Diante da redução da estimativa para o crescimento do PIB em 2025 de 2,5% para 2,3% pelo Ministério da Fazenda, especialistas avaliam que o recuo da projeção reflete uma política fiscal expansionista sem contrapartidas econômicas. Além disso, a atuação também exige que o Banco Central tenha uma política monetária contracionista, com a taxa de juros elevada.
Segundo a pasta, a revisão do percentual está relacionada a “sinais de desaceleração” da atividade econômica.
Os dados compõem o Boletim MacroFiscal, feito pela Secretaria de Política Econômica da Fazenda.
O economista-chefe da Genial Investimentos José Márcio de Camargo afirma que a redução da projeção decorre da perda de fôlego da economi
“O Ministério da Fazenda reduziu a projeção de crescimento do PIB porque começa a ficar cada vez mais claro que a economia brasileira está desacelerando. A razão pela qual isso está acontecendo está relacionada ao fato de que o governo tem uma política fiscal bastante expansionista, com um déficit público bastante elevado e crescendo substancialmente todos os anos”, afirma.
Já o professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pesquisador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômicas (MackLiber), Allan Gallo, salienta que a queda da projeção da economia não é apenas um número.
Segundo Gallo, as consequências podem atingir não apenas o setor produtivo de forma negativa, mas também a população brasileira.
“Quando você diminui a atividade econômica, além de você penalizar o setor produtivo, as pessoas que consomem e as empresas têm menos espaço para arrecadação, você está danificando a base de arrecadação, que vai significar mais pressão sobre o déficit, que está aumentando, e consequentemente, você vai ter juros mais altos por mais tempo. É um ciclo da morte, um ciclo vicioso. O governo gasta mal, o déficit sobe, o Banco Central responde com juros elevados e o PIB cresce menos”, aponta.
Para Gallo, o governo Lula mantém uma política de gastos elevados que limita o crescimento de longo prazo: “Quando a política fiscal é expansionista e desordenada, que é o caso do governo atual, a política monetária tem que ser mais contra-economista. Quem estuda um pouco de macroeconomia sabe que nesse cenário, juros elevados e gastos em excesso, o resultado é um crescimento menor. Não tem como sustentar um crescimento a longo prazo”, afirma Gallo.
Na avaliação dele, a falta de responsabilidade econômica na gestão reflete em custos de consumo.
“Isso é o típico caso em que a irresponsabilidade fiscal se traduz diretamente no custo social, mas não adianta dizer que não se come PIB – como as pessoas às vezes as pessoas maldosamente falam – porque diminui a produtividade, diminui o padrão de vida das pessoas. Não é uma questão apenas do alto empresariado, é uma questão da pessoa que está lá na ponta, na base da pirâmide mesmo, que tem o seu consumo prejudicado”, pondera Gallo.
Já José Márcio de Camargo diz que o aspecto importante desse processo é o excesso de gastos. “No caso do Brasil, não apenas a quantidade de gastos é muito elevada, como a qualidade dos gastos é muito ruim, ou seja, você tem gastos elevados e ao mesmo tempo com uma qualidade bastante ruim, então é certo”, destaca Camargo.
Segundo Gallo, o governo falha ao “gastar muito e gastar mal, sem ajustar as despesas obrigatórias”. Para ele, esse cenário cria um ambiente de estagnação econômica.
“Não é uma surpresa que o PIB tenha sido revisado para baixo, que o ambiente criado é de estagnação induzida pela própria política econômica do governo”, avalia Gallo.
Segundo ele, o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil, não explica sozinho o recuo da projeção do PIB. “No nosso caso aqui, o maior peso vem de dentro, que o governo insiste em políticas de gastos sem algum tipo de contrapartida e isso acaba minando a credibilidade do arcabouço fiscal.”
Já Camargo destaca que, como o Banco Central tende a manter a Selic alta, acarreta em impactos para a sociedade.
