Uma bactéria altamente resistente — que não responde a nenhum antibiótico — e com capacidade de se disseminar facilmente pelo mundo. A descoberta de uma cepa da bactéria Klebsiella pneumoniae é o resultado de uma pesquisa feita pelo professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) Nilton Lincopan e apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
A nova cepa foi encontrada em uma mulher de 86 anos com infecção urinária num hospital da região Nordeste, em 2022. A paciente morreu 24 horas depois de dar entrada na unidade de saúde.
O genoma da bactéria foi sequenciado por um grupo de pesquisadores, que o comparou com um banco de dados de 408 outras sequências parecidas. O resultado, segundo o grupo, é alarmante e há risco de que a bactéria se espalhe pelo mundo.
O coordenador da pesquisa explica os riscos.
“Com relação ao perigo que essa bactéria oferece, poderia ter um ponto de vista biológico e outro clínico. Biologicamente o problema seria disseminar rapidamente podendo ser endêmica em alguns hospitais. Agora clinicamente falando, o problema poderia ser a produção de infecções em pacientes com patologias infecciosas com redução do quadro imunológico ou como consequência de algum procedimento invasivo como por exemplo, a ventilação mecânica.”
O médico infectologista Marcelo Daher conta que essa bactéria é uma grande preocupação dentro dos hospitais e que ela já circula, inclusive, entre pacientes que não estiveram internados.
“Representa um problema sério para o meio científico pela alta resistência que ela apresenta aos antibióticos, então nós temos pouca opção de tratamento. Ela representa um grave problema para os pacientes mais graves e internados. Já para os pacientes hígidos, ou sem nenhum problema de saúde, ela raramente apresenta um problema sério, já que não tem capacidade de causar uma doença mais séria nessas pessoas.”
Os pesquisadores envolvidos no trabalho chamam atenção para a importância do monitoramento permanente das cepas bacterianas encontradas nos hospitais. Outro alerta é com relação à prescrição de antibióticos, que deve ser feita de forma consciente.
Para os pacientes, a mensagem é que, quando tiverem antibióticos prescritos para si, façam o tratamento até o fim, mesmo que se sintam bem após dois ou três dias. A prática também evita o surgimento de cepas resistentes.
De forma científica, o infectologista Marcelo Daher explica que a Klebsiella “ensina” as outras bactérias a “fugir” dos antibióticos e garantir resistência aos medicamentos.
O advento dessas bactérias multirresistentes vem pelo uso indiscriminado e até mesmo desnecessário dos antibióticos.
“A racionalização, o uso correto dos antibióticos, vai ajudar a diminuir o risco ou a chance dessas bactérias aumentarem e continuarem a ser um problema nos ambientes hospitalares.”
Uma pesquisa divulgada pela revista científica The Lancet, no mês passado, mostra que mais de 39 milhões de pessoas no mundo podem morrer em decorrência de infecções causadas por bactérias resistentes aos antibióticos nos próximos 25 anos.
Segundo o levantamento, entre 1990 a 2021, a resistência aos antibióticos foi responsável pela morte de mais de um milhão de pessoas em todo o mundo — a maior parte dessas mortes foi causada pelo Staphylococcus aureus.
O médico e pesquisador explica que toda vez que esses microrganismos multirresistentes são encontrados, a primeira providência é notificar a vigilância epidemiológica local. Além disso, é fundamental isolar o paciente e aumentar os cuidados com a equipe para evitar a contaminação de outros pacientes.
Santas Casas e entidades beneficentes que dependem do aluguel de máquinas e equipamentos médicos podem ter um impacto econômico importante se o texto do PLP 68/2024 — que regulamenta a Reforma Tributária — não sofrer alterações no Senado.
De acordo com um estudo feito pela Tendências Consultoria, em parceria com a Associação Brasileira das Locadoras de Equipamentos Médicos (ABLEM), a carga tributária sobre o aluguel desses equipamentos passaria dos atuais 8,34% para 20,95%. No texto que tramita hoje está prevista uma redução dos tributos apenas para a venda desses dispositivos, mas a locação fica de fora.
