, a hipermetropia e o astigmatismo é a principal causa de cegueira e há uma cegueira que é reversível e tratada. Se for acompanhada e usando os métodos de tratamento adequado”, orienta a médica.
Segundo a oftalmologista Magna Rodrigues, alguns dos importantes sintomas para prestar atenção e suspeitar se a criança tem algum tipo de problema na visão são:
Para identificar possíveis problemas auditivos, a fonoaudióloga Ariane Gonçalves aponta os seguintes sinais:
O início do ano também é marcado pelo fim das férias escolares. Com isso, o uso da mochila nas costas por crianças e adolescentes volta a ser frequente. Cuidados para que o peso sobre as costas não prejudique o aluno devem ser tomados.
O ortopedista Julian Machado orienta que a mochila deve ser carregada da forma correta, com as duas alças devidamente acomodadas nos ombros. Recomenda ainda que o peso da mochila não ultrapasse 10% do peso do aluno.
“O peso da mochila não vai deformar a coluna, a parte óssea, o arcabouço ósseo, mas com o tempo ele pode levar essa criança a ter vícios posturais, que funcionam como se ela tivesse realmente a escoliose, a cifose. Então assim, o peso da mochila é um fator importante e uma sem ocupação sempre no período de início das aulas”, completa o especialista.
Menopausa: entenda o processo natural que marca o final da menstruação
Confira como fica a prova de vida: agora é responsabilidade do INSS
O neurocirurgião Henrique Lira, especialista em coluna vertebral, alerta aos pais a importância do acompanhamento da saúde da coluna das crianças desde os primeiros anos de vida, pois alterações ou impactos no desenvolvimento e na qualidade do funcionamento ergonômico postural, vai impactar diretamente na saúde da coluna do adulto.
“Crianças que vão à escola com uma postura inadequada, seja por carregamento de peso na mochila, seja por alterações posturais na hora estudo, associados à obesidade, a falta de práticas de atividade física, isso vai impactar na saúde da coluna de até 70% dos adultos tardiamente”, explica Lira.
Na hora de arrumar a mochila para a volta às aulas, o aluno deve optar por colocar o material mais pesado na parte de trás, de forma que fique mais perto do corpo para que o peso não faça com que a criança ou adolescente se curve.
Observe também se a mochila está acomodada no meio das costas e apoiada na coluna lombar, desta forma, os ombros não ficarão sobrecarregados e pode ajudar a evitar a dor no final do dia.
As crianças devem ser testadas sempre que apresentarem sintomas ou tiverem contato com alguém infectado pela Covid-19. Além disso, os testes RT-PCR, teste ou sorológico são aceitos. A lógica é a mesma aplicada nos adultos, sendo que pais e responsáveis devem observar, por exemplo, o tempo desde que a criança foi supostamente exposta ao vírus ou que esteja apresentando sintomas. Essa foi a declaração dada pelo membro do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Dr. Ricardo Queiroz Gurgel.
A farmacêutica Laís Soares, moradora de Caravelas (BA), teve que levar a filha, Lívia, de 5 anos, até o posto de saúde para fazer o teste RT-PCR. Segundo Laís, a criança apresentava sintomas e todo processo foi feito de forma gratuita pelo SUS. “Não tivemos dificuldade nenhuma em fazer o teste, prontamente o posto de saúde e a secretaria de saúde ajudaram. O teste rápido foi feito e no mesmo dia fui notificada”, explica.
Dr. Ricardo também afirma que a testagem é importante para definir os próximos passos. “A confirmação de diagnóstico já indica a maneira correta de proceder e o possível caso de isolamento em caso positivo”, explica.
Já em Brasília, conseguir o teste não é tão fácil. Jamile Abadio é mãe de duas crianças e precisou buscar atendimento depois que os filhos apresentaram sintomas. Ela conta que foi encaminhada para um laboratório particular mas, por conta do sistema, as crianças só conseguiram fazer o exame depois de três dias. “Tinha que chegar muito cedo para pegar senha e entrar na fila. Isso levaria algumas horas e não tinha como levar eles doentes para o frio e chegar muito cedo”, explica.
RT-PCR: feito pelo swab nasal ou pela coleta de saliva, o teste deve ser feito entre 3º e 4º da doença. Mas é importante lembrar que o teste só detecta casos ativos da doença, não sendo indicado para diagnosticar casos de infecção prévia.
Sorológico - feito pelo exame de sangue, é utilizado para saber se a criança desenvolveu anticorpos produzidos contra o vírus. Portanto, é indicado para diagnosticar uma possível infecção antiga. Um resultado negativo não exclui uma infecção atual da doença.
A Fiocruz atualizou na última sexta-feira (11) os protocolos sanitários para que a volta às aulas seja feita de forma segura. Segundo o secretário de Educação da Bahia, em 2021, o estado contou com 3 meses de aula presencial e esse período ajudou na adaptação dos protocolos. “O importante é perceber o quanto a escola fez falta, o quanto os professores fizeram falta na vida da sociedade, quanta falta fez o encontro dos estudantes”, ressaltou.
O documento orienta que adultos ou crianças que estiverem com sintomas leves ou moderados de Covid-19 devem ficar isoladas por 10 dias, a contar da data de início dos sintomas. Mas, o retorno só deve acontecer caso o paciente não tenha nenhum sintoma nas últimas 24 horas. Porque a confirmação de diagnóstico já indica a maneira correta de proceder e o possível caso de isolamento em caso positivo.
Já no caso dos assintomáticos, são necessários 5 dias a contar da data do teste positivo, desde que um novo teste no quinto dia seja negativo.
A Sociedade Brasileira de Pediatria também é a favor do retorno. Dr. Ricardo afirma que as crianças foram um dos públicos mais impactados pela pandemia. “O prejuízo que tem para o desenvolvimento das crianças é muito maior com esse isolamento que se mantém somente para elas, porque todas as outras atividades estão praticamente liberadas.”
O documento prevê que as aulas só deverão ser suspensas caso existam 3 ou mais testes positivos simultâneos, na mesma classe. Essa situação deve ser acompanhada, mas o fechamento das escolas só deve acontecer em caso de recomendação dos técnicos sanitários locais.
Segundo o pediatra Thallys Ramalho, as aulas não devem ser suspensas porque a vacina já está amplamente disponível para a faixa etária de 5 a 12 anos, além das manifestações da Covid-19 não serem tão graves nas crianças. "Agora com a vacina, a gente mitiga ainda mais o risco de uma infecção grave pela Covid. Devem ser tomadas as precauções necessárias, as medidas de isolamento e, na medida do possível, um plano de contingência para as escolas receberem um número menor de crianças.”
Alguns estados já adotaram as novas diretrizes. No Rio de Janeiro, não será cobrada dos estudantes a vacinação contra a Covid-19, mas os pais e responsáveis são incentivados a levarem os seus filhos imunizados. Caso algum aluno ou funcionário teste positivo, o protocolo prevê que o paciente seja encaminhado para a rede de atenção primária e faça um teste.
A rede estadual do Rio tem 1.230 escolas com 23 mil turmas e 678,2 mil estudantes. Esse grupo é formado, essencialmente, por alunos do ensino médio.
Apesar da nova onda de disseminação da Covid-19, a maior parte das escolas brasileiras está retomando as aulas presenciais no início de fevereiro. Goiás e Ceará já começaram em janeiro. Em 19 estados, as aulas serão iniciadas ao longo de fevereiro e, na maior parte dos estados da região norte, em março (veja calendário no gráfico).
Para a Unicef a retomada das aulas presenciais é esperada e acertada. “É um momento fundamental para a garantia de direito de crianças e adolescentes. Já estamos vivenciando a pandemia há quase dois anos e a pandemia trouxe impactos profundos para educação que contribuíram para ampliar as desigualdades que já existiam”, pondera a Oficial de Educação da Unicef, Julia Ribeiro.
Dados do Censo Escolar de 2021 divulgados pelo Inep, órgão ligado ao Ministério da Educação, revelaram que mais de 650 mil crianças das redes pública e privada saíram da escola nos últimos três três anos. A maior parte deles são alunos entre 5 e 10 anos.
“Houve uma queda expressiva, se a gente olhar de 19 para 21 a queda da rede privada supera 21%. Esse é um movimento que só pode ser explicado pela pandemia. Então, os desafios estão postos”, ponderou o diretor de estatística educacionais do Inep, Carlos Moreno, ao explicar a baixa de matrícula em creches.
