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Baixar áudioA Confederação Nacional da Indústria (CNI) defende que a 30ª Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em novembro em Belém (PA), avance com ações práticas e resultados mensuráveis. A entidade apresentou, nesta quarta-feira (15), o documento Visão da Indústria sobre a COP30, com propostas para conciliar crescimento econômico e social na agenda climática.
O texto foi lançado durante o evento Pré-COP30: O Papel do Setor Privado na Agenda do Clima, em Brasília, e será levado à COP30 como contribuição do setor industrial. O evento da Confederação ocorre a menos de um mês da Conferência em Belém – segunda edição do encontro mundial no Brasil depois da Rio 92 e que marca os dez anos do Acordo de Paris.
Em entrevista à imprensa, o presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou que o setor produtivo deve ter papel ativo nas negociações.
“O setor da indústria normalmente é aquele mais cobrado no sentido de geração de carbono e talvez o mais cobrado no sentido de sustentabilidade. Como é que nós não vamos participar dessa discussão de soluções, já que temos obrigação de responder pelas melhores soluções? Só o desenvolvimento econômico permite o desenvolvimento social”, defendeu.
Para Alban, é preciso quebrar o paradigma de que haveria um conflito entre desenvolvimento industrial e sustentabilidade. “As políticas públicas não podem estar desassociadas da atividade econômica, do setor produtivo e, obviamente, da sociedade civil. Como é que nós podemos garantir crescimento econômico? É com atividade econômica. Quem gera riqueza? O setor produtivo. Quem gera oportunidades? O setor produtivo”, argumentou.
Além do presidente da CNI, participaram da abertura o chair da Sustainable Business COP (SB COP), Ricardo Mussa; o high-level climate champion da COP30, Dan Ioschpe; e o secretário-executivo do Ministério das Cidades, Hailton Madureira.
Mussa explicou que a SB COP, coalizão global lançada pela CNI para coordenar ações de sustentabilidade no setor privado, mostra como empresas podem gerar resultados concretos. “Queremos falar de ação e resultados. As entregas da SB COP mostram que é possível alinhar setor produtivo e setor público em torno de soluções reais”, disse.
Ioschpe destacou a necessidade de cooperação entre governos e empresas para cumprir as metas do Acordo de Paris. Madureira defendeu que “não haverá justiça climática sem justiça urbana”.
O documento defende que o financiamento climático seja o eixo central da COP30. O setor propõe medidas para destravar o acesso ao capital, como a simplificação de processos em bancos multilaterais, e a flexibilização de regras fiscais para países em desenvolvimento.
O setor vê o Roadmap Baku-Belém — plano de ação que deve definir como mobilizar até US$ 1,3 trilhão anuais até 2035 — como essencial para ampliar recursos para mitigação e adaptação.
A CNI também propõe regras mais flexíveis e mensuráveis para os indicadores da Meta Global de Adaptação. Defende ainda que as metas sejam implementadas gradualmente, com fase de testes, e que incluam métricas financeiras confiáveis.
A CNI considera o mercado de carbono uma oportunidade estratégica para o Brasil. Segundo o documento, o país pode se consolidar como um dos principais emissores de créditos de alta integridade ambiental. A entidade reforça a importância de regulamentar o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), de forma a integrar o mercado nacional às regras do Artigo 6 do Acordo de Paris.
A Confederação também alerta que o debate sobre transição justa não deve servir de pretexto para criar barreiras comerciais, a exemplo do Mecanismo de Ajuste de Fronteira de Carbono da União Europeia, que aplica preço ao carbono em produtos importados. Para a entidade, instrumentos como esse “podem se transformar em novas e injustas barreiras ao comércio internacional”.
O diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz, afirmou que a COP30 representa um marco para consolidar avanços e parcerias.
“Na última década, as empresas e instituições brasileiras avançaram no desenvolvimento de soluções para a descarbonização da economia e o uso sustentável dos recursos da nossa bioeconomia. A COP30 em Belém nos permitirá dar um novo salto, expandir parcerias e converter esses avanços em resultados concretos para o país e para o planeta.”
O superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, destacou que o evento em Belém é a chance de “transformar o diálogo global em investimentos e competitividade para o Brasil”.
A Sustainable Business COP reúne cerca de 40 milhões de empresas em mais de 60 países. Ricardo Mussa afirmou que o diferencial da iniciativa é a escala.
“Nunca houve uma mobilização tão ampla do setor privado em torno da agenda climática. Em um cenário internacional marcado por instabilidade geopolítica, é ainda mais urgente que as empresas se unam. Esse esforço coletivo é o que pode transformar soluções locais em impacto global”
A SB COP recebeu mais de 670 propostas de sucesso do setor privado e selecionou 48 cases de destaque — 19 deles brasileiros. A premiação ocorrerá durante a COP30. Entre os projetos estão a reciclagem de 5,5 bilhões de garrafas PET por ano e a restauração de 350 mil hectares de manguezais.
A participação da CNI na COP30 tem correalização do SENAI e do SESI e apoio de entidades como Amcham Brasil, ABEEólica, CCAB e U.S. Chamber of Commerce. As atividades contam com patrocínio de empresas como Schneider Electric, JBS, Suzano, Braskem, Vale, Ambev e Itaúsa.
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Baixar áudioA cidade de Anápolis (GO) será palco, no dia 18 de setembro, da Jornada Nacional de Inovação da Indústria, movimento coordenado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg). O encontro, que acontece na Faculdade de Tecnologia Senai Roberto Mange, vai reunir empresários, especialistas e representantes do ecossistema de inovação para discutir os rumos da indústria diante dos desafios da transição ecológica e digital.
“A jornada é muito mais que um evento, é uma oportunidade de fazer network, trocar experiências, conhecer soluções de ponta e construir parcerias estratégicas. As empresas presentes vão compartilhar caminhos para crescer com sustentabilidade, competitividade e tecnologia, e os participantes terão acesso a conhecimento aplicado e oportunidades reais de inovação”, afirma a especialista de Inovação da CNI, Marilene Castro.
A edição de Anápolis é realizada em parceria com o Senai, Sebrae Startups e o Pacto Goiás Pela Inovação, reunindo empresas, instituições, empreendedores e lideranças que estão impulsionando o futuro da indústria. O encontro promove visibilidade, networking estratégico e novas oportunidades de negócios.
Na abertura, a CEO do Grupo Sabin, Lídia Abdalla, apresentará a experiência da jornada de inovação dentro da empresa. A programação contará ainda com dois painéis: o primeiro sobre transição ecológica, com a participação das empresas Predict AI, BioUS e Nanoterra; e o segundo sobre transformação digital, com representantes da Dectra, Industry Care, Teuto e Everest Digital.
Os inscritos poderão participar também de workshops práticos, que acontecerão no período da tarde, simultaneamente, com limite de 30 participantes por turma, e cada inscrito deverá optar por apenas um deles. A primeira opção é sobre acesso ao fomento à inovação, que abordará o panorama do fomento no Brasil, oportunidades disponíveis, etapas para acessar recursos e uma dinâmica prática de formulação de pleitos. Já a segunda é sobre gestão da inovação, com foco em jornada de inovação, processos, uso estratégico de inteligência de dados e propriedade intelectual, além de formas de integrar a inovação à estratégia empresarial.
As inscrições são gratuitas e as vagas limitadas. Os interessados podem escolher entre participar da programação completa (manhã e tarde), apenas do turno da manhã (palestras e painéis) ou de um dos workshops da tarde. Inscreva-se aqui.
A Jornada Nacional de Inovação está percorrendo o Brasil em busca das melhores práticas em soluções tecnológicas e sustentáveis, que serão apresentadas no Congresso Nacional de Inovação, em março de 2026, em São Paulo.
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Baixar áudioIlhéus foi a primeira cidade do Nordeste a receber a Jornada Nacional de Inovação da Indústria, iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O evento reuniu empresas, especialistas, instituições de ensino e empreendedores em torno da transição ecológica e digital, destacando o potencial produtivo da região cacaueira.
