Representantes do Conselho Nacional de Educação e conselhos estaduais solicitaram, em um documento conjunto levado ao Ministério da Educação, que as anunciadas mudanças no Novo Ensino Médio só ocorram a partir de 2025. Para eles, a virtual alteração do sistema — que divide opiniões entre os próprios professores e alunos — precisa ser acompanhada de um prazo factível e razoável para sua implantação nas escolas.
Na opinião do professor Bruno Borges, da Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (EAPE) - GDF, a solicitação para que as mudanças no ensino médio sejam adiadas para 2025 são justificáveis por permitir uma melhor adequação do sistema. " É o replanejamento da estrutura e da disposição das unidades escolares para atender as demandas pedagógicas do novo ensino médio e, ao mesmo tempo, formação de professores”, explica.
De acordo com o professor, o que foi alertado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) é que toda mudança seja acompanhada de um prazo factível e de um período onde alguns eixos possam ser implementados. “Um dos principais dramas que nós temos até hoje é que ainda não foi possível alcançar todo o corpo docente do país que atuou com o ensino médio na compreensão e na familiaridade do que é o novo ensino médio, do que é a sua proposta, como construir um itinerário informativo, qual o papel da FGB, do projeto de vida”.
Ele diz que essa solicitação dos Conselhos Nacionais e Estaduais de Educação é justamente para viabilizar esses dois índices: formação continuada e um novo planejamento relativo à estrutura para atender às eventuais mudanças no novo ensino médio".
O professor de Física do Centro de Ensino Médio Elefante Branco (CEMEB) - no DF, Adam Smith Gontijo Brito de Assis explica que o novo ensino médio foi uma organização curricular.
“Antes, o estudante, no ensino público do DF, por exemplo, ele tinha 800 horas no ano letivo, distribuídas em todas as disciplinas, Português, Matemática, Geografia, Sociologia, e a maioria delas dividida igualmente. Com o Novo Ensino Médio, essa carga horária passou para 1000 horas, só que as disciplinas específicas reduziram a carga para entrar as chamadas matérias eletivas — disciplinas escolhidas pelos estudantes de acordo com a sua aptidão”. O professora destaca que o estudante vai poder escolher uma disciplina eletiva sem ter uma grade fixa. “Ele tem uma grade adaptada para o seu interesse.”
Mas, segundo Adam Smith, o novo ensino médio poderia levar à redução da carga horária de disciplinas que são necessárias e específicas para a entrada de disciplinas eletivas.
“O professor não tem condições de oferecer uma qualidade muito boa ou porque a escola que decidiu aquela eletiva e o professor não tem a formação, ou não teve tempo para fazer essa formação — ou não tem tempo suficiente para fazer nenhum nem outro", avalia. Smith acredita que aprofundar o conhecimento das eletivas deixa tudo muito superficial.
Na opinião do professor, os alunos precisam ter conhecimento geral e aprofundo em matérias essenciais para a formação. “O estudante precisa, além de matemática português e educação física, ele precisa entender filosofia, ele precisa entender sociologia, ele precisa encontrar esses diálogos. Então, o novo ensino médio, ele reorganiza para tentar fazer uma abordagem mais flexível", ressalta.
O professor Bruno Borges, da Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (EAPE) - GDF diz que o novo ensino médio nada mais é do que uma alteração que ocorreu na Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional, em 2017. “Uma lei foi aprovada, a 13.415, alterando a dinâmica e a arquitetura da última etapa da educação básica que é o ensino médio. Existia um diagnóstico muito negativo sobre os efeitos colaterais do modelo de ensino médio no Brasil. A alta evasão, baixa aprendizagem, baixo engajamento e identificação dos alunos com o ensino médio demandou uma série de reflexões sobre que outras formas e modelos nós poderíamos adotar”, afirma.
Para Bruno Borges, o modelo adotado, a partir de 2017, com a aprovação da lei e gradativamente assimilado pelas unidades da federação, é um modelo que amplia o tempo do aluno dentro da escola.
“É um modelo que privilegia a ideia de escolha orientada desses alunos para aquilo que nós chamamos de itinerários formativos, que seria chamada parte diversificada do currículo. O currículo é formado pela FGB, pela Formação Geral Básica, fundamentada pela BNCC, com as aprendizagens essenciais que todos os alunos deveriam ter acesso. Mas ele também é formado por essa parte diversificada, por esse cardápio chamado de itinerário formativo. Então, a título de mudança, nós tivemos essa ampliação do tempo e tivemos também a possibilidade do aluno escolher, de forma orientada, parte do seu currículo, parte da sua experiência escolar ao longo do ensino médio”, salienta.
Além das regras de transição em um período considerado factível, os secretários estaduais de educação e os conselhos nacional, estaduais e distrital de educação pedem também a manutenção do ensino a distância (EaD,) tanto na formação geral básica, que é a parte do conteúdo estipulado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) — e que é comum a todas as escolas do país, quanto nos itinerários formativos, que é a parte escolhida pelos estudantes para aprofundamento mediante a disponibilidade de cada rede.
O professor Bruno Borges acredita que, para algumas unidades da federação, ofertar ensino a distância é algo possível. “É algo factível dentro da realidade socioeconômica dos alunos, dentro do letramento digital de uma boa parcela dos estudantes da rede pública de ensino, e que ao mesmo tempo se impõe como uma demanda espacial.
Borges ainda ressalta. “A demanda pela continuidade da EAD também na FGB se dá em casos mais particulares de uma grande distância da população dos centros urbanos e de um acesso à internet em algumas regiões específicas que iriam viabilizar esse tipo de ensino”, aponta.
Já o professor Adam Smith vê com preocupação a educação à distância para uma decisão de manutenção do novo ensino médio. “Não é uma saída muito boa. Tivemos aí a pandemia como um exemplo de educação média da tecnologia com aulas gravadas ou até ao vivo à distância”. Para o professor de Física do Centro de Ensino Médio Elefante Branco (CEMEB) - DF, o estudante precisa do convívio da escola.
“O estudante precisa fazer trabalho em grupo, precisa relacionar com os colegas, precisa lidar com as frustrações do dia. Isso é uma inteligência, um espaço emocional que o estudante precisa e ele consegue ter isso numa escola. A educação à distância não é, não deveria ser e não vai ser uma escolha principal de um estudante. Em um caso, de ele morar longe, com difícil acesso e não ter escola perto, isso é uma possibilidade, mas em casos bem pontuais”, observa.
Na opinião do professor Bruno Borges, existe um outro ponto que precisa ser discutido: o ensino noturno. “É um outro grande gargalo, né? A legislação, as portarias e até os debates em audiências públicas, de maneira geral, muitas vezes tangenciam o tema. O ensino noturno, ele tem vivenciado uma redução drástica nos últimos anos, potencializado pela pandemia, e acaba que o debate sobre o novo ensino médio, ele esbarra numa questão de tempo.”, lamenta. Ele lembra que as aulas no ensino noturno e o tempo de permanência na escola são menores do que no diurno.
As principais mudanças com o novo modelo do ensino médio são a adoção de uma base comum curricular, a escolha de disciplinas formativas por parte do aluno e o aumento da carga horária, que passa de 2.400 horas para 3.000 horas ao longo dos três anos. Cada escola terá que oferecer pelo menos uma formação complementar aos estudantes dentro das categorias: linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e sociais aplicadas; formação técnica e profissional.
O novo ensino médio começou a ser implementado de forma gradual em 2022 com alunos do 1º ano dessa última fase da educação básica. Neste ano, as mudanças já abrangem alunos tanto do 1º quanto do 2º ano do ensino médio. Em 2024, todas as fases dessa etapa de ensino devem seguir com o novo modelo.
Para 2021, estimativa é de queda no número de matrículas em cursos presenciais e aumento no EAD
Dados do Mapa do Ensino Superior no Brasil 2021 divulgados pelo Semesp, mostram que o número de matrículas em cursos superiores presenciais e de ensino a distância (EAD), nas redes privada e pública, cresceu 1,8% em 2019.
Prazo para fazer inscrição no Programa de Apoio à Iniciação Científica (FVS-AM) é prorrogado
MEC avalia desafio maior em 2021 e discute educação híbrida
O crescimento total das matrículas na rede privada para cursos presenciais e EAD foi de 2,4%, enquanto na rede pública foi de 1,5%. Em contrapartida, para 2021, quando se considera apenas os cursos presenciais da rede privada, a previsão é de queda de 8,9% no número de matrículas. Já para os cursos EAD, na mesma rede e período, a estimativa é de crescimento de 9,8%.
Segundo o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, os números revelam o impacto da pandemia da Covid-19 tanto no presencial quanto no EAD, e é preciso estar atento para o fato de que, apesar das aulas estarem sendo assistidas remotamente, não é possível dizer que o EAD cresce e o presencial decresce um em função do outro.
Aulas são gratuitas e participantes receberão certificado emitido pela instituição
A Universidade de Brasília (UnB) oferece a professores da rede pública de ensino um curso online gratuito sobre combate à dengue, zika e chikungunya. O material didático, organizado em 11 módulos, foi desenvolvido por professores da UnB e de outras instituições.
O curso “Arbocontrol nas escolas” tem como público-alvo professores de escolas da rede básica de ensino na modalidade EaD, sem tutoria. Os participantes receberão um certificado de extensão emitido pela UnB ao concluírem as aulas.
MINUTO UNICEF: Por que é importante reabrir as escolas em segurança?
Para se inscrever, acesse ecos.unb.br. Demais informações podem ser obtidas no e-mail [email protected] ou pelo telefone (61) 99277 8143.
Capacitações serão oferecidas por Instituições Privadas de Ensino Superior
Ministério da Educação (MEC) autoriza a abertura de 28.322 novas vagas, em 42 cursos técnicos de nível médio, a serem ofertados pelas Instituições Privadas de Ensino Superior. A medida foi publica na Portaria n° 28 do Diário Oficial da União.
Segundo o texto, 64 instituições poderão oferecer as capacitações técnicas pelo período de três anos. O prazo para iniciar a oferta dos cursos, na modalidade presencial e a distância, é de 12 meses, contados a partir da data da publicação do ato normativo. A decisão do MEC atende a um pedido das instituições, feito entre julho e agosto de 2020, para o funcionamento de cursos encaminhados.
MG: IEL tem oito vagas de estágio em Belo Horizonte e Contagem
PE: IEL oferece 34 vagas de estágio
Undime lança publicação com dicas para gestores educacionais
As aulas na modalidade a distância devem contar com atividades presenciais obrigatórias, desenvolvidas no próprio local de oferta autorizado, conforme previsto no plano de curso apresentado pelas instituições.
A lista de cursos autorizados está disponível na Portaria n° 28, do Diário Oficial da União, de 21 de janeiro de 2021.
A educação a distância se tornou uma realidade cada vez mais comum em 2020. Com a pandemia do novo coronavírus e a necessidade de manter o isolamento social, foi preciso fazer adaptação em diversas áreas. A robótica, um dos carros-chefes do Serviço Social da Indústria (Sesi), não ficou de fora e se encaixou nos novos moldes educacionais.
Desde novembro, estudantes e professores da entidade já contam com a Coder Z, uma plataforma on-line de programação e simulação que ajuda a colocar em prática os ensinamentos da robótica. Ela utiliza a metodologia STEAM, sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática, e atividades gamificadas para incentivar a educação tecnológica e preparar jovens para o futuro.
“A plataforma Coder Z tem um vínculo próximo com a robótica educacional, considerando que ela simula a prática de robôs de Lego. O que a plataforma faz, basicamente, é dispor de vários cenários e os robôs devem executar algumas ações. Essas ações podem ser tanto de realizar algum movimento, atuar naquele ambiente quanto para a leitura de dados”, explica Juliana Fonseca Duarte, especialista em desenvolvimento industrial do SESI.
Ela adianta que a plataforma é bem intuitiva. “São diversas funcionalidades. Para os professores, temos algumas diferenciadas que facilitam o planejamento e o trabalho em sala de aula, mostrando possíveis soluções de programação para os desafios propostos nos cenários apresentados”, acrescenta Juliana.
A experiência ajudou muito as aulas do professor de robótica Luis Henrique Cardoso, que leciona na unidade SESI Candeias DR Bahia. Ele conta que com as aulas presenciais, alunos e alunas construíam o robô e só depois partiam para a programação.
“No ensino remoto, não tínhamos um robô para construir e a programação ficava muito na parte teórica. Não tinha o desafio, não tinha o estímulo para o aluno desenvolver a atividade. Com a plataforma, eu passo a teoria e a atividade vira um desafio, um game, é uma forma lúdica de aprender a programação. O robô que ele vê na plataforma é o mesmo que ele pode construir no presencial. A plataforma veio como uma extensão da sala de aula em relação à programação”, relata o docente.