Os dados estatísticos sobre matrículas foram divulgados no último dia 31. Em fevereiro, o Inep começa a segunda parte do Censo Escolar 2021 que vai apurar dados qualitativos sobre o ensino e aprendizagem no Brasil.
Professora da rede pública de ensino do DF, Amanda Gontijo sentiu na rotina do trabalho a dificuldade dos alunos. Ela leciona em uma escola de Ceilândia, que fica na periferia de Brasília, para estudantes do 5º ano do Fundamental (crianças que, em média, têm 10 e 11 anos). “Ainda tenho estudantes com muita dificuldade na escrita e na leitura. Tive dois estudantes que precisaram repetir o quinto ano porque não conseguiram acompanhar as atividades de forma remota”, diz.
A pedagoga Érica Toledo trabalha na direção de uma escola pública em Samambaia, também no Distrito Federal, ela diz que, mesmo com estratégias de entrega de material impresso para famílias com dificuldades de acesso à internet, o ensino durante 2020 e 2021 ficou prejudicado. “Era difícil o retorno dessas atividades, muitas famílias não conseguiam ir buscar as atividades devido a devido os horários da escola, não conseguiam buscar devido ao trabalho ou mesmo receio de sair de casa durante a pandemia.”
Para evitar uma evasão escolar ainda maior, o Unicef desenvolve em parceria com os municípios a Busca Ativa Escolar. Por meio dessa iniciativa, mais de 80 mil crianças e adolescentes puderam ser reintegrados às rotinas escolares.
Para um retorno seguro, o Unicef recomenda que os pais vacinem contra a Covid-19 as crianças de 5 a 11 anos. Para o retorno às aulas, alguns estados informaram que irão exigir o passaporte vacinal.
Ministério da Saúde distribui 2,6 milhões de doses da CoronaVac para vacinação infantil
Os preços podem variar em até 381% em um único item
Chegou a hora de comprar o material escolar e neste ano o aumento deve chegar a 30%, segundo a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE). De acordo com a entidade, as indústrias e os importadores estão sofrendo um aumento de custos considerável, o que vai refletir nos preços dos produtos finais.
Alguns pais já se programam para as visitas nas papelarias. Pesquisas e mais pesquisas. Judson Matos, psicanalista e pai de cinco filhos, mora na Cidade Ocidental,em Goiás, e diz que uma das alternativas para pagar mais barato pelos materiais dos filhos é a análise de preços e paciência. “Material escolar você tem que pesquisar porque os preços variam de local para local, de papelaria para papelaria. Pesquiso muito antes de comprar.”
Diferente de Judson, a comerciante Renata Freire, mãe de dois filhos, estudantes do ensino infantil, em Águas Claras, no Distrito Federal, não tem tempo para pesquisar preços, mas tem encontrado outra solução para pagar mais barato. Se mantém fiel à mesma loja anualmente. “Como eu trabalho o dia todo não tenho tempo pra ficar fazendo pesquisa de uma papelaria para outra. Então, todo ano vou na mesma loja, e eles me dão um desconto.”
O economista Newton Marques diz que com os preços elevados, muitas pessoas têm procurado usar material de segunda mão, quando possível.“São formas diferenciadas para fazer uma poupança e não gastar tanto. Muita criatividade tem sido utilizada pelos consumidores nesse começo de período escolar para evitar que o gasto seja elevado.”
O diretor geral do Procon do Distrito Federal, Marcelo de Souza, orienta os pais a sempre lembrarem de verificar com a escola o que foi usado no semestre anterior. "Os pais devem checar com as escolas sobre a utilização do material que não foi usado no semestre ou no ano letivo. As instituições devem devolver o material que não foi utilizado, e esse material pode sim ser reaproveitado no ano seguinte.”
Recentemente uma pesquisa do Procon de São Paulo constatou diferenças expressivas em diversos itens na lista de material escolar. A maior diferença encontrada foi de 381,11%; uma caixa com 6 cores (90g) de uma massa de modelar que era vendida em um local por R$ 12,99 e em outro, por R$ 2,70; o preço médio apurado foi de R$ 4,83.
