Há cerca de cinco anos, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) e a Universidade Federal de Viçosa (UFV), em parceria, desenvolvem o Programa de Estudos Hidrológicos em áreas de mineração na região da Zona da Mata Mineira. A pesquisa consiste no monitoramento de nascentes locais, com o objetivo de avaliar a influência da atividade minerária na qualidade e quantidade de água disponível e no escoamento da água no solo. O processo é avaliado em áreas de pré, durante e pós-mineração.
A equipe de estudos é composta por mestrandos da UFV e pelo coordenador do programa e professor de Hidrologia Florestal e Manejo de Bacias Hidrográficas, Herly Dias. O professor ressalta que a equipe sente-se motivada com as demandas da sociedade. Ele conta um dos resultados promissores alcançados e da importância do programa. “Após a mineração, a água não infiltrava mais no solo e formava enxurrada. Após o processo de recuperação do solo, a água passava a infiltrar mais do que antes. Isso foi uma descoberta fantástica. Por isso é uma parceria que faz bem para todo mundo, que atende vários personagens que são importantes nesse processo.
Herly Dias explica que o processo de infiltração da água no solo é uma etapa importante, pois impacta diretamente no reabastecimento da água do lençol freático. “É que água de infiltração ela desce pelas camadas do solo percorre até atingir o lençol freático, e quando atinge ele promove então a recarga de água do lençol freático. É um impacto muito positivo, porque recarrega as nascentes e as nascentes possuem água para todo o ano”. O professor alerta que, quando esse processo não acontece, ocorre o escoamento da água sobre a superfície do solo, que provoca perdas de nutrientes, de matéria orgânica, e em alguns casos até enchente.
A equipe monitora toda a região de áreas de extração de minério de Miraí e Rosário da Limeira, em Minas Gerais, e conta com o acompanhamento dos proprietários, pesquisadores e técnicos da CBA. Com os resultados dos estudos, CBA e UFV levam aos proprietários rurais informações sobre os cuidados com a produção agrícola, a importância da preservação das nascentes e os benefícios do processo de reabilitação ambiental das áreas mineradas.
Estamos no mês de abril, que é dedicado à conscientização sobre a segurança e saúde no trabalho, chamado de Abril Verde. Infelizmente, acidentes de trabalho e doenças ocupacionais ainda são muito comuns em todo o mundo, causando um grande impacto na vida de trabalhadores e suas famílias. É por isso que o Abril Verde é uma oportunidade para lembrarmos a importância de medidas de prevenção e segurança no ambiente de trabalho.
Abril foi escolhido por conter duas datas importantes para o tema: o Dia Mundial da Saúde (7/4) e o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho (28/4). O símbolo é um laço verde e a cor escolhida representa as questões de segurança e saúde do trabalho. A mobilização envolve sindicatos, fundações, ministérios, federações e sociedade em geral.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 2003, instituiu o dia 28 de abril como o Dia Mundial de Segurança e Saúde no Trabalho, em memória às vítimas de um acidente ocorrido em uma mina em Virgínia, nos Estados Unidos, em 1969. No Brasil, a data foi promulgada como o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, pela Lei nº 11.121, no ano de 2005.
Entre os principais riscos inerentes às atividades de mineração estão os deslizamentos que podem ocorrer durante a extração dos minérios e a inalação de poeiras minerais que provocam a silicose, doença respiratória que causa fibrose pulmonar. Já em relação aos riscos físicos, podemos citar as radiações ionizantes na mineração de urânio (usados em usinas nucleares para geração de energia elétrica) e o ruído (que são gerados em alguns equipamentos, como os de britagem e moagem). Tais riscos podem ser evitados se houver uma gestão adequada, intervindo prioritariamente nas fases de projeto, a fim de minimizar possíveis falhas durante a execução das atividades.
A questão de segurança e saúde no trabalho ganha cada vez mais espaço na estratégia do setor industrial. Pesquisa do Serviço Social da Indústria (SESI) mostra que 71,6% das empresas dão alta atenção à saúde e segurança dos trabalhadores. O levantamento aponta que a importância dada ao tema está relacionada, sobretudo, à preocupação com o bem-estar do trabalhador, à maior conscientização das empresas e à prevenção de acidentes de trabalho.
Assim como a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, do Ministério do Trabalho e Emprego, a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração (CIPAMIN) tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. No entanto, a CIPAMIN é especifica para as empresas de mineração ou permissionário de lavra garimpeira.
Não podemos esquecer que nos últimos anos ocorreram rompimentos de barragens, que acenderam o alerta em relação à segurança operacional nas minerações. Porém, isso não é a finalidade de mineração. O respeito às pessoas e ao meio ambiente é uns dos pilares principais da mineração. Por exemplo, a Mina do Andrade, da ArcelorMittal, completou 30 anos de atividades sem registros de acidentes com afastamento temporário ou permanente do trabalhador, em setembro de 2022. Trata-se de um total de quase 11 mil dias, um marco histórico no Grupo ArcelorMittal em todo o mundo e no setor de mineração do Brasil.
Na escalada da melhoria nos processos de mineração, as empresas com uma forte performance em ESG são aquelas que demonstram um compromisso sólido com a sustentabilidade ambiental, a responsabilidade social e a transparência na gestão empresarial. ESG é a sigla para Environmental, Social and Governance, que em português significa Ambiental, Social e Governança. É uma abordagem de investimento que leva em consideração não apenas o retorno financeiro, mas também o impacto ambiental, social e de governança corporativa de uma empresa.
Em 2019, o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e representantes do setor mineral se reuniram para promover uma transformação da indústria da mineração. O objetivo era estabelecer novas metas, principalmente, nos processos e técnicas, nas relações com as pessoas e com a natureza.
O podcast da mineração destaca a importância da conscientização e do engajamento de todos os envolvidos para garantir um ambiente de trabalho saudável e seguro para todos. Por isso, portanto, que o Abril Verde é uma oportunidade para celebrarmos a importância de medidas de prevenção e segurança no ambiente de trabalho.
Mais de 60% dos trabalhadores em zonas garimpeiras tradicionais de Mato Grosso têm acima de 45 anos, 24% não contam com energia elétrica e 42% dependem de gerador a diesel. É o que aponta o diagnóstico socioeconômico e ambiental realizado na primeira fase do projeto Garimpo Sustentável, realizado pela Central das Pequenas Organizações do Estado de Mato Grosso (Cordemato) em parceria com a Companhia Mato-grossense de Mineração (METAMAT), por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento (SEDEC). A iniciativa entrevistou, no último ano, 305 pessoas que vivem atualmente dentro do território de 10 municípios com zonas garimpeiras tradicionais. De acordo com os realizadores, o objetivo da pesquisa é mapear essas populações e nortear políticas que possam transformar a vida dessas pessoas, por meio de mudanças na prática mineradora do Estado.
Para apresentar os dados do projeto à sociedade e ampliar o debate entre os trabalhadores, entidades do terceiro setor, Poder Público e os órgãos que regulam a prática no Estado, será realizado o 1º Encontro Garimpo Sustentável de Mato Grosso (EGASUS), de 22 a 24 de março, no Hotel Fazenda Mato Grosso, em Cuiabá.
O evento contará com três dias de extensa programação: se iniciará na tarde do dia 22 de março, com a palestra “Arcabouço Legal utilizado pela SEMA/MT no Processo de Licenciamento de Atividades Garimpeiras (PLG”), que será apresentada por Maurren Lazzaretti, da SEMA. Na mesma tarde haverá a palestra “Minha região garimpeira tradicional”, apresentada por Lideranças garimpeiras das regiões pesquisadas no primeiro ciclo do projeto Garimpo Sustentável (Nossa Senhora do Livramento, Alto Paraguai, Guiratinga, Tesouro, Poxoréu, Guarantã do Norte, Peixoto de Azevedo, Nova Bandeirantes, Juruena, Nova Bandeirantes, Juína e Alta Floresta). No dia 23,, haverá as seguintes palestras: “Cooperativismo e associativismo: princípios legais e regramentos”, por Gilson Camboim, da Fecomin; “Reservas Garimpeiras e Regiões Garimpeiras Tradicionais”, por Caiubi Emanuel Souza Kuhn, da UFMT; “O Papel da ANM no Processo de Ordenamento e Regularização do Subsolo de Região Garimpeiras Tradicionais”, por Caio Mário Trivellato Seabra Filho (Superintendente de Ordenamento Mineral e Disponibilidade de Áreas da ANM); “Projeto Garimpo Sustentável”, pelo geólogo Antonio João Paes De Barros. Ainda no mesmo dia, haverá a solenidade de formação do Dispositivo de Autoridades, o lançamento do documentário “Garimpo Sustentável” e o encerramento com uma palestra de historiador Leandro Karnal. As inscrições são gratuitas e limitadas e devem ser realizadas pelo site.
Realizado pela Cordemato, em parceria com a METAMAT e a SEDEC, e com o apoio das Cooperativas de Garimpeiros, Comunidades Garimpeiras Tradicionais, Câmaras de Vereadores e Prefeituras dos municípios de Guiratinga, Tesouro, Poxoréu, Peixoto de Azevedo, Guarantã do Norte, Alta Floresta, Nossa Senhora do Livramento, Alto Paraguai, Nova Bandeirantes e Juína, o Garimpo Sustentável tem como meta principal a regularização das atividades da pequena e média mineração e de cooperativas do setor mineral, para consequentemente melhorar a qualidade de vida nessas regiões.
Para isso, foi realizada uma pesquisa socioeconômica, desde dezembro de 2021, reuniões, audiências públicas, e coleta de entrevistas que resultarão em um documentário que irá estrear durante o 1º EGASUS.
O Ministério de Minas e Energia (MME) colocou em consulta pública o Plano Nacional de Mineração 2050 (PNM 2050), documento que irá inaugurar a nova sistemática de planejamento do setor mineral brasileiro, estabelecida pelo Decreto nº 11.108/2022, que, entre outras determinações, instituiu a Política Mineral Brasileira e definiu seus instrumentos de planejamento.
O PNM 2050 integra a agenda estratégica setorial e apresenta diretrizes para nortear políticas públicas para o desenvolvimento sustentável do setor mineral brasileiro entre 2023/2050. O PNM é apoiado em três pilares - o aproveitamento dos recursos minerais, a competitividade e a sustentabilidade. O PNM foi elaborado a partir de um processo de construção colaborativa por meio de oficinas, que teve a participação de especialistas e agentes públicos e privados do setor. Além disso, houve consulta à sociedade por meio de pesquisa on-line, o que permitiu identificar os principais desafios para promoção do desenvolvimento sustentável da indústria mineral brasileira e os caminhos possíveis de enfrentamento, orientando a definição de diretrizes de políticas setoriais.
A consulta pública terá duração de 60 dias e visa ampliar o debate junto à sociedade e possibilitar a apresentação de contribuições para aprimoramento do instrumento de planejamento. Os interessados terão até 20 de janeiro de 2023 para apresentar sugestões. Além do PNM 2050, o Decreto nº 11.108/2022 determina um instrumento de planejamento de curto prazo para o setor mineral brasileiro: o Plano de Metas e Ações (PMA) para estabelecer ações, metas e projetos com vistas ao cumprimento dos objetivos do PNM e terá vigência de quatro anos.
Os dois instrumentos passarão por revisões periódicas para fazer face às mudanças de conjuntura que possam alterar as perspectivas de desenvolvimento da mineração brasileira. Para isso, o PNM deverá ser revisado a cada cinco anos, enquanto o PMA a cada dois anos. Os próximos passos, previstos para 2023, incluem: a finalização do PNM 2050, após a avaliação e incorporação das sugestões da sociedade obtidas na consulta pública; a elaboração do PMA 2024-2028; e a elaboração do Plano de Monitoramento.
A Vale selecionou iniciativas bem-sucedidas de descarbonização, de recuperação de florestas e de mitigação de impactos relacionadas às mudanças climáticas, desenvolvidas nos últimos anos, para apresentar nos painéis e encontros empresariais da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP 27ª, que ocorre entre 6 e 18 de novembro em Sharm El Sheikh, no Egito.
Entre as iniciativas, uma pesquisa inédita do Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável (ITV-DS) que visa aumentar o estoque de carbono no solo nas práticas de recuperação florestal, ajudando a reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera. Os pesquisadores do ITV-DS desenvolveram uma técnica que ajuda na recuperação de florestas e, ao mesmo tempo, potencializa a captura de carbono da atmosfera no solo. O estudo gerou uma solução que permite identificar marcadores moleculares capazes de quantificar genes e proteínas que favorecem o aprimoramento das práticas de manejo e, com isto, ajudam a conservar o carbono na forma orgânica, diminuindo a emissão de gases do efeito estufa. A adoção da técnica desenvolvida pelo ITV prevê que, em quatro anos, o solo possa voltar a ser saudável e produtivo, com a acumulação de matéria orgânica. A partir daí, será possível mensurar a quantidade de carbono estocada no solo para viabilizar que agricultores possam comercializá-los em mercados de créditos.
A empresa apresentará também os últimos resultados do programa Powershift, que tem como objetivo buscar soluções inovadoras para substituir combustíveis fósseis por fontes limpas em suas operações de mina e ferrovia. Serão exibidos os últimos avanços das parcerias firmadas com clientes siderúrgicos. A estratégia de eletrificação dos ativos, por exemplo, já conta com a adoção de duas locomotivas de pátio a bateria nos portos da empresa em Vitória e São Luís; dois caminhões de 72 toneladas elétricos em operações de minas na Indonésia e em Minas Gerais e ainda cerca de 50 equipamentos de mina subterrânea no Canadá. Em dois anos, a empresa já assinou contratos visando soluções de descarbonização com mais de 30 clientes que representam cerca de 50% das emissões de escopo 3 da empresa. A Vale ainda apresentará o Vale Climate Forecast, uma ferramenta inédita, desenvolvida pela mineradora, que permite identificar potenciais impactos operacionais e financeiros devido às mudanças climáticas nos curto e longo prazos.
A Vale também realizou estudo de caso sobre o impacto do vazamento de metano em estratégias de produção de aço com baixo teor de carbono, além das medidas para ajudar na descarbonização da indústria siderúrgica, com a introdução de soluções na produção de aço, que incluem o minério de ferro de alta qualidade, briquetes verdes metálicos, rotas alternativas de produção e outras iniciativas. A Vale já firmou parcerias visando soluções de descarbonização com mais de 30 clientes que representam cerca de 50% das emissões do seu escopo 3. Recentemente, a Vale firmou acordos com a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Sultanato de Omã para a criação de mega hubs destinados à produção de hot briquetted iron (HBI) e produtos de aço de alta qualidade a partir do uso de briquetes verdes. A estimativa é de reduzir as emissões de carbono em, aproximadamente, 60% se comparado com fornos tradicionais siderúrgicos, da rota integrada BF-BOF, que usam coque e carvão metalúrgico.
Em 2019, a Vale anunciou a meta de reduzir suas emissões de carbono sob sua responsabilidade (escopos 1 e 2) em 33% até 2030, como primeiro passo para zerar suas emissões líquidas até 2050, em linha com o Acordo de Paris. Além disso, se comprometeu em reduzir em 15% suas emissões líquidas de escopo 3 até 2035. A meta será revista a cada cinco anos. Hoje, 98% das emissões de CO2 da Vale são provenientes da sua cadeia de valor.
Na área ambiental, a Vale comprometeu-se, em 2019, a proteger e recuperar voluntariamente mais 500 mil hectares de florestas no Brasil até 2030. Deste total, 100 mil hectares serão recuperados e outros 400 mil com foco na proteção. Neste período, já foram recuperados mais de seis mil hectares a partir de investimentos em cinco negócios agroflorestais de impacto socioambiental positivo e firmados acordos com sete Unidades de Conservação, totalizando 115 mil hectares de proteção. O Fundo Vale é quem lidera e implementa as ações desta meta, em parceria com outros veículos da Vale como a Reserva Natural Vale (RNV) e o ITV.
A meta de 500 mil hectares vai se somar aos mais de 1 milhão de hectares que a Vale já ajuda proteger no mundo por meio de ações de compensação ou voluntárias. Deste total, 800 mil hectares estão na Amazônia, onde a mineradora está presente há quase 40 anos. As seis unidades de conservação formam o chamado Mosaico de Carajás, que a empresa ajuda a proteger em parceria com o ICMBio, o órgão ambiental federal. De lá, saem mais de 60% da produção de minério de ferro da Vale, embora suas atividades ocupem menos de 2% do total do Mosaico, mostrando ser possível fazer uma mineração sustentável. A Vale tem investido em pesquisa e desenvolvimento para entender a biodiversidade do bioma por meio do Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável (ITV-DS). Nos últimos onze anos, o ITV-DS investiu US$ 141 milhões, que resultaram no apoio a 154 projetos. O instituto já mapeou 9.500 mil referências genéticas de espécimes de plantas e 3.500 de animais (códigos de barra de DNA), transformando as Cangas da Amazônia no único bioma brasileiro a ter uma flora com uma referência genética.
A atividade de mineração está contribuindo para manter a floresta em pé na Amazônia. Foi o que defenderam dirigentes das principais mineradoras que atuam na região, durante painel realizado na Exposibram 2022, moderado pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia do Estado do Pará, José Fernando Gomes Júnior.
A Vale, com mais de 40 anos de atuação na Amazônia, é a maior empresa em operação no bioma, particularmente na região do mosaico de Carajás, que tem seu epicentro no município de Parauapebas (PA) mas que inclui outros municípios como Canaã dos Carajás, Marabá, Ourilândia, todos no estado do Pará. Mas a área de influência da empresa no bioma é bem maior, se incluídas as operações logísticas, como a Estrada de Ferro Carajás, com 892 km de extensão, que atravessa boa parte dos estados do Pará e do Maranhão, ligando a mina de minério de ferro de Carajás ao porto de Ponta da Madeira, no litoral maranhense.
Atualmente, o complexo de mineração de Carajás, incluindo Serra Norte e S11D, responde por aproximadamente 60% do total da produção de minério de ferro da Vale e se caracteriza como um “modelo de mineração sustentável”, segundo Hugo Barreto, diretor de Investimento e Desenvolvimento Social da Vale, já que a atividade de extração que ocorre dentro da Floresta Nacional de Carajás (Flonaca) impacta apenas 2% do mosaico. “É um modelo de mineração sustentável, convivendo com reservas indígenas e unidades de conservação. Na questão da mineração com a floresta em pé, o Brasil tem um exemplo a mostrar para o mundo”, diz Barreto.
Mas para isso, segundo ele, foram anos de aprendizado. “É a maior mina de ferro do planeta e que traz inovação, tecnologia, inteligência ambiental que permitem uma operação com maior eficiência e menor impacto”, salienta. A Vale adotou, na região, um modelo de mineração inovador que permitiu evitar o uso intensivo de caminhões fora-de-estrada, o que possibilitou diminuir a quantidade de resíduos gerados, o consumo de combustível em 70% e as emissões de gases de efeito estufa em 50%.
O beneficiamento a umidade natural também dispensa o uso de barragens e diminui o consumo de água em 93%, o que equivale ao abastecimento de uma cidade de 400 mil habitantes.
Para o diretor da Vale, essa convivência da mineração com a floresta é possível graças a uma parceria muito importante com o ICMBio e a Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará para o trabalho de controle e vigilância da floresta através de um modelo que combina “engenharia avançada com responsabilidade e em articulação com o poder público”.
Lembrando que a conservação do bioma Amazônia é imperativo para a continuidade do próprio negócio da Vale, Barreto informa que a empresa realiza, anualmente, quantias expressivas em projetos e programas, obrigatórios ou voluntários. Em 2021, o montante investido foi de US$ 545 milhões.
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A ArcelorMittal recebeu o Prêmio ECO 2022, da Amcham (Câmara Americana de Comércio), na categoria Processos, com o case “Uso sustentável do carvão vegetal para a estratégia de descarbonização”. O projeto tem como foco a estratégia adotada nas unidades da ArcelorMittal BioFlorestas e na planta industrial de Juiz de Fora (MG), que desde 2011 utiliza o carvão vegetal produzido nas florestas sustentáveis do grupo como matéria-prima na produção de aços.
A iniciativa visa garantir o fornecimento do carvão vegetal como diferencial competitivo na produção de ferro-gusa, com excelência operacional, de forma segura, inovadora e sustentável, com foco na descarbonização do aço.
“Globalmente, o Grupo ArcelorMittal foi pioneiro no setor ao lançar a meta de ser carbono neutro até 2050 e, como passo intermediário, reduzir em 25% suas emissões específicas até 2030. A prática apresentada comprova mais uma vez a nossa atuação de vanguarda na produção de carvão vegetal no mundo”, aponta Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração LATAM.
A ArcelorMittal tem estratégia de atuação baseada nas dez Diretrizes do Desenvolvimento Sustentável (DDS), estabelecidas a partir dos 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). As Diretrizes estão fundamentadas nas melhores práticas e tendências da gestão de questões sociais, econômicas e ambientais relacionadas ao negócio.
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A edição de 2022 do Prêmio ECO recebeu 108 projetos de 86 empresas, avaliados por um time de aproximadamente 50 jurados e especialistas. No total, 28 iniciativas de 27 empresas de todos os portes e segmentos da economia foram premiadas.
Uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveu um implante bioativo capaz de desativar vírus e matar bactérias. O dispositivo funciona com um fino filme à base de cobre, com espessura 15 vezes menor do que um fio de cabelo. O revestimento é biocompatível e previne a contaminação do material por microorganismos causadores de infecções, como a osteomielite, que afeta os ossos, e a peri-implantite, no caso de próteses dentárias.
A fabricação de ligas metálicas biomédicas com adição de cobre e prata não é uma novidade nos meios acadêmicos, mas em vez de misturar o cobre de forma homogênea na liga, os pesquisadores propuseram uma fase de recobrimento para os implantes já em estágio avançados de fabricação. A vantagem dessa tecnologia é que não será necessário alterar a matéria-prima, que é normalmente utilizada na produção de implantes metálicos, o que torna a implementação no processo produtivo mais viável. “Os implantes metálicos bactericidas e virucidas foram feitos com titânio e ligas comerciais e, com isso, não é preciso modificar as linhas de produção da indústria. A empresa fabricante do dispositivo só precisa incorporar a nova etapa no processo de fabricação já utilizado”, diz Éder Sócrates Najar Lopes, professor e pesquisador da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM Unicamp). O revestimento poderia ser incluído, por exemplo, em implantes permanentes, como os odontológicos, que usam parafusos de titânio para substituir a raiz de dentes, e os ortopédicos.
O revestimento é denominado biofuncionalização e feito por um processo de eletrodeposição com tratamento químico. A técnica permite o beneficiamento de peças em diferentes geometrias, das mais simples às mais complexas. Para agregar o cobre na superfície dos implantes, os pesquisadores aplicaram um tratamento térmico. As peças com a cobertura metálica foram aquecidas para que as partículas da película protetora se integrassem ao titânio. “Esse cobre que está na superfície começa um processo de difusão atômica, sendo transportado para dentro do titânio. Dessa forma, o revestimento passa a fazer parte do implante”, explica o pesquisador Luiz Antônio Côco. Isso evita que o implante sofra com a corrosão ao ser colocado em contato direto com os tecidos humanos.
