29/02/2024 21:00h

Em janeiro, o país arrecadou R$ 280,63 bilhões, maior número para o mês em quase 30 anos

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Até o último dia de fevereiro, o Impostômetro registrou R$ 643 bilhões de impostos pagos pelos brasileiros em 2024. A ferramenta da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) atingiu a marca de R$ 500 bilhões em 14 de fevereiro, nove dias antes do registrado no ano passado — um aumento de 16,4%.

Em janeiro de 2024 o país teve a maior arrecadação para o mês em quase 30 anos, segundo a Receita Federal, alcançando R$ 280,63 bilhões, com aumento real de 6,67% em relação ao mesmo mês de 2023.

Alterações na legislação e pagamentos atípicos contribuíram para essa alta. Principalmente do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) — que incide sobre o lucro das empresas — que somaram R$ 91,7 bilhões em janeiro. 

Após lei sancionada em dezembro, também houve recolhimento extra de R$ 4,1 bilhões do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) - Rendimentos de Capital, referente à tributação de fundos exclusivos, contabilizando arrecadação total de R$ 14 milhões e alta de 24,41% em relação a janeiro de 2023. 

Já as desonerações concedidas no Programa de Integração Social/Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins) sobre combustíveis impactaram negativamente no resultado.

Para onde vai esse recurso? 

Os valores arrecadados são utilizados para as despesas primárias — em políticas públicas em saúde e educação, por exemplo — e financeiras — como empréstimos e financiamentos. 

De acordo com o economista da ACSP Ulisses Ruiz de Gamboa, 75% das despesas primárias do governo federal correspondem à previdência e ao pagamento do funcionalismo, ou seja, o custeio da máquina pública. 

O especialista explica os motivos para o aumento na arrecadação, que são basicamente dois. 

“Quando tem um aumento na atividade econômica a arrecadação aumenta junto, isso é normal. E segundo porque o nosso sistema tributário está muito baseado em impostos arrecadados a partir do consumo e esses impostos são cobrados sobre o preço, então quando o preço aumenta, a arrecadação também sobe. Resumindo, crescimento econômico mais inflação, isso aumenta a arrecadação”, explica.  

Tributos 

O Brasil está entre os 30 países que mais arrecadam impostos do mundo e é o que menos dá retorno para a população, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). De acordo com Ruiz de Gamboa, os valores não correspondem com a realidade.

 “A carga tributária já está por volta de 35% da renda total do país, é muito elevada, é a carga tributária da Inglaterra, por exemplo. Nós pagamos um valor alto demais e a tendência é aumentar”, comenta.

O economista Aurélio Trancoso é pessimista em relação ao futuro, já que, segundo ele, o governo vem aumentando impostos cada vez mais e retirando benefícios de empresas e para arrecadar mais.

“O governo federal vem com a ideia de aumentar a arrecadação em cima de impostos. O governo não faz redução de custo, ele infelizmente só trabalha com aumento de receita. Quando você vai fazer a Lei de Diretrizes Orçamentárias tem que olhar as despesas do governo, cortar despesas e não focar em arrecadação. A arrecadação é consequência”, avalia. 

Em 2023, o trabalhador brasileiro precisou trabalhar 147 dias para pagar impostos, segundo o IBPT.
 

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29/02/2024 20:45h

Municípios estão na lista de bloqueio do Siafi e precisam regularizar a situação para voltar a receber

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Quase 50 cidades brasileiras estavam bloqueadas até a quarta-feira (28) e podem não receber os recursos do 3º decêndio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) nesta semana. Os entes constam na lista do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi). 

Municípios como Araguapaz, em Goiás, e Carapebus, no Rio de Janeiro, estão na lista dos bloqueados desde outubro do ano passado. O consultor de orçamento Cesar Lima explica que dívidas muito altas podem ser um dos motivos para que as cidades tenham dificuldade em acabar com o bloqueio. 

“Questões que o município pode estar contestando e ainda não tem uma liminar que o desbloqueie, mas geralmente é por conta do valor das dívidas. Dívidas previdenciárias que ele não recolheu ou não pagamento de empréstimos que tem o aval da União. Então, ela bloqueia os valores para fazer frente a essas obrigações que seriam dos municípios”, analisa. 

Entre as 47 cidades que integram a lista no momento, o Sudeste é a região que lidera, com 20 municípios. 

Último repasse de fevereiro

No pagamento do 3º decêndio de fevereiro, realizado nesta quinta-feira (29), foram distribuídos R$ 3.863.786.119,34 entre as cidades brasileiras — valor 26% maior que o repasse do mesmo mês do ano passado. 

O Nordeste é a região que recebe a maior parcela, neste decêndio: R$ 1,1 bilhão. Em seguida vem o Sudeste, com pouco mais de R$ 1 bilhão; o Sul, com R$ 627 milhões; o Centro-Oeste, com R$ 237 milhões; e o Norte, com R$ 235 milhões. 

Confira as cidades bloqueadas até o dia 28 de fevereiro:

  1. CAREIRO (AM)
  2. CANAVIEIRAS (BA)
  3. ILHÉUS (BA)
  4. ITACARÉ (BA) 
  5. SANTA MARIA DA VITÓRIA (BA)
  6. AIUABA (CE)
  7. MULUNGU (CE)
  8. PANCAS (ES)
  9. APARECIDA DE GOI NIA (GO)
  10. ARAGUAPAZ (GO)
  11. CAIAPÔNIA (GO)
  12. GOIANÉSIA (GO)
  13. ITAPIRAPUÃ (GO)
  14. SANTA RITA DO ARAGUAIA (GO)
  15. SANTA RITA DO NOVO DESTINO (GO)
  16. VARJÃO (GO)
  17. BERTÓPOLIS (MG)
  18. CAMBUQUIRA (MG)
  19. CAPETINGA    (MG)
  20. CORONEL MURTA (MG)
  21. FRONTEIRA DOS VALES (MG)
  22. ITABIRINHA DE MANTENA (MG)
  23. JUIZ DE FORA (MG)
  24. MURIAÉ (MG)
  25. NEPOMUCENO (MG)
  26. NOVA MÓDICA (MG)
  27. ORIZ NIA (MG)
  28. SANTA RITA DO ITUETO (MG)
  29. TAPIRA (MG)
  30. TRÊS CORAÇÕES (MG)
  31. UBÁ (MG)
  32. VARGEM GRANDE DO RIO PARDO (MG)
  33. VERMELHO NOVO (MG)
  34. NOVA ALVORADA DO SUL (MS)
  35. DIAMANTINO    (MT)
  36. DOM AQUINO (MT)
  37. CARAPEBUS (RJ)
  38. MACAÉ (RJ)
  39. PORTO ALEGRE (RS)
  40. GARARU (SE)
  41. JAPOATÃ (SE)
  42. MARUIM (SE)
  43. ROSÁRIO DO CATETE (SE)
  44. SÃO DOMINGOS (SE)
  45. ARAGUATINS    (TO)
  46. CHAPADA DA NATIVIDADE (TO)
  47. DARCINÓPOLIS (TO)
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29/02/2024 01:00h

Serão creditados R$ 3,8 bilhões aos municípios brasileiros

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Nesta quinta-feira (29) os municípios brasileiros recebem R$ 3,8 bilhões referentes ao 3º decêndio de fevereiro do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O valor vem com aumento de cerca de 26% em relação ao mesmo período do ano passado. 

O consultor de orçamento César Lima explica alguns dos motivos que levaram ao aumento de arrecadação, que resultou na alta também do FPM. 

“Algumas medidas que foram aprovadas pelo Congresso no final do ano passado como tributação de offshores, a regulamentação das apostas eletrônicas, teve a questão da reoneração dos combustíveis que voltou a valer agora início do ano, tudo isso tem ajudado o caixa do governo nessa luta para conseguir o déficit nominal zero, que é o que o governo está buscando para esse ano de 2024”, comenta. 

Os recursos do FPM vêm dos impostos arrecadados pelo governo federal e são distribuídos entre os municípios conforme a população, a partir de um cálculo feito pelo Tribunal de Contas da União (TCU) com base na quantidade de habitantes e na renda per capita. As prefeituras recebem os recursos referentes ao FPM três vezes no mês, a cada 10 dias. 

O prefeito de Anápolis, em Goiás, Roberto Naves, diz que os valores do FPM são fundamentais para fechar as contas do município.

“O FPM é utilizado para diversas coisas, mas principalmente para que a gente possa manter as políticas públicas, manter os serviços da prefeitura funcionando. Ele entra na conta da prefeitura e a gente pode utilizar em qualquer área. A gente costuma utilizar bastante na saúde e na educação, que são as duas áreas que mais consomem os recursos da prefeitura”, relata. 

O Nordeste é a região que recebe a maior parcela, neste decêndio, para as cidades do interior: R$ 1,1 bilhão. Em seguida vem o Sudeste, com pouco mais de R$ 1 bilhão; o Sul, com R$ 627 milhões; o Centro-Oeste, com R$ 237 milhões; e o Norte, com R$ 235 milhões. São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul são os estados que mais recebem. Os municípios do Paraná, por exemplo, ficam com a quantia de R$ 243 milhões. As cidades de Cascavel, Londrina e Maringá recebem as maiores parcelas, R$ 2.291.099,43 cada. 

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27/02/2024 04:30h

Variação de 0,60% no IPC semanal pode ser um fator de contribuição para aumento nos preços

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O mês de fevereiro pode ser mais difícil de fechar as contas para alguns comerciantes. Por causa do período de festas de carnaval e saída da cidade, as rotinas foram alteradas durante o mês. Enquanto parte do comércio e o turismo se beneficiaram desse clima carnavalesco, outras tiveram dificuldades. 

Cenário que já vem sendo percebido pela cozinheira Joelma Pereira, 40, dona de um restaurante no Gama, no Distrito Federal. Ela conta que, neste mês, não tem conseguido manter as contas em dia. Os produtos que ficaram mais caros também têm contribuído para mudanças no estabelecimento. 

“Estou tendo que escolher qual conta pago hoje, qual deixo para amanhã, em vez de manter os pagamentos diários, como estava fazendo antes. Infelizmente, em fevereiro eu tenho que escolher no dia, por causa desse aumento que tenho sentido no resultado final. Quando pago tudo que costumava comprar, por exemplo, em dezembro e janeiro dava um valor e em fevereiro tem dado R$ 200, R$ 300 a mais”, relata. 

O Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) — que abrange sete capitais do país — da terceira quadrissemana de fevereiro de 2024 variou 0,60% e acumula alta de 3,64% nos últimos 12 meses.

Cinco dos oito setores que compõem o índice registraram alta: Transportes (0,36% para 0,63%), Habitação (0,11% para 0,23%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,50% para 0,61%), Vestuário (-0,20% para 0,06%) e Comunicação (0,34% para 0,48%) apresentaram avanço em suas taxas de variação. A gasolina saiu de 0,84% para 1,70%. 

De acordo com o economista Raimundo Souza, o aumento nos Transportes pode ser um dos motivos para os comerciantes da área de alimentação sentirem os preços mais altos. 

“Essa variação positiva no item transportes traz um impacto no bolso do consumidor. E isso é influenciado bastante por conta de variações no preço dos combustíveis, principalmente da gasolina, então isso realmente impacta no dia a dia das pessoas”, avalia. 

Já o grupo Educação, Leitura e Recreação teve queda de 0,73% na segunda quadrissemana para -0,14% na terceira. Alimentação (1,38% para 1,18%), principalmente hortaliças e legumes, e Despesas Diversas (2,33% para 1,81%) também registraram reduções. 

Normalidade

No entanto, o economista Luigi Mauri explica que não há motivos para preocupação porque essa variação não impacta diretamente no dia a dia da população, já que é um acompanhamento semanal, —e é saudável que os preços subam em uma economia em expansão. 

“Uma economia em deflação, com os preços em queda, é uma economia que não cresce, em que os salários não estão aumentando. Em uma economia como a nossa, em que os salários reais estão crescendo, o PIB está crescendo, economia em expansão, é saudável que se tenha uma inflação. O Brasil está cumprindo as metas de inflação e é muito importante que se olhe para agregados do dado e não somente para dados isolados”, comenta.

Seis das sete capitais pesquisadas registraram decréscimo no IPC-S: Salvador, Brasília, Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Apenas São Paulo teve aumento, de 0,76% para 0,82%. 

Nas vendas no varejo, em geral, neste ano, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta um avanço modesto, com um crescimento estimado de 1,1% em comparação com 2023, mesmo com as perspectivas positivas de queda da inflação. No início de fevereiro, a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicou que o varejo cresceu 1,7% em 2023 — abaixo dos patamares observados antes de 2018, quando o setor registrava índices acima de 2%.

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27/02/2024 04:00h

Aumento na arrecadação é fundamental para repasses mais altos aos municípios, diz consultor

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No pagamento do 3º decêndio de fevereiro do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) serão distribuídos R$ 3.863.786.119,34 entre as cidades brasileiras. O valor será creditado nesta quinta-feira (29). 

O consultor de orçamento César Lima afirma que o valor indica uma tendência de alta para os próximos repasses. 

“Um aumento expressivo em relação ao mesmo período do ano passado, cerca de 26%. Não foi maior do que o terceiro decêndio de janeiro, que foi bem expressivo, porque tivemos as vendas de Natal, início de ano, essas coisas, mas esse está com um crescimento bem expressivo em relação ao ano passado”, analisa. 

O motivo para esse aumento é a alta também na arrecadação, já que os recursos do FPM vêm dos impostos arrecadados pelos governo federal e distribuído entre os municípios conforme a população. O cálculo dos valores de cada um é feito pelo Tribunal de Contas da União (TCU) com base na quantidade de habitantes de cada cidade e na renda per capita de cada estado. 

O Nordeste é a região que recebe a maior parcela neste decêndio para as cidades do interior: R$ 1,1 bilhão. Em seguida vem o Sudeste, com pouco mais de R$ 1 bilhão; o Sul, com R$ 627 milhões; o Centro-Oeste (R$ 237 mi) e o Norte (R$ 235 mi).

Importância do recurso

O prefeito de Anápolis, em Goiás, Roberto Naves, diz que os valores do FPM são essenciais, mesmo havendo uma arrecadação forte em relação aos tributos municipais, como ISS e IPTU. 

“É um recurso importante para que a gente toque as políticas públicas que definimos desde o início do nosso mandato, com investimentos em educação, cultura, esporte, saúde, infraestrutura e outras áreas da administração”, afirma. 

O prefeito ressalta que com as quedas no FPM no ano passado foi necessário corte de despesas e ajuste fiscal para não ficar no vermelho. 

“Nós tivemos uma redução de 2% nos repasses do FPM somente no 3º quadrimestre de 2023. É uma queda superior a R$ 3 milhões nos últimos quatro meses do ano passado. Nosso trabalho, porém, foi capaz de elevar a arrecadação de tributos municipais para sanar um pouco desse déficit que, somado à queda do ICMS, foi de 10%”, explica Naves. 

As prefeituras recebem os recursos referentes ao FPM a cada três vezes por mês, nos dias 10, 20 e 30. 

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26/02/2024 04:20h

Redução no desmatamento foi de 60% em janeiro deste ano, segundo Imazon

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O desmatamento na Amazônia caiu 60% em janeiro deste ano em comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Esse já é o décimo mês consecutivo de redução. O setor empresarial comemora esse resultado, como favorável ao avanço de uma economia sustentável.

Segundo o gerente de Recursos Naturais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mário Cardoso, a redução do desmatamento, principalmente ilegal, cria um ambiente de negócios melhor dentro da Amazônia, dando oportunidade para atividades produtivas legais e sustentáveis, explica Cardoso. 

“O desmatamento ilegal não é uma atividade que acontece sozinha, uma atividade ilícita que venha desacompanhada de outras atividades ilícitas. Geralmente, vem acompanhada de tráfico de drogas, de armas e grilagem. E todo esse ambiente criado em torno dessas atividades ilícitas espanta investimentos, espanta atividades produtivas regulares, a manutenção de mão de obra regular”, avalia.

Bioeconomia

Além disso, a conservação da floresta é importante para as ações de descarbonização da economia e essencial para a geração de renda para as quase 30 milhões de pessoas que habitam a região amazônica.

“A manutenção da floresta em pé consolida a matéria-prima, o arcabouço onde vai se dar a bioeconomia, onde o Brasil apresenta as maiores potencialidades. Se a gente perder esse capital natural da floresta, a gente vai perder um dos nossos grandes diferenciais em relação a outros locais do mundo”, analisa Cardoso.

A bioeconomia está presente, por exemplo, na produção de vacinas, enzimas industriais, novas variedades vegetais, biocombustíveis, cosméticos. E consiste no estudo dos recursos naturais aliado às novas tecnologias para a criação de produtos e serviços mais sustentáveis.

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26/02/2024 00:03h

Exportações do agronegócio cresceram 14,8% em janeiro

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Depois de passar por um período difícil, os produtores de soja estão um pouco mais otimistas com as projeções para 2024. Apesar de não serem tão animadoras, pelo menos a melhoria dos preços pode ser um alívio para o setor. Com a previsão de fim do El Niño em abril — que em 2023 provocou fortes chuvas e temperaturas extremas em todo o país —, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) a expectativa também é positiva.

No entanto, alguns desafios ainda devem ser enfrentados pelos produtores de grãos, conforme explica o presidente da Aprosoja do Mato Grosso, Lucas Costa.

“Nós temos que lembrar que mesmo o Mato Grosso que tem as sojas mais tardias, e que estão recebendo melhores chuvas, por outro lado essa soja foi semeada fora do fotoperíodo adequado e isso já interfere na produtividade. E estamos tendo uma grande pressão de pragas como percevejo e a mosca branca ,que é o que mais preocupa: além de ter um alto custo para controlar, já há notícia no mercado que está faltando defensivo para o controle e a pressão muito alta, causando prejuízos”, ressalta. 

Apesar do fenômeno El Niño estar perdendo força no país, outra preocupação é o La Niña, que deve fazer com que a região Sul sofra com a seca, além de causar chuvas no Nordeste, Norte e Centro-Oeste.  

Para o engenheiro agrônomo Charles Dayler, a situação deve melhorar no segundo semestre deste ano, mas os efeitos ainda devem ser sentidos por mais tempo. 

“Pode ter problema de replantio, que vai atrapalhar o cronograma — e isso vai afetar diretamente o preço. Pode ter perdas de insumos, as possibilidades são grandes. E para esse ano, o resultado infelizmente é negativo, porque as commodities agrícolas pesam bastante na balança comercial brasileira. Então vai haver sim um impacto negativo pensando na safra deste ano. No ano que vem a tendência é que a gente tenha uma recuperação, mas vai ser um ano ainda com algum desafio”, avalia. 

Preços

Gelson Giombelli, produtor de milho, soja e trigo em Descanso, em Santa Catarina, diz que 2024 também não começou muito bem, mas tem esperança que as coisas melhorem. O milho colhido em janeiro foi abaixo do esperado. 

“Foi em torno de 80, 100, nessa base. Pelos investimentos que a gente faz teria que colher entre 200 e 220 sacas por hectare. E a expectativa boa é para a soja, que está muito bonita, agora que começou a chover bem. Vamos ver se se concretizar é a soja que vai nos salvar”, avalia. 

Ele conta que no início do ano passado chegou a vender a saca de soja por R$ 180  — e agora está custando pouco mais de R$ 100. O milho, a mesma coisa, era R$ 100 e agora está R$ 54. 

O relato de muitos produtores é que, ainda hoje, a conta não fecha. Quem colheu mais consegue cobrir os custos de produção ou nem mesmo isso, para os que não tiveram uma boa colheita, como diz  Ivan Brucceli, produtor de milho e soja de Rio Verde, no estado de Goiás.

“Os custos precisam realmente reduzir. Tem vários produtos que estão caros, as sementes estão muito caras, inviabilizando o plantio do produtor. Hoje praticamente o que ele vai gastar é o que ele vai colher. Então não adianta ele se apavorar e fazer o plantio do jeito que está porque já entra o plantio sem perspectiva de renda”, comenta. 