Segundo informações do Sesi, entre setembro e outubro, a entidade capacitou quase 300 professores e equipe técnica pedagógica nas 27 unidades federativas do Brasil. A ideia é manter a plataforma disponível quando o ensino presencial retornar.
E ela pode ser acessada por todos os estudantes da instituição, desde que estejam matriculados nos anos finais do ensino fundamental (entre o 6º e o 9 º ano) e no primeiro ano do ensino médio. A estimativa é de que até 90 mil estudantes utilizem a Coder Z.
SESI GOLAB: indústria adota nova metodologia para ampliar saúde e segurança no trabalho
Novo Fundeb: Câmara inclui escolas ligadas a igrejas e Sistema S
Para o professor, a plataforma é uma oportunidade de continuar os estudos, mesmo no período difícil em que o mundo todo vive. Ele lembra que consegue, inclusive, mensurar o nível de aprendizado de estudantes.
“Conforme o aluno vai alcançando uma pontuação, ele vai sendo desafiado em outras fases. Existe um nível de dificuldade em que começa do mais básico até um mais avançado. À medida que ele vai evoluindo, a própria plataforma vai disponibilizando novas ferramentas, novos blocos, novas possibilidades. Da minha casa, do meu computador, eu consigo acompanhar em qual nível aquele aluno ou turma se encontra. Consigo acompanhar todos os matriculados. A gente consegue analisar a turma que está desenvolvendo um raciocínio mais rápido, um pensamento computacional e aqueles que não conseguem para dar uma atenção maior para eles”, elogia.
Segundo a especialista Juliana Fonseca Duarte, a plataforma já é utilizada por 24 departamentos regionais. Por enquanto, ela só está disponível internamente para alunos e professores do Sesi. “A plataforma vai continuar aberta mesmo nesse final de ano, para que os alunos deem continuidade aos estudos. A gente entende que não deixar a plataforma disponível seria de alguma forma podar as possibilidades de aprendizado deles”, acredita Juliana.
E acrescenta: “A robótica impacta na questão emocional e na cognitiva. Em termos emocionais, os alunos passam a trabalhar de forma colaborativa, se envolvem mais com discussões, tornam-se mais críticos e criativos. Em termos cognitivos, eles aprendem a trabalhar com o pensamento computacional, científico e a gente entende que isso tem um impacto forte no mercado de trabalho.”
Com o intuito de aumentar a oferta de vagas de Educação a Distância (EaD) na educação superior, especialmente nas universidades federais, o Ministério da Educação (MEC) criou o Plano de Expansão da Educação Superior por meio digital.
A proposta é coordenada pela Secretaria de Educação Superior (SESu) do MEC, que tem acompanhado o crescimento da EaD nos últimos tempos. Os recursos digitais estão sendo cada vez mais utilizados, sobretudo, após se tornarem a alternativa para manter ou retomar as atividades de ensino em meio à pandemia de Covid-19.
Segundo o Censo da Educação Superior 2019, divulgado na última semana pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mesmo antes da pandemia os recursos de EaD já estavam em alta. Em 2019, pela primeira vez na história da rede privada de ensino, o número de ingressantes em cursos EaD foi superior à quantidade de estudantes matriculados presencialmente.
Investimento em educação desafia prefeitos em final de mandato
Mais de 25 mil estudantes de instituições federais recebem chips do projeto Alunos Conectados do MEC
Além disso, a oferta de EaD seguiu a tendência, onde a quantidade de vagas ultrapassou a oferta nos cursos presenciais da educação superior, crescendo 45%, enquanto a modalidade presencial cresceu apenas 5,2%.
Para colocar o Plano de Expansão da Educação Superior em prática, a Secretaria de Educação Superior (SESu) do MEC conta com dois grupos. Um deles é o Grupo de Trabalho (GT), formado por técnicos que subsidiarão a discussão, a elaboração e a apresentação de estratégias para possibilitar o incentivo, a ampliação e a democratização da oferta dos cursos de nível superior por EaD.
O outro grupo é o Comitê de Orientação Estratégica (COE), de caráter mais executivo, consultivo e avaliativo, que orientará e acompanhará o desenvolvimento de estratégias, estimulará estudos e ações que viabilizem a EaD e o mapeamento de tecnologias para oferta do ensino em EaD.
Desde quando alguns estados brasileiros começaram a registrar uma certa estabilização no número de casos da Covid-19, a população, autoridades e pessoas ligadas à área da Educação começaram a questionar sobre o retorno das aulas presenciais no país.
