Uma avaliação internacional feita a cada três anos, em 81 países, analisa o desempenho de estudantes de 15 anos em três áreas: matemática, ciências e leitura. A edição de 2022, divulgada no fim de 2023, mostrou resultados do efeito que a pandemia teve sobre os estudantes em todo o mundo.
Segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), 73% dos alunos brasileiros não alcançaram o patamar mínimo de aprendizagem em matemática, 50% não atingiram o mínimo em leitura e 55% em ciências. Uma régua desleal, segundo a doutora em educação e professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), Catarina de Almeida Santos. “Quando falamos de Brasil, estamos usando a mesma régua para medir realidades muito diferentes — e isso, por si só, já é um grande complicador.”
A educadora ainda cita uma outra questão com relação a esse tipo de avaliação. “Medir qualquer processo avaliativo ou dizer que a qualidade de um processo de formação pode ser medido por uma prova, já é um problema. Quando pegamos um país com a complexidade do Brasil — e aí quando você pega uma régua internacional para medir isso, a situação se complica ainda mais.”
Para Catarina os resultados do Pisa mostram que não mexemos no processo da educação — e que não estamos garantindo condições objetivas de ensinar e aprender.
Muitas são as causas que podem levar um estudante a abandonar a escola, mas a pandemia de Covid-19 agravou o quadro e segundo uma pesquisa feita pelo Unicef, cerca de 2 milhões de crianças e adolescentes — entre 11 e 19 anos — estão fora da escola no Brasil.
Um dos estados que conseguiu driblar esses números e reduzir a evasão escolar foi Goiás, que entre 2018 e 2022 fez com que esse número caísse 54%. Segundo o governador, Ronaldo Caiado, o investimento em escolas de tempo integral, entre outras melhorias, foram os responsáveis pelo avanço nos números.
“Isso motivado por tudo aquilo que nós fornecemos, como uniformes, laboratórios de química, física e biologia, além de multiplicar por cinco o número de colégios em tempo integral no estado; hoje já são 256.”
Outro investimento que mudou a cara da educação de Goiás foi a aposta em tecnologia e em inovação.
“Fazendo com que todos os nossos alunos do nono ao terceiro ano do ensino médio tivessem a oportunidade de ter o Chromebook da Google, tivessem acesso ao laboratório de informática. Retirando a criança do analfabetismo digital, que nem todos os colégios públicos tinham, a oportunidade oferecer isso ao nosso jovem”, acrescenta o governador que tem por objetivo este ano, ficar em primeiro lugar na avaliação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Para a especialista em educação, tanto a evasão escolar quanto a retenção, são multifatoriais e precisam levar em consideração muitos aspectos.
“Fazer com que os estudantes permaneçam na escola significa a gente fazer escolas que possam ser, de fato, chamadas de escolas. Além disso, garantir condições extra-escolares que façam com que eles possam permanecer na escola, construir uma escola que seja interessante, ter professores e professoras em condições e comprometidos com essa escola.”
“São muitos os caminhos para combater a evasão escolar — e não é um caminho único para todas as localidades” , enfatiza a especialista.
Nos dias 28 e 29 de novembro, escolas estaduais do Paraná realizam consulta pública para decidir sobre a adesão ao modelo cívico-militar no ano letivo de 2024. Ao todo são 127 escolas estaduais em 56 municípios do estado. Caso o quórum necessário não seja atingido nesses dias, a votação será prorrogada para o dia 30 de novembro.
Relação das instituições de ensino que realizam o processo de Consulta Pública à comunidade escolar para a implementação do Programa dos Colégios Cívico-Militares do Paraná
Cristiane Jakymiu, coordenadora do Departamento de Programas para Educação Básica da Secretaria de Educação do Paraná, esclarece que a votação é aberta a toda a comunidade escolar, incluindo professores, funcionários, pais, mães ou responsáveis por estudantes menores de 16 anos e estudantes que tenham pelo menos 16 anos completos.
“A votação é a escolha da comunidade pelo modelo de oferta. Se a maioria da comunidade definir pelo sim, o modelo será implantado naquela instituição. Do contrário, a escola permanece sem nenhuma alteração”, avalia.
A votação ocorre das 8h às 22h ininterruptamente. Para votar, é preciso apresentar o documento com foto, diretamente na instituição onde a consulta está sendo realizada. O resultado da votação deve ser divulgado no dia 5 de dezembro.
A coordenadora avalia que o quórum para a validação da consulta será de maioria absoluta dos integrantes da comunidade escolar.
“O quórum para aprovação da proposta será de maioria simples, ou seja, 50% dos votantes, mais para um o quórum e 50% mais um dos votantes para o resultado”, expõe.
De acordo com a Secretaria de Educação, das 2.104 escolas estaduais do Paraná, 206 são cívico-militares.
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Para 2024, o Paraná planeja aumentar em 121 escolas o oferecimento do ensino integral. Com isso, o estado pretende alcançar 374 escolas oferecendo essa modalidade até o final do próximo ano. O aumento representa um investimento anual de R$ 400 milhões. Atualmente, o Paraná conta com 253 escolas em 154 municípios que oferecem ensino em tempo integral, um aumento significativo em relação a 2019, quando havia apenas 73.
A Secretaria da Educação, em conjunto com o Governo do estado, pretende expandir o atendimento dos atuais 55 mil estudantes para 100 mil, prevendo que o número de escolas com ensino integral ultrapasse 400. Segundo a professora e especialista em educação Catarina de Almeida, a educação integral desempenha um papel importante ao garantir o desenvolvimento das potencialidades dos estudantes.
“A jornada integral é importante para garantir o desenvolvimento amplo do estudante que vai além do processo formativo que você tem no horário da sala de aula. E essa jornada só será efetiva se a gente tiver infraestrutura nas escolas, de bibliotecas, laboratórios, quadras de esporte, equipamentos públicos na cidade e condições para que esses estudantes possam sair da escola e ir para outros espaços de formação e isso vinculado a um projeto de desenvolvimento integral desenhado na instituição escolar”, avalia.
De acordo com informações do site do governo estadual, no ensino regular os alunos do ensino fundamental têm 5 aulas por dia, somando 25 horas por semana, enquanto no ensino médio, são 6, totalizando 30 horas semanais. Enquanto isso, no ensino integral, a carga horária é de 9 horas por dia, ou 45 horas semanais. Cada aula nessa modalidade dura 50 minutos. Os estudantes têm uma hora para almoçar e dois intervalos de 15 minutos cada, um na parte da manhã e outro à tarde.
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O período de matrículas para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Paraná, relativo ao segundo semestre, vão até 18 de agosto. A EJA oferece a oportunidade para aqueles que interromperam seus estudos para completar o ensino fundamental ou médio em um período de tempo mais curto.
Anderson Muniz Canizella, coordenador da EJA no Paraná, explica que a modalidade é ofertada para o ensino fundamental fase dois e ensino médio. “Atualmente, a modalidade em si funciona nas escolas estaduais no turno da noite e também temos centros de educação básica voltados para educação de jovens e adultos que podem estar funcionando no período de manhã, tarde e noite”, explica.
Para cursar o ensino fundamental dois, que vai do 6° ano ao 9° ano, o aluno precisa ter 15 anos completos e o curso dura quatro semestres. Já para o ensino médio, é preciso ter 18 anos completos e a duração é de três semestres.
“Atendendo esses requisitos, qualquer estudante que tenha, no caso do fundamental fase dois, quinze anos, e no ensino médio, 18 anos completos, podem estar procurando qualquer uma das escolas que ofertam a modalidade da Educação de Jovens e Adultos e iniciar os seus estudos”, garante.
Rosangela Tasca, professora de Educação Física da EJA há cerca de 25 anos, comenta que a educação de jovens e adultos é uma modalidade educacional para atender os estudantes trabalhadores, que, geralmente por possuírem uma idade mais defasada em relação a série que irão cursar, optam pelo programa.
“Em uma escola de educação de jovens e adultos, o professor atuante ali na sala preza muito o conhecimento que esse aluno já possui, que ele traz da vida dele, que por vezes ultrapassa até os conhecimentos escolares”, conta.
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Faltam 4 dias para que as 3.424 escolas estaduais de Minas Gerais apliquem a Avaliação Intermediária 2023 para alunos do 2º ano do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio, além dos estudantes de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e de Correção de Fluxo. O objetivo da prova é avaliar o progresso de aprendizagem dos estudantes para desenvolver estratégias de melhoria.
Izabella Cavalcante, subsecretária de Educação Básica da Secretaria de Educação de Minas Gerais (SEE/MG), enfatiza a importância de todos os estudantes participarem dos exames e permitirem assim, a detecção de quais habilidades e competências não foram consolidadas no 1° semestre. Esses resultados auxiliarão no planejamento de estratégias de intervenção pedagógica, reforço escolar e na supervisão dos professores durante o segundo semestre.
“É importante destacar que a avaliação intermediária também fornece as informações de participação e desempenho dos estudantes que vão embasar o cálculo do índice que a gente utiliza para aplicação do Prêmio Escola Transformação que também vai ter uma nova etapa no 2° semestre em que as escolas são premiadas com recursos disponibilizados para aplicação em projetos pedagógicos que são definidos por meio de um portfólio e que vão ser escolhidos de acordo com a necessidade ou interesse da escola e dos estudantes”, explica.
A avaliação pode ser feita de forma impressa, online, via web ou aplicativo.
As avaliações contêm questões de múltipla escolha de diferentes níveis de dificuldade.
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Todas as 3.424 escolas estaduais de Minas Gerais têm até 30 de junho para a aplicação da Avaliação Intermediária 2023 para alunos do 2º ano do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio, além dos estudantes de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e de Correção de Fluxo. A prova tem como objetivo avaliar o progresso de aprendizagem dos estudantes para desenvolver estratégias de melhoria.
A subsecretária de Educação Básica da Secretaria de Educação de Minas Gerais (SEE/MG), Izabella Cavalcante, avalia ser fundamental que todos os estudantes realizem os exames para que seja possível a identificação de quais habilidades e competências não foram consolidadas no 1° semestre e planejar ações de intervenção pedagógica, de reforço escolar e de acompanhamento dos professores no 2° semestre.
“É importante destacar que a avaliação intermediária também fornece as informações de participação e desempenho dos estudantes que vão embasar o cálculo do índice que a gente utiliza para aplicação do Prêmio Escola Transformação que também vai ter uma nova etapa no 2° semestre em que as escolas são premiadas com recursos disponibilizados para aplicação em projetos pedagógicos que são definidos por meio de um portfólio e que vão ser escolhidos de acordo com a necessidade ou interesse da escola e dos estudantes”, explica.
A avaliação pode ser feita de forma impressa, online, via web ou aplicativo.
As avaliações contêm questões de múltipla escolha de diferentes níveis de dificuldade.
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Dados do Censo Escolar de 2022 apontam que 6,9% das 178,3 mil escolas públicas no Brasil possuem entre 20% e 50% dos seus estudantes matriculados em tempo integral. Divulgada pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a pesquisa indica ainda que 50,7% das escolas não possuem nenhum estudante com jornada integral.
Segundo o Plano Nacional de Educação (PNE) a meta é oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de modo que atenda pelo menos 25% dos alunos da educação básica.
Para a especialista em educação professora Catarina de Almeida a educação integral é importante a partir do momento que garante o desenvolvimento das potencialidades dos estudantes.