“Isso significa que o custo dessa política fiscal extremamente expansionista é uma política monetária também muito contracionista e extremamente cara para a sociedade brasileira em termos do custo para manter a inflação na meta”, pontua Camargo.
Conforme o Boletim MacroFiscal, a atividade tem mostrado sinais de desaceleração no país. “O PIB do segundo trimestre revelou moderação no crescimento de atividades cíclicas e contribuição negativa da absorção doméstica para o crescimento. O ritmo de expansão das concessões de crédito tem se reduzido, junto com o aumento nas taxas de juros bancárias e na inadimplência. Embora a taxa de desemprego siga no menor patamar da série histórica, já se percebe uma tendência de desaceleração na expansão da massa de rendimentos real”, diz um trecho da publicação.
O Boletim informa que esse o desaquecimento da atividade econômica está associado à política monetária restritiva, Segundo o documento, a ação acarreta na desaceleração do crédito – considerando a taxa de juros básica em 15% ao ano.
Entre os motivos do recuo da atividade, a publicação também aponta que o mercado de trabalho também demonstra sinais de desaquecimento. “Apesar da taxa de desemprego ainda estar em 5,8%, no mínimo histórico, o ritmo de expansão tanto da população ocupada como da força de trabalho tem desacelerado na comparação interanual”, diz o boletim.
A expectativa para o próximo trimestre é de que a desaceleração da atividade continue, de acordo com o Ministério da Fazenda.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2025 em relação ao trimestre anterior, totalizando R$ 3,2 trilhões em valores correntes. O resultado, divulgado nesta terça-feira (2) pelo IBGE, veio levemente acima da expectativa de 0,3% estimada pelo mercado, mas reforça o cenário de desaceleração econômica para os próximos meses.
Pela ótica da oferta, Serviços (0,6%) e Indústria (0,5%) compensaram a queda da Agropecuária (-0,1%). Do lado da demanda, o Consumo das Famílias subiu 0,5%, enquanto o Consumo do Governo caiu 0,6% e os Investimentos recuaram 2,2%. Serviços e consumo das famílias atingiram patamares recordes da série histórica, mas a retração no investimento chama atenção dos analistas.
Segundo o economista César Bergo, professor da UnB, o crescimento foi puxado por exportações atípicas, diante da antecipação de embarques por causa do “tarifaço” anunciado pelo governo americano. “O que surpreendeu nesse período foram as exportações, talvez em decorrência da questão do tarifaço americano, em que muitos exportadores anteciparam o envio de mercadorias para não estar suscetíveis à pressão das tarifas. Mas agora a gente vai sentir no terceiro e quarto trimestres uma certa pressão sobre as exportações”, avalia.
Ele lembra que o agronegócio, após um primeiro trimestre vigoroso, apresentou queda, enquanto a indústria segue penalizada pela política monetária restritiva. O destaque positivo veio das indústrias extrativas, que cresceram 5,4%. “O setor industrial tem sofrido bastante, sobretudo a indústria de transformação e a da construção, que são setores mais atingidos pela necessidade de crédito”, afirma Bergo.
Ainda assim, o economista destaca que o consumo das famílias tem sido sustentado por programas sociais e pelo mercado de trabalho aquecido. “Embora esses números mostrem uma fraqueza da economia, o consumo foi sustentado pelos benefícios concedidos pelo governo e pela taxa de desemprego em níveis historicamente baixos”, disse.
“O mais pesado disso tudo é a falta de investimentos — tanto do governo quanto da iniciativa privada — sobretudo em bens de capital, que são mais permanentes. Isso realmente está acontecendo. No geral, esse PIB mostra que a economia está reduzindo sua atividade e, nos próximos dois trimestres, isso deve ficar ainda mais claro.”
Para Allan Gallo, professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a desaceleração tem raízes internas e não se explica apenas por fatores externos, como as sanções comerciais dos Estados Unidos. Ele aponta que os juros em patamares elevados são o maior obstáculo ao crescimento.
“Acontece que o verdadeiro freio do nosso desenvolvimento, do nosso crescimento econômico e, no longo prazo, do desenvolvimento do país tem sido, neste momento, os juros reais, que estão em 10%, e a Selic em 15% — patamares históricos desde a criação do Plano Real. Na minha percepção, isso é consequência de um Estado que tem um governo que gasta muito, gasta mal, mantém déficits, chama isso de justiça social e acaba, cada vez mais, ampliando a dívida.”
Segundo Gallo, a combinação de juros altos, baixo investimento produtivo e desconfiança do setor privado em relação à política fiscal projeta um crescimento “anêmico” para o restante de 2025 e 2026. “Se nada mudar, o PIB deste ano deve ficar em torno de 2% ou até abaixo disso, e no ano que vem ainda mais fraco. O país continua preso em um ciclo de mediocridade que não termina, porque os governos evitam enfrentar a questão fiscal e preferem estimular o consumo via transferência de renda”, avalia.
O IBGE destacou que o PIB atingiu o maior nível da série histórica, iniciada em 1996. Mesmo assim, as projeções convergem para crescimento mais baixo. O governo espera 2,5%, enquanto o Banco Central fala em 2,1% e o mercado em torno de 2,2%.
Apesar do patamar recorde, o consenso entre os especialistas é que a economia brasileira enfrenta um ritmo cada vez mais fraco, apoiado em pilares frágeis: consumo incentivado artificialmente, baixa competitividade industrial e investimentos em queda.
Crescimento do PIB segue em 2,3%, puxado pelo agro e mercado de trabalho, apesar do tarifaço
Com a indústria impactada pelos juros elevados e pelas incertezas externas, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou a projeção do PIB industrial em 2025, no Informe Conjuntural do 2º trimestre, reduzindo de 2% para 1,7%. Em contrapartida, a agropecuária ganhou ainda mais peso no desempenho da economia, a estimativa de crescimento do setor passou de 5,5% para 7,9%, consolidando o campo como principal motor da atividade no próximo ano.
Segundo a CNI, o desempenho do mercado de trabalho também deve ajudar a sustentar o crescimento de 2,3% do PIB, mesmo diante do impacto das tarifas americanas sobre as exportações brasileiras.
Para o diretor de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, a manutenção da projeção geral do PIB esconde um cenário mais preocupante. “Quando a gente abre os números, aí sim a gente identifica um problema e uma composição pior. Para a indústria, realmente está decepcionando. A composição não é tão positiva, a indústria está sofrendo muito, cada vez com projeção de crescimento menor e a projeção de crescimento para o PIB não se altera, porque a safra agrícola se mostrou até um pouco maior do que nós estávamos imaginando”, afirma.
Telles destaca ainda que as tarifas impostas pelos Estados Unidos, embora relevantes, não são hoje o principal entrave ao setor industrial. “O que tem impactado realmente são as taxas de juros, principalmente, e o volume enorme de importações”, disse.
O cenário externo também adiciona incertezas. Embora o volume exportado tenha subido 2% entre janeiro e julho, a queda de preços no mesmo período reduziu o valor em dólares. Com isso, a CNI revisou para baixo a previsão de exportações brasileiras em 2025, de US$ 347,3 bilhões para US$ 341,9 bilhões, uma queda de US$ 5,4 bilhões em relação ao primeiro trimestre.
O tarifaço imposto pelos Estados Unidos deve agravar a situação. A CNI alerta que a taxa de 50% sobre parte das vendas brasileiras para o mercado norte-americano pode reduzir de forma significativa o fluxo da indústria de transformação.
A indústria de transformação, que cresceu 3,8% em 2024, terá um avanço mais modesto neste ano, com expectativa de 1,5%. O resultado reflete juros elevados, aumento das importações e queda prevista nas exportações.
“Quase toda essa redução da projeção de crescimento para a indústria se deve à redução da projeção de crescimento da indústria de transformação. É um segmento que precisa ser muito olhado, porque tem uma concorrência muito grande com produtos importados. As importações estão crescendo enormemente e, mesmo com todas as políticas acertadas, como a nova indústria Brasil, o plano Brasil mais produção, depreciação acelerada, uma série de medidas, ainda assim o crescimento da indústria de transformação está se reduzindo muito em relação ao de 2024”, ressalta Telles.
Já a construção deve crescer 2,2%, puxada pela continuidade de obras lançadas no ano passado e pelo programa Minha Casa, Minha Vida. A indústria extrativa também deve ganhar força, com expectativa de alta dobrada de 1% para 2%, impulsionada pela produção de petróleo.
Com clima favorável, produção recorde e forte demanda externa, a agropecuária deve liderar a economia em 2025, crescendo 7,9%. O setor de serviços, por sua vez, terá expansão modesta de 1,8%, sustentada pelo mercado de trabalho aquecido e pela elevação da massa salarial.
A taxa de desocupação deve cair para 6%, o menor nível histórico pelo segundo ano consecutivo, enquanto a massa de rendimento real deve crescer 5,5%.
A inflação deve encerrar o ano em 5%, acima dos 4,8% de 2024, mas em trajetória de desaceleração. Diante desse cenário e das incertezas externas, a CNI prevê que o Banco Central manterá a taxa Selic em 15% ao ano até o fim de 2025.
A CNI projeta que o governo vai cumprir a meta fiscal. O déficit primário deve ficar em R$ 22,9 bilhões, equivalente a 0,2% do PIB, abaixo do limite estabelecido de R$ 31 bilhões. Ainda assim, a dívida pública continuará em trajetória de alta, passando de 76,5% para 79% do PIB em 2025.
A economia brasileira cresceu 0,5% do primeiro para o segundo trimestre deste ano, revela estimativa do Monitor do Produto Interno Bruto (PIB) – estudo mensal do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). Os resultados foram divulgados na segunda-feira (18) e mostram desaceleração, considerando que a alta do primeiro trimestre foi de 1,3%.
Conforme o estudo, do mês de maio para junho também houve alta de 0,5%.
O Monitor do PIB aponta, ainda, que a economia do país avançou 2,4% no segundo trimestre ante o mesmo período do ano anterior. No acumulado de 12 meses, a alta é de 3,2%. Em termos monetários, as estimativas da FGV apontam o PIB dos primeiros seis meses deste ano em R$ 6,109 trilhões.
Em nota oficial, a coordenadora da pesquisa, Juliana Trece, afirmou que o crescimento de 0,5% do PIB no período foi influenciado pelo desempenho positivo dos serviços e da indústria. Segundo ela, em relação ao setor de serviços, “este crescimento foi disseminado na maior parte das atividades”, disse.
Já o setor industrial teve sua concentração na atividade extrativa, “o que mostra maior fragilidade no desempenho do setor”, avaliou Trece.
Juliana Trece explicou que “houve relevante desaceleração” quando comparados os resultados do primeiro trimestre. Ela relatou que o desempenho desacelerado pode ser atribuído tanto pela ausência de contribuição positiva da agropecuária – cenário que houve no primeiro trimestre –, quanto pelo “efeito defasado do elevado patamar dos juros na atividade econômica”.
A escalada dos juros teve início em setembro do ano passado. A taxa básica (Selic) saiu de 10,5% ao ano e, gradativamente, chegou aos atuais 15% – considerado o maior nível desde julho de 2006, quando o percentual era de 15,25%.
No que diz respeito ao consumo das famílias, o estudo evidencia que, apesar de mostrar crescimento, apresenta números declinantes desde o fim de 2024. No quarto trimestre do ano passado, a expansão foi de 3,7%. Já no primeiro trimestre de 2025, de 2,6%; e no segundo trimestre, de 1,5%.
O Monitor do PIB é um dos levantamentos que atuam como medidor da economia brasileira. Outro levantamento é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), também divulgado em 18 de agosto, que apontou expansão de 0,3% entre o primeiro e o segundo trimestre. Em 12 meses, o IBC-Br sobe 3,9%.
O resultado oficial do PIB é divulgado trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a Agência Brasil, a divulgação referente ao segundo trimestre deve ocorrer no dia 2 de setembro.
Pela 11° semana consecutiva, a estimativa do IPCA recua, mas segue acima acima do teto da meta
O mercado financeiro reduziu a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 para 5,05%, segundo o Boletim Focus. A expectativa representa uma queda de 0,60 ponto percentual em relação ao pico registrado em março, quando a estimativa chegou a 5,65%. Apesar da melhora, o índice segue acima do teto da meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional, cuja meta central é de 3%.
Essa trajetória de queda é reflexo, principalmente, da diminuição nos preços dos alimentos e de itens de transporte, embora o custo elevado da energia elétrica, pressionado pela bandeira vermelha, ainda pese no orçamento das famílias, indústrias e comércio, segundo o economista César Bergo.
“Essa perspectiva de redução gradativa da inflação, como está acontecendo agora, é em função da queda nos preços dos alimentos e também dos itens de transporte. Pesa ainda no segmento de habitação o preço da energia elétrica, porque nós estamos praticando a bandeira vermelha. Isso faz com que a energia elétrica nas residências, nas indústrias e no comércio fique mais cara. Isso, de alguma forma, é repassado para os preços. A tendência é de que essa inflação venha caindo gradativamente esse ano, podendo as próximas expectativas demonstrarem isso, mas para o ano que vem já se prevê uma inflação abaixo do teto da meta”, afirmou.
A expectativa é que a inflação possa continuar recuando nos próximos meses, mas há risco de novas pressões devido a fatores externos, como a tarifa de até 50% aplicada pelo presidente Donald Trump sobre diversos produtos brasileiros, que tende a elevar os custos de produção e, consequentemente, ser repassada aos consumidores. Para o economista Francisco Rodrigues, a mudança pode gerar oscilações até o final do ano.
“À medida que há aumentos e reduções no IPCA, os custos operacionais dos municípios podem oscilar. Para os próximos meses, a expectativa é que possa diminuir o IPCA. Porém, a conjuntura econômica e a entrada em vigor do tarifaço dos Estados Unidos em até 50% para diversos itens brasileiros podem fazer com que os custos das empresas e dos produtores aumentem. Provavelmente, eles terão que repassar o aumento desses custos para o consumidor. Então, podemos ver oscilações no IPCA até o final de 2025”, explicou.
A taxa básica de juros, Selic, deve encerrar 2025 em 15% ao ano. A previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) foi ajustada de 2,23% para 2,21%, enquanto para 2026 e 2027 as estimativas estão em 1,87% e 1,93%, respectivamente.
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), registrou queda de 0,7% em maio na comparação com o mês anterior, segundo dados dessazonalizados divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira (14).
Essa é a primeira retração do indicador em 2025, após quatro meses consecutivos de alta. A última vez que o IBC-Br apresentou desempenho negativo foi em dezembro do ano passado, com queda de 0,9%.
O recuo observado em maio foi puxado principalmente pelo setor agropecuário, que encolheu 4,2% na passagem de abril para maio. A indústria também teve retração, de 0,47%, enquanto o setor de serviços permaneceu estável.
A influência da agropecuária foi tão expressiva que, sem esse setor, a queda do IBC-Br teria sido de apenas 0,37%.
Em comparação a maio de 2024, o IBC-Br teve alta de 3,2% (sem ajuste sazonal). Já na parcial do ano, a alta do indicador foi de 3,4% e, em doze meses, até maio de 2025, o crescimento foi de 4%.
Para este ano, entretanto, analistas projetam uma desaceleração do crescimento econômico, influenciada principalmente pelo ciclo de alta dos juros adotado pelo Banco Central como estratégia para controlar a inflação.
Segundo o economista Newton Marques, esses dados ainda são insuficientes para determinar uma projeção de médio a longo prazo.
“Esperava-se que houvesse pelo menos uma estabilidade e não uma queda. Mas se olharmos em 12 meses, vamos ver que (o acumulado) ainda continua em mais de 4%. Então, isso não é tão preocupante no momento, que poderia mostrar uma desaceleração da atividade econômica, conforme alguns economistas estavam prevendo”, avalia.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) é um indicador que acompanha, mensalmente, o desempenho da economia brasileira. Embora não represente diretamente a soma de todos os bens e serviços produzidos — como faz o PIB —, ele oferece uma estimativa baseada em dados de setores como agropecuária, indústria e setor de serviços, além dos impostos.
A ocorrência de choques econômicos positivos, sobretudo em relação à indústria petroleira, pode contribuir para o aumento da criminalidade. Os efeitos dessa relação constam em artigo elaborado pelos pesquisadores Rodrigo Soares, professor de Economia do Insper, e Danilo Souza, atualmente na Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com o documento, uma elevação de 100% nos preços do petróleo está associada a um salto relativo de 9,9 homicídios por 100.000 habitantes em áreas petrolíferas.
Exemplos dessa relação foram notados no norte do estado do Rio de Janeiro, ao longo da expansão das operações da indústria petroleira na região, por volta dos anos 2000. As cidades mais impactadas foram Maricá, Saquarema, Macaé, Campos dos Goytacazes, Araruama e Niterói.
O artigo mostra que, em geral, esses municípios registraram uma alta no Produto Interno Bruto per capita, além da expansão acelerada da população. Essa movimentação financeira causou esse choque econômico positivo e, consequentemente, o aumento da criminalidade.
Com mais vias adaptadas, Mato Grosso do Sul lidera em acessibilidade para cadeirantes
Projeto autoriza União e estados a mapearem imóveis rurais originados de terras públicas
O mesmo fenômeno também foi identificado em outros locais, como em El Salvador, por exemplo. Naquele país, a construção de uma rodovia transnacional atingiu municípios menores distribuídos ao longo da obra.
Essas localidades se beneficiaram economicamente com a presença dos trabalhadores. Porém, esse cenário provocou registros de extorsões e homicídios, de acordo com o estudo. Outros quadros semelhantes também se repetiram durante a construção de estradas rurais da Colômbia.
O artigo mostra, ainda, que entre os agravantes dessa situação, está o fato de que o choque econômico foi interrompido pela crise global do final da década. Para os autores do estudo, caso esse cenário positivo fosse permanente, é provável que os benefícios teriam se mostrado mais duradouros, o que acarretaria no investimento de ações que impedissem o aumento da criminalidade.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,4% entre janeiro e março de 2025, em relação ao quarto trimestre do ano passado. O resultado foi puxado pelo desempenho de produção da agropecuária, que avançou 12,2% no período, na série com ajuste sazonal. Também houve alta de 0,3 % nos serviços. Já a Indústria recuou 0,1%. Os dados foram divulgados pelo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (30).
Conforme o IBGE, a economia brasileira acumulou R$ 3 trilhões no primeiro trimestre deste ano.
Em relação ao setor de atividades industriais, foi notado recuo de 1% nas indústrias de transformação e de 0,8% na construção. Já a eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e as Indústrias extrativas avançaram 1,5% e 2,1%, respectivamente.
Entre as atividades de serviços, houve crescimento em informação e comunicação de 3,0%.
Também foi identificado crescimento na despesa de consumo das famílias, de 1,0% e de 3,1%, na Formação Bruta de Capital Fixo.
Em relação ao quarto trimestre de 2024, houve avanço tanto nas exportações (2,9%) quanto nas importações (5,9%) de bens e serviços.