Os testes realizados em laboratório simularam o ambiente de um organismo vivo, o biomaterial, que se mostrou promissor. Os implantes revestidos pelo biomaterial registraram um leve aumento de resistência à corrosão, quando comparados com as ligas sem tratamento, e não apresentaram alteração das propriedades mecânicas. Os resultados foram verificados durante o doutorado de Luiz e a tecnologia teve o pedido de patente depositado pela Inova Unicamp no INPI. Os ensaios biológicos de biocompatibilidade com bactérias e vírus foram realizados pelas equipes dos professores Augusto Ducati Luchessi e Laís Pellizzer Gabriel, da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA Unicamp), e Clarice Weis Arns, do Instituto de Biologia (IB Unicamp).
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O corpo humano tem uma tolerância alta ao cobre, mas em grandes concentrações esse metal pode matar as células saudáveis. O dispositivo intrauterino (DIU) é um exemplo do uso controlado do cobre para fins médicos. Introduzido no útero, o metal contido no aparato impede o encontro do espermatozóide com o óvulo. No caso dos implantes bioativos revestidos, o objetivo é impedir que vírus e bactérias se depositem no metal. No estudo desenvolvido pela Unicamp, os pesquisadores conseguiram controlar a quantidade de cobre exposta na superfície do implante, de forma a reduzir possíveis efeitos colaterais e toxicidade às células humanas.
Já os implantes de titânio são normalmente fixados em contato com o osso, um tecido com pouca circulação sanguínea. A baixa vascularização dificulta a chegada de remédios, como antibióticos, no caso de infecções. Nesses casos, o tratamento pode incluir a retirada do implante, com nova cirurgia. “Isso pode levar a perdas ósseas e abrir a possibilidades de novas infecções, mas se o paciente tem um implante com o revestimento bioativo você consegue reduzir esse risco”, comenta Luiz. A dição do cobre libera lentamente íons que garantem os benefícios antibacterianos de ação prolongada. O revestimento impede o crescimento de microrganismos na superfície do implante e mantêm a atividade inibitória ou destrutiva antes, durante e depois das cirurgias, diminuindo assim a probabilidade da colonização por bactérias. As peças funcionalizadas também tiveram atividade virucida comprovada após seis horas. “Esse é um ótimo resultado, pois se equipara ao do cobre puro”, afirma Eder.
A próxima fase dos estudos prevê testar os implantes bioativos em modelos animais e humanos. Empresas interessadas em explorar a tecnologia devem procurar a Agência de Inovação Inova Unicamp para negociações. “Estamos traçando um protocolo para ensaios in vivo”, diz o professor, que busca parceiros para o projeto. “Se tivermos uma empresa que invista nos testes, podemos acelerar o processo de validação, necessário para que a tecnologia chegue ao mercado”, completa.
O Ministério de Minas e Energia (MME), por meio da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, realiza, dia 29 de junho, das 9h às 11h30, o Seminário Virtual “Criação de solos saudáveis a partir de rejeitos e estéreis da mineração”. O evento acontece no formato on-line, via canal do YouTube da Revista Brasil Mineral, apoiadora do evento.
O seminário vai apresentar e debater tecnologias inovadoras visando à criação de solos saudáveis a partir de rejeitos e estéreis da mineração e, desta forma, facilitando a reabilitação da biodiversidade e utilização como substrato agrícola. O uso de certos estéreis e rejeitos de mina no desenvolvimento de solos saudáveis impacta também a estabilização do carbono em solos, o que possibilita mitigar as emissões de gases do efeito estufa do setor mineral.
Outros pontos debatidos no evento serão os benefícios do planejamento – desde o início do empreendimento – para uso futuro de rejeitos e estéreis, o que permite a melhor adoção de soluções sob o ponto de vista geotécnico. As novas tecnologias têm como meta mitigar o impacto ambiental associado à mineração, além de auxiliar na estabilidade geotécnica das barragens.
O seminário terá a participação da Agência Nacional de Mineração (ANM), Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Embrapa, Universidade de Brasília (UnB), Esalq/USP, Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), Socidade Brasileira de Recuperação de Áreas Degradadas (Sobrade) e Pimenta de Ávila Consultoria.