Exportações

Em janeiro deste ano, as exportações do agronegócio cresceram 14,8%, chegando a US$ 11,72 bilhões. Houve expansão do volume embarcado de grãos, passando de 9,5 milhões de toneladas no mesmo mês de 2023 para 11,38 milhões de toneladas em janeiro de 2024 — um aumento de 19,7% —, sendo o complexo soja responsável por 21,4% do valor total exportado. 

A soja atingiu o recorde de US$ 2,5 bilhões. Foram 2,85 milhões de toneladas exportadas em janeiro de 2024, volume 240,0% superior quando comparado com 2023. A maior importadora de soja em grãos do Brasil é a China — 69% do valor exportado.

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23/02/2024 21:15h

Brasil é o terceiro país na produção mundial de leite, mas produtores enfrentam crise

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Desde a pandemia, a cadeira produtiva de leite no Brasil enfrenta desafios constantes. O país é terceiro maior na produção mundial leiteira, mas com custos altos e preços de venda que não acompanham a realidade do mercado, muitos produtores têm deixado a atividade. 

É o que está acontecendo, por exemplo,  na cidade de Rio Verde, em Goiás. De acordo com a Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento ela produz cerca de 450 mil litros de leite por dia. Nivaldo de Oliveira está à frente da cooperativa Proleite, que conta atualmente com 32 produtores, mas devido às dificuldades, esse número tem diminuído. Antes, por exemplo, eles produziam cerca de 230 mil litros por dia. Mas com a saída de produtores ao longo do ano, o cenário é outro. 

“Somados os nossos associados hoje, nós temos uma média de 180 mil litros de leite por dia de produção. Esse leite vem sendo enxugado vertiginosamente, porque o produtor está saindo da atividade um atrás do outro. Isso vai trazer consequências num futuro muito próximo. Na hora que a gente não tiver produção aqui, vai ter que importar. Nós não temos fornecedores com potencial de abastecer a demanda brasileira”, conta. 

Mesmo o Brasil produzindo mais de 34 bilhões de litros por ano, de acordo com o Ministério da Agricultura e Agropecuária (Mapa), o país importou um total de 2,2 bilhões de litros de  leite em 2023 — um aumento de quase 70% em relação a 2022, segundo a Secretaria de Comércio Exterior. 

O pesquisador Centro de Inteligência do Leite (CILeite) da Embrapa, Samuel Oliveira, afirma que atualmente a produção brasileira não consegue competir com alguns mercados internacionais. 

“Sempre existe uma pressão pela importação do leite, porque o que é produzido na Argentina, no Uruguai, até mesmo na Europa muitas vezes é mais barato que o leite brasileiro. E com a falta de leite no mercado doméstico [durante a pandemia] houve um aumento da importação. No ano passado, a importação do leite correspondeu a quase  8% do consumo total do Brasil, que é um volume altíssimo — geralmente gira em torno de 2%, 3%; no máximo 4%”, avalia. 

Possíveis saídas

Para o produtor Nivaldo de Oliveira, o cenário só vai mudar quando houver políticas para tornar o que é feito aqui dentro tão competitivo quanto o que vem de fora. 

“A indústria compra mais barato lá fora, põe no mercado, o valor pago pelo consumidor continua igual estava em 2021 e 2022, enquanto que para nós caiu e as margens das indústrias ficaram mais robustas. É o que tem trazido para gente dificuldade. Essa importação deveria ter paridade, para a gente competir de maneira igual, com os mesmos custos, as mesmas taxações e obrigações”, avalia o produtor. 

No fim do ano passado, um decreto, que alterou as regras do Programa Mais Leite Saudável, do Ministério da Agricultura, determinou que empresas de laticínios que realizarem importações não têm mais direito ao regime tributário diferenciado, concedido aos participantes do programa. Agora, estão sujeitas ao aproveitamento de apenas 20% dos créditos presumidos — e não 50%.
 

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21/02/2024 22:15h

Mais de 2 bilhões de litros de leite foram importados em 2023 — 71,7% a mais do que no mesmo período do ano anterior

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Mais de 2 bilhões de litros de leite foram importados em 2023, cenário que já traz prejuízos para o setor. Mesmo o Brasil sendo o terceiro maior produtor mundial de leite, com mais de 34 bilhões de litros por ano, segundo o Ministério da Agricultura e Agropecuária (Mapa), os custos da produção e a competitividade com o produto vindo de fora tornam a situação mais difícil. 

Só em novembro, foram importados 203,9 milhões de litros em equivalente leite — que pode ser o produto em qualquer forma, desde leite em pó a queijos —, um crescimento de 5% frente a outubro e de 33,4% em relação a novembro de 2022. Isso se deve, principalmente, à queda na produção de leite no Brasil durante a pandemia, algo que, segundo o pesquisador Centro de Inteligência do Leite (CILeite), da Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa), Samuel Oliveira, há muito tempo não ocorria.

Ele explica como alguns fatores levaram a essa crise no setor. 

“Como efeito da pandemia, da guerra da Rússia, houve um desequilíbrio de preços relativos, que trouxe uma inflação dos custos de produção do leite. E como a gente estava passando por uma situação, saindo da pandemia, a economia ainda em recuperação, o poder aquisitivo da população não suportou o aumento do preço de lácteos. Então teve uma queda da demanda, aumento dos custos e isso acabou afetando a rentabilidade dos produtores e diminuindo a oferta de leite no Brasil”, analisa. 

Preço

O pesquisador destaca ainda que, diferente do que acontece no agronegócio como um todo, a produção brasileira não consegue competir com alguns mercados internacionais. 

“Sempre existe uma pressão pela importação do leite, porque o que é produzido na Argentina, no Uruguai, até mesmo na Europa muitas vezes é mais barato que o leite brasileiro. E com essa falta de leite no mercado doméstico houve um aumento da importação. No ano passado, a importação do leite correspondeu a quase a 8% do consumo total do Brasil, que é um volume altíssimo — geralmente gira em torno de 2%, 3%, no máximo 4%”, comenta. 

Entre o início de 2020 e outubro de 2023, o custo de produção aumentou 50%, enquanto o preço da venda do leite subiu 38%. 

Para reduzir os impactos, o governo federal criou um pacote de medidas emergenciais para as cooperativas do setor leiteiro. A portaria, publicada no Diário Oficial da União em janeiro, autoriza o pagamento de equalização de taxa de juros em financiamentos rurais concedidos no âmbito do Plano Safra 2023/2024. 

Os recursos devem ser utilizados por cooperados para renegociar dívidas com as cooperativas referentes a bens e insumos para produção de leite.

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21/02/2024 04:40h

Quase 40 milhões de beneficiários recebem os valores

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Os aposentados, pensionistas e beneficiários de auxílios recebem a partir desta sexta-feira (23) o pagamento referente a fevereiro do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ao todo, serão pagos 39.036.865 benefícios previdenciários.

Recebem primeiro os beneficiários que possuem cartão com dígito final 1, já que o calendário leva em consideração o número final do cartão de benefício.

Para quem recebe até um salário mínimo (R$ 1.412), os depósitos vão de sexta (23) até 7 de março. Já quem tem renda mensal acima do piso nacional, recebe a partir de 1º de março. 

O economista Antonio Carvalho ressalta que o período do pagamento é um momento positivo para a economia do país.
“Todo recurso financeiro alimenta o ciclo econômico básico: gera consumo (compra de bens e serviços), que gera maior volume de vendas, resulta em necessidade de maior produção, demandando mais mão de obra, mais matérias-primas e todos os itens que compõem as cadeias de produção”, explica. 

Benefícios   

Do total de benefícios pagos, 33.379.120 são previdenciários e 5.657.745 assistenciais. Mais de 26 milhões recebem até um salário mínimo e 2.868.803 pessoas ganham acima desse valor. 

Jandira Pinho, de 80 anos, é pensionista do INSS. Ela diz que o recurso é importante para complementar a renda.

“O valor é bem mais alto. Pelo Estado eu só recebo um salário mínimo. E ainda tem uma complementação. Então, é por isso que tem dinheiro para a família a toda”, conta.

Os beneficiários podem encontrar informações de valores, por exemplo, na central de atendimento 135 e pelo aplicativo ou site Meu INSS (https://meu.inss.gov.br/).

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