Em comparação ao 1º trimestre de 2024, o PIB teve crescimento de 2,9%, com crescimento de 10,2% na agropecuária. Já na Indústria, o avanço foi de 2,4% e nos Serviços, de 2,1%.
O crescimento de 10,2% no setor agropecuário foi puxado, principalmente, pelo desempenho positivo de alguns produtos da lavoura, com safra relevante no primeiro trimestre, e pela produtividade. No Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) divulgado em maio pelo IBGE, entre os produtos com safra no 1º trimestre e crescimento na estimativa de produção anual. Confira:
Na mesma comparação, a indústria cresceu 2,4% e a construção 3,4% – sendo a sexta alta consecutiva. Em seguida aparece a Indústria de Transformação, com avanço de 2,8%, puxada por máquinas e equipamentos, metalurgia, além de produtos químicos e farmacêuticos.
O valor adicionado dos serviços cresceu 2,1% ante o mesmo período do ano anterior. Todas as atividades apresentaram alta.
Também houve aumento do consumo das famílias, que cresceu 2,6%, influenciado pelo aumento na massa salarial real, no aumento do crédito disponível, apesar dos juros maiores. A despesa de consumo do governo também indicou aumento, em relação ao primeiro trimestre de 2024, de 1,1%.
A economia brasileira aponta sinais de desaceleração desde o fim de 2024. É o que revela o Informe Conjuntural do 1º trimestre, divulgado nesta quinta-feira (24) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o levantamento, apesar de o Produto Interno Bruto (PIB) do país ter aumentado 0,2% no 4º trimestre do ano passado, houve um recuo frente aos trimestres anteriores.
Foi verificada uma redução de 2,4% para 2,3% na projeção de crescimento do PIB em 2025. Esse seria o menor crescimento da economia do Brasil nos últimos cinco anos. O quadro representaria um recuo de 1,1 ponto percentual, na comparação em relação ao resultado do PIB de 2024.
Entre os setores produtivos, a indústria teve o melhor resultado, com alta de 0,3%, na comparação com o 3º trimestre do ano passado. O PIB de serviços, por sua vez, aumentou somente 0,1%. Trata-se da menor taxa de crescimento trimestral do setor desde o 2º trimestre de 2021. Já o PIB da agropecuária caiu 2,3%.
Pelo lado da demanda, o consumo das famílias recuou 1%. Além disso, os investimentos subiram 0,4% em relação ao 3º trimestre de 2024. Mesmo com a alta, o resultado representa uma desaceleração ante às taxas dos trimestres anteriores, quando todas foram superiores a 2%.
Segundo o diretor de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, a produção industrial andou de lado no primeiro bimestre. Segundo ele, houve uma estabilidade em janeiro, com um leve salto de 0,1% em fevereiro.
Gasto Brasil: nova ferramenta exibe despesas públicas em tempo real e reforça controle social
Nordeste tem maior número de municípios sem Planos Diretores de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais
“O mesmo acontece com o setor de serviços, que cresceu apenas 0,2% em fevereiro frente a dezembro. O comércio está um pouco melhor por causa de algumas peculiaridades, principalmente por uma base de comparação fraca”, destaca.
A CNI estima que o crédito cresça apenas 6,5% neste ano, contra 10,6% em 2024. Além disso, o estímulo fiscal também deve perder força, com os gastos públicos crescendo só 2%, menos da metade do registrado no ano anterior. O mercado de trabalho, embora ainda positivo, também se mostra menos dinâmico.
Com a alta da inflação, que chegou a 5,5% no acumulado em 12 meses até março deste ano e diante da piora das expectativas para esse indicador, o Banco Central decidiu prolongar o ciclo de aperto monetário, com elevação da taxa de juros para 14,25% ao ano.
Com isso, a Confederação acredita que o Banco Central vai elevar a Selic em meio ponto percentual na próxima reunião e manter os juros em 14,75% até o fim do ano. Essa movimentação deve fazer com que 2025 encerre com a taxa de juros real em 9,8% ao ano, ante os 7% no mesmo período registrados em 2024.
Segundo projeções da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a economia do país deve crescer 2,4% em 2025. A projeção compõe o relatório Economia Brasileira 2024-2025, divulgado na terça-feira (17). De acordo com a confederação, fatores como a alta dos juros, a evolução mais lenta do mercado de trabalho e redução do impulso fiscal de governos das três esferas devem influenciar a desaceleração do crescimento.
“O grande fator de preocupação e de contenção da economia para o ano que vem é a política monetária, é a alta na taxa de juros”, afirmou o superintendente de economia da CNI, Mario Sergio Telles.
A entidade prevê, ainda, que o Banco Central continuará com a política de aperto monetário até a metade de 2025, com a taxa Selic projetada para encerrar o ano em 12,75%.
Com relação ao ciclo de alta na taxa de juros, que deve ser mantido no primeiro trimestre de 2025 até chegar a 14,25%, a entidade aponta que o movimento de aumento causará diversos efeitos, implicando também na concessão de crédito.
Mario Sergio Telles destacou que as regras do novo arcabouço fiscal e o pacote de redução do governo reduzem o impulso fiscal. Além disso, os governos regionais também devem reduzir o estímulo fiscal em 1,5%. As projeções da CNI para o ano que vem consideram o pacote de medidas de ajuste fiscal apresentado pelo governo na ordem de R$ 22 bi.
“A política fiscal no ano que vem vai estar mais em linha com o movimento esperado pela política monetária de redução de crescimento da demanda interna”, disse Mario Sergio Telles.
Para o presidente da CNI, Antonio Ricardo Alban, o cenário para economia brasileira no ano que vem é preocupante.
“Eu diria que torço para que a gente esteja errado, e espero que nós sejamos surpreendidos de novo com a economia em 2025, como todos foram surpreendidos em 2024, de alguma forma em 2023, mas sabemos que alguns cenários são mais preocupantes para 2025 na realidade de hoje”, avaliou o presidente em entrevista coletiva.
Segundo o relatório da CNI, a agropecuária deve se recuperar da queda prevista para 2024 (2,7%) e crescer 4,2% em 2025. A entidade afirma no documento que é esperada para o ano que vem uma retomada da produção agrícola, com prognóstico de safra indicando alta de 5,8% em relação à deste ano, conforme Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do IBGE.
Já o setor de serviços deve ter aumento de 1,9%, menos do que 2024, cuja alta projetada foi de 3,7%. O relatório aponta que a queda se dá em função da demanda menor.
Por conta da redução do crescimento da demanda interna, o relatório aponta que a indústria deve crescer 2,1% em 2025. Além disso, a indústria de transformação deve subir 2% – caso a projeção seja alcançada, serão dois anos consecutivos de alta do setor.
A CNI aponta, ainda, que o IPCA deve fechar 2024 com alta de 4,8%, sendo 0,3 ponto percentual acima do teto da meta, de 4,5%. A entidade estima, ainda, que a inflação desacelere e feche 2025 em 4,2%.
Segundo a CNI, o mercado de trabalho mantém forte alta em 2024, com projeção de crescimento de 7,2%, frente a 6,9% de 2023. Já em 2025 o mercado de trabalho deverá crescer menos, com projeção de 1,2% para o número de pessoas ocupadas e 3,3% para a massa de rendimento real no ano que vem.
Fonte: Agência de Notícias da Indústria
Para 2024, a confederação subiu para 3,5% a expectativa de alta do PIB, exercendo o dobro em relação à estimativa anunciada no fim do ano passado, que foi de 1,7%.
A CNI projeta, ainda, que a indústria deve crescer 3,3% este ano. Já a indústria de transformação deve subir 3,5%. E os serviços devem crescer 3,7%.
“Apesar do câmbio desfavorável, as importações devem registrar alta de 10,6% em 2024, na comparação com o ano passado”, diz documento da CNI.