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O Brasil possui um forte potencial competitivo no mercado mundial de hidrogênio verde ou hidrogênio descarbonizado. A análise foi feita por representante do setor em audiência pública na Comissão Especial de Transição Energética e Produção de Hidrogênio da Câmara dos Deputados, na última terça-feira (08).
Na ocasião, a diretora-executiva adjunta da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, Loana Von Gaevernitz Lima, destacou os pontos favoráveis ao Brasil no mercado mundial de hidrogênio verde.
“O Brasil possui uma posição estratégica única, tanto pela disponibilidade de fontes renováveis quanto pela infraestrutura para escoamento desse hidrogênio por meio dos hubs portuários que estão se formando. Nós temos também uma vasta presença de empresas alemãs aqui no Brasil, o que facilita a transferência de tecnologia para desenvolvimento de cadeias de valor globais.”
Além do potencial para exportação, Loana Lima ressaltou a demanda do mercado doméstico por hidrogênio verde.
“Eu chamo atenção também para o potencial no próprio mercado doméstico, seja a partir de iniciativas das indústrias como potenciais consumidoras, como é o caso da indústria siderúrgica, transportes, química.”
O hidrogênio verde é um material obtido a partir da decomposição da água por meio de uma corrente elétrica. Para diminuir ainda mais os impactos ambientais, são usadas nesse processo energias renováveis, como a solar e a eólica, por exemplo.
Já o hidrogênio cinza é obtido a partir de combustíveis fósseis, da mesma forma que a gasolina, por exemplo, e é um processo que emite muito CO² na atmosfera.
A diretora-executiva adjunta da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha disse que o governo alemão vislumbra o hidrogênio verde como um vetor chave para a descarbonização da economia do país. Segundo ela, os alemães consomem atualmente 55 terawatt-hora (TWh) de hidrogênio cinza, com expectativa de aumento de até 140% dessa demanda até 2030.
“Desses 140% apenas 50% no máximo será produzido na Alemanha, o que repercute uma necessidade muito grande de políticas de importação desse hidrogênio. Uma importação que se faz necessária, não apenas a partir de países da própria União Europeia, mas também de países no offshore.”
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Durante a audiência pública na Câmara dos Deputados, o CEO da Thyssenkrupp South America, Paulo Alvarenga, destacou a corrida dos países para se abastecerem de energia limpa.
“A gente vê hoje a Europa muito preocupada com o abastecimento de fora, porque tem limitação para poder gerar toda a energia renovável necessária para ser transformada em hidrogênio. A gente vê os Estados Unidos muito agressivos lançando seu programa IRA, estimulando a cadeia de fornecimento de hidrogênio verde dentro de casa.”
“E nós vemos nesse contexto o Brasil, que tem de maneira comparativa condições muito melhores de fornecer tanto o hidrogênio verde molécula, como também seus derivados que podem ter valor agregado, que podem ser transformados em fertilizante e elementos para a siderurgia. Além disso, tem toda a cadeia industrial que vai ser necessária para fornecer esse hidrogênio, que é isso que Estados Unidos e Europa estão olhando”, complementa.
A Comissão Especial de Transição Energética e Produção de Hidrogênio da Câmara dos Deputados possui um plano de trabalho com 12 audiências públicas e visitas externas, nas cinco regiões brasileiras, para avaliar as políticas públicas que tratam sobre o tema.
O deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), presidente da comissão, ressaltou a importância dos investimentos em hidrogênio proveniente de fontes renováveis.
“Nessa graduação toda de hidrogênio de diferentes matizes, nós temos uma coisa que não podemos abrir mão: fontes renováveis de energia. Isso vai nos dar um impacto de custo, apelo e capacidade extraordinário. Segundo, nós podemos produzir hidrogênio para enviar, mas o hidrogênio deverá ter como principal finalidade ser uma referência para a chamada neoindustrialização do país, ou para aquilo que são as nossas demandas de descarbonização.”
Segundo o deputado federal Bacelar (PV-BA), relator da comissão, a intenção é finalizar até novembro um relatório com a sugestão de criação de um marco regulatório que garanta segurança jurídica à transição energética do país.
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