“A jornada integral é importante para garantir o desenvolvimento amplo do estudante que vai além do processo formativo que você tem no horário da sala de aula. E essa jornada só será efetiva se a gente tiver infraestrutura nas escolas, de bibliotecas, laboratórios, quadras de esporte, equipamentos públicos na cidade e condições para que esses estudantes possam sair da escola e ir para outros espaços de formação e isso vinculado a um projeto de desenvolvimento integral desenhado na instituição escolar”, explica.
Na educação infantil, entre 2021 e 2022, houve um aumento de matrículas em tempo integral (10,3%) nas creches públicas e na manutenção da taxa nas creches particulares conveniadas (92,8%).
Pensando em socialização e facilidade para conseguir conciliar a maternidade com o trabalho, a designer Cintia Rosário optou pelo ensino integrado para o seu pequeno.
“A gente procurou essa creche pelo fato da facilidade para podermos trabalhar. A creche ajudou muito a gente, porque ele entra às 7h30 e sai às 17h30. Lá ele faz todas as refeições do dia. Ensinam a criança dormir à tarde e a se alimentar direito. O meu filho é filho único e é muito difícil uma criança aprender, socializar estando só com os pais o dia todo. Minha expectativa é também que ele aprenda mais a socializar com outras crianças”, explica.
Também houve expansão no número de alunos do ensino fundamental (EF) comparado aos anos anteriores. O pós-pandemia influenciou o crescimento. Em 2022, a alta nos anos iniciais/EF (1° ao 5° ano) foi de 11,4%; e nos anos finais (6º ao 9º ano), 13,7%.
Já no ensino médio manteve-se a tendência de alta e atingiu um crescimento de 9,9% na rede pública, nos últimos cinco anos (10,5% para 20,4%).
De acordo com a pesquisa, no País 14,4% e 20,4% dos alunos de ensino fundamental e médio, respectivamente, estudam em tempo integral.
Segundo o Ministério da Educação, o Censo Escolar é coordenado pelo Inep e realizado em regime de colaboração entre as secretarias estaduais e municipais de Educação, com a participação de todas as escolas públicas e privadas do País.
O levantamento abrange as diferentes etapas e modalidades da educação básica: ensino regular, educação especial, educação de jovens e adultos (EJA) e educação profissional. Os dados da primeira etapa do Censo Escolar 2022 estão disponíveis no portal do Inep.
Encerra nesta semana o prazo para escolas realizarem a inscrição na 18ª edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). O projeto é voltado para alunos do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio de escolas públicas e particulares. Mais de 18 milhões de estudantes de escolas públicas municipais, estaduais, federais e privadas participam anualmente da maior competição científica do país. Os alunos do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio concorrem a 8 mil e 400 medalhas distribuídas a nível nacional e a outras 20 mil e 500 medalhas a nível regional.
Daniel de Oliveira, estudante de 15 anos, CEM 02, da rede pública do Gama, no Distrito Federal, participou da OBMEP no ano passado, ganhou medalha de bronze e também uma bolsa de iniciação científica. “Eu sempre gostei de matemática, então eu sempre buscava aprender mais. Uma das coisas que me possibilitou ganhar essa medalha foi justamente a ajuda da minha professora. A recompensa veio. Eu fiquei feliz por ter alcançado esse objetivo”, celebrou o estudante.
A iniciativa tem como objetivo estimular e promover o estudo da matemática, contribuir para a melhoria da qualidade da educação básica e identificar jovens talentos e incentivar seu ingresso em universidades, nas áreas científicas e tecnológicas.
A OBMEP é um projeto nacional dirigido às escolas públicas e privadas brasileiras, realizado pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e promovida com recursos do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Os alunos que conquistarem medalhas nacionais são convidados a participar do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC), como incentivo e promoção do desenvolvimento acadêmico. Os participantes de escolas públicas recebem uma bolsa de incentivo de R$ 300 para participarem do programa. O valor da bolsa concedida pelo CNPq foi reajustado este ano, com aumento de 200%.
Professores e escolas também são beneficiados com a Olímpiada, uma vez que essa iniciativa incentiva o aperfeiçoamento e a valorização dos profissionais de educação, além de contribuir para a integração das escolas brasileiras com as universidades públicas, os institutos de pesquisa e com as sociedades científicas. Promove também a inclusão social por meio da difusão do conhecimento.
A inscrição é feita pelas escolas, que devem preencher a ficha disponível no site da OBMEP, informar o código MEC/INEP e criar uma senha. No regulamento publicado no site da OBMEP, os representantes vão encontrar as informações sobre condições, prazos, datas e regras para participação.
As inscrições devem ser realizadas pelas escolas exclusivamente por meio da página da OBMEP até o dia 17 de março, próxima sexta-feira. As inscrições são gratuitas apenas para as escolas públicas.
Mais informações no site obmep.org.br/.
No início dos anos 1990, um grupo de trabalhadores de Irecê (BA), impactados pelos consecutivos aumentos das mensalidades escolares, achou no cooperativismo a solução para proporcionar uma educação de qualidade às crianças da cidade, com preços acessíveis, e comprometida com a cooperação e com o desenvolvimento da comunidade.
Criaram então a Cooperativa Educacional de Irecê (Coperil), que cresceu e se tornou uma das maiores cooperativas de ensino do estado da Bahia. Com os serviços de 58 cooperados, entre professores e gestores, e 35 funcionários, a escola atende, atualmente, 800 alunos dos municípios da microrregião de Irecê.
“As pessoas acreditaram na proposta”, conta Alaerte Arônia, presidente do Conselho de Administração da Coperil e conselheira administrativa do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado da Bahia - Sescoop/BA. “A Coperil iniciou da Educação Infantil a oitava série, na época. Depois, foi evoluindo até chegar ao Ensino Médio. E hoje, além do ensino regular, temos outros serviços, a exemplo, do cursinho pré-vestibular e outros serviços voltados para área da educação. É uma escola cooperativista que só tem crescido desde quando surgiu", completa.
A Coperil é um dos exemplos de cooperativas educacionais espalhadas no estado da Bahia. Essas entidades fazem parte dos Ramos Trabalho, Produção de Bens e Serviços, e Consumo do cooperativismo. “Na cooperativa de Trabalho, Produção de Bens e Serviços, os cooperados são os profissionais da educação. [A cooperativa educacional] É basicamente formada por professores. Na cooperativa de consumo, são os pais que contratam o serviço”, explica Alaerte Arônia.
Com 30 anos no ramo, a cooperativa baiana se consolidou e conquistou o Prêmio SomosCoop Excelência em Gestão, em 2021, por sua gestão e dedicação na prestação dos serviços educacionais. A premiação é promovida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo e acontece a cada dois anos, com objetivo de reconhecer as cooperativas que fortalecem e promovem o modelo cooperativista de negócio.
No Ramo Trabalho, Produção de Bens e Serviços, são cerca de 138 cooperativas educacionais ativas no país. Já no Ramo Consumo, a participação dos serviços educacionais representa 27% do total de cooperativas. Os dados são do Anuário do Cooperativismo 2022. Na Bahia são 14 cooperativas educacionais registradas no Sistema Oceb.
Assim como as escolas convencionais, as cooperativas educacionais cumprem as normas do Ministério da Educação (MEC), segundo Alaerte Arônia. Para alem disso ela diz que um dos diferenciais curriculares é o ensino dos valores e práticas do cooperativismo. “Temos a disciplina Cooperativismo, onde se trabalha nossa filosofia e nossos valores”. Como exemplo ela cita a ‘cooperativa mirim’, que é uma prática da Coperil. “É uma cooperativa formada por alunos. É [abordado na prática] o funcionamento de uma cooperativa, onde se forma o conselho administrativo, o conselho fiscal. E os alunos têm toda uma autonomia de realizar assembleias, reuniões, o registro de ata, cada conselho atuando com a sua independência”, relata.
Na avaliação da coordenadora pedagógica da Coperil, Jaqueline Medeiros, o trabalho conjunto entre coordenação, professores e psicólogos no preparo e formação dos estudantes é o fator responsável pelos bons desempenhos dos alunos da escola no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e em eventos como a Olimpíada Brasileira de Matemática (Obmep) e na Olimpíada Brasileira de Astronomia (Oba).
“A Coperil tem tido um resultado bem expressivo. Esse ano nós entendemos que deveríamos participar da Olimpíada de Astronomia, a Oba. E tivemos alunos medalhistas de ouro, de prata e também muitas menções honrosas”, conta. “Durante o ano, a escola prepara os alunos para as olimpíadas, através de aulas, com simulados e atividades. Nos anos em que participamos da Olimpíada de Matemática, houve um avanço muito grande na disciplina e, consequentemente, na de Ciência. Então, a gente pensa nas olimpíadas também como um avanço dos alunos na área do conhecimento”, completa Jaqueline Medeiros.
Os estudantes do Ensino Médio também recebem preparação especial para o ENEM, em simulados anuais, simulados avaliativos semanais por área de conhecimento, além das aulas de repertório e argumentação, focadas em melhorar a escrita. Segundo Jaqueline Medeiros, no exame realizado em 2021, mais de 20 alunos da escola tiraram notas acima de 900 na redação. “Esperamos que esses resultados só melhorem”, almeja a coordenadora pedagógica.
Além de proporcionar um ensino de qualidade, outro foco das cooperativas educacionais é a formação de cidadãos comprometidos com as questões sociais e com sua comunidade. E a Coperil vem fomentando isso com o Dia de Cooperar – Dia C, criado pelo Sistema OCB. “Um dia do ano em que todas as cooperativas do Brasil, legalmente constituídas, realizam projeto social dentro da comunidade em que está inserida. Isso é uma forma da gente desenvolver essa habilidade do social e do respeito para com o nosso aluno, é o sétimo princípio do cooperativismo ‘interesse pela comunidade’”, explica Alaerte Arônia.
Na visão de Alaerte Arônia, as cooperativas educacionais formam cidadãos mais conscientes. “Sem sombra de dúvida, permitem uma formação cidadã mais plena, voltada para os valores do cooperativismo, como a questão da Democracia, do interesse pela comunidade, da intercooperação, do respeito e da solidariedade”, completa.
Para mais informações sobre esse e outros segmentos que compõem o cooperativismo, acesse somoscooperativismo-ba.coop.br e as redes sociais do Sistema Oceb.
Estudantes do Ensino Fundamental de mais de 100 mil escolas podem ter os seus níveis de aprendizado avaliados através de nova ferramenta do Ministério da Educação em parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). As nomeadas Avaliações Formativas possibilitam um diagnóstico de aprendizagem a fim de personalizar o ensino, medindo de maneira profunda e individual o processo de cada aluno.
Segundo Victor Godoy, secretário-executivo do Ministério da Educação, após os momentos de dificuldades trazidos pela pandemia da Covid-19 para o ensino são projetos como esse que “renovam as esperanças na educação brasileira.”
“Todos esses esforços do Ministério da Educação pretendem jogar luz sobre esse contexto que enfrentamos. É fundamental que todos nós saibamos em que situação nos encontramos hoje na educação brasileira para que a partir daí possamos superar esse grande desafio que teremos”, completa o secretário.
Para Marcus Vinícius David, reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), é fundamental que o ensino superior ajude em melhorias da educação básica, pois é através de parcerias como essas que o Brasil tem a oportunidade de crescer e, além disso, impulsionar a formação de novos professores.
“Essa oportunidade e experiência de nos aproximar de uma forma tão intensa de redes municipais e estaduais de educação, acompanhando a avaliação e o desempenho dos estudantes dessas redes... isso tudo tem uma riqueza e um potencial muito grande para as instituições de ensino superior nesse processo de formação de professores”, diz o reitor.
As avaliações estão sendo disponibilizadas para toda a rede pública de ensino, mas escolas privadas também podem fazer o uso, desde que cada instituição apresente interesse.
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O método é considerado diferenciado por não exigir que o estudante reproduza o conteúdo dado em sala de aula, mas sim que demonstre o seu desenvolvimento pessoal.
Neste primeiro ano, a ferramenta contempla os estudantes dos anos iniciais do Fundamental, do 1° ao 5° ano, com as disciplinas de português e matemática. A partir de 2022, alunos do 6° ao 9° ano também poderão realizar a avaliação, com o adicional da disciplina de ciências.
Através da plataforma, os professores e gestores escolares podem se cadastrar, imprimir e aplicar as avaliações. Logo após, é possível monitorar o nível de desempenho de cada aluno, baseado em taxas de aproveitamento e participação. Com esse mapeamento, os profissionais podem entender e elaborar novas abordagens pedagógicas de acordo com a necessidade de cada estudante e turma, promovendo um reforço no aprendizado.
A professora do 3° ano, Cleidioneide Reis, julga a ferramenta como “útil e necessária” para que a educação evolua, principalmente após os efeitos trazidos pela pandemia.
“A gente viu que esses quase dois anos de pandemia trouxeram uma perda educacional muito grande e com essas opções de diagnóstico nós podemos traçar novos caminhos e melhorar o processo de ensino e aprendizagem. As dificuldades educacionais sempre existiram, mas não podemos fechar os olhos, a educação precisa passar por uma evolução”, destaca.
Neide, como prefere ser chamada, diz que, na volta do presencial, notou uma queda na produtividade dos alunos, causada pelo ensino remoto: “Muitos estão apresentando dificuldade no aprendizado e deixando de fazer as atividades de casa. No on-line, era comum alguns deixarem apenas o computador ligado e não prestarem atenção na aula, isso fez com que eles perdessem o rendimento daquele ano e sentissem as consequências atualmente.”
O projeto de criação da ferramenta Avaliações Formativas teve início em novembro de 2020. Na época, São Paulo foi o primeiro a testar a plataforma.
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEDUC-SP) considerou a aplicação do método como um êxito. “Mais de 3 milhões de estudantes foram alcançados e 100 mil profissionais receberam apoio na missão de recuperar o aprendizado destes alunos. Foi um processo de melhoria eficaz ao longo do ano e sua aplicação será mantida ao longo de 2022”.
Em relação às avaliações oficiais de aprendizagem no Brasil durante a pandemia de Covid-19, ainda não é possível medir os impactos do ensino remoto na educação brasileira. É o que diz o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Vitor de Angelo: “Essa medição só será possível quando fizermos uma avaliação nacional comparável de estado com estado, o que ocorrerá apenas no final deste ano com o Saeb.”
O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) é um conjunto de sistemas de avaliação do ensino brasileiro, desenvolvido e gerenciado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Em 2020, não houve a realização do indicador. A edição de 2021 será aplicada entre os meses de novembro e dezembro.
Victor Godoy, secretário-executivo do Ministério da Educação, destaca que a ferramenta de Avaliações Formativas também é um recurso preparatório para o Saeb.
“Ela foi criada justamente para mitigar os efeitos que a pandemia trouxe para a educação. Esse é um projeto que oferece para todas as redes de educação deste país uma ferramenta que auxilia todos os professores e diretores de escolas, ajudando a identificar, de fato, as medidas necessárias para superar esses impactos na educação dos nossos alunos”, diz.
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Se você é secretário de educação, diretor ou professor, siga os passos abaixo para realizar o seu cadastro na Plataforma de Avaliações Diagnósticas e Formativas: