Desenvolvimento sustentável

06/12/2025 04:15h

Documento do Conselhão reúne práticas consolidadas para reduzir emissões, ampliar produtividade e abrir novos mercados

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O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, entregou nesta quinta-feira (4) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Agenda Positiva do Agro 2025, durante a 6ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável (CDESS), o chamado Conselhão da Presidência da República, realizada no Palácio do Itamaraty, em Brasília.

O documento, elaborado no âmbito do Conselhão, reúne práticas e soluções que refletem a contribuição do setor produtivo para um modelo de desenvolvimento sustentável, inovador e inclusivo. Entre os destaques, estão ações voltadas para:

  • redução de emissões de carbono;
  • aumento da produtividade com preservação ambiental;
  • rastreabilidade socioambiental;
  • abertura de novos mercados;
  • expansão de tecnologias que aproximam produção; e
  • conservação e geração de empregos.

Segundo Fávaro, o conjunto de iniciativas reforça o compromisso do Brasil com uma produção responsável. “O Brasil tem todas as condições de seguir liderando a produção de alimentos de forma responsável. Esta agenda mostra, com transparência e compromisso, que o agro brasileiro é parte essencial das soluções que o país apresenta ao mundo”, afirmou o ministro.

Para o presidente Lula, é fundamental conciliar crescimento econômico com sustentabilidade. “Nós queremos que a nossa produção seja cada vez maior, mas cada vez mais sustentável e mais limpa. Eu não quero um mundo limpo só para mim. A gente quer um mundo limpo para todo mundo”.

O chefe de Estado acrescentou que “não tem que tratar este país como pequeno, como se a gente fosse insignificante ou um país de terceiro mundo. Este país tem que andar com o respeito de um país que tem um povo capaz, trabalhador, que tem uma base intelectual muito forte, que tem uma universidade sólida e que tem gente que quer vencer”.

Agenda Positiva do Agro 2025

A publicação reúne dez experiências de grande impacto, com práticas e tecnologias consolidadas por empresas, instituições de pesquisa, governos e organizações setoriais. Entre as áreas contempladas estão:

  • fruticultura;
  • pecuária;
  • cafeicultura;
  • etanol de milho; 
  • cana-de-açúcar;
  • bioeconomia na Amazônia;
  • mapeamento florestal inteligente;
  • manejo digital de florestas. 

As iniciativas evidenciam a evolução tecnológica do campo e a capacidade de ampliar a eficiência produtiva, reduzir emissões e fortalecer a adaptação às mudanças climáticas.

Apresentação

A apresentação da agenda foi conduzida pelo CDESS e contou com a participação de representantes da Embrapa, Finep, setor produtivo, sociedade civil e organismos internacionais. O Conselhão destacou que a sistematização dessas experiências amplia a troca de conhecimento e apoia a formulação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável.

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29/11/2025 04:05h

Setor produtivo avalia que decisão do Congresso reforça a segurança jurídica, moderniza procedimentos e contribui para a geração de empregos e preservação ambiental

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Após o Congresso Nacional derrubar a maioria dos vetos do governo à Lei Geral do Licenciamento Ambiental (Lei 15.190, de 2025), entidades do setor produtivo avaliam que a decisão do Parlamento contribui para o desenvolvimento econômico sustentável do Brasil. O entendimento de setores do agronegócio e da construção civil é de que a lei traz segurança jurídica aos empreendimentos, desburocratiza e agiliza o processo de concessão de licenciamento.

A decisão dos parlamentares restituiu dispositivos que flexibilizam etapas do processo de licenciamento e reduzem a participação de órgãos setoriais, como Funai, Iphan e ICMBio. Além disso, a autonomia dos entes federativos foi reinserida. Pelo texto, estados e municípios poderão definir suas regras a respeito do licenciamento.

O Congresso derrubou todos os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto sobre licenciamento ambiental (PL 2159/21), exceto os relacionados ao Licenciamento Ambiental Especial (LAE). O item integra a Medida Provisória 1308/25, em análise no Congresso, cuja vigência se encerra no próximo dia 5. 

Os dispositivos rejeitados pelo Congresso seguem agora para promulgação.

Setor produtivo avalia vetos como motores para o desenvolvimento 

Em uma rede social, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) comemorou a derrubada dos vetos presidenciais ao PL do Licenciamento Ambiental e parabenizou a atuação dos parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Para a CNA, a medida representa um avanço para o setor. 

Em entrevista ao Brasil 61, o coordenador de sustentabilidade da CNA, Nelson Ananias, disse que a decisão reforça a segurança jurídica, moderniza procedimentos e contribui para impulsionar o desenvolvimento sustentável no país.

Ananias pontuou que, com os itens restabelecidos, a legislação brasileira não retrocede e que não há perspectivas para que o desmatamento no país cresça.

“A CNA entende que a ação do Congresso Nacional em derrubar esses vetos foi acertada, trazendo mais segurança jurídica, trazendo mais segurança para empreender no Brasil e que não há um retrocesso ambiental, muito menos um prejuízo às já exigentes legislações ambientais do país”, afirmou Ananias.

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) também avaliou a derrubada de vetos pelo Parlamento como um avanço para o Brasil. Na avaliação da CBIC, o restabelecimento da maior parte do texto já aprovado deve estimular o progresso sustentável no país. 

Em nota, o presidente da CBIC, Renato Correia, apontou que a decisão representa um marco. “A lei moderniza o arcabouço legal e, pela primeira vez, estabelece uma norma geral para o licenciamento ambiental no país. É um passo importante para fomentar o desenvolvimento econômico sustentável”, destacou Correia.

Entre os benefícios aos empreendimentos do país, além de acarretar mais segurança jurídica, a CBIC ressaltou que a proposta deve permitir a uniformização das regras entre União, estados e municípios.

O diretor de meio ambiente e sustentabilidade do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), Luciano Dantas de Alencar, reforçou que a sociedade vai sentir os efeitos positivos da Lei Geral do Licenciamento a médio e longo prazo.

Alencar mencionou que a falta de regras específicas gera insegurança e dificulta o investimento. Segundo ele, com os trechos retomados da Lei Geral do Licenciamento, será possível gerar empregos, beneficiar todo o setor produtivo e, ainda, preservar o meio ambiente.

“Não só as construtoras, mas todo setor produtivo, vai ter mais poder de investimento, de atrair recursos e com certeza de geração de empregos, isso sem esquecer o controle ambiental, sem esquecer a preservação dos recursos naturais”, disse Luciano Dantas de Alencar.

Trechos retomados pelo Congresso

Confira as principais regras retomadas por deputados e senadores a partir da derrubada dos vetos presidenciais:

  1. Licença por Adesão e Compromisso (LAC)
  2. Entes federativos (estados e municípios)
  3. Unidades de Conservação
  4. Indígenas e quilombolas
  5. Desmatamento da Mata Atlântica
  6. Cadastro Ambiental Rural (CAR)
  7. Condicionantes ambientais e saneamento
  8. Responsabilidade de contratantes e bancos

1. Licença por Adesão e Compromisso (LAC)

Com a Licença por Adesão e Compromisso (LAC), o processo de licenciamento ambiental deve ficar mais simples. Isso porque os parlamentares restituíram à lei todas as regras sobre a LAC. A medida será aplicável a empreendimentos de médio potencial poluidor – mediante autodeclaração.

A LAC também poderá ser aplicada à regularização de atividades que estão irregulares e que dependeriam de licença. 

2. Entes federativos (estados e municípios)

A autonomia dos entes federativos foi restituída. Pela decisão do Parlamento, estados e municípios poderão definir conceitos como porte de atividade ou empreendimento, potencial poluidor e tipologias sujeitas a licenciamento.

3. Unidades de Conservação

Deputados e senadores decidiram apoiar trecho que retira do órgão responsável por sua administração o poder de autorizar ou não um empreendimento que possa afetar essa unidade de conservação ou sua zona de amortecimento.

Já os estudos e pesquisas podem ocorrer mediante comunicação prévia 15 dias antes.

4. Indígenas e quilombolas

A consulta a outras autoridades pelo órgão ambiental licenciador será obrigatória apenas quando o empreendimento afetar terras indígenas já homologadas ou áreas tituladas de comunidades quilombolas.

Conforme o texto, caso o parecer das autoridades como Funai e Ministério da Igualdade Racial, por exemplo, for contrário, isso não vinculará a decisão do órgão ambiental. Isso poderá valer, inclusive, para impactos sobre o patrimônio cultural acautelado ou sobre as unidades de conservação da natureza.

5. Desmatamento da Mata Atlântica

Com a derrubada dos vetos, acaba a exigência de autorização estadual para desmatar a vegetação primária/avançada da Mata Atlântica. Também fica dispensada a autorização municipal para desmatamento de vegetação em estágio médio em municípios com conselho ambiental.

6. Cadastro Ambiental Rural (CAR)

Pela decisão dos parlamentares, as propriedades rurais com registro pendente de homologação no Cadastro Ambiental Rural (CAR) ficarão dispensadas de licenciamento ambiental.

7. Condicionantes ambientais e saneamento

Pela lei restituída, não poderão ser exigidas condicionantes por impactos causados por terceiros. Em relação ao saneamento básico, haverá dispensa de licenciamento ambiental dessas instalações até o alcance de metas de universalização de acesso.

8. Responsabilidade de contratantes e bancos

Outro ponto retornou o entendimento de que o contratante e os bancos financiadores terão isenção de responsabilidade sobre os danos ambientais provocados por empreendimentos financiados e sujeitos a licenciamento ambiental caso apenas exigirem a apresentação da licença.


 

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Mecanismo é determinante para garantir a rastreabilidade do hidrogênio usado como insumo em produtos estratégicos

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A certificação do hidrogênio de baixo carbono (H₂BC) está se tornando um dos elementos centrais da transição energética global. No Brasil, esse selo ambiental pode ser decisivo para atrair investimentos, ampliar a competitividade e posicionar o país como referência no mercado de hidrogênio limpo. Mas o que caracteriza essa certificação e por que ela é essencial para a indústria e para os transportes pesados?

O que é a certificação do hidrogênio de baixo carbono

A certificação do H₂BC atua como um selo que comprova que o hidrogênio foi produzido com baixa emissão de gases de efeito estufa (GEE). Esse mecanismo diferencia o produto do hidrogênio convencional e assegura efetividade na redução das emissões em setores estratégicos.

Para compradores, investidores e governos, a certificação oferece segurança quanto à rastreabilidade e à credibilidade ambiental do produto. “Fortalece tanto o mercado interno quanto o de exportação, criando condições favoráveis para que os projetos brasileiros possam acessar políticas de estímulo, como o Regime Especial de Incentivos para a Produção de Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono (Rehidro) e o Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono (PHBC), e competir globalmente, especialmente em mercados exigentes como o europeu”, avalia Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Como funciona a certificação

A certificação analisa todo o ciclo de produção do hidrogênio, do processo de geração até a saída da fábrica, seguindo modelos como o do poço ao portão (well-to-gate), adotado internacionalmente. Padrões como a ISO/TS 19870:2023 orientam o cálculo das emissões envolvidas na produção.

Insumos essenciais para a transição energética dependem de hidrogênio certificado, como: 

  • amônia verde (base de fertilizantes de baixo carbono e combustível marítimo);
  • combustíveis sustentáveis de aviação (SAF);
  • combustíveis para navegação e transporte pesado;
  • aço verde, no qual o hidrogênio substitui o coque de carvão na siderurgia.
     

Estudo da CNI aponta importância da certificação e destaca práticas internacionais

Apresentado na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), estudo da CNI reforça que um sistema nacional de certificação confiável é fundamental para destravar investimentos e acelerar a transição energética. A entidade analisou modelos adotados por dez países, entre eles Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos, China, França e Coreia do Sul, com o objetivo de identificar práticas aplicáveis à realidade brasileira. O levantamento apontou que o uso do modelo da well-to-gate é adotado pela maioria dos esquemas de certificação pesquisados.

De acordo com Davi Bomtempo, superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, o Brasil reúne condições para assumir liderança no mercado global de hidrogênio de baixo carbono, principalmente devido à matriz elétrica majoritariamente renovável. “O levantamento reforça a necessidade de certificação confiável, principalmente, olhando para a garantia de credibilidade ambiental; dessa forma, há atração de investimentos e, também, o acesso a políticas de incentivo econômico”, complementa Bomtempo.

A análise conclui que a certificação do H₂BC é fundamental para consolidar a credibilidade ambiental do hidrogênio brasileiro. O mecanismo abre caminho para investimentos nacionais e internacionais, além de permitir que empresas se adequem a regulações como o Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira da União Europeia (CBAM), ampliando a competitividade global.

Sistema brasileiro de certificação do hidrogênio

A CNI recomenda que o Sistema Brasileiro de Certificação do Hidrogênio (SBCH2), previsto no marco legal do hidrogênio de baixa emissão de carbono (Lei 14.948/2024) e ainda pendente de regulamentação, seja flexível e adequado ao contexto produtivo nacional. Defende ainda o uso exclusivo de novas fontes renováveis (adicionalidade) seja opcional no mercado interno para evitar aumento de custos e preservar a competitividade. O certificado nacional poderia conter informações básicas e, de forma opcional, dados mais detalhados para exportação.

Indústria brasileira testa modelos de rastreabilidade

Iniciativas no país já apontam para uma possível adoção futura da certificação. Em Pernambuco, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), em parceria com empresas como Neuman & Esser, Hytron, Siemens e White Martins, desenvolve um sistema digital de rastreamento com sensores e Internet das Coisas (IoT) para assegurar a rastreabilidade completa da produção.

 No Porto de Suape, um eletrolisador de 100 kW produz diariamente cerca de 30 kg de hidrogênio verde, volume suficiente para abastecer quatro veículos por aproximadamente 100 km cada. A estrutura inclui sistemas de armazenamento, célula a combustível e estação de abastecimento, permitindo testar todo o ciclo de produção, estocagem e uso do H₂BC.

Segundo a CNI, em âmbito nacional, mais de R$ 250 milhões já foram investidos em 45 projetos de pesquisa conduzidos pelos Institutos SENAI de Inovação, envolvendo 62 empresas e 17 instituições científicas. O objetivo é validar tecnologias eficientes e sustentáveis para produção e uso do hidrogênio de baixo carbono no Brasil.
 

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Meio Ambiente
19/11/2025 04:50h

Parceria entre CNI e MDIC busca modernizar parque industrial nacional e atingir metas climáticas

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Em meio às discussões globais sobre combate às mudanças climáticas na COP 30, em Belém (PA), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) lançou uma consulta pública que reforça a posição do Brasil como liderança em transição energética. A Estratégia Nacional de Descarbonização Industrial (ENDI) propõe colocar a sustentabilidade no centro do desenvolvimento econômico de setores estratégicos da indústria, estruturada em quatro eixos:

●    pesquisa, desenvolvimento, inovação e capacitação profissional;
●    insumos descarbonizantes;
●    estímulo à demanda por produtos de baixo carbono;
●    financiamento e incentivos.

A iniciativa integra o conjunto de políticas que o governo federal vem anunciando para fortalecer a indústria brasileira diante da crescente demanda internacional por processos produtivos de baixo carbono – ao mesmo tempo em que busca ampliar a competitividade e gerar empregos.

O lançamento da consulta pública ocorreu na segunda-feira (17), na Zona Verde da COP30. Presente à solenidade, o vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, destacou que o Brasil precisa aproveitar sua posição estratégica para modernizar a produção industrial e alinhá-la às metas climáticas para 2050. 

“Entre as grandes economias do mundo, ninguém tem 85% de energia renovável — eólica, solar, hidrelétrica — como o Brasil. Quando eólica e solar começaram lá atrás, poucos acreditavam que eram viáveis. Hoje são as fontes mais baratas. O meio ambiente, a sustentabilidade, ajudam a economia”, afirmou.

Parceria técnica

A elaboração da estratégia conta com parceria técnica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que representou o setor industrial na assinatura da carta de engajamento. A entidade também mobilizou setores energointensivos para contribuir com o processo.

“A ENDI consolida diretrizes presentes em diversas políticas públicas — como a Nova Indústria Brasil, o Plano de Transformação Ecológica, o Plano de Transição Energética e o Plano Clima. Ela aponta o ‘como fazer’, com eixos que tratam de tecnologia e inovação, mercado, insumos verdes e o alicerce que sustenta tudo isso: o financiamento sustentável”, explicou Davi Bomtempo, superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI.

Consulta pública

A estratégia envolve setores como siderurgia, cimento, químico, papel e celulose, alumínio e vidro, e reúne ações voltadas à inovação, eficiência produtiva e criação de mercados para produtos de baixo carbono.

A consulta pública está aberta na Plataforma Brasil Participativo até 17 de janeiro de 2026.

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18/11/2025 16:10h

Ministro Carlos Fávaro visita espaço que reúne soluções de baixo impacto ambiental e reforça o papel da tecnologia no campo

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O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, reforçou nesta segunda-feira (17) o papel central da ciência, da tecnologia e da responsabilidade ambiental no desenvolvimento da agropecuária brasileira. A declaração foi feita durante visita à AgriZone – a Casa da Agricultura Sustentável – instalada na Embrapa Amazônia Oriental, em Belém (PA), dentro da programação da COP30.

Fruto de parceria entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a Embrapa e outras instituições, a AgriZone reúne soluções tecnológicas e práticas produtivas voltadas à conservação ambiental, mostrando caminhos possíveis para ampliar a produção sem abrir mão da sustentabilidade.

Recebido pela presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, o ministro realizou reuniões, concedeu entrevistas e percorreu as vitrines tecnológicas e painéis da AgriZone, que exibem experiências sobre o uso sustentável do solo e sistemas produtivos inovadores. Para Fávaro, o ambiente simboliza o compromisso do Brasil em mostrar ao mundo o equilíbrio entre produtividade e preservação.

"Aqui é uma oportunidade para lembrar que a ciência e a tecnologia ajudaram o nosso país a construir uma grande diferença na agropecuária", afirmou o ministro. Ele ressaltou que o Brasil mantém forte presença no comércio global de alimentos, fibras e energia de base biológica, com quase 500 novos mercados abertos. "Isso mostra uma boa diplomacia brasileira, buscada pelo presidente Lula, e abre oportunidades comerciais para a agropecuária, mesmo em um cenário global desafiador", destacou.

Ao longo da visita, Fávaro reforçou a mensagem de que o modelo agrícola brasileiro é compatível com a conservação ambiental. "Não há divergência entre produzir e preservar. O clima é um aliado do produtor rural brasileiro, e as vitrines da AgriZone mostram isso", declarou. Segundo ele, o país tem condições de aumentar a produção sem necessidade de abrir novas áreas. "O Brasil não precisa avançar sobre a floresta para continuar crescendo. Temos programas de recuperação de áreas degradadas e um marco legal executado com rigor."

O ministro também relacionou as iniciativas da AgriZone à busca global por financiamento climático. "Apresentamos nossos programas para o futuro sempre com o objetivo de captar recursos internacionais para recuperar áreas degradadas, investir em agricultura familiar, bioinsumos e modernização. A Embrapa pode ampliar suas pesquisas e disseminar conhecimento para o mundo tropical", observou.

Questionado sobre o papel do agronegócio nas negociações climáticas internacionais, Fávaro foi enfático: "O agro não vem à COP buscar protagonismo. Vem mostrar ao mundo o modelo produtivo da agropecuária brasileira e desmistificar essa visão equivocada. A imensa maioria dos produtores segue boas práticas, tem responsabilidade ambiental e social."

Para o ministro, a presença do Mapa na AgriZone durante a COP30 confirma que o setor agropecuário brasileiro caminha lado a lado com a legislação ambiental e com a ciência. "É um grande momento. Vamos demonstrar esse arranjo produtivo brasileiro e para onde queremos avançar", concluiu.

 

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18/11/2025 04:55h

Dados do Observatório Nacional da Indústria revelam que, em 2002, eram produzidas 1,43 tonelada de produtos têxteis por 1 tonelada equivalente de petróleo. Em 2024, o mesmo consumo energético foi responsável pela produção de 2,9 toneladas de produtos

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O setor têxtil do Brasil tem apresentado avanços em questões relacionadas à eficiência energética e produtividade. Entre 2000 e 2024, por exemplo, a produção de têxteis aumentou 18%, enquanto as emissões diretas de CO₂ foram reduzidas em mais de 70%. 

Os números podem ser verificados no novo painel de dados lançado pelo Observatório Nacional da Indústria, em parceria com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT)

De acordo com informações disponibilizadas pela Confederação Nacional da Indústria, em 2002 eram produzidas 1,43 tonelada de produtos têxteis por 1 tonelada equivalente de petróleo. Já no ano passado, o mesmo consumo energético foi responsável pela produção de 2,9 toneladas de produtos.

Essa diferença corresponde a uma elevação de 103% em produtividade energética, com expressiva redução nas emissões diretas e indiretas de CO₂ - um dos principais gases que causam o efeito estufa. 

Confiança da indústria cresce pelo terceiro mês seguido e atinge a maior marca dos últimos 5 meses

Estudo apresenta ações para destravar US$ 1,3 trilhão em financiamento climático

Na avaliação do diretor-superintendente da ABIT, Fernando Pimentel, esses resultados reforçam o compromisso do setor com a sustentabilidade e a eficiência produtiva. Porém, ele pontua que é preciso expandir a participação do mercado para que os objetivos sejam alcançados em larga escala.

“Esse é um tema muito relevante para nós e vai ser um diferencial da indústria de confecção brasileira hoje, amanhã e sempre. Essa é uma agenda de sustentabilidade. Ela tem tiro de largada, mas não tem fita de chegada. Você vai depender sempre de um tripé regulatório, tecnológico e de mercado”, destaca.

“É preciso criar mercados para os produtos derivados dessa agenda, ter escala e viabilidade econômica. E é isso que nós estamos construindo junto com o nosso ecossistema, seja ele o privado, seja ele o público”, acrescenta Pimentel.

Evolução do setor têxtil em termos econômicos e sustentáveis   

Para atingir esse desempenho, o setor têxtil adotou um processo de modernização e eletrificação que começou na década de 1990. Naquela época, a abertura comercial e a valorização cambial expuseram a indústria nacional à concorrência internacional em condições desiguais. No entanto, foi criada uma possibilidade de adoção de novas tecnologias.

Nesse período, o setor ainda dependia de óleo combustível e lenha – apontados como grandes emissores de carbono, que respondiam por cerca de 50% da matriz energética da indústria têxtil. Mas, a partir de uma renovação do parque industrial e com investimento em fontes e processos mais limpos, foi possível atingir ganhos expressivos em eficiência.

O especialista em políticas e indústria da CNI, Danilo Severian, explica que essa revolução produtiva, energética e ambiental nas últimas décadas foi resultado da adoção de tecnologias mais eficientes, que permitiram aumentar a produção com um menor gasto de energia.

“Os resultados são importantes para mostrar que o setor têxtil de confecção manteve os investimentos em tecnologia e renovação do parque industrial para conseguir manter a sua competitividade, num cenário de abertura comercial e financeira que expôs a indústria nacional a um nível de concorrência desigual com as importações. Ao mesmo tempo que houve uma pressão na concorrência com produtos do exterior, houve a oportunidade de importar tecnologias, novos maquinários, assimilar novos processos produtivos e conferir competitividade para o setor”, afirma.

Mesmo com os avanços, vale destacar que o setor ainda enfrenta desafios estruturais. Entre os principais entraves estão o elevado custo da energia, a complexidade tributária e os gargalos de infraestrutura. Ainda assim, mesmo diante desses obstáculos, o setor têxtil representa, atualmente, menos de 1% das emissões totais da indústria nacional.
 

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14/11/2025 04:45h

Entre outros pontos, o levantamento aborda temas como Riscos para o financiamento climático; Ampliação do acesso a seguros e Capacitação para o desenvolvimento de projetos

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Em meio à programação da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou, nesta quinta-feira (13), um estudo que elenca ações para viabilizar a nova meta global de financiamento climático (NCQG). O compromisso foi aprovado na COP29, no Azerbaijão, e prevê a mobilização de US$300 bilhões por ano até 2035. Há a possibilidade de esse valor chegar a US$1,3 trilhão anualmente a partir de fontes públicas, privadas, bilaterais e multilaterais.

Denominado “Nova arquitetura do financiamento climático: mobilização de recursos para a mitigação e adaptação”, o levantamento da CNI defende a reforma da arquitetura financeira internacional, com a disponibilidade de instrumentos mais atrativos, acessíveis e de menor custo de capital.
Entre outros pontos, o estudo recomenda o fortalecimento de políticas públicas e mecanismos nacionais, como por exemplo, a Política Nacional sobre Mudança do Clima, o Plano Clima e o programa Eco Invest Brasil.

O superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, explica que o estudo retrata uma realidade do financiamento no âmbito nacional e no internacional. Na avaliação dele, o progresso das metas dependerá da criação de ambientes regulatórios favoráveis, com instrumentos financeiros eficazes.

“Financiamento é um tema transversal que toca várias temáticas que vêm sendo discutidas aqui na COP, como transição energética, bioeconomia, economia circular, o papel das cidades sustentáveis. Então, todos esses temas precisam ter um alicerce do financiamento, porque fazer uma transição custa e custa caro e a gente precisa identificar quais seriam aquelas linhas mais competitivas para que as empresas possam fazer a sua transição para baixo carbono dentro das suas plantas, dentro dos seus empreendimentos”, destaca. 

Desigualdades no acesso aos recursos

Apesar de os aportes globais apresentarem crescimento, o estudo revela que há desigualdades no acesso aos recursos. Entre 2021 e 2022, o financiamento climático do mundo registrou uma média anual de US$ 1,3 trilhão. Esse valor equivale um salto de 63%, na comparação com o biênio anterior.

Porém, a maior parte dos fluxos – que corresponde a 89% - foi destinada à mitigação. Para as atividades de adaptação, só foram destinados 11%. Outro fator de alerta é que os países menos desenvolvidos e pequenos estados insulares receberam somente 2,6% e 1%, respectivamente, do total mobilizado.

COP30: ações promovidas pela ApexBrasil dão visibilidade global a produtos compatíveis com a floresta

Mapa lidera agenda do agro sustentável na COP 30

Entre os principais problemas relacionados a esse cenário estão o alto custo do capital, o espaço fiscal limitado, a volatilidade cambial e a ausência de incentivos concretos para projetos climáticos, sobretudo nas nações em desenvolvimento.

“É nesse espírito que a CNI vem contribuindo para divulgar um estudo onde elenca a realidade, mas também mostra como fazer uma melhoria no sistema de financiamento global para que a gente possa cada vez mais acessar financiamentos competitivos, não só para grandes empresas, mas também considerando micro, pequenas e médias empresas, essas que têm mais dificuldades em termos de garantia e também de acesso a esse financiamento climático”, pontua Bomtempo.
Com o intuito de enfrentar esses desafios e promover maior equidade na distribuição dos recursos, a CNI estruturou 24 ações, organizadas em 11 temas prioritários. As medidas apresentadas abordam iniciativas como aprimoramento de políticas climáticas nacionais e criação de arranjos inovadores de garantia e incentivo à participação privada. Confira:

 