Dinamismo e crescimento farão parte do futuro das micro e pequenas minerações. É o que projeta o diretor da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM) e presidente do Sindicato da Mineração de Goiás e Distrito Federal, Luiz Antônio Vessani.
“Na realidade é um conjunto de 10 mil empresas que fazem a geração de produtos fundamentais para a sociedade, desde argila e areia para a construção civil, até argila para cerâmica, bauxita para uma série de aplicações. Nesse sentido, estamos otimistas. O setor pequeno está mostrando sua cara, o que é importante para toda a sociedade”, destacou.
A conclusão veio após o fim da programação do 7º Encontro Nacional da Média e Pequena Mineração, e da BRASMIN – Feira da Indústria da Mineração. Os dois eventos, que ocorreram em Goiânia, começaram nesta terça-feira (14) e terminaram nesta quinta (26)
Ainda segundo Vessani, entre os pontos de maior destaque nos eventos esteve a abordagem de questões ligadas ao licenciamento ambiental. “Sempre, no setor mineral, nos últimos 20 anos, contamos com a questão do licenciamento ambiental. Trata-se de um ponto fundamental para o setor. Isso porque todos os procedimentos que existem no Brasil, começando pela Lei Federal, são muito restritivos ou abrangentes demais. E, o Licenciamento Ambiental tem um aspecto muito temeroso. Ela permite uma discricionariedade na interpretação dos projetos que apresentamos para licenciar”, considerou.
O diretor da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral também afirmou que a BRASMIN deverá ter uma nova edição em 2023. Depois, a ideia é que a Feira da Mineração ocorra a cada dois anos.
A programação também contou com a presença do diretor editorial da revista Brasil Mineral, Francisco Alves. Na ocasião, ele defendeu que o futuro da mineração brasileira vai passar, necessariamente, pela média e pequena mineração. Além disso, ele concluiu que a política mineral deve distinguir as grandes das médias e pequenas minerações.
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Da forma como está, segundo Alves, os menores empreendimentos sofrem com desvantagens consideráveis. Outro ponto de destaque, na avaliação do diretor, foi a relevância atribuída aos minerais industriais e dos chamados minerais de futuro, úteis, principalmente, nos processos que envolvem mudanças climáticas.
“O evento também mostrou boas perspectivas para o setor. As grandes empresas, um dia, também foram pequenas. E, essas pequenas empresas de hoje podem se tornar grandes empresas no futuro. O importante é saber que a pequena mineração tem esse papel relevante dentro do setor tanto quanto as gigantes”, destacou.
Os eventos contaram com parceria da Associação de Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM) e contam com o patrocínio da FFA Legal, Geosol, Metso:Outotec e o Serviço Geológico do Brasil - CPRM. Há, ainda, o apoio da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG).
Dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) revelam que o saldo das exportações do setor mineral do país foi de cerca de US$ 49 bilhões em 2021. O resultado corresponde a um aumento de 51% em relação a 2020. O saldo mineral respondeu por 80% do saldo comercial brasileiro no ano passado, que foi de US$ 61 bilhões.
Minas Gerais foi o estado que contou com o maior crescimento no faturamento em 2021, de 87%. O valor passou de R$ 76,4 bilhões, em 2020, para R$ 143 bilhões no ano passado. Com isso, a Unidade da Federação passou a responder por 42% do faturamento global da indústria da mineração brasileira em 2021. Os estados que aparecem na sequência são Bahia, com 67% de aumento de faturamento; Pará, com 51%; Goiás, com 36%; Mato Grosso, com 35% de elevação; e São Paulo, 28%.
Em relação aos projetos de investimento, a expectativa é de que sejam aplicados cerca de US$ 41 bilhões até 2025, aproximadamente US$ 6 bilhões em projetos socioambientais. Outras ações devem ser executadas pelo setor até 2030, com aportes que ultrapassam US$ 18 bilhões.
Sobre a empregabilidade, dados oficiais do Governo Federal apontam que foram geradas 14.869 vagas, entre janeiro e novembro de 2021. Com isso, no penúltimo mês do ano passado, o setor mineral contou com mais de 200 mil empregos diretos.