Em entrevista exclusiva ao portal brasil61.com, o diretor-executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Sólon Caldas, afirmou que isso não deve ocorrer imediatamente, mas garantiu que as instituições de ensino já estão preparadas para esse regresso.
“As instituições de ensino estão preparadas e estão obedecendo a protocolos de segurança determinados pela OMS, pelo Ministério da Saúde e governos locais, para que essa volta ocorra dentro da maior segurança possível. É certo que será uma volta gradativa, porque temos grupos de risco. Essas pessoas vão continuar assistindo aula de casa, tendo acesso à aula virtual”, explicou.
Em relação ao ensino à distância, Caldas disse que o número de alunos matriculados nesta modalidade tem aumentado significativamente nos últimos anos, não apenas por causa da pandemia. Sobre esta questão, ele acredita que houve um aumento de custo para as instituições de ensino, tendo em vista às adequações que precisaram ser feitas.
“Esse custo aumentou substancialmente porque, para oferecer as aulas remotas, as instituições tiveram que investir muito em tecnologia, em software, em internet, para que essas aulas pudessem chegar até os alunos. Então, as instituições de ensino se adaptaram rapidamente a esse novo contexto, a educação no nosso país não parou e os alunos estão tendo segmento no seu ano letivo para que não seja comprometida a sua formação”, considerou.
Durante a entrevista, o diretor executivo da ABMES também falou sobre o papel da educação à distância para pessoas que vivem em pequenos municípios, onde o acesso é difícil. Nesse contexto, ele entende que a modalidade é uma porta de acesso para quem tem essas dificuldades, mas busca se qualificar.
“Entre 2015 e 2017, o número de matrículas no ensino presencial diminuiu enquanto no EAD aumentou. Essa modalidade tem crescido e proporciona uma oportunidade para que os alunos de municípios menores, onde não tem oferta do presencial, possam ter acesso à educação superior. Quem ganha com isso é o país, que vai ter cada vez mais mão de obra qualificada no mercado de trabalho e, consequentemente, o desenvolvimento do Brasil”, pontua.
Mudanças no ensino médio são previstas pelo Inep
Para a pós-pandemia, Sólon Caldas acredita que haverá uma evolução do ensino híbrido, na qual uma parte das disciplinas será disponibilizada remotamente, enquanto outra será executada no próprio ambiente escolar. Isso, segundo ele, vai permitir aos alunos terem uma melhor adequação e usar o tempo de forma mais eficiente.
“As disciplinas teóricas, certamente terão essa destinação, enquanto as que precisam da presença em sala de aula, terão que contar com o deslocamento do aluno até o ambiente escolar. Isso ainda não está muito bem definido, até porque a regulação não prevê esse modelo híbrido. As autoridades vão precisar rever toda essa regulamentação, para atualizar o ensino para a pós-pandemia”, avaliou.
Há cerca de uma semana, o Ministério da Educação informou que estuda uma forma de avaliar os efeitos da pandemia na a aprendizagem dos alunos no Brasil. Segundo destacou o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, o órgão procura uma “possibilidade de fazer avaliações amostrais”, mas, que, por enquanto, seriam para estudos internos e não avaliações em larga escala.
Desde o seu surgimento, há 14 anos, entidade formou mais de 271 mil alunos
A Universidade Aberta do Brasil (UAB) completa 14 anos em 2020. A instituição surgiu com o desafio de ampliar o ensino superior por meio da educação à distância, modalidade em evidência por conta da pandemia do novo coronavírus. Dos 848 polos da universidade, 70% estão localizados em municípios com menos de 100 mil habitantes.
A UAB funciona a partir de parcerias com universidades públicas (municipais, estaduais ou federais) que ofertam cursos em unidades espalhadas por todo o Brasil. Segundo o decreto que instituiu a Universidade Aberta do Brasil publicado em 2006, o sistema de ensino tem como principal objetivo “oferecer, prioritariamente, cursos de licenciatura e de formação inicial e continuada de professores da educação básica”. Também são oferecidos cursos de bacharelado, especialização, tecnólogo, aperfeiçoamento e extensão.