O advogado membro e representante da ABLEM, Ricardo Fiuza Neto, explica que a locação com uma tributação reduzida beneficia diretamente o SUS e a população que depende do serviço público de saúde, já que renova e amplia o número de equipamentos médicos, sem causar impactos significativos sobre a arrecadação.
“A redação atual desses artigos vai causar um impacto tributário gigantesco, principalmente para as Santa Casas, entidades beneficentes e hospitais de pequeno porte, que atendem hoje cerca de 80% da demanda do SUS no Brasil. Como essas entidades são custeadas pelo SUS, elas não vão ser creditadas do CBS e do IBS. Consequentemente, o custo de locação dos equipamentos vai ficar muito mais alto do que para o setor privado”, alerta Fiuza.
Para a ABLEM, apenas uma pequena mudança no texto do PLP 68 pode resolver a questão. A substituição do termo "venda" para "fornecimento" passaria a permitir que o setor de aluguel também fosse beneficiado pela alíquota reduzida.
Hoje, o tributo que incide sobre a locação de equipamentos é de 3,65%, mas a venda desses dispositivos tem uma carga de cerca de 28% de impostos. Com o texto atual da reforma, o cenário muda. A locação passa a ser taxada em 26,5%, enquanto a venda deixaria de ser tributada.
A mudança na tributação, segundo a ABLEM, fere a Emenda Constitucional 132/2023, precursora da reforma tributária e que prevê a não distinção entre operações de locação e venda. No art. 9º da EC está previsto que todas as operações com dispositivos médicos terão redução entre 60% e 100% da alíquota, não havendo distinção entre operações de locação, venda ou prestação de serviços.
A ABLEM vem trabalhando no Congresso para tentar ajustar o texto, afirma Fiuza.
“A falha nessa redação é clara e não prejudica apenas a locação de equipamento, mas principalmente, a população que mais precisa, que depende do serviço público para ter acesso à saúde.” Detalha o advogado que vem trabalhando junto aos parlamentares para esclarecer e tentar reverter a redação do texto.
Para o SUS, a possibilidade de locação com redução de tributos poderia acelerar muito a renovação e o aumento do número de equipamentos médicos. A locação é uma solução mais flexível e que exige menos capital, permitindo que o SUS responda rapidamente às demandas emergentes de saúde.
Até o momento, R$200 milhões já foram enviados para os estados que elaboraram o plano estadual
Pernambuco é o segundo estado com maior lista de espera por cirurgias eletivas, de acordo com o Ministério da Saúde. São cerca de 100 mil cirurgias paradas na lista de espera.
Apesar de não ser urgente, a cirurgia eletiva é necessária. E há algumas que precisam ser realizadas com maior rapidez, devido ao risco de complicações.
O Programa Nacional de Redução das Filas de Cirurgias Eletivas, Exames Complementares e Consultas Especializadas (PNRF), instituído por meio da Portaria GM/MS nº 90, de 3 de Fevereiro de 2023, tem como finalidade ampliar a realização de cirurgias eletivas em todo o país — bem como reduzir a fila de exames e consultas especializadas.
O objetivo principal do programa é aumentar a realização de cirurgias eletivas em todo o país e também reduzir a espera por exames e consultas especializadas. O PNRF terá duração de um ano, podendo ser prorrogado por mais um ano. Para o ano de 2023, estão destinados R$600 milhões e a distribuição desse recurso será feita com base na estimativa populacional de cada estado do país, de acordo com os dados do IBGE referentes a 2021.
Até o momento, já foram repassados R$200 milhões os estados que elaboraram o plano estadual. Dentre esse total, R$9 milhões já foram enviados a Pernambuco com o intuito de reduzir parte da lista de espera.
Cada estado estabeleceu as cirurgias prioritárias, de acordo com a realidade local. Entre elas estão: vasectomia, hernioplastia inguinal (bilateral), laqueadura tubária, facoemulsificação c/ implante de lente intraocular dobrável, entre outras.
O Congresso nacional aprovou, nesta quinta-feira (22), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 42/2022, que viabiliza o pagamento do piso nacional de enfermagem. A proposta já havia sido aprovada pelo Senado Federal na terça-feira (20)
A PEC direciona recursos do superávit financeiro de fundos públicos e do Fundo Social para financiar o piso salarial nacional da enfermagem no setor público; além de entidades filantrópicas e de prestadores de serviços, com um mínimo de atendimento de 60% de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
A conselheira nacional de saúde, Francisca Valda, que representa a Associação Brasileira de Enfermagem (Aben), destaca que a promulgação foi uma grande conquista para todos os trabalhadores da área. “Este ato de promulgação da emenda constitucional conclui um processo longo de reparação de uma dívida histórica, com 60% dos trabalhadores da área da saúde que estão no campo da equipe de enfermagem”, afirma.
Atualmente, o piso salarial muda de acordo com o órgão e cidade. De acordo com a Pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil, realizada pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), quase metade dos profissionais de enfermagem (45%) recebiam salários abaixo de dois mil reais.
Segundo a Cofen, o Brasil conta hoje 670.852 enfermeiros, 1.608.131 técnicos e 447.407 auxiliares. além de 354 parteiras. Desse total, cerca de 1.221.734 profissionais empregados são contabilizados pelo Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).
No dia 4 agosto deste ano foi sancionada a Lei 14.434 que fixa um piso salarial de R$ 4.750 para enfermeiros. E de R$ 3.325 para técnicos de enfermagem e de R$ 2.375 para auxiliares e parteiras.
Um mês após a aprovação da lei, o Supremo Tribunal Federal (STF) decretou a suspensão temporária, questionando as fontes de custeio, já que poderia ser insuficiente para o pagamento desses salários.
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF), Elissando Noronha, agora não existem mais motivos para que o STF mantenha a suspensão do piso de enfermagem. “Mais uma vez, a Câmara e o Senado reafirmaram o seu compromisso com a nossa categoria e formaram unanimidade em defesa das nossas prerrogativas. O piso salarial precisa estar no contracheque o mais rápido possível”, afirma.
O assessor de comunicação do Coren-DF, Laércio Tomaz, enfatiza a urgência de ver o piso concretizado no próximo mês. “A gente espera que já em janeiro de 2023 o pagamento do piso já esteja nos contracheques dos profissionais e a gente consiga de uma vez por todas erradicar os salários miseráveis que ainda afeta uma grande parte da categoria”, afirma.
Segundo Tomaz, com a pandemia e os novos desafios enfrentados na saúde pública brasileira foi possível entender que o papel da enfermagem brasileira faz jus ao pagamento do novo piso salarial, que também promoverá desenvolvimento do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil.
A enfermeira Andressa Magalhães, de 27 anos, trabalha em um hospital público em Guarujá, cidade paulista, afirma que essa é uma vitória para a classe. “Eu vi que foi aprovado e acho que estava mais do que na hora, porque existe muito subemprego. Enfermeiro, técnico, auxiliar, ganhando muito mal, salários que não são compatíveis. Infelizmente aceitam porque precisam ou porque precisam de experiência”.
Segundo defendeu, o enfermeiro é como o coração do hospital, com grandes responsabilidades e sobrecarga, e por isso, precisa ser valorizado.
De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), para cumprir o novo piso será necessário incremento orçamentário anual de R$ 4,4 bilhões para os municípios. E R$ 1,3 bilhão para os estados e R$ 53 milhões para a União.
O texto afirma que o valor destinado às despesas correntes e valores transferidos pela União aos fundos de saúde dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, ficará fora do teto de gastos da União, Além disso, fica estabelecido um período de transição para contabilizar o piso nos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Muitas pessoas conhecem o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o SAMU, mas não sabem exatamente em que situação devem ligar para o 192. O atendimento inclui vítimas de agravos de natureza clínica, cirúrgica, traumática, obstétrica, pediátrica e psiquiátrica.
O diretor do SAMU-DF, Victor Arimateia, explica que o atendimento é pré-hospitalar, com o objetivo de chegar o mais rápido possível em casos de urgência e emergência.
“São situações que envolvem problemas cardiorrespiratórios, intoxicação, queimaduras graves, casos de agressão física, traumas, acidentes automobilísticos, crises hipertensivas. São situações que demandam algum tipo de intervenção imediata, estabilização e remoção para a Unidade de Saúde mais próxima. Ali, tenho profissionais habilitados para fazer a classificação do atendimento e encaminhamento para o médico regulador, que, de fato, vai fazer o atendimento, entender a gravidade de forma rápida, sucinta e objetiva, e tomar a decisão de qual o melhor recurso que deva ser encaminhado ao paciente”, pontua.
O serviço oferece orientações a distância, regulação médica e o envio de unidades móveis tripuladas com equipes capacitadas. Os veículos podem ser ambulâncias, motolâncias, ambulanchas e aeromédicos.
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As Centrais de Regulação recebem chamadas a qualquer hora do dia, para atendimento em domicílios, vias públicas ou unidades de saúde. Mas, nem sempre haverá necessidade de deslocamento de uma viatura até o local, como detalha Victor Arimateia.
“É importante as pessoas compreenderem que a Central de Regulação é preparada, com profissionais especializados para realizar o atendimento e entender se aquela situação realmente demanda atendimento, qual o tipo que demanda, e fazer, a partir daí, todo o acionamento da cadeia de unidades móveis. A população deve entender quando a solicitação não vai necessariamente demandar o acionamento de uma viatura”, destaca.
Portaria do Ministério da Saúde, publicada no último dia 22 de dezembro, estabeleceu o repasse de R$ 243 milhões a Estados e ao DF para a retomada das cirurgias eletivas nos hospitais da rede pública.
Cirurgias eletivas são aquelas agendadas em data facultada pelo paciente ou cirurgião.
Os recursos serão em parcela única para o Bloco de Manutenção das Ações e Serviços Públicos de Saúde - Grupo de Atenção Especializada (MAC). O ministério utilizou o critério de proporcionalidade populacional.
São Paulo (R$ 53 milhões), Minas Gerais (R$ 24,4 milhões), Rio de Janeiro (R$ 19,9 milhões) e Bahia (R$ 17,2 milhões) receberão as maiores quantias. A distribuição desses recursos para os municípios ficará a cargo de deliberação de cada Comissão Intergestores Bipartite.
Segundo representantes dos secretários estaduais e municipais de saúde, esse dinheiro irá "fortalecer" as secretarias no reestabelecimento desse tipo de procedimento, prejudicado pela pandemia de Covid-19. Em nota conjunta, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) afirmaram que o cenário "demandou a organização da rede voltada para a pandemia, assim como pela escassez na oferta de insumos e medicamentos para atendimentos aos procedimentos eletivos".
Apenas em Minas Gerais, Secretaria de Estado de Saúde estima que cerca de 370 mil cirurgias eletivas estejam na fila.
Dados do Conselho Federal de Medicina (CFM) apontam que a pandemia inviabilizou ou adiou 2,8 milhões de cirurgias eletivas em 2020. Procedimentos como a cirurgia de catarata, hérnia, vesícula, varizes e postectomia estão entre os mais afetados.
Para o vice-presidente do CFM, Donizetti Giamberardino, ainda vai levar tempo para que os atendimentos eletivos sejam normalizados. “Vai ser necessário, além de 2022, para nós recuperarmos todos esses atendimentos, todo acompanhamento e monitoramento das doenças prevalentes, toda realização de diagnósticos em câncer, doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão arterial”.
Pacientes que estão internados em hospitais, mas que têm condições de continuar o tratamento em casa, podem contar com o Programa Melhor em Casa, do Ministério da Saúde. O programa completou 10 anos e está ampliando o número de equipes para atender às crescentes solicitações desses pacientes que preferem ficar junto aos familiares. Até o momento, mais de 500 mil pacientes receberam cuidados em casa.
Como parte das comemorações pelos 10 anos do programa, o Ministério da Saúde realizou uma apresentação para mostrar os dados do programa em um evento que ocorreu no Rio de Janeiro nesta segunda-feira (08). Durante a apresentação, o ministro comentou a importância de ações como essa para a população. “É um programa muito abrangente, é uma política de saúde, portanto, é um direito de todos e um dever do Estado. O SUS é obrigado a prover políticas sociais e econômicas e será através de políticas públicas como essa que nós vamos melhorar a vida dos brasileiros”, avaliou.
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Desde o início do programa, o Ministério da Saúde repassou quase R$ 3,5 bilhões para a iniciativa - recursos que serviram para dar apoio aos 732 municípios participantes do programa, o que corresponde a cerca de 40% da população brasileira coberta por esse tipo de atendimento. Além disso, nos últimos cinco anos foram realizados mais de 14 milhões de atendimentos, desde a coleta de sangue até a colocação do ventilador mecânico (aparelho que ajuda o pulmão a funcionar).
A coordenadora geral da Atenção Domiciliar do Ministério da Saúde, Mariana Borges, explica como funciona o programa Melhor em Casa. “O Melhor em casa faz essa desospitalização, tira de dentro do hospital, o que propicia a rotatividade daquele leito para outras pessoas que precisam mais, que têm estado de saúde mais grave e evita, também, a permanência exagerada que leva muitas vezes a pegar infecção hospitalar. Então, o paciente vai antes para casa, a equipe acompanha ele à residência quantas vezes forem necessárias, o leito hospitalar é rodeado e ainda há uma economia de recurso em cima disso”, destacou.
Atualmente o programa conta com 11.715 profissionais que trabalham diretamente nas visitas aos pacientes. Os profissionais se dividem em equipes que trabalham 12h por dia, durante os sete dias da semana e têm fluxos organizados com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e hospitais locais, servindo como apoio a qualquer tipo de intercorrência apresentada por um desses pacientes em acompanhamento.
O encaminhamento do paciente ao Melhor em Casa deve ser feito por profissionais dos hospitais, UPAs ou Unidades básicas de Saúde (postos de saúde) que identifiquem no paciente o perfil e a necessidade do programa, que está presente no Distrito Federal e em 25 estados do País - apenas Roraima não oferece esse tipo de atendimento.
Para aperfeiçoar o atendimento dos profissionais de saúde no campo da Atenção Domiciliar, o Ministério da Saúde mantém parceria com a Universidade Aberta do SUS (UNASUS) e outras oito universidades, onde é realizado um programa de qualificação à distância especializado em Atenção Domiciliar.
O programa Melhor em Casa não parou de funcionar durante a pandemia da Covid-19, mas mudou a forma como as equipes realizam o monitoramento diário dos pacientes - agora por telefone. Apesar disso, os atendimentos presenciais que exigiam procedimentos foram mantidos para não prejudicar os tratamentos dos pacientes. Outro ponto importante é que algumas equipes passaram a colher o teste RT-PCR e, nos pacientes recuperados do coronavírus, intensificaram as reabilitações respiratória, funcional, nutricional e psicológica.
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O avanço da vacinação continua a reduzir a internação de pacientes com Covid-19 em unidades de terapia intensiva (UTIs) no país e, pela primeira vez desde dezembro de 2020, nenhuma unidade da federação está com mais de 90% desses leitos ocupados. O dado consta do Boletim Observatório Covid-19, divulgado nesta quarta (14) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo os pesquisadores da instituição, a vacinação tem feito diferença e traz reflexos positivos ao quadro pandêmico à medida que é ampliada.
O boletim mostra que quatro unidades da federação permanecem na zona de alerta crítico, com mais 80% dos leitos ocupados. A pior situação é a de Santa Catarina (82%), seguida por Goiás (81%), Paraná (81%) e Distrito Federal (80%).
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O relatório destaca ainda que os indicadores de incidência e mortalidade da Covid-19 no país estão em queda pela terceira semana seguida. Apesar disso, a pandemia mantém patamares altos, com média de mais de 46 mil novos casos e 1,3 mil óbitos diários nos últimos sete dias.
A pandemia de Covid-19 fez com que aumentasse o uso de álcool, tanto líquido quanto em gel, no ambiente doméstico. Isso fez com que subisse também o número de queimaduras graves causadas pelo inflamável, questão que tem preocupado a equipe da Unidade de Tratamento de Queimados do Hospital João XXIII, em Minas Gerais, um dos centros de referência no País para esse tipo de atendimento.
Os dados de admissão em enfermaria e em terapia intensiva, em 2020 e 2021, demonstram a gravidade das queimaduras causadas por álcool. Só nos quatro primeiros meses deste ano, a unidade recebeu 138 pacientes, sendo 40 por queimaduras causadas por álcool, quase 30% das internações. Já na UTI de queimados, nesse mesmo intervalo de tempo, 17 das 41 admissões foram por acidentes envolvendo a substância. Ou seja, mais de 40% das internações graves, neste ano, ocorrem em razão da má utilização do produto.
Segundo a cirurgiã plástica e coordenadora do serviço, Kelly Danielle de Araújo, os acidentes domésticos mais comuns acontecem com crianças. No caso do álcool, há diversos casos em que a criança higieniza as mãos e coça os olhos logo em seguida, o que pode causar queimadura química na córnea. Ela alertou como prevenir isso. “Dentro de casa não precisa ter álcool, a Anvisa já emitiu uma nota que água e sabão são eficazes para lavar as mãos e os saneantes comuns de limpeza também resolvem a limpeza”, disse.
Mais da metade das queimaduras atendidas no Hospital João XXIII, considerando tanto os casos graves quanto os que nem sempre exigem internação, são causadas por contato com líquidos muito quentes, as chamadas escaldaduras. Em 2020, dos 1.537 atendimentos a queimados na unidade, 922 foram em decorrência desse tipo de acidente. Desse total, 181 foram com crianças de 0 a 11 anos.
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Com o isolamento social, a precaução deve ser aumentada. O cirurgião plástico e presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), José Adorno, destacou que em grande maioria esses acidentes podem ser evitados. “Evitar que as crianças fiquem na cozinha ou perto do fogão. Os idosos que também são acometidos porque vão lidar com situações de preparo de alimentos e acaba acontecendo acidentes. Então há uma série de medidas que é importante que todos entendam, que é importante ter essa consciência para que se evite as queimaduras”, afirmou.
Promovido pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), o Junho Laranja visa à conscientização da população e das autoridades quanto à prevenção de acidentes com queimaduras. Neste ano, o tema da campanha é “Álcool e fogo: mantenha distanciamento. Contra queimaduras, a prevenção é a vacina”.
De acordo com a organização, no Brasil, são cerca de 150 mil internações por ano em razão de queimaduras. Desse total, em média, 30% são crianças. Prédios públicos estão sendo iluminados com a cor laranja em razão da data, entre eles, o Hospital João XXIII, Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII) e o Hospital Maria Amélia Lins (HMAL).
No Brasil a procura por exames para detecção precoce de glaucoma sofreu uma queda significativa e o motivo pode estar relacionado aos receios impostos pela pandemia da Covid-19. Levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) revela que essa redução chegou à marca de 30%. O quadro pode representar um sinal de alerta, tendo em vista que a enfermidade é a principal causa de cegueira evitável.
Essa atenção é destacada no mês em que é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, em 26 de maio. A médica oftalmologista, Keila Prado, entende que essa redução causa uma preocupação, já que o glaucoma é uma doença que, quanto mais cedo for diagnosticada, melhor serão os resultados do tratamento.
“É importante o isolamento e se ter os cuidados, mas as consultas de rotina não podem deixar de ser feitas. Os médicos têm tomado bastante cuidado com a higienização dos consultórios e diminuído o número de pacientes agendados, o que reduz mais a chance de ter aglomeração. É preciso ter cuidado, mas não podemos negligenciar essa visita periódica ao médico”, considera.
Ainda de acordo com o CBO, “quase 1,6 milhão de exames com essa finalidade diagnóstica deixaram de ser feitos somente no Sistema Único de Saúde (SUS)”. O conselho revela, ainda, que, pelo menos 6,7 mil procedimentos cirúrgicos que poderiam reverter e tratar a doença, também deixaram de ser feitos no ano passado.
Jatobá Queiroz, de 49 anos, reforça a importância de se procurar exames para detecção precoce de glaucoma. Ele conta que perdeu a visão total por consequência da doença quando tinha 21 anos de idade. Para o morador de Brasília, as pessoas não podem relaxar quanto a essa questão, pois o glaucoma pode se tornar um problema maior quando menos se espera.
“O glaucoma é muito silencioso. Ele vai dia após dia destruindo o nervo óptico, impedindo a oxigenação, e quando a gente se dá conta, já está sem enxergar completamente. Infelizmente o glaucoma é traiçoeiro e os cuidados não podem ser deixados para depois”, relata.
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Queiroz também diz que, apesar da limitação, tem levado uma vida tranquila. Ele consegue fazer as atividades do dia com certa destreza, com ajuda de ferramentas que facilitam a mobilidade. Apesar disso, ele chama a atenção para a necessidade de o poder público voltar mais os olhos para políticas que facilitem a vida das pessoas com deficiência.
“Em relação ao poder público, fica a expectativa de que a gente consiga acessibilidade no dia a dia para caminhar nas calçadas, que tenha mais rampas de acesso, enfim, mais acessibilidade. De resto, é só agradecer a Deus por tudo e continuar a caminhada”, pontua.
Dados apontados pela entidade também mostram que essa baixa prejudicou a análise de possíveis casos novos da doença. A situação provoca atraso no tratamento e o acompanhamento de casos confirmados, que exigem monitoramento para evitar o agravamento.
Ao se considerar os números do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS, o CBO destaca que em todas as regiões do Brasil foi notada redução na quantidade de exames preventivos para glaucoma. No estado de São Paulo, por exemplo, foram 348,6 mil exames a menos. Já na Bahia, a diminuição ficou em 202,4 mil exames, enquanto no Rio Grande do Sul o registro foi de 122,5 mil exames a menos.
Em termos percentuais, a queda foi maior nos estados do Amazonas e Piauí, onde a baixa foi de 67%. No Acre, por sua vez, o recuo foi de 64%. O estudo aponta também que nas capitais a quantidade de exames sofreu queda em 542.238. O resultado representa uma redução de 33%, na comparação com 2019.
O glaucoma é uma doença causada, principalmente, pela elevação da pressão intraocular. Esse aumento provoca lesão no nervo óptico e, consequentemente, acarreta comprometimento da visão.
A médica oftalmologista, Karla Caetano, explica que não há prevenção contra o glaucoma. No entanto, ela afirma que é possível evitar a cegueira decorrente da doença.
“Quem faz o tratamento precocemente e o acompanhamento adequado, pode evitar a cegueira. Os pacientes que precisam de uma atenção maior são os com idade acima de 40 anos, também os que têm histórico familiar de glaucoma, os que fazem uso de colírio corticoide prolongado ou com traumas oculares”, destaca a especialista.
Outra causa possível da doença é alteração no fluxo sanguíneo que nutre o nervo óptico. Quando esse nervo não é bem nutrido de sangue por determinado motivo, aos poucos ele pode ir perdendo suas funcionalidades.