A expectativa é que até 2024 o Brasil tenha pelo menos 30 GW de capacidade de geração de energia eólica instalada, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
Segundo uma pesquisa realizada pelo Conselho Global de Energia Eólica, o setor conta com cerca de 260 mil trabalhadores em todo o mundo. Dados da Perspectiva Global da Força de Trabalho Eólica 2022-2025 indicam ainda que serão necessários 480 mil trabalhadores treinados em todo o mundo, 308 mil deverão ser empregados para construir e manter projetos eólicos onshore (instalados em terra) e 172 mil para parques eólicos offshore (no mar).
O levantamento ainda indica que mais de 70% dessa nova demanda global virá de dez países: Brasil, China, Japão, Índia, México, Marrocos, Arábia Saudita, África do Sul, EUA e Vietnã.
A extensa costa litorânea e a incidência de ventos constantes fazem da região Nordeste a maior importante para a geração de energia por meio de parques eólicos no mar no país. Segundo a ABEEólica, o Nordeste responde por 80% dos parques eólicos brasileiros.
Segundo a Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do governo do Ceará, 21 projetos de interesse do estado para a geração de energia eólica offshore estão sob análise no Ibama. Caso todos os 21 projetos recebam o licenciamento ambiental e sejam mesmo implantados, o total de investimentos pode chegar a US$ 100 bilhões.
De acordo com o consultor de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Jurandir Picanço, o mercado de eólicas offshore no Brasil poderá ser apoiado por projetos de hidrogênio verde.
“O Brasil tem um potencial enorme de energia eólica offshore e, com certeza, vai haver um desenvolvimento associado da energia eólica offshore com o hidrogênio verde. Já existem, inclusive, projetos piloto que estão sendo desenvolvidos na Europa em que na própria instalação eólica offshore já se produz hidrogênio verde. Então, isso aí é mais uma oportunidade enorme que o Brasil tem”, afirma.
A regulamentação do marco legal de energia eólica offshore é considerada prioridade. No legislativo, o projeto de lei 576/2021 já foi aprovado pela Comissão de Infraestrutura do Senado Federal e seguiu diretamente para análise da Câmara dos Deputados. O projeto regula todo o tipo de exploração de energia em alto mar, lagoas, lagos e espelhos d’água. Além da energia eólica, a proposta também abarca a solar e a das marés.
De acordo com a proposta, o direito de uso de bens da União para aproveitamento de potencial para geração de energia eólica offshore será por meio de autorização (quando não houver concorrência) ou concessão de bens (quando houver concorrência).
Para o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG), a regulamentação é necessária para incentivar o desenvolvimento de empreendimentos eólicos.
“O Brasil precisa continuar sendo um país de energia limpa e, portanto, qualquer iniciativa no sentido de facilitar, de impulsionar a geração de energia limpa, é sempre muito bem-vinda e esse projeto vem nessa direção. Ele busca normatizar o aproveitamento de bens da união para transformação em energia em empreendimentos offshore. E, por ser bens da União, é preciso uma legislação que o regulamente”, ressalta.
O PL 576/2021 atualmente está apensado a outro projeto de lei (11247/18), que também amplia a implantação de usinas offshore para a geração de energia elétrica a partir de fontes eólica e solar. A proposta está em análise na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados.
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O triângulo mineiro vai receber mais uma fábrica de fertilizantes a partir de hidrogênio verde, um dos principais componentes do insumo. A Atlas Agro Brasil, empresa especializada em fertilizantes nitrogenados, assinou o protocolo de intenção para instalação da fábrica no Distrito Industrial III de Uberaba (MG). Ao todo, o investimento deve chegar a R$ 5 bilhões, com previsão de geração de empregos diretos na região.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação de Uberaba, Rui Ramos, destaca que o município está em pleno desenvolvimento e possui uma posição estratégica que beneficia empresas.
“Uberaba no ano passado e nesse início de ano tem sido um dos municípios que mais tem gerado emprego no Brasil, pelos dados do Caged. Nós temos aqui um polo de fertilizantes, que é o nosso Distrito III, que é um dos maiores da América do Sul. Nesse local nós temos uma posição logística fantástica, nós estamos equidistantes em torno de 500 quilômetros dos principais centros de consumo do Brasil, das principais capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia e Brasília”, afirma.
A Câmara dos Vereadores de Uberaba (MG) já aprovou a concessão de um terreno do poder público com aproximadamente 1 milhão m² para o projeto. De acordo com informações da Câmara, o terreno cedido é o mesmo onde seria instalada uma planta de amônia, que acabou não saindo do papel. De acordo com o secretário, as obras estão dentro do previsto pelo cronograma.
“Nós estamos acabando a celebração dos contratos de incentivo tanto do município como do estado e formalizando esses contratos, nos próximos 30 dias a empresa dará início aos projetos de engenharia. É um complexo industrial nos moldes da refinaria que envolve toda uma tecnologia nova. Os projetos em geral são feitos no exterior, então tem um período grande de detalhamento de projeto, licenças ambientais, licença de instalação. A previsão é iniciar a obra no segundo semestre de 2024 e início de operação em 2027”, explica.
Segundo Ramos, durante a construção da unidade devem ser gerados 2.000 empregos diretos e depois da operação, entre 500 e 600 diretos e indiretos.
Um estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre as perspectivas de aplicação do hidrogênio na indústria brasileira identificou que os setores de refino e fertilizantes (consumidores de hidrogênio cinza, que é produzido a partir de gás natural) têm potencial de uso imediato das opções sustentáveis como estratégia de descarbonização.
Dados do levantamento apontam que o setor de refino tende a ser o principal cliente, com cerca de 74% do hidrogênio consumido na indústria brasileira. Já os setores de fertilizantes e amônia vêm logo em seguida. O estudo ainda indica que o Brasil tem potencial para a produção de amônia a partir de hidrogênio verde próxima ao agronegócio, que hoje consome 87 mil toneladas por ano de hidrogênio.
No Congresso Nacional, tramita o projeto de lei 1878/2022, que trata de incentivos ao hidrogênio verde e está em discussão na Comissão Especial para Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde, onde aguarda relatoria. O deputado federal Zé Vitor (PL-MG) destaca o potencial do estado de promover o aumento da produção de insumos a partir de fontes renováveis e, assim, gerar mais empregos e renda para a população.
“Minas tem sido palco de grandes investimentos por vários fatores: pelo bom alinhamento com o governo do estado, pela disponibilidade de mão de obra qualificada por uma boa rede de prestadores de serviço e de fornecedores de produtos e mostra o quanto nós estamos dispostos a trabalhar pela captação de mais investimentos, que certamente significa mais emprego e renda e a transformação da vida de muitas famílias”, ressalta.
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Dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) apontam que o consumo de eletricidade no mercado livre de energia, ambiente onde fornecedores e consumidores negociam livremente preços e outras condições de contratação, cresceu 30% no primeiro trimestre de 2023. Isso corresponde a 1.400 novas unidades consumidoras. Segundo o levantamento, a maioria das unidades de consumo do mercado livre está distribuída entre os setores de comércio, serviços e alimentos.
O boletim mostra ainda que a maior parte dos novos pontos de consumo do primeiro trimestre está na categoria "Especial", com cerca de 850. Já o restante está na faixa "Livre". A categoria "Especial" dá aos agentes o direito de escolher fontes incentivadas, como eólica, solar, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas. E a "Livre" pode negociar com qualquer tipo de fonte.
Dados da CCEE ainda indicam que o mercado no Brasil já agrupa mais de 32 mil pontos de consumo e representa 37% da demanda total de energia elétrica do país. Já no levantamento regional, os pontos estão mais concentrados nos estados de São Paulo (10 mil), Rio Grande do Sul (3.000) e Minas Gerais (2.900).
Segundo o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB) Ivan Camargo, o mercado livre é necessário para quebrar o monopólio da geração de energia.
“Antigamente você tinha empresas que eram chamadas de verticalizada, onde se produzia, transmitia e distribuía energia, e era tudo a mesma empresa. Agora quebrou-se esse ciclo, a geração e a criação da energia pode ser uma coisa competitiva, então eu boto para as novas e futuras geradoras competir pelo mercado. Isso é super positivo porque quebra, de certa forma, o monopólio da geração de energia, você pode optar, qual tecnologia? Qual a forma? Como é que você vai comprar?”, explica
Em setembro de 2022, o Ministério das Minas e Energia (MME) ampliou o mercado livre de alta tensão por meio da Portaria 50/2022. Na prática, os consumidores do mercado de alta tensão poderão comprar energia elétrica de qualquer fornecedor. A liberalização representa o primeiro avanço em relação ao limite de 500kW definido pela Lei nº 9.427/1996.
O legislativo também vem trabalhando para ampliar o mercado livre de energia no país. Na Câmara dos Deputados, o PL 414/2021, de autoria do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), pretende mudar as regras de funcionamento do setor elétrico e ampliar o acesso ao mercado livre de energia elétrica para todos os consumidores brasileiros, inclusive os de baixa tensão (residenciais). Já aprovado no Senado, o texto aguarda a criação de comissão especial pela mesa diretora.
Para o deputado federal Evair Vieira de Melo (PP-ES), o Brasil tem grandes chances de se tornar competitivo no mercado de energia.
“O mercado livre de energia é uma tendência, é um caminho sem volta, mas por ele também passa a profissionalização, a discussão, a desburocratização e, normalmente, criar marcos regulatórios no país. Nós precisamos encontrar mecanismos para baixar a energia, nós vamos reindustrializar o país, e só vamos ser competitivos no mercado exterior de produtos processados ou semiacabados com energia barata e essa energia barata passa pelo mercado livre”, afirma
Segundo o professor Ivan Camargo, o consumidor do mercado livre tem duas possibilidades: tornar-se um consumidor atacadista ou ser representado por um comercializador varejista.
“O comprador no atacado típico é a empresa distribuidora. A distribuidora contrata a energia em grandes blocos e vende no varejo. Vende energia para os consumidores em geral. Já o comprador no varejo é aquele que possui indústria, por exemplo, a indústria de cimento, que precisa de muita energia. Eu posso também ser, por exemplo, um supermercado ou um shopping, que tem um grande consumo de energia e vai atrás das melhores ofertas de energia para atender o consumo”, explica.
O professor ainda ressalta que cada consumidor define sua estratégia de contratação de energia e toma as próprias decisões de compra. “Cada empresa deve ter a sua estratégia, mas existem dois pontos fundamentais hoje na compra de energia no mercado livre: primeiro, o preço e o segundo, a questão da sustentabilidade, que é fundamental e é muito importante”, finaliza.
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O Complexo Industrial Portuário de Suape, uma das principais portas de entrada da economia de Pernambuco, pretende inovar na produção de hidrogênio verde (H2V) por meio de um TechHub. A iniciativa é desenvolvida em parceria com a empresa chinesa CTG, o Departamento Nacional do Senai, o Senai Pernambuco e o governo do estado. O objetivo é tornar o porto um espaço de pesquisa, desenvolvimento e inovação com foco no hidrogênio verde.
Atualmente, o complexo está preparado para receber 42 projetos. Com o crescimento do projeto, surgiu um novo momento de oportunidades. Durante um feira em Hanôver, na Alemanha, foi fechada a primeira chamada bilateral Brasil-Alemanha, entre o Senai e a Federação Alemã de Associações de Pesquisa Industrial (AIF).
“Com a AIF, nós montamos uma chamada conjunta entre Brasil e Alemanha para que empresas brasileiras, em conjunto com empresas germânicas, possam fazer o que nós chamamos de joint venture, que são projetos em conjunto tecnológicos exclusivamente para a tecnologia de hidrogênio. Praticamente todos esses projetos entre empresas brasileiras e alemãs serão colocados no núcleo atrativo que é o TechHub”, explica o diretor de Inovação e Tecnologia do Senai, Jefferson Gomes.
Segundo o diretor, a expectativa do complexo é obter projetos pilotos aplicáveis ao mercado, atrelados aos aspectos ambientais e sociais. “Eu creio que este local será extremamente importante nos próximos anos, porque lá serão testadas possibilidades, se a gente quiser embarcar neste mundo relacionado à exportação de hidrogênio. Nós então queremos, ao final deste processo, ter novas empresas brasileiras entrantes nesta jornada, que é a geração de energia renovável no mundo. Nossa expectativa é que esse conjunto de projetos existentes, algo por volta de 20%, em 3 anos se transforme em produtos”, aponta.
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Para Gomes, o Brasil tem uma grande chance de ser competitivo no mercado de H2V, não só com a exportação do produto, mas como um insumo para a indústria. O diretor de Inovação e Tecnologia do Senai também aponta outras possibilidades de desenvolvimento para o país na área de sustentabilidade.
"Nós somos muito aptos a utilizar uma biomassa como a cana-de-açúcar para a produção de combustível, e você consegue fazer balanço de crédito de carbono com esse tipo de produção. Então, o Brasil pode ser um local onde ocorrerá a neoindustrialização, que não é uma reindustrialização, é uma industrialização com muito uso de energias renováveis. O Brasil não é somente competitivo em hidrogênio. O Brasil é competitivo em bioeconomia, no caso para a produção de energia, para a produção de insumos químicos, de cosméticos, de alimentos e de fármacos”, afirma.
O TechHub instalado no Complexo Industrial de Suape, em Pernambuco, vai ser o primeiro local a ser visitado pela Comissão Especial de Hidrogênio Verde. A comissão, criada por membros do Senado Federal, tem por objetivo propor um conjunto de políticas públicas que possam balizar a produção de H2V no Brasil.
O grupo é formado por seis senadores que estão articulados no processo de transição energética e tecnologia voltada para descarbonização das economias globais. Dos seis senadores que integram a comissão, três vão ao estado: Fernando Dueire (MDB-PE), Marcos Pontes (PL-SP) e Cid Gomes (PDT-CE), que preside a comissão.
Para o senador Fernando Dueire (MDB-PE), o trabalho da comissão está baseado no sentido de oferecer uma contribuição ao futuro do país por meio das energias renováveis. "Na agenda estão o fortalecimento das bases tecnológicas na busca da diminuição de custos, aumento da eficiência, capacitação e formação de capital humano, planejamento energético, regulação e cooperação internacional. O plano de trabalho segue estágios temporais, prevendo debates com especialistas, audiências públicas, visitas externas e troca de conhecimento com países que já trabalham com essa energia, com fontes totalmente limpas ou com capturas de carbono", ressalta.