Dilce Eclai de Vargas, coordenadora do polo da UAB em Santo Antônio da Patrulha, município gaúcho com cerca de 40 mil habitantes, afirma que a instituição tem colaborado com a formação de professores da região, o que consequentemente faz com que a rede pública de ensino melhore a qualidade. “Temos hoje 100% dos professores com licenciatura, graduação plena, uma maioria absoluta com pós-graduação. Isso devido ao polo da UAB. Se não fosse essa política pública, não teríamos professores com essas formações.”
De acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), entidade ligada ao Ministério da Educação, a UAB conta atualmente com 166.755 alunos matriculados, sendo 80.396 em cursos de licenciatura.
O presidente da Capes, Benedito Aguiar, diz que as universidades que integram o sistema da Universidade Aberta do Brasil, também foram favorecidas com a parceria. Em tempos de pandemia, de acordo com ele, essa cooperação fez com que instituições tradicionais já contassem com um sistema de educação à distância consolidado. “As universidades que já estavam envolvidas na educação à distância, como as que integram a UAB, também estão inseridas nesse contexto. As universidades tiveram menos dificuldade em atravessar esse período.”
Desde o seu surgimento, 271.720 alunos se formaram pela UAB, de acordo com a Capes. Cabe a cada polo definir a forma de seleção dos alunos. Além disso, em 2016, a Universidade Aberta do Brasil começou disponibilizar todos os materiais por meio do site da Capes. Para mais informações acesse: https://www.capes.gov.br/uab
As inscrições para os cursos a distância de Educação de Jovens e Adultos (EJA-EaD) foram prorrogadas até 30 de junho na Bahia. Os interessados podem se matricular nas mais de duas mil vagas gratuitas pela internet, no site do Serviço Social da Indústria (SESI).
O SESI é a única instituição no estado a oferecer ensino médio e ensino fundamental II a distância, com oferta autorizada pelo Ministério da Educação. O curso também é chancelado pelo Conselho Estadual de Educação.
Conceição Souza Vieira, ex-aluna do EJA de Ilhéus, relata a emoção de ter concluído os estudos de forma on-line e ressalta que essa é uma oportunidade nesse momento de pandemia. “Estudar no SESI foi enriquecedor para meu currículo. Consegui concluir o ensino fundamental e médio, estudei pela plataforma. Foi ótimo porque não tomou muito meu tempo com os outros afazeres. Depois da formatura, arrumei um trabalho”, revela.
Também aluna da unidade de Ilhéus, Maria Tereza Nascimento, de 57 anos, endossa a importância dos estudos em sua vida. “Por meio do ensino a distância, eu pude transformar a minha vida. Tive ânimo e força para retomar os estudos, porque tinha dificuldade em aprender. Fui muito bem recebida por todos”, conta.
As vagas são oferecidas em Juazeiro, Luís Eduardo Magalhães, Brumado, Vitória da Conquista, Teixeira de Freitas, Ilhéus e Salvador. A gerente de Educação de Jovens e Adultos do SESI, Gisele Freitas, explica que a duração do curso depende da necessidade de cada aluno, a depender do grau de escolaridade. “Cada aluno possui uma trajetória, um caminhar diferente dentro do SESI, mas o período máximo é de 12 meses de aula”, detalha.
É preciso que o aluno ou aluna tenha acesso a computador, tablet ou smartphone para as aulas. Como os sete locais que ofertam o EaD estão fechados por conta da pandemia, é imprescindível que, nesse momento, o interessado tenha acesso à internet.
Por conta do distanciamento social, Gisele Freitas comenta que a educação a distância pode ser uma aliada para investir em educação e se preparar para o mercado de trabalho pós-crise.
“É uma das estratégias do SESI, principalmente em um cenário pós-pandemia. Ampliando esse número de vagas de acesso, essas pessoas vão retornar ao mercado de trabalho ou se manter nesse cenário competitivo que vamos enfrentar. Sem a educação básica, as pessoas não podem acessar outros níveis de formação”, pontua a gerente de Educação de Jovens e Adultos do SESI/BA.
Podem se matricular nos cursos pessoas maiores de 18 anos que ainda não tiverem concluído a educação básica. Não há taxa de inscrição ou de matrícula e os interessados devem anexar, no ato da inscrição, documentos pessoais (RG, CPF, foto 3x4, histórico escolar original ou autodeclaração de escolaridade e comprovante de residência com CEP válido) e comprovante de vínculo empregatício, em caso de trabalho formal. Mais informações podem ser consultadas pelo e-mail [email protected] ou nos telefones das unidades de cada cidade.