Tema Ações
Ampliar a adoção de políticas climáticas alinhadas ao financiamento climático 1. Manutenção e atualização das NDCs, considerando a participação da indústria na formulação das metas, incluindo o Plano Clima e a Política Nacional sobre Mudança do Clima.
2. Políticas específicas de financiamento voltadas para promover ações climáticas.
3. Existência de taxonomias ou políticas verdes.
Papel dos países desenvolvidos na mobilização de recursos para financiamento climático 1. Manter o papel dos países desenvolvidos na liderança da mobilização de recursos, visando à meta de USD 300 bilhões por ano.
2. Doações de países desenvolvidos podem ser prioritariamente usadas para determinados tipos de projetos, como adaptação e perdas e danos.
Assegurar a captação de financiamento nos BMD com recursos públicos e privados 1. Estimular que os BMD garantam a captação pública para projetos climáticos.
2. Aprimorar a governança dedicada a financiamento climático e para biodiversidade.
3. Definir quotas de referência para capital público e privado.
4. Aumentar a capacidade de empréstimo.
Abordar os riscos para o financiamento climático 1. Riscos regulatórios e riscos institucionais.
2. Barreiras devido aos altos custos de empréstimos, resultantes dos riscos da dívida soberana dos países.
3. Endividamento dos países e espaço fiscal limitado e volatilidade cambial.
Fortalecer arranjos para garantia que viabilizem projetos de forma efetiva 1. Aprimorar modelos e arranjos de garantia customizados por tipos de projeto (mitigação ou adaptação).
2. Definir diferenciais de garantia para projetos de adaptação em países de menor desenvolvimento relativo e países em desenvolvimento que envolvam determinados tipos de objetivos (ex.: saneamento, infraestrutura urbana, transporte).
Ampliar o acesso a seguros 1. Integrar riscos climáticos como parâmetros para orientar financiamento associado a instrumentos de seguros.
2. Estimular seguros climáticos para setores, como indústria e agropecuária.
Viabilizar a inclusão de valores não reembolsáveis no contexto de instrumentos financeiros 1. Definir orientações que promovam a inclusão de recursos não reembolsáveis em certos tipos de projeto.
2. Garantir que recursos públicos na forma de doações possam integrar instrumentos de blended finance customizados para apoiar projetos.
Aprimorar os diferenciais de financiamento climático vis-à-vis outros tipos de projeto 1. Definir orientações que devem ser consideradas como base para projetos de financiamento climático, visando garantir diferenciais ligados à taxa de juros, às garantias, aos prazos de pagamento, ao volume de recursos elegíveis, entre outros.
2. Avaliar opções que permitam reduzir os custos de tomada de crédito para financiamentos climáticos.
Capacitação para o desenvolvimento de projetos 1. Expandir plataformas que forneçam liquidez às PMEs para investimentos climáticos.
2. Aprimorar o suporte a países para o desenvolvimento de projetos financeiros.
Financiamento para projetos em países que tenham esquemas de precificação de carbono 1. Definir orientações que incentivem financiamento de projetos que viabilizem a geração de créditos de carbono segundo as decisões dos mecanismos do artigo 6 do Acordo de Paris.
Definir regras de reporting para todos os atores do ecossistema de financiamento climático 1. É essencial que a UNFCCC e o Acordo de Paris definam regras de como reportar financiamento climático no contexto da NCQG.

Fonte: Agência de Notícias da Indústria

Expectativas positivas para captação de recursos

O estudo divulgado pela CNI também destaca oportunidades para o Brasil no novo cenário global. Em 2025, o Fundo Clima conta com orçamento de R$ 21,2 bilhões – valor recorde – representando uma janela importante para financiar projetos nacionais.

No ambiente externo, o país já conta com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). Nesse caso, a alocação chega a US$79,83 milhões no atual ciclo; além do Fundo Verde para o Clima (GCF), com US$12,8 bilhões mobilizados mundialmente.

Outra possibilidade é o fundo Alterra, lançado em Dubai, durante a COP28, com aporte inicial de US$30 bilhões. O Alterra dá prioridade a projetos de inovação tecnológica e soluções sustentáveis relacionadas à transição para uma economia de baixo carbono, com foco em startups e iniciativas escaláveis em setores como descarbonização industrial, tecnologias limpas, economia circular e transição energética.
 

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13/11/2025 13:00h

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos explica que o intuito é dar destaque para ideias voltadas à sustentabilidade e à qualidade que o setor dispõe

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Em meio à programação da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), diversas entidades aproveitam a exposição global para apresentar ações relevantes que unem questões ambientais e econômicas. É o caso da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Durante o evento, a entidade promoverá ações direcionadas à valorização de produtos sustentáveis brasileiros e ao fortalecimento da imagem do país como protagonista na transição verde. A COP30 ocorre entre os dias 10 e 21 de novembro, em Belém (PA).

Mapa lidera agenda do agro sustentável na COP 30

COP30: valorização da bioeconomia na Amazônia guia discussões para fomentar desenvolvimento regional sustentável

Para o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, além de contribuírem para o desenvolvimento sustentável e econômico, os resultados da COP30 precisam ser efetivados para, assim, darem um retorno positivo à população de todo o planeta, sobretudo à que vive na Região Amazônica.

“Já tivemos muitas ideias de enfrentar a crise climática, a insegurança climática, as mudanças climáticas que afetam tanto quem vive nas cidades como quem trabalha nas áreas rurais e florestais. Mas essa COP talvez seja a última oportunidade que a gente tem e, se der certo, quem mais vai se beneficiar é a população que vive na Amazônia”, destaca.

“Hoje, o mundo movimenta cerca de 300 bilhões de dólares em produtos compatíveis com a floresta. E o Brasil, que tem a maior floresta tropical do planeta, participa com apenas 1% desse total. Isso mostra o tamanho da oportunidade que temos. Se conseguirmos ampliar a presença dos nossos produtos da biosocioeconomia e da floresta, podemos transformar a realidade da Amazônia. Em vez de movimentar cerca de 300 milhões de dólares, poderíamos gerar mais de 2 bilhões de dólares aqui na região”, complementa.

Entre as iniciativas, está a apresentação do projeto setorial “Brazil. The Coffee Nation”. Nesse caso, o intuito da ApexBrasil é promover a internacionalização do setor e consolidar o país como líder mundial na produção de cafés especiais. A ideia é dar um destaque para ideias de sustentabilidade e para a qualidade que o segmento dispõe.  

Uma das atividades em questão é a degustação sensorial de cafés especiais nos espaços oficiais da COP30 - Pavilhões Brasil, zonas Azul e Verde.

A ação é desenvolvida pela Agência em parceria com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), com apoio do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) e a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS).

As exportações do café amazônico superam US$ 130 milhões. Os estados de Rondônia e Acre lideram o avanço desse produto, que alia tecnologia, sustentabilidade e alto potencial no mercado de cafés especiais.

“A Amazônia passa a ter um papel de protagonista nos cafés especiais. Entramos de vez no mapa mundial desse setor e, na COP, vamos mostrar isso para o mundo, levar café é também levar o sabor e a riqueza da Amazônia”, pontua Viana.

Outros projetos

Outra iniciativa da Agência em destaque é o programa Exporta Mais Amazônia – com a terceira edição realizada em outubro de 2025, em Rio Branco (AC). Ao todo, o evento contou com 25 compradores internacionais de 18 países e 76 empresas amazônicas de setores como açaí, café robusta amazônico, castanha-do-Brasil, frutas processadas, carnes e artesanato.

No total, foram efetivadas 337 reuniões bilaterais. Os encontros foram responsáveis por uma expectativa de negócios de R$ 101,5 milhões. Nas duas edições anteriores, o montante movimentado chegou a R$ 85 milhões.

Em novembro, o estado também recebeu a fase “Robusta Amazônico” do Exporta Mais Brasil: Cafés Especiais. O projeto somou 9 compradores, 34 produtores rurais vendedores, 47 amostras de café e R$ 14 milhões em negócios gerados. Desse valor, R$ 4,4 milhões foram realizados no próprio evento e R$ 9,4 milhões estão previstos para os próximos 12 meses.

Produtos em destaque

Além do café, outros produtos se destacam como itens com potencial para agregar valores econômicos e sustentáveis para a Amazônia, como é o caso do açaí e do cacau.

Presente em toda a região, o açaí, por exemplo, movimenta cadeias produtivas que envolvem milhares de famílias, principalmente no Pará e no Amapá. O item também tem papel estratégico na recuperação de áreas degradadas e na consolidação de sistemas agroflorestais (SAFs), que combinam produção e conservação.

Na avaliação de Jorge Viana, o açaí é um produto fundamental na agenda climática: “Com a COP30 no Brasil, teremos recursos inéditos para restauração florestal e sistemas agroflorestais. O açaí precisa estar no centro dessas políticas”, afirma.
 

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12/11/2025 04:55h

Relatório divulgado na COP30 apresenta plano para transformar a região em motor do desenvolvimento sustentável do Brasil, com preservação de 81 milhões de hectares de floresta

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A ideia de transformar a Amazônia em um motor do desenvolvimento sustentável do Brasil pode contribuir para um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) do país em R$ 40 bilhões. Além disso, a medida pode ajudar na criação de 312 mil empregos e conservar 81 milhões de hectares de floresta.

As projeções constam no SB COP Legacy Report. Trata-se de um documento que contém uma síntese do trabalho da Sustainable Business COP (SB COP) - iniciativa lançada em 2025 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Entre os objetivos dessa iniciativa estão acelerar o alcance das metas climáticas e fortalecer o papel das empresas nas negociações globais.

O SB COP Legacy Report foi divulgado na segunda-feira (10). A apresentação foi feita no estande da entidade, na Blue Zone, na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém, no Pará.

O documento foi criado para estabelecer uma trajetória de desenvolvimento sustentável para o país responsável por sediar a COP. Desta vez, o foco foi o Brasil e, em especial, a Amazônia. No próximo ano, o relatório será voltado ao país anfitrião da COP31.

O Legacy Report resulta da articulação dos oito grupos de trabalho que integraram a estrutura da iniciativa e cobriram desde bioeconomia e transição energética até finanças e empregos verdes.

O documento também expõe considerações acerca de dois temas que influenciaram os debates da iniciativa: saúde e carbon accounting (contabilidade de carbono).

Ao todo, a SB COP mobilizou mais de 40 milhões de empresas em 60 países e reuniu mais de 600 casos de sucesso. O intuito foi comprovar a viabilidade de soluções sustentáveis já desenvolvidas pelo setor privado.

Clique aqui para ter acesso à íntegra do documento 

Compromisso do setor industrial

Além de contar com um valor ecológico, a Amazônia é apontada como uma plataforma capaz de contribuir para o crescimento nacional. Pelos termos do relatório, a região dispõe de setores como bioeconomia, mineração, energia e agronegócio sustentável.

Na avaliação do presidente da CNI, Ricardo Alban, o engajamento do setor industrial tem sido essencial para concretizar essa visão.

"Com o lançamento da SB COP na COP de Belém, a qual garantirá que a SB COP passe a ser uma ferramenta oficial de grande importância nas recomendações, na atuação, na troca de ideias das políticas públicas, para que a gente possa, sim, mostrar o efetivo grau de comprometimento que a indústria brasileira, que a indústria mundial, que os setores produtivos mundiais têm com a sustentabilidade", destaca.

Ainda de acordo com a CNI, o documento destaca essa capacidade de transformação com exemplos práticos e escaláveis, como os seguintes:

  • O modelo da Natura &Co, que usa blended finance para preservar mais de 2 milhões de hectares. O blended finance é um modelo de fundo que combina diferentes fontes de capital – filantrópico, público, concessional e privado – para viabilizar investimentos de impacto que, por si só, seriam menos atraentes ao mercado tradicional;
  • O programa Green Offices 2.0 da JBS, que trabalha na regularização ambiental e regeneração produtiva de mais de 8 mil fazendas. O modelo consiste em hubs descentralizados que oferecem assistência técnica, ambiental e gerencial a pequenos e médios produtores, sustentando a transição para um agronegócio sustentável;
  • A iniciativa Access to Energy da Schneider Electric, em parceria com o SENAI, que apoia o desenvolvimento de habilidades verdes e leva energia limpa a comunidades isoladas. A iniciativa visa qualificar 74 mil jovens em 30 cidades até 2028 e já beneficiou cerca de 2,6 mil pessoas na Amazônia com a entrega de 520 kits de geração de energia solar;
  • O programa Waste to Value da Vale em Carajás, que promove a circularidade na mineração;
  • O projeto Trata Bem Barcarena da Aegea Saneamento, que acelera a universalização de água na Amazônia com financiamento privado.

O Legacy Report também revela que o mercado de carbono, sob o novo marco legal, previsto na Lei nº 15.042/2024, pode acrescentar US$ 320 bilhões em receitas nos próximos 30 anos.

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O professor associado do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília, Gustavo Baptista, considera que a indústria tem um papel fundamental no campo do desenvolvimento sustentável. Na avaliação dele, esse tipo de iniciativa reforça o compromisso que o setor privado precisa seguir para que os objetivos sejam alcançados.

“A indústria brasileira precisa implementar cada vez mais práticas que integrem questões ambientais, sociais e de governança. Para isso, é necessário investimentos não só em pesquisa e desenvolvimento, como também na utilização de tecnologias chamadas limpas. E esse documento que a CNI trouxe traz uma série de orientações para os desafios que devem ser enfrentados pela indústria brasileira para se ajustar melhor a um desenvolvimento sustentável”, afirma.

Confira os cinco pilares do roteiro estratégico

A fim de alavancar o desenvolvimento socioeconômico e ambiental na região amazônica, o relatório apresenta um plano de ação estruturado em cinco pilares. São eles:

  1. Definição de políticas públicas e marcos regulatórios;
  2. Fornecimento de financiamento e incentivos;
  3. Fortalecimento das cadeias de valor;
  4. Entrega de serviços essenciais;
  5. Promoção de empregos e habilidades verdes.

Para o chair da SB COP, Ricardo Mussa, o Legacy Report é apontado como um chamado à continuidade desse tipo de ação.:

“O documento não encerra o debate, mas marca uma etapa fundamental. Ele orienta os próximos passos e reforça a necessidade de um compromisso permanente, com visão de futuro e união entre os diferentes setores da sociedade, para que o Brasil atinja todo o seu potencial”, pontua.

O propósito de continuidade está alinhado à ideia central da SB COP, criada para garantir que o diálogo e a cooperação entre companhias, investidores e instituições perdurem ao longo do tempo.

Dessa forma, a iniciativa visa garantir que os compromissos assumidos hoje promovam resultados duradouros e, assim, contribuam, de forma consistente para o avanço da agenda climática em todo o planeta.
 

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12/11/2025 04:35h

Presidente Ricardo Alban defende crescimento econômico aliado à sustentabilidade e à geração de oportunidades na região da Margem Equatorial

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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) inaugurou, nesta terça-feira (11), seu estande na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém (PA). A inauguração teve tom de mobilização e marcou o compromisso da indústria brasileira em protagonizar a transição para uma economia de baixo carbono, com inovação, desenvolvimento e geração de oportunidades.

Durante a abertura, o presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou que a agenda climática precisa ser também uma agenda de prosperidade. Para ele, o crescimento econômico é o caminho mais justo e viável para melhorar as condições sociais da população da região.

Alban destacou a importância de aliar desenvolvimento sustentável e crescimento econômico na Região Amazônica, com atenção especial à exploração responsável da Margem Equatorial. Segundo ele, o potencial produtivo dessa faixa costeira — que se estende do Pará ao Rio Grande do Norte — pode contribuir para a transição energética e o fortalecimento econômico de regiões historicamente carentes de investimentos.

“Não podemos desperdiçar a oportunidade que está sendo dada a regiões tão necessitadas como a faixa equatorial. A faixa equatorial está aí para ajudar neste processo de transição, auxiliar o ser humano que precisa de expectativa de vida. O ser humano precisa saber que vale a pena continuar lutando porque ele pode melhorar, e o caminho mais justo e viável para esta melhoria é o crescimento econômico", afirmou Alban.

Estudo do Observatório Nacional da Indústria estima que a exploração responsável da Margem Equatorial pode gerar 495 mil empregos e acrescentar R$ 175 bilhões ao PIB brasileiro, conciliando desenvolvimento regional e preservação ambiental.

A Margem Equatorial é uma faixa costeira que abrange os estados do Pará, Amapá, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, e onde se analisa a existência de reservas de petróleo e gás natural. Parte deste local está inserida na Região Amazônica, que recebe, pela primeira vez, a COP.

 Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Alex Carvalho, "esta é a oportunidade de protagonizar a voz e a vez de um recorte territorial da Amazônia que todos no mundo ousam falar sobre nós. Mas poucos de nós tivemos oportunidade de falarmos sobre nós mesmos, sobre o nosso futuro e aquilo que a gente deseja. Entendo que isto é necessário para romper a barreira do subdesenvolvimento perene, e que nem é sustentável, na nossa região".

Sobre desenvolver economicamente a Região Amazônica, a presidente da Federação das Indústrias de Roraima (FIER), Izabel Itikawa, pontou os seis pilares necessários citados na COP30: financiamento, tributação, infraestrutura, estrutura energética, transportes e meio ambiente. "Saímos daqui com a expectativa de que, os pleitos aqui colocados, saiam do papel para, de fato, vermos o potencial do setor produtivo da nossa Amazônia ocupar o lugar de destaque que ela merece".

Ainda durante o evento de inauguração do estande, o chair da Sustainable Business COP (SB COP), Ricardo Mussa, ressaltou a importância da CNI para o evento. "Genuinamente acredito que, graças à CNI, nós conseguimos criar um veículo que consegue organizar e influenciar positivamente essa agenda".

 E Dan Ioschpe, high-level climate champion da COP30, ressaltou a necessidade de parcerias para encontrar soluções para as questões ambientais e climáticas globais. "Sistemas energéticos, cidades, florestas e cadeias de suprimentos atravessam fronteiras. O progresso real depende da atuação conjunta de empresas, investidores, governos internacionais e a sociedade civil".

Nestes dias em que ocorre a COP30, em Belém (PA), o setor industrial brasileiro vai apresentar soluções concretas para a descarbonização, promover diálogo com tomadores de decisão e reforçar o papel da indústria na transição para uma economia de baixo carbono.

 

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