De acordo com a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), apoiadora da iniciativa, a edição superou as expectativas ao reunir cases de sucesso e promover conexões estratégicas para os setores locais.
“A Jornada da Inovação em Ilhéus foi um evento extremamente positivo. Tivemos a presença de empresários, pesquisadores, estudantes e lideranças do sul da Bahia, o que foi extremamente interessante para a região, pois discutimos a inovação como esse motor de desenvolvimento e transformação. O encontro superou as nossas expectativas ao proporcionar um espaço de troca de ideias, aproximação com as demandas da indústria e construção de soluções práticas para o desafio do setor produtivo”, avaliou Alexandre Regis, gerente de Relações Institucionais do Sistema FIEB na região sul da Bahia.
Segundo Regis, a iniciativa reforçou o papel estratégico da inovação para diferentes segmentos produtivos da região. “A jornada reforça a visão de que a inovação é estratégia para o fortalecimento das cadeias produtivas tradicionais, como a do cacau, e também para as novas frentes, como a bioeconomia. Ao aproximar empresas, instituições de pesquisa e governo, conseguimos criar um ecossistema que acelera o desenvolvimento de tecnologias, processos e modelos de negócio mais sustentáveis e competitivos”, acrescentou.
Regis destaca que a FIEB pretende dar continuidade às articulações iniciadas na Jornada Nacional de Inovação da Indústria. “Vamos fortalecer parcerias com universidades, centros de pesquisa e órgãos públicos, estimando projetos colaborativos que transformem ideias em resultados concretos. Além disso, vamos ampliar a oferta de capacitação e consultorias voltadas para a inovação, apoiar startups e incentivar empresas a acessarem linhas de financiamento para projetos tecnológicos. A meta é transformar a energia mobilizada em Ilhéus em oportunidades reais de transformação da região”, afirmou o gestor.
A programação contou com palestras, debates e apresentações de empresas locais que já aplicam soluções inovadoras, como a Daten, referência em tecnologia; a Natucoa, que desenvolve cosméticos naturais a partir do cacau; e a Ju Arléo Chocolates, que alia tradição familiar e sustentabilidade.
A Jornada Nacional de Inovação da Indústria seguirá percorrendo o Brasil até março de 2026. Os resultados de todo o percurso serão apresentados no 11º Congresso de Inovação da Indústria, que acontecerá nos dias 25 e 26 de março de 2026, em São Paulo.
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Baixar áudioMobilizar US$ 1,3 trilhão por ano em financiamento climático até 2035. Esse é o desafio que uniu lideranças empresariais, governo e organismos multilaterais no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, na quinta-feira (21), em um encontro que reforçou o protagonismo do setor privado na preparação do Brasil para a COP30. O valor é considerado essencial para viabilizar projetos sustentáveis em países em desenvolvimento.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, destacou a importância de garantir fluxo contínuo de financiamento sustentável para que recomendações e medidas discutidas no evento alcancem resultados concretos.
“Estamos em mais um evento que vai anteceder a COP30, para que possamos discutir algo de capital importante em todos os aspectos: na nossa vida, nos nossos negócios e, principalmente, na discussão da sustentabilidade, que é financiamento. Nós precisamos ter a certeza e a garantia de um fluxo de financiamento sustentável para que essas medidas, as recomendações que venhamos a fazer na Sustainable Business Coop possam ter soluções de continuidade, ou seja, sejam mantidas com pragmatismo, com continuísmo, para que a gente tenha a evolução sempre desse processo”, ressaltou Alban.
Ele apresentou dados que retratam o cenário das emissões de carbono geradas pela indústria. “Nós temos, na verdade, segundo os dados do Foro Econômico, que cerca de 30% das emissões de carbono são de responsabilidade da indústria. E, nesses últimos anos, apenas 1,4% do financiamento para o setor de descarbonização foi para a indústria. Dessa equação, precisa fazer mais sentido para que nós possamos ser mais assertivos”, pontuou.
Nesse sentido, a CNI lançou o Sustainable Business COP (SB COP), iniciativa inspirada no B20, que reúne líderes de mais de 60 países e representa quase 40 milhões de empresas. A proposta é chegar à COP30, que será realizada em Belém (PA), em novembro, com recomendações e exemplos práticos de soluções já implementadas em escala global.
O Círculo de Ministros de Finanças da COP30, que reúne atualmente 37 países e tem como missão articular fontes públicas e privadas para mobilizar os US$ 1,3 trilhão anuais, foi apresentado no evento pela secretária de Relações Exteriores do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito. Entre as prioridades, estão a reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento, a expansão de fundos climáticos e a criação de instrumentos inovadores para atrair capital privado.
“O Círculo de Ministros de Finanças da COP30 representa uma contribuição essencial para o Roadmap de Baku a Belém, reunindo líderes globais para construir uma arquitetura financeira climática inclusiva, equitativa e orientada para resultados, alinhada às prioridades domésticas e internacionais do Brasil”, afirmou Tatiana.
O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, apresentou o Eco Invest Brasil, iniciativa do governo brasileiro com apoio do BID e do Reino Unido, que combina blended finance, fundo de liquidez e instrumentos cambiais para reduzir riscos a investidores estrangeiros em projetos sustentáveis. O programa espera mobilizar US$ 10,8 bilhões até 2027, predominantemente do setor privado.
“O objetivo com o Eco Invest é atrair capital privado ao país por meio de inovações financeiras. Nossa colaboração pretende aumentar os investimentos no Brasil, criando empregos, oportunidades e benefícios tangíveis para os brasileiros”, disse Goldfajn.
A articulação entre setor público, iniciativa privada e instituições multilaterais, evidenciada na SB COP e fortalecida por iniciativas como o Eco Invest, mostra que compromissos climáticos podem sair do papel e ganhar forma prática. Alban, o presidente da SB COP, Ricardo Mussa, e Goldfajn registraram no evento: não há tempo a perder.
A COP30 representa uma chance estratégica para o Brasil apresentar projetos sólidos, investimentos com potencial de escala e alianças internacionais, consolidando o país como vitrine de soluções que conciliam desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental.
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Baixar áudioO Banco da Amazônia integra, como convidado, a missão brasileira à China liderada pelo ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), Waldez Góes. O encontro com autoridades chinesas busca estreitar a parceria bilateral voltada ao desenvolvimento regional, à inovação e à sustentabilidade — áreas estratégicas para a instituição financeira.
Um dos principais objetivos da missão é articular uma agenda estratégica entre o MIDR e a Presidente do New Development Bank (NDB), a fim de concretizar a cooperação financeira entre o banco e o Ministério com vistas a fortalecer a implementação de projetos estratégicos atualmente previstos no Novo Programa de Aceleração de Crescimento - Novo PAC, por meio dos Fundos de Desenvolvimento.
Segundo o presidente do Banco da Amazônia, Luiz Lessa, acolher o convite para participar da missão é uma oportunidade para apresentação da instituição financeira ao mercado internacional.
"Mostrando-se forte economicamente, com expertise em Amazônia, e voltada para investimentos que busquem o desenvolvimento sustentável e inclusivo na região, e, ainda, se apresenta como excelente ocasião para convidar a comunidade internacional para estar no Brasil, para continuidade da importante discussão na primeira COP realizada na Amazônia", pontua.
De acordo com a proposta de agenda do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), a missão oficial se estende até 16 de agosto.
A missão teve início na última segunda-feira (11), com a assinatura de acordo para impulsionar o desenvolvimento regional sustentável. Na ocasião, o ministro Waldez Góes assinou um Memorando de Entendimento, que estabelece novas bases para o intercâmbio de experiências e a cooperação em políticas de desenvolvimento regional entre os dois países.
Segundo o MDIR, o documento prevê novos eixos de cooperação econômica, logística e tecnológica, com enfoque no desenvolvimento sustentável e no fortalecimento das cadeias produtivas brasileiras.
“Para tratar da nossa cooperação sobre desenvolvimento regional, também infraestrutura resiliente em relação a desastres, captação de recursos para os fundos de desenvolvimento do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Então, será uma semana de muito trabalho”, frisou o ministro em vídeo publicado em uma rede social.