A visita da Comissão Especial de Hidrogênio Verde ao TechHub instalado no Complexo Industrial de Suape deve acontecer no próximo dia 19 de maio.
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O governo do estado do Ceará firmou parceria com o Banco Mundial para integrar uma força-tarefa internacional com foco na estruturação do mercado de hidrogênio verde (H2V) em países em desenvolvimento. Por possuir posição estratégica, com bons ventos e abundância de sol, o estado do Ceará é ideal para a produção do hidrogênio verde, podendo despontar como um dos principais players do mercado de H2V.
Lançado em 2022 durante a COP 27 no Egito, o projeto do Banco Mundial tem como objetivo debater desde financiamentos, tecnologias e modelos de negócio até governança e economia circular, a fim de estimular financiamentos para investimentos em hidrogênio de fontes públicas e privadas.
De acordo com o governo do estado, está em curso um financiamento de US$ 40 milhões com o Banco Mundial para impulsionar e ampliar o HUB de Hidrogênio Verde no Complexo do Pecém, implementado em 2022.
A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) é parceira do governo do Ceará e da Universidade Federal do Ceará (UFC) no projeto de construção do Hub do H2V. Segundo o consultor de Energia da Fiec, Jurandir Picanço, o Complexo do Pecém possui condições de viabilizar a exploração econômica e trazer competitividade para a produção de H2V.
“Hoje são 27 memorandos de entendimento assinados, algumas dessas empresas já anunciaram os seus propósitos e esses projetos estão em desenvolvimento e alguns deles já estão na fase mais avançada voltados a produzir o hidrogênio verde e motivados pela exportação. Porque os países da Europa são aqueles que estão sinalizando o interesse em importar hidrogênio verde”, aponta.
O projeto vai contar com o apoio de outras entidades do setor, como o Hydrogen Council, que representa mais de 150 grandes multinacionais que atuam em diversas etapas da cadeia de valor do hidrogênio; o Hydrogen Europe, que representa o mercado energético europeu; e o NREL, laboratório de energia renovável do Departamento de Energia dos Estados Unidos.
Os memorandos de entendimento em desenvolvimento no Hub do Porto de Pecém envolvem empresas como Mitsui, Caetano Bus, Fortescue Future Industries (FFI), Qair Brasil, Enegix Energy, o consórcio Transhydrogen Alliance, Comerc Eficiência e Casa dos Ventos.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) também integra o projeto. Segundo o gerente de Análise e Informações ao Mercado na CCEE, Ricardo Gedra, iniciativas como a do Banco Mundial são importantes para acelerar os processos de regulamentação, viabilidade econômica, além de direcionar recursos para regiões que realmente precisam. De acordo com o gerente, os projetos de produção de hidrogênio são intensivos em capital e vão precisar de recursos financeiros expressivos para sua construção.
“Esse trabalho de estruturação do arcabouço regulatório e de modelos de negócio é necessário para que os projetos ofereçam condições seguras para concessão de financiamentos, fazendo com o dinheiro chegue até os países produtores de hidrogênio e de toda a sua cadeia produtiva”, ressalta.
Atuando juntamente com o Hydrogen Council, a CCEE vai liderar as discussões no sentido de estabelecer as diretrizes de referência para que a certificação do hidrogênio seja reconhecida internacionalmente.
“Nós vamos atuar com foco na certificação da energia que será utilizada para a produção do hidrogênio, buscando a melhor definição de critérios para a classificação como um insumo de baixo carbono. O objetivo principal é contribuir para a criação de um ambiente que seja atrativo para quem comprará ou venderá o insumo”, explica Gedra.
Para o membro da Comissão de Meio Ambiente (CMA) da Câmara dos Deputados, o deputado federal Célio Studart (PSD-CE), além de ser uma solução para despoluir setores, a expansão da cadeia de valor do hidrogênio verde no estado pode ser rápida e deve gerar muitos empregos.
“Nós temos sol quase o ano inteiro. O vento do Ceará também é muito forte, ou seja, favorece a energia eólica e com esse investimento de US$ 40 milhões já se concretizam algumas assinaturas do governo do estado. Estima-se que em 2027 talvez se inicie essa produção, mas já tem contratos assinados, secretários estaduais em acordos com Roterdã [Holanda] para fazer o Hub Porto do Pecém e Roterdã. Isso traz, além da questão ambiental, da fonte de energia para o Ceará, vai gerar ampliação do Porto de Pecém e essa ampliação vai gerar certamente um número muito maior de empregos. Então, isso nos é caro obviamente pela pauta ambiental e nos é caro na questão econômica trabalhista do estado”, afirma.