O núcleo pesquisou os seguintes produtos no período de 7 a 10 de dezembro de 2021: apontador, borracha, caderno, canetas esferográfica e hidrográfica, colas em bastão e líquida, giz de cera, estojo de lápis de cor, lápis preto, lapiseira, marca texto, massa de modelar, papel sulfite, refil para fichário.
Unicamp também já havia começado a retomar atividades presenciais de forma gradual
A Universidade de São Paulo (USP) está retomando as atividades presenciais para os estudantes neste início de outubro. Em carta enviada aos alunos da graduação, o reitor da USP, Vahan Agopyan, aponta que, apesar de o calendário ter sido cumprido durante o ensino remoto, a volta das atividades presenciais é necessária para a formação profissional dos estudantes.
“Não houve prejuízo maior aos alunos quanto ao cumprimento do calendário escolar, mas sim na formação global do profissional que a Universidade se desdobra para oferecer. Vamos juntos recuperar o que não pudemos fazer nesses últimos 19 meses”, declarou.
Entre as medidas adotadas pela USP, está o escalonamento de ambientes de refeição, como salas de almoço, copas e cantinas. Os locais devem ser adaptados para possuir ventilação e ter um número máximo de pessoas por turno e horário fixo de permanência.
Além disso, funcionários com guarda de crianças de até 12 anos terão a jornada de trabalho híbrido e poderão continuar no teletrabalho enquanto as crianças não retornarem às próprias atividades escolares presenciais, cabendo aos servidores comprovarem à instituição essas condições. Por fim, servidoras e alunas grávidas também poderão permanecer no sistema completamente remoto.
Em São Paulo, um decreto de julho do governo paulista autorizava a volta do ensino presencial em instituições de nível superior. Antes disso, apenas os cursos de áreas da saúde poderiam ter aulas presenciais.
Porém, segundo o Semesp, associação que representa instituições de ensino superior no Brasil e especialmente no estado de São Paulo, cada instituição de ensino superior tem autonomia para a definição e condução do retorno às atividades presenciais, considerando projetos pedagógicos e especificidades de cada curso.
Atualmente, o estado de São Paulo possui 2 milhões de estudantes do ensino superior, segundo dados oficiais do governo.
Isabela Menezes, estudante de psicologia em uma universidade privada de São Paulo, já está tendo atividades práticas presenciais desde o início do semestre. Segundo ela, o retorno está sendo essencial para a sua aprendizagem.
“O difícil é se acostumar ao presencial depois de tanto tempo no remoto, mas é inevitável reconhecer como nós absorvemos mais os conteúdos e colocamos as atividades melhor em prática quando estamos presencialmente”, diz.
“Cenário de volta às aulas em 2021 é desafiador”, diz presidente do Consed
Ensino remoto durante pandemia impactou alfabetização de crianças
SP: confiança com a volta às aulas presenciais aumenta em municípios
Na Unicamp, apesar de o semestre letivo ter iniciado em agosto, o retorno começou de forma gradual no dia 13 de setembro, quando docentes com o esquema vacinal completo voltaram às atividades. A orientação da universidade aos estudantes é que, até o fim deste semestre, permaneçam com as aulas teóricas no modo remoto e, assim que também completarem a imunização, passem a frequentar atividades práticas, grupos de estudos e dúvidas presencialmente.
Em parceria com a prefeitura de Campinas, o campus da Unicamp também se tornou um ponto de vacinação para a população do município. “Queremos que os nossos alunos venham ser vacinados aqui, temos vacinas para todos. E isso não significa aulas presenciais, significa uma retomada das atividades de ensino lenta e gradualmente”, explica o reitor Antônio José Meirelles.
Uma das regras para este retorno vai ser o comprovante de vacinação de docentes e estudantes com a data de, no mínimo, 14 dias após a segunda dose aplicada. Maria Luiza Moretti, coordenadora geral da Universidade de Campinas (Unicamp), explicou como será feita a comprovação vacinal: “Em relação à vacina, ela será obrigatória para todos os nossos servidores e alunos. A nossa área de TI já está desenvolvendo um programa que reunirá todo esse sistema de informações que será exigido.”
Com a retomada, as instituições de ensino também reforçam a importância de manter os cuidados contra o coronavírus, como o uso de máscaras e higienização das mãos.
A infectologista Ana Helena Germoglio acredita que essas medidas tenham mais adesão entre os universitários que na educação infantil, por exemplo: “As mesmas medidas de precaução em relação a uso de máscara, distanciamento e testagem, são as mesmas que a gente orienta para as escolas e que também devem ser seguidas pelos universitários. A gente entende que, por se tratarem de pessoas adultas, em tese eles devem compreender até melhor todas essas orientações.”
Ana Helena ainda destaca que “hoje em dia, com o conhecimento da doença que nós já temos, que as medidas simples como distanciamento são eficazes. Com a vacinação da população, sabemos que é seguro o retorno das atividades universitárias e elas devem ser consideradas essenciais.”
A partir de outubro, o Governo da Paraíba vai começar a realizar testes de antígeno para detectar Covid-19 em alunos e professores de escolas públicas e privadas de todos os níveis de ensino do estado.
A iniciativa faz parte de uma parceria entre as secretarias estaduais da Saúde e da Ciência e Tecnologia e tem como objetivo gerar estimativas de incidência do vírus em estudantes e professores. Além disso, a ação também visa contribuir para a elaboração do cronograma de atividades escolares presenciais esperadas no Plano Educação para Todos em Tempos de Pandemia da Paraíba.
No total, 41.919 pessoas serão testadas em 120 instituições de níveis infantil a médio nos 189 municípios que foram selecionados por sorteio para a realização do estudo. O número de faculdades ainda não foi definido e em cada unidade de ensino, 20 alunos e 10 docentes vão ser escolhidos para fazerem parte da amostragem. A testagem vai ser feita entre os meses de outubro e dezembro deste ano.
O secretário executivo de Saúde da Paraíba, Daniel Beltrammi, destaca que a ação faz parte do plano de retomada progressiva do ensino presencial, em que é importante mapear a circulação do vírus no ambiente escolar. “Com essas informações será possível oferecer um maior nível de confiabilidade no planejamento e retomada das atividades presenciais, que está sendo gradativa”, afirma.
Ainda segundo o secretário, o teste de antígeno é rápido, indolor e pode detectar a proteína viral do SARS-CoV-2. Se o resultado for positivo, indica infecção viral ativa. Esse tipo de teste é o mais rápido em relação aos demais, com o resultado disponibilizado em poucos minutos. “De posse desses números, adotaremos ações relevantes para garantir a segurança de todos nas localidades mais comprometidas, além de haver uma resposta para as famílias das crianças que foram testadas, em caso de resultado positivo”, explicou Daniel Beltrammi.
As primeiras unidades a serem visitadas serão as escolas de ensino infantil. A testagem desse público está prevista para ser realizada entre os dias 18 e 22 de outubro. Na sequência, serão atendidas as escolas de ensino fundamental. As séries iniciais participarão entre os dias 1º e 5 de novembro, e as finais de 15 a 19 do mesmo mês. As instituições de ensino médio serão contempladas no período compreendido entre 28 de novembro e 2 de dezembro e, por fim, estudantes e professores de nível superior serão testados entre os dias 12 e 16 de dezembro.
O Brasil registrou mais 17,756 casos e 697 óbitos por Covid-19, nesta quarta-feira (29), de acordo com o balanço mais recente do Ministério da Saúde. Desde o início da pandemia, mais de 21.399.546 milhões de brasileiros foram infectados pelo novo coronavírus. O número de pessoas que morreram pela doença no País é superior a 596.122.
A quantidade de pessoas recuperadas da doença, por sua vez, chega a 20.404.701 milhões. O Rio de Janeiro ainda é o estado com a maior taxa de letalidade entre as 27 unidades da federação (5,14%), embora não conte com o maior número de vítimas fatais. O índice médio de letalidade do País é de 2,79%.
Os números têm como base o repasse de dados das Secretarias Estaduais de Saúde ao órgão. Acesse as informações sobre a Covid-19 no seu estado e município no portal brasil61.com/painelcovid.
Utilizado em caráter emergencial após o início da pandemia de Covid-19 no Brasil, o ensino remoto se estabeleceu na rotina de alunos e professores pelo país. Com a chegada dele, crianças entre 6 e 9 anos começaram a apresentar prejuízos na alfabetização. Os motivos são diversos, mas entre eles se destaca a falta de concentração dos estudantes fora do ambiente escolar.
Segundo pesquisa feita pela Fundação Lemann, Itaú Social e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), divulgada em junho deste ano, 88% dos estudantes matriculados no 1º, 2º e 3º anos do Ensino Fundamental estão em processo de alfabetização. Dessa proporção, 51% das crianças ficaram estagnadas no mesmo estágio de aprendizado durante o ensino remoto – 29% não aprendeu nada de novo e 22% desaprendeu parte do que já sabia, de acordo com a percepção dos pais e responsáveis.
Vitor de Angelo, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), destaca que, por conta da situação urgente que a pandemia trouxe, as novas formas de ensino dependem das condições de se ensinar, “sejam elas boas ou ruins, mas seguindo os protocolos de biossegurança.”
Apesar disso, o presidente reconhece as consequências causadas pelo modo online: “O ensino remoto tornou-se uma necessidade em função das condições que a pandemia nos impôs, mesmo assim, a capacidade de entrega é muito menor [do que a do presencial]. Isso vai se refletir no resultado de aprendizagem mais adiante.”
Em agosto, escolas de Itaperuna, município do Rio de Janeiro, tiveram as aulas suspensas após o retorno do presencial. O motivo foi o aumento de casos da Covid-19 e a precaução por conta da variante Delta. As crianças em alfabetização, porém, não foram afetadas por nenhuma suspensão, pois o retorno da faixa etária na rede municipal está previsto apenas para 5 de outubro.
O município contém 140 escolas, entre públicas e privadas, e 10.876 matrículas no Ensino Fundamental, segundo dados do IBGE.
De acordo com Fabiana França, coordenadora geral executiva de Apoio à Política Educacional da prefeitura de Itaperuna, durante o ensino remoto, o município buscou manter contato com todos os matriculados para que estes tivessem acesso ao conteúdo escolar, seja de forma online ou impressa, no caso daqueles que não possuíam internet.
Em relação ao prejuízo na alfabetização, Fabiana acredita que novas metodologias precisam ser reinventadas para a recuperação da aprendizagem, mas sem deixar de lado o contato do professor com o aluno. O tempo para se alcançar esse objetivo depende de caso a caso, como explica a coordenadora.
“Alguns alunos, em poucos meses, terão o seu percurso educacional recuperado, mas outros levarão mais tempo devido a dificuldades maiores. O tempo de aprendizagem de cada aluno é variável, muitas vezes a gente observa a diagnose, traça um percurso formativo, mas esse aluno nos surpreende no processo”, diz.
“Cenário de volta às aulas em 2021 é desafiador”, diz presidente do Consed
Edital do Leilão do 5G traz ajustes para reforçar investimento em educação nos municípios
Entre as crianças que podem levar mais tempo para recuperar os resultados escolares, estão as com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Para a psicóloga Heliane Dantas, a situação do ensino remoto para as crianças com a condição “é um desastre”. Ela completa: “Dentro da própria sala de aula já existe uma dificuldade para os professores conduzirem uma alfabetização para as crianças de TDAH, imagina online! É uma situação difícil e, retornando ao presencial, é necessário um trabalho personalizado e reforço pedagógico para reverter.”
A psicóloga comenta, ainda, a possibilidade do ensino lúdico, realizado por meio de brincadeiras, para ajudar a reverter o prejuízo na alfabetização das crianças com déficit de atenção. Porém, ela também aponta que são poucas as escolas que aplicam o método.
“Nós temos que refletir se nós temos unidades escolares suficientes para que reverta o cenário. Se o ensino lúdico existir nelas, aí sim ele tem a capacidade de ajudar não só no TDAH, mas em diversas outras dificuldades escolares que possam existir”, afirma.
Isabelle Reis, 29, é professora do 4° ano em uma escola privada de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. No início da pandemia, ela resolveu postar no YouTube, dicas de como ministrar videoaulas. “Nós, professores, tivemos que virar cinegrafistas, editores de vídeos. A ideia era ajudar pessoas que se sentiam perdidas, assim como eu me senti no início”, relata.
A iniciativa não só deu certo, como foi ampliada. Hoje, Isabelle produz conteúdo para as redes sociais voltado para a alfabetização e ensino lúdico, sempre utilizando formas criativas de ensinar por meio de quebra-cabeças, moldes e jogos.
“Se a gente ensina de forma criativa, com uma brincadeira, uma música, a criança vai assimilar aquilo da maneira mais simples possível e é assim que ela vai acabar aprendendo os conteúdos de uma forma muito mais prazerosa”, declara. “O meu objetivo é que cada dia de aprendizagem seja um dia marcante.”
A professora também destaca que a ludicidade é importante não só para a fase da alfabetização, mas para os anos seguintes. Porém, independente do ano ou idade, o envolvimento dos pais é imprescindível.
“Dá para ver exatamente quais são os pais que abraçam a causa. Se eu estou alfabetizando na escola, é importante que também tenha um estímulo dos pais em casa, de se sentarem com as crianças para fazerem as atividades, os jogos. Se não tem essa parceria dos pais com a escola, nós acabamos demorando mais nessa caminhada”, afirma.
Em Angra dos Reis, os estudantes já estão em ensino híbrido, intercalando o modo remoto e presencial em grupos e semanas. As aulas não foram suspensas em nenhum momento após o retorno em agosto. O município possui 157 escolas, entre públicas e privadas, e 21.746 matrículas no Ensino Fundamental, segundo dados do IBGE.
Em relação às avaliações oficiais de aprendizagem no Brasil durante a pandemia de Covid-19, é difícil fazer uma projeção de estados mais avançados no ensino. É o que diz o presidente do Consed, Vitor de Angelo: “Essa medição só será possível quando fizermos uma avaliação nacional comparável de estado com estado, o que ocorrerá apenas no final deste ano, com o SAEB.”
O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) é um conjunto de sistemas de avaliação do ensino brasileiro, desenvolvido e gerenciado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Em 2020, não houve a realização do indicador. A edição de 2021 será aplicada entre os meses de novembro e dezembro.
Com o retorno das aulas presenciais após um longo período de ensino remoto, muitos questionamentos ainda perduram sobre como oferecer uma educação de qualidade diante dos desafios que a pandemia da Covid-19 trouxe. Para falar sobre projeções, expectativas e dificuldades do ensino estadual e municipal, o Brasil 61 Entrevista conversou com o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Vitor de Angelo.
Na perspectiva do presidente do Consed, as dificuldades do ano passado ainda persistem em 2021. A diferença é que existe um melhor entendimento sobre o que é o coronavírus e grande disposição dos gestores locais para resolver essas questões.
“Noto que há um interesse muito grande dos gestores em apoiar o secretário de educação local. Agora, lógico, entre a disposição e a concretização disso há um caminho que nem sempre depende da vontade de alguém apoiar e valorizar o trabalho, mas sim, em muitos casos, de condições financeiras, técnicas e políticas para tomar determinadas decisões que podem ser difíceis em um momento tão polarizado como esse”, salienta Vitor de Angelo.
Terceira dose da vacina contra a Covid-19 deve ser aplicada 8 meses após a segunda, diz especialista
Maioria das escolas brasileiras distribuiu kit alimentação durante suspensão das aulas
Com relação ao desenvolvimento dos alunos, Vitor enxerga que existe um déficit educacional, mas que não é possível afirmar com precisão até que estudos do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) sejam publicados.
Outro assunto muito discutido enquanto os alunos tinham aulas remotas era a falta de acesso à internet para dar continuidade aos estudos. Agora, com o retorno das atividades presenciais, Vitor destaca que o objetivo atual dos gestores é implementar internet de qualidade e com maior abrangência dentro das escolas, mas é necessário levar em consideração condições geográficas e de infraestrutura.
“É preciso ampliar o horizonte para pensar também o papel do governo federal e do Ministério das Comunicações. Estamos com o edital do 5G acontecendo e esse é um momento importantíssimo, porque significa dar um passo em termos de tecnologia que pode ser decisivo para expandir um acesso de qualidade para todas as escolas públicas, independente se são escolas urbanas ou escolas rurais.”
O presidente do Consed pontua ainda que para superar os desafios estruturais que envolvem a educação no Brasil e construir um ensino de qualidade é necessária uma grande mobilização de atores políticos e da sociedade civil organizada. Confira abaixo a entrevista na íntegra.