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Baixar áudioLíderes de governos locais que participaram dos eventos relacionados ao encontro do G20 no Brasil afirmaram que o investimento em soluções urbanas, como transporte de baixa emissão, por exemplo, pode ajudar na geração de empregos e impulsionar o crescimento econômico nas cidades.
A estimativa é de que, com financiamento direcionado, os municípios podem contribuir de forma eficaz com medidas sustentáveis, com a geração de US$ 23,9 trilhões em retornos até 2050.
Em meio a esse cenário, gestores públicos apresentaram propostas à cúpula do G20, que se reuniu esta semana, no Brasil. No entanto, além de pedirem apoio ao grupo, os municípios precisam contribuir com medidas que ajudem nas questões sustentáveis, como explica o especialista em meio ambiente, Chales Dayler.
“Uma questão que podemos pensar é o investimento em mobilidade urbana, no sentido de fomentar o uso de transporte público, de forma que passe a atrair mais a população. Uma outra solução está voltada para a adaptação, como trabalhar com drenagem urbana, no sentido de que a água infiltre no local das chuvas, ou seja, um trabalho com infiltração da água e não com a condução. Temos que trabalhar também junto às cidades a questão da recuperação de áreas degradadas”, considera.
Algumas medidas que podem ser internalizadas pelos municípios também constam no 5.º Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas que, entre outros pontos, trata do potencial transformador das cidades e seus governos. As principais delas são:
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Entretanto, de acordo com a página oficial do G20 Brasil 2024, em 2018, por exemplo, somente 8% dos cerca de US$ 5 trilhões necessários para financiar iniciativas climáticas chegaram às cidades mais pobres, o que revela a falta de investimento adequado.
Copiar o textoGestores pediram à cúpula do G-20 US$ 800 bilhões para serem empregados em ações climáticas
Baixar áudioEm meio à expectativa dos resultados da reunião da cúpula do G20, gestores públicos de todo o mundo esperam por respostas às demandas locais voltadas para questões relacionadas à sustentabilidade. Entre as reivindicações dos prefeitos estão as que compõem o Urban 20 – um documento que reúne propostas de mais de 100 cidades.
As sugestões reforçam, entre outros pontos, a necessidade de facilitar o acesso dos municípios a financiamentos de recursos que ajudem no desenvolvimento socioambiental. Outro ponto sugere a criação de um fundo de garantias para Cidades Verdes, com o intuito de viabilizar projetos sustentáveis.
Além disso, durante a programação do fim de semana, prefeitos pediram à cúpula do G20 US$ 800 bilhões para serem empregados em ações climáticas. O valor equivale a cerca 20% do essencial para tornar centros urbanos mais arborizados em todo o mundo. A solicitação foi apresentada por cerca de 60 prefeitos e outras lideranças de cidades, entre eles, representantes do Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia (GCoM) e da rede C40 Cities.
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Os gestores também mostraram preocupação quanto à disponibilidade da água para a população. Nesse sentido, foram apresentadas propostas que visam fornecer apoio às cidades para estabelecer sistemas de alerta em todas as áreas de alto risco e de baixa renda. Além disso, foram incluídas ideias que possam ajudar a minimizar problemas associados ao saneamento básico e à higiene.
Um estudo apresentado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) revela que a cooperação entre União e municípios brasileiros em relação ao apoio financeiro para a gestão ambiental local é praticamente ineficaz.
Entre 2002 e 2023, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima contou com um orçamento de R$ 46 bilhões. Desse total, apenas R$ 292 milhões foram destinados a entes locais e consórcios públicos. Ou seja, somente 0,62% do valor total do orçamento em 22 anos.
Ainda de acordo com o estudo, quase 60% dos recursos do ministério, ao longo desse período, foram destinados a pagamento de despesas com pessoal. Sendo que 66% desse valor foi destinado ao pessoal ativo e 33% ao pessoal inativo.
Além disso, dos 10 municípios que mais receberam recursos, seis são considerados de grande porte, três de médio porte e apenas um de pequeno porte. Diante isso, o levantamento mostra que há uma prioridade em relação aos grandes centros em detrimento de pequenas cidades, que correspondem a 90% dos municípios brasileiros.
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Baixar áudioRepresentantes das 20 maiores economias do mundo estão reunidos desde segunda (18) no Rio de Janeiro para discutir economia, sustentabilidade, saúde, agro e outros temas. Esta é a primeira vez que o Brasil preside e recebe o G20 — grupo que surgiu em 1999 após a crise financeira asiática — e que tem como membros países emergentes e desenvolvidos que, juntos, representam 85% do Produto Interno Bruto do mundo e dois terços da população global.
Um dos principais objetivos do encontro é promover a cooperação, voltada sobretudo para questões econômicas e sociais, com o objetivo de construir um mundo mais justo e sustentável para todos.
Economia: Inicialmente os encontros do G20 tratavam essencialmente de economia, mas ao longo dos anos os temas foram se expandido. Ainda hoje, debater problemas econômicos e financeiros de alcance global, como as crises financeiras, crescimento econômico sustentável, comércio internacional, inflação e emprego é uma das prioridades dos países-membros.
Sustentabilidade e mudanças climáticas: A pauta do desenvolvimento sustentável vem ganhando cada vez mais destaque nas reuniões do G20. Os debates costumam girar em torno de como as nações podem promover desenvolvimento sustentável, além de discutirem metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, promoção de energias renováveis e o combate à pobreza global.
Comércio e globalização: Medidas protecionistas estão entre os principais temas debatidos neste tópico, uma vez que a adoção delas pode prejudicar o desenvolvimento da economia global. Outros pontos debatidos no G20 incluem o comércio e a redução de barreiras comerciais.
Um outro grupo criado mais recentemente — o G20 Comercial — e formado por países emergentes unidos para defender seus interesses no comércio internacional, especialmente no setor agrícola, trabalha por mais liberdade no comércio agrícola e pelo combate aos subsídios que distorcem o mercado.
Saúde: A pandemia de Covid-19 aumentou a preocupação das lideranças mundiais com a questão da saúde e das políticas públicas que envolvem o tema. O G20 também tem se debruçado sobre o assunto, debatendo temas como a distribuição de vacinas e a recuperação econômica pós-pandemia.
Compromissos e acordos: Declarações conjuntas com compromissos e acordos firmados estão entre os principais resultados do encontro. Os temas de destaque podem resultar em novas diretrizes para o cumprimento conjunto das mudanças propostas pelos países-membros.
Governança e resposta a crises internacionais: Nas últimas edições, o G20 trabalhou em reformas em organizações internacionais — como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial — pensadas para otimizar o poder econômico de países emergentes, como o Brasil.
Outro resultado importante que costuma sair desses encontros é a coordenação para resposta a crises externas. Guerras, conflitos geopolíticos que resultam em falta de alimentos e energia, podem encontrar saídas no debate em busca de soluções cooperativas.
Duas das ações criadas pelo Brasil à frente da presidência do G20 desde 2023 são a Aliança Global de Combate à Fome e à Pobreza e a Mobilização Global contra a Mudança Climática — prioridades entre os temas desta edição.
A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza busca a erradicação da fome e da pobreza extrema em nível global. Para isso, concentra esforços em políticas, programas e ações que busquem garantir a segurança alimentar e promover o desenvolvimento sustentável
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Baixar áudioO financiamento destinado à biodiversidade deve cobrir apenas entre 16% e 19% da necessidade total para impedir a perda da variedade de vida no planeta. Ou seja, há um déficit médio de US$ 711 bilhões por ano. A estimativa consta em publicação feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Dentro desse contexto, a entidade apresenta um documento que aborda sete pontos sobre prioridades da agenda internacional, diretamente relacionadas com o setor industrial. Denominado “Visão da Indústria sobre a COP16”, o estudo conta com proposições e alertas ligados às metas nacionais e ao monitoramento do plano de biodiversidade.
Segundo o gerente de Recursos Naturais da CNI, Mário Cardoso, a ideia é mostrar o papel da indústria no processo de desenvolvimento sustentável, expondo as formas que o setor tem trabalhado como efeito de compensação em relação a possíveis impactos.
“Por exemplo, você tem aquela indústria que faz o uso do recurso da biodiversidade - com a de cosmético ou farmacêutica – que vai mostrar a relação que ela tem com as comunidades de onde os recursos são extraídos, ou até mesmo o conhecimento tradicional associado para fazer aquele produto. Outro tipo de empresa é a que não faz uso do recurso da biodiversidade, mas sua atividade acontece dentro do ambiente natural. Ela vai mostrar o que está fazendo para proteger esse ambiente”, destaca.
CFEM: municípios afetados por atividade minerária recebem R$ 47 milhões de royalties
Um dos pontos abordados é o planejamento, monitoramento e revisão do Plano de Biodiversidade. Nesse sentido, a CNI defende a adoção de mecanismos que possibilitem o acompanhamento transparente dessa iniciativa. A ideia, segundo a entidade, é identificar possíveis lacunas e permitir tomadas de decisões que ajudem no cumprimento das metas estabelecidas.
Progresso para a atualização da Estratégia e Plano nacional:
Monitoramento do Plano de Biodiversidade:
Planejamento, monitoramento e revisão:
Repartição de benefícios para DSI:
Mobilização de recursos financeiros:
Biodiversidade e mudanças do clima:
Biologia sintética:
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Baixar áudioUma peça com potencial para substituir o couro animal está em desenvolvimento no Brasil. O couro de origem vegetal, ou biocouro, como tem sido chamado, pode ser produzido por meio da vagem do angico. A árvore de porte mediano está presente no Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica.
A descoberta foi feita pela designer brasileira Marina Belintani. “A nossa ideia é valorizar um resíduo florestal, arrancado do chão as vagens para a produção de um material com alto valor agregado, que no caso é o biocouro angico”, explica. Ela conta que começou a desenvolver a técnica para transformar o material, até então sem valor comercial, em biocouro quando retornou ao Brasil, em 2020, após terminar seu mestrado em Londres.
“Eu sou do interior do estado de São Paulo, uma cidade que se chama Matão, que tem uma grande concentração da árvore angico em praças municipais — e foi aí que eu comecei a pensar: vou investigar a vargem da árvore angico para desenvolvimento de novos materiais”, afirma.
Belintani argumenta que as indústrias necessitam de novos materiais com baixo impacto ambiental. Ela relata ainda que, atualmente, é complexo e difícil desenvolver produtos sem utilizar insumos de petróleo, já que praticamente todos os materiais disponíveis no mercado são constituídos, em algum grau, de insumos derivados do combustível fóssil.
“Acabei desenvolvendo uma técnica de produção de um material que parece couro, porém ele é feito à base de plantas e uma das plantas que é utilizada na formulação é a vargem da árvore angico, uma espécie nativa da América do Sul, encontrada em praticamente todos os biomas brasileiros”, pontua.
Sem ter conhecimentos na área de negócios, Marina apresentou as criações à empresária e financista Rachel Maranhão. Em 2022, a dupla fundou a Mabe Bio – empresa de biotecnologia que converte plantas em novos materiais biodegradáveis, livres de plásticos e produtos tóxicos.
Atualmente, o projeto recebe financiamentos da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), do Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI Cetiqt) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
O processo de produção vai ao encontro do conceito da bioeconomia e da economia circular, que integram a missão “Descarbonização” proposta pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no Plano de Retomada da Indústria.
De acordo com a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), o setor de biotecnologia industrial — um dos segmentos da bioeconomia — pode agregar, nos próximos 20 anos, aproximadamente US$ 53 bilhões anuais à economia brasileira e cerca de 217 mil novos postos de trabalhos qualificados. Para isso, as empresas do setor precisariam investir aproximadamente US$ 132 bilhões ao longo do período.
O biocouro de angico também está alinhado com o movimento para reduzir o uso de animais na indústria têxtil. No caso do couro, a criação de gado representa um grande impacto ecológico. Além das emissões de gases dos próprios animais, a pecuária bovina em larga escala, muitas vezes, está associada às queimadas e desmatamentos, além da alta demanda de recursos hídricos.
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