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O impacto potencial da cadeia do hidrogênio verde (H2V) pode ser de R$ 3,7 bilhões a R$ 60 bilhões no PIB do Rio Grande do Sul; e de 2.000 empregos gerados a 40 mil até 2040. Os dados são de levantamento realizado pela consultoria McKinsey & Company, a pedido do governo gaúcho.
São necessárias fontes de energias renováveis para realizar a produção do hidrogênio verde. A eletrólise, que é processo químico que quebra as moléculas da água em hidrogênio e oxigênio pela eletricidade, utiliza energia solar ou eólica. Assim, não há queima ou liberação de CO² na atmosfera. Por possuir recursos naturais para a produção de energia solar e eólica e um investimento considerável em ambas as fontes de energia, o governo do estado agora aposta no potencial de geração do hidrogênio verde.
Em evento realizado pelo Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindinergia-RS), para debater o mercado de hidrogênio verde e a geração de energia eólica, representantes da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) apresentaram os projetos em desenvolvimento no estado.
Segundo a Sema, o estado possui 63 projetos eólicos onshore (projetos localizados em terra, ou seja, distantes da costa) em processo de licenciamento na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e 22 offshore (projetos realizados a partir da costa marítima) no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A secretaria ainda reafirmou o compromisso com a COP 26 e começou a “formalização da intenção de parcerias com empresas do setor reconhecidas internacionalmente, como White Martins, Enerfin e Neoenergia, pela contribuição em projetos governamentais de sustentabilidade ambiental”.
O estudo também mapeou dez municípios favoráveis para o desenvolvimento da cadeia de H2V: Giruá, Uruguaiana, São Francisco de Assis, Dom Pedrito, Vila Nova do Sul, Cambará do Sul/Arroio do Sal, Porto Alegre, Mostardas, Santa Vitória do Palmar e Rio Grande.
Esses municípios foram destacados levando em conta questões logísticas como: “linhas de transmissão de energia e usinas próximas, portos públicos, capacidade de escoamento, sistema de transporte hidroviário, cabotagem e longo curso”.
Um dos membro da Comissão Especial de Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde, o senador Luís Carlos Heinze (Progressistas-RS) explica que o setor agrícola também pode contribuir para a produção de hidrogênio verde.
“O Brasil é hoje um dos países que, em termos de energia, pode ser líder mundial. Tínhamos o etanol, tínhamos o biodiesel, além da energia hídrica que o Brasil é grande produtor. Mas nós temos o setor florestal, o setor da cana de açúcar e os produtores de biogás, dentro da agricultura tem também o biogás. É muito importante, então, nós termos alternativas dentro do agro, que vão se somar ao projeto agregando várias formas de produção do hidrogênio verde”, afirma.
De acordo com a professora de materiais e ciências do ambiente da ESEG - Faculdade do Grupo Etapa, Lina Varon, a cadeia de H2V vai demandar uma mudança no consumo da população e um novo entendimento sobre o consumo energético.
“Novos processos de fabricação vão ter que ser analisados, onde se utiliza um combustível fóssil, vai entrar agora, um hidrogênio e uma energia renovável. Então, grandes coeficientes operacionais desse processo, vão ter que mudar. Isso demanda novas profissões, novas experiências”, ressalta.
Atualmente, o Brasil é o terceiro país que mais produz energia renovável no mundo, atrás apenas de EUA e China. Dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) indicam que o Brasil bateu recorde de geração de energia elétrica por meio de fontes renováveis em 2022. No ano passado, foram cerca de 62 mil megawatts de energia, em média, produzidos por mês. Com isso, a geração de energia por meios renováveis atingiu 92%.
A alta oferta também coloca o país entre os mais competitivos em termos de preço. Dados de um levantamento realizado pela BloombergNEF (BNEF) projetam o Brasil como um dos únicos países capazes de oferecer hidrogênio verde a um custo inferior a US$ 1 por quilo até 2030.
HIDROGÊNIO VERDE: pesquisa aumenta em 50% a eficiência do combustível
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Minas Gerais está de olho no mercado promissor do hidrogênio verde. O estado, um dos principais líderes na produção de energia solar no país, se destaca em investimentos no setor.
Em dezembro de 2021, a Eletrobras/Furnas inaugurou nas instalações da Usina Hidrelétrica de Itumbiara, na divisa entre Minas Gerais e Goiás, uma planta de estudos para produção de hidrogênio verde. O projeto de Pesquisa e Desenvolvimento, com investimentos de cerca de R$ 45 milhões, já produziu 1,5 tonelada de hidrogênio verde. Foi a primeira vez no país que uma planta de H2V alcançou essa marca de produção acumulada desde o início de sua operação. A pesquisa é regulada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Tem o objetivo de testar o armazenamento de energias sazonais ou intermitentes e a inserção no Sistema Interligado Nacional (SIN).
Já no sul do estado, o projeto H2Brasil em parceria com a Universidade Federal de Itajubá (Unifei), desenvolve uma iniciativa para a aplicação do hidrogênio verde junto a empresas siderúrgicas instaladas em Minas Gerais. A inovação deve se consolidar com a construção da sede do Centro de Hidrogênio Verde (CH2V), em Itajubá (MG). A proposta do projeto é testar aplicações de maior potencial para a mobilidade, produção energética e uso industrial para o abastecimento de veículos a partir de 2023.
O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sede), também trabalha em um plano estratégico para tornar Minas um ambiente atrativo para investimentos do setor. Em 2021, uma iniciativa do governo, com o apoio da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), lançou o programa “Minas do Hidrogênio”. O objetivo do projeto é estimular e estruturar a produção do hidrogênio verde no estado e fomentar a cadeia produtiva do combustível.
Para o deputado Zé Silva (Solidariedade-MG), que participa da Frente Parlamentar para o Desenvolvimento Sustentável do Petróleo e Energias Sustentáveis, o Brasil tem uma grande possibilidade de reindustrialização a partir do uso do hidrogênio verde.
“O hidrogênio verde, tanto produzido por fontes renováveis como energia solar, energia eólica, que está em franca expansão do Brasil, mesmo aquele do gás natural, já que no Brasil grande parte do gás produzido injeta a metade. Então, na minha visão, o hidrogênio verde vai permitir muito rapidamente que o Brasil seja um grande vendedor de hidrogênio para exportar, especialmente para a Europa, trabalhar também na reindustrialização do país, a descarbonização de diversos setores da economia brasileira”, afirma.
Atualmente, o Brasil é o terceiro país que mais produz energia renovável no mundo, atrás apenas de EUA e China. Dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) indicam que o Brasil bateu recorde de geração de energia elétrica por meio de fontes renováveis em 2022. No ano passado, foram cerca de 62 mil megawatts de energia, em média, produzidos por mês. Com isso, a geração de energia por meios renováveis atingiu 92%.
A alta oferta também coloca o país entre os mais competitivos em termos de preço. Dados de um levantamento realizado pela BloombergNEF (BNEF) projetam o Brasil como um dos únicos países capazes de oferecer hidrogênio verde a um custo inferior a US$ 1 por quilo até 2030.
De acordo com a professora de materiais e ciências do ambiente da ESEG - Faculdade do Grupo Etapa, Lina Varon, a cadeia de H2V vai demandar uma mudança no consumo da população e um novo entendimento sobre o consumo energético.
“Novos processos de fabricação vão ter que ser analisados. Onde se utiliza um combustível fóssil vai entrar agora um hidrogênio e uma energia renovável. Então, grandes coeficientes operacionais desse processo vão ter que mudar. Isso demanda novas profissões, novas experiências”, ressalta.
Na rota do hidrogênio verde, São Paulo é um dos estados brasileiros que recebe projetos de inovação para produzir o novo combustível verde da transição energética. Em parceria como Senai CETIQT (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil), a Shell Brasil, Raízen, Hytron, e a Universidade de São Paulo (USP), a Toyota está desenvolvendo um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) que visa produzir hidrogênio (H2) renovável a partir do etanol.
De acordo com Senai, o objetivo do projeto é demonstrar que o etanol pode ser um vetor para a produção de hidrogênio, contribuindo para a descarbonização de setores da indústria. A parceria tem como foco a validação da tecnologia por meio da construção de uma planta dimensionada para produzir 4,5 kg/h de hidrogênio. O início da operação é esperado para o primeiro semestre de 2024. A estrutura vai ser instalada no campus da USP, na cidade de São Paulo.
Ainda segundo o Senai CETIQT, o projeto também pretende calcular a pegada de carbono do ciclo “campo à roda”, ou seja, verificar as emissões de CO² na atmosfera, desde o cultivo da cana até o consumo do hidrogênio pela célula combustível do veículo.
Além de frear impactos ambientais, o desenvolvimento da cadeia de hidrogênio verde visa fomentar o desenvolvimento econômico regional e gerar empregos, renda e qualidade de vida.
Recentemente representantes do governo paulista participaram de reuniões na Europa para apresentar projetos e abordar o potencial de produção e investimento de hidrogênio verde no estado. Para o senador Marcos Pontes (PL-SP), é necessário apoiar e incentivar empresas com projetos sustentáveis.
“Eu acredito que o Brasil pode e deve assumir esse papel de liderança em energia renovável do planeta. A gente tem tudo para fazer isso, basta que a gente tenha realmente um foco político para transformar isso, colocar o esforço aqui no Brasil, ajudar as empresas que trabalham no setor e fazer essa transformação que a gente é capaz de fazer”, ressalta.
Atualmente, o Brasil é o terceiro país que mais produz energia renovável no mundo, atrás apenas de EUA e China. Dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), indicam que o Brasil bateu recorde de geração de energia elétrica por meio de fontes renováveis em 2022. No ano passado, foram cerca de 62 mil megawatts de energia, em média, produzidos por mês. Com isso, a geração de energia por meios renováveis atingiu 92%.
O gerente de Análise e Informações ao Mercado na CCEE, Ricardo Gedra, explica que o H2V é uma das principais alternativas para substituir os combustíveis fósseis.
“O hidrogênio é um vetor energético muito importante para colaborar com a descarbonização, que é o objetivo que indústrias, governos, instâncias globais estão buscando. Dentro desse contexto, existem alguns setores que são de difícil descarbonização, por exemplo, o transporte marítimo, transporte rodoviário e alguns setores da indústria. Para estes segmentos o hidrogênio se torna uma alternativa técnica viável para ser considerado como combustível substituto”, explica.
A alta oferta também coloca o país entre os mais competitivos em termos de preço. Dados de um levantamento realizado pela BloombergNEF (BNEF), projetam o Brasil como um dos únicos países capazes de oferecer hidrogênio verde a um custo inferior a US$ 1 por quilo, até 2030.
De acordo com a professora de materiais e ciências do ambiente da ESEG - Faculdade do Grupo Etapa, Lina Varon, a cadeia de H2V vai demandar uma mudança no consumo da população e um novo entendimento sobre o consumo energético.
“Novos processos de fabricação vão ter que ser analisados, onde se utiliza um combustível fóssil que vai entrar agora, um hidrogênio e uma energia renovável. Então, grandes coeficientes operacionais desse processo vão ter que mudar. Isso demanda novas profissões, novas experiências”, ressalta.
Potencial de exportação do hidrogênio verde abre oportunidades para profissionais
HIDROGÊNIO VERDE: pesquisa aumenta em 50% a eficiência do combustível
Frente Parlamentar da Agropecuária quer liderar discussões sobre produção de energia limpa no país
A geração de energia limpa e a transição para uma economia verde são temas importantes dentro do agronegócio. E também para a sociedade brasileira. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), maior bancada representativa do Congresso Nacional, mostra-se interessada em conduzir os debates que podem levar o Brasil a um protagonismo mundial de modelo econômico sustentável. Nesse aspecto, a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) é um estímulo para geração de energia renovável e, ao mesmo tempo, de crescimento da economia.
Para o vice-presidente da FPA, o deputado federal Arnaldo Jardim (CD-SP), a energia produzida a partir do agro é renovável e traz impactos positivos ao País. De acordo com o parlamentar, os integrantes da bancada da agropecuária defendem junto ao governo um projeto de expansão do setor de energia para os próximos 10 anos.
“Nós estamos discutindo muito a questão de um plano decenal para os biocombustíveis, para todas as metas de produção, porque assim, tendo essas metas, nós podemos ter investimento e esses investimentos são fundamentais para maior produção, maior previsibilidade, maior inovação, diminuir os custos de produção dos combustíveis. Ganha a sociedade de uma forma geral", explica.
Um estudo do World Wildlife Fund (WWF) indica que os biocombustíveis podem suprir 72% da demanda brasileira por energia até o fim da década, com o melhor uso e a recuperação de áreas degradadas para a produção de cana-de-açúcar. A cana já é a principal fonte de energia renovável no Brasil, de acordo com o Balanço Energético Nacional (BEM) 2021. Apesar do protagonismo no segmento, os produtores de cana-de-açúcar reivindicam melhor remuneração para o setor e participação efetiva dentro do RenovaBio.
“Quando a lei foi incrementada, o produtor ficou fora do projeto. Tendo em vista que hoje 80% da captação (carbono) está na agrícola. Então, hoje o produtor não tem acesso ao CBIOS, que é um título de descarbonização, oriundo do Renovabio”, afirma Gustavo Rattes de Castro, presidente da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (ORPLANA).
Em dezembro de 2017, a Lei nº 13.576 instituiu a Política Nacional de Bicombustíveis (RenovaBio), com o intuito de ampliar a produção e a utilização de biocombustíveis na matriz energética brasileira. Para a vice-presidente de Geração Distribuída da ABSOLAR, Bárbara Rubim, além de incentivar a descarbonização das atividades, o RenovaBio trouxe incentivos financeiros para que o setor agrícola aderisse à iniciativa.
“Basicamente o programa prevê uma redução de juros para financiamentos feitos a produtores rurais de biocombustíveis que tenham interesse no desenvolvimento de ações que tragam mais eficiência energética para sua produção. Quando a gente olha para o tema de energia de maneira geral, a eficiência energética é uma das melhores ações que podem ser adotadas, porque a melhor energia, a energia mais barata ou a energia melhor para o meio ambiente é aquela de fato que a gente não usa”, pontua.
Visando a redução dos custos de produção para os trabalhadores do campo, a FPA debateu em reunião no último dia 18 de abril, a melhor aplicação do RenovaBio para o setor rural. A reunião contou com a presença do secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, do Ministério de Minas e Energia, Pietro Mendes. Durante o evento, o representante do governo demonstrou que a atual gestão do MME está disposta a colaborar para que o Brasil se movimente em direção a uma economia verde, atribuindo ao agro papel fundamental neste processo. De acordo com o vice-presidente da FPA, deputado Arnaldo Jardim, o setor já tem capacidade de liderar este movimento.
“A energia produzida a partir do agro é energia renovável. Portanto, não só com positivo impacto ambiental. Ao contrário dos combustíveis fósseis, mas também com uma outra questão muito importante que é ter toda uma cadeia de produção que gera emprego, cria oportunidade de rendas em todo o nosso interior do estado de São Paulo, do estado de Minas Gerais, do estado do Paraná, de todos os estados do país, na nossa fronteira agrícola, ou seja, nas zonas tradicionais de produção. Os biocombustíveis vieram pra ficar e são mais do que isso um cartão que nós temos de visita do ponto de vista internacional”, destaca.
Empresas que investem em energia renovável podem reduzir os gastos com energia elétrica em até 95%. É o que aponta a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Atualmente, existem mais de cem linhas de financiamento para projetos com energias renováveis. Há opções em bancos públicos, privados, cooperativas de crédito e fintechs - empresas que desenvolvem produtos financeiros de forma totalmente digital.
Entre as alternativas, há crédito com taxas de juros que começam em 0,74% ao mês, carência de três meses e prazos que chegam a até 10 anos. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o financiamento para a adoção da energia solar fotovoltaica por micro, pequenas e médias empresas está em franca expansão, pois já está mais barato gerar a própria energia do que comprá-la de concessionárias, como explica a vice-presidente da Absolar, Bárbara Rubim.
“A energia solar ajuda a reduzir a conta de luz de todos os brasileiros não só por ser uma fonte barata, mas também por ajudar a aliviar as redes de distribuição, transmissão e a reduzir as perdas no setor elétrico. [...] A estimativa que nós fazemos é que, até 2031, a energia solar fotovoltaica vai ajudar a reduzir os custos com energia para todos os brasileiros em até 5,6%”, afirma a vice-presidente da Absolar.
Entre as opções de crédito para projetos com energias renováveis no Brasil estão o Fundo Clima e a Crédito ASG, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); FNE Verde e FNE Sol, do Banco do Nordeste; Financiamento ESG Ecoeficiência, da Caixa Econômica Federal; e Agro Energia, do Banco do Brasil.
No entanto, segundo a CNI, as empresas também podem reduzir o custo da energia elétrica produzindo eletricidade por meio dos restos de insumos, como é o caso das indústrias de fertilizantes. Outras formas de geração de energia são a biomassa (produzida a partir de materiais orgânicos), eólica e hídrica.
Entre os benefícios da adoção de energias renováveis estão o baixo impacto ambiental, a proteção contra o reajuste anual das contas de energia e mudanças de tarifa, e a transformação da conta de energia em investimento, com a possibilidade de ter, em média, 15 anos sem custo de energia.
A CNI, por meio do Núcleo de Acesso ao Crédito (NAC), realiza a orientação dos empresários industriais sobre as linhas de crédito disponíveis no mercado. Esse guia dá suporte com informações sobre documentação, taxas de juros, garantias, número de parcelas, itens financiáveis, entre outras explicações.
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Atualmente, escolher de quem comprar a energia não é permitido para pequenos consumidores. Mas, tramita no Congresso Nacional, um projeto de lei (PL 414/2021) que prevê que todos os consumidores de eletricidade possam escolher de quem comprar a energia elétrica. A Sondagem Especial Indústria e Energia, também realizada pela Confederação Nacional da Indústria, aponta que 56% das indústrias que operam no mercado cativo têm interesse em migrar para o mercado livre de energia a partir de 2024.
Atualmente, pouco mais de 10 mil empresas do setor industrial operam nesse modelo de energia. O mercado cativo de energia é compreendido como aquele em que a energia é comprada junto às concessionárias locais. Já o mercado livre de energia, é o modelo em que os consumidores maiores de energia, como as indústrias, negociam diretamente com as empresas geradoras ou distribuidoras de energia. Uma das vantagens do mercado livre é o baixo custo.
O novo marco do setor elétrico tem como objetivo expandir a possibilidade de escolha para o consumidor comum, sem levar em consideração a carga e tensão utilizadas, o que possibilita a concorrência e reduz o custo da energia. O deputado federal Domingos Sávio (PL-MG), favorável à aprovação da proposta, diz que a medida é um passo importante para estabelecer mais liberdade para o consumidor.
“Não podemos ficar mantendo um mercado cativo para grandes concessões, para grandes grupos que acabam impondo para o consumidor um preço, e o consumidor não tem liberdade de mercado de alguém que lhe ofereça um preço melhor”, pontua o parlamentar.
O PL 414/2021 já foi aprovado no Senado e está em tramitação na Câmara dos Deputados, onde aguarda criação de comissão temporária para discutir a proposta.