Data de publicação: 03 de Fevereiro de 2022, 14:15h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:33h
Apesar da nova onda de disseminação da Covid-19, a maior parte das escolas brasileiras está retomando as aulas presenciais no início de fevereiro. Goiás e Ceará já começaram em janeiro. Em 19 estados, as aulas serão iniciadas ao longo de fevereiro e, na maior parte dos estados da região norte, em março (veja calendário no gráfico).
Para a Unicef a retomada das aulas presenciais é esperada e acertada. “É um momento fundamental para a garantia de direito de crianças e adolescentes. Já estamos vivenciando a pandemia há quase dois anos e a pandemia trouxe impactos profundos para educação que contribuíram para ampliar as desigualdades que já existiam”, pondera a Oficial de Educação da Unicef, Julia Ribeiro.
Evasão e dificuldade de aprendizado
Dados do Censo Escolar de 2021 divulgados pelo Inep, órgão ligado ao Ministério da Educação, revelaram que mais de 650 mil crianças das redes pública e privada saíram da escola nos últimos três três anos. A maior parte deles são alunos entre 5 e 10 anos.
“Houve uma queda expressiva, se a gente olhar de 19 para 21 a queda da rede privada supera 21%. Esse é um movimento que só pode ser explicado pela pandemia. Então, os desafios estão postos”, ponderou o diretor de estatística educacionais do Inep, Carlos Moreno, ao explicar a baixa de matrícula em creches.
Os dados estatísticos sobre matrículas foram divulgados no último dia 31. Em fevereiro, o Inep começa a segunda parte do Censo Escolar 2021 que vai apurar dados qualitativos sobre o ensino e aprendizagem no Brasil.
Professora da rede pública de ensino do DF, Amanda Gontijo sentiu na rotina do trabalho a dificuldade dos alunos. Ela leciona em uma escola de Ceilândia, que fica na periferia de Brasília, para estudantes do 5º ano do Fundamental (crianças que, em média, têm 10 e 11 anos). “Ainda tenho estudantes com muita dificuldade na escrita e na leitura. Tive dois estudantes que precisaram repetir o quinto ano porque não conseguiram acompanhar as atividades de forma remota”, diz.
A pedagoga Érica Toledo trabalha na direção de uma escola pública em Samambaia, também no Distrito Federal, ela diz que, mesmo com estratégias de entrega de material impresso para famílias com dificuldades de acesso à internet, o ensino durante 2020 e 2021 ficou prejudicado. “Era difícil o retorno dessas atividades, muitas famílias não conseguiam ir buscar as atividades devido a devido os horários da escola, não conseguiam buscar devido ao trabalho ou mesmo receio de sair de casa durante a pandemia.”
Para evitar uma evasão escolar ainda maior, o Unicef desenvolve em parceria com os municípios a Busca Ativa Escolar. Por meio dessa iniciativa, mais de 80 mil crianças e adolescentes puderam ser reintegrados às rotinas escolares.
Para um retorno seguro, o Unicef recomenda que os pais vacinem contra a Covid-19 as crianças de 5 a 11 anos. Para o retorno às aulas, alguns estados informaram que irão exigir o passaporte vacinal.
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