Relator sugere alterações e critica insuficiência da proposta
Após audiência pública com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, a comissão especial que analisa a PEC da Segurança Pública (PEC 18/25) ouviu nesta terça-feira (16) o relator Mendonça Filho (União-PE). O deputado apresentou seu plano de trabalho e defendeu mudanças significativas no texto enviado pelo governo.
“O texto proposto é absolutamente insuficiente. Ele está muito distante daquilo que espera a sociedade brasileira”, afirmou Mendonça Filho.
O plano de trabalho elaborado pela comissão também identificou pontos negligenciados pela PEC, que podem se transformar em novas propostas de emenda:
“Não acredito que, tão simplesmente, uma proposta de emenda à Constituição terá o 'condão mágico' de transformar essa realidade. Mas há espaço, sim, para aprimoramentos”, afirmou Mendonça Filho.
Já o deputado Alberto Fraga (PL-DF) criticou a centralização das investigações apenas na Polícia Federal.
“A Polícia Federal é eficiente? É. Mas não tem efetivo para isso. Já vai aqui meu primeiro apelo: existem 500 aprovados da PF e da PRF que precisam ser chamados. O efetivo atual já não dá conta, imagine recebendo ainda mais missões.”
Desde sua apresentação, a PEC tem sido alvo de críticas de governadores e especialistas do setor. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), foi um dos que mais se opôs ao texto inicial, afirmando que a proposta retira prerrogativas dos estados e não aborda temas essenciais, como a legislação penal e penitenciária. Já o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), avaliou que a medida teria impacto limitado no combate à criminalidade.
Entidades de classe também se manifestaram. O presidente da Associação dos Militares Estaduais do Brasil (AMEBRASIL), coronel Elias Miler da Silva, criticou a ausência de diálogo com representantes das corporações na elaboração do texto.
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, o país registrou 44 mil mortes violentas intencionais em 2024, queda de 5,4% em relação ao ano anterior. A taxa atual é de 20,8 mortes por 100 mil habitantes.
A comissão especial da PEC da Segurança, instaurada na última terça-feira (9), deve discutir a inclusão das novas medidas propostas pelo relator. Além das mudanças, o plano prevê ainda 16 audiências públicas, além de reuniões com governadores e prefeitos. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), adiantou que a votação do projeto deve ser concluída até o fim do ano.
A Câmara dos Deputados aprovou mudanças no projeto da reforma do ensino médio. Os deputados rejeitaram a inclusão do espanhol como disciplina obrigatória, aprovada anteriormente pelo Senado Federal. A carga horária básica passa para 2.400 horas, mas pode ser reduzida caso o aluno curse o ensino técnico. O texto aprovado é um substitutivo e teve como relator o deputado Mendonça Filho (União-PE).
O projeto de lei (PL 5.230/2023) foi uma alternativa apresentada pelo governo para substituir o modelo de ensino médio instituído durante a gestão de Michel Temer. A votação na Câmara foi simbólica, por decisão do presidente Arthur Lira (PP-AL). As legendas que se posicionaram contrárias ao novo parecer foram PSOL, PCdoB e PDT.
O substitutivo manteve a ampliação da carga horária mínima total, prevista no texto original, destinada à formação geral básica (FGB) das atuais 1.800 para 2.400 horas – que leva em conta a soma dos três anos do ensino médio para alunos que não optarem pelo ensino técnico.
As 2.400 horas de formação básica foram mantidas. Já os chamados itinerários formativos terão carga horária de 600 horas – que incluem disciplinas, projetos, oficinas e núcleos de estudo que os estudantes podem escolher nos três últimos anos de escola.
Na avaliação da coordenadora do Ensino Médio do Colégio Humboldt, de São Paulo capital, Talita Marcilia, a redução da carga horária dos itinerários formativos, que atualmente são de 1.200 horas, significa um retrocesso em comparação à lei de 2017.
“A proposta de alteração do que a reforma do ensino médio previa é um retrocesso, isso não tem como negar, porque é compreensível a crítica de que a atribuição era difícil, que não tinha professores, sobretudo para os itinerários formativos, mas sempre foi consenso que havia necessidade de mexer no ensino médio, ele não vai ao encontro de propostas curriculares de outros países”, afirma.
Pelo texto da Câmara, no mínimo dois itinerários formativos de áreas diferentes devem ser ofertados. Tendo em vista que os itinerários levam em conta o contexto local e as possibilidades dos sistemas de ensino, o estudante poderá optar por uma complementação com itinerários focados em duas áreas diferentes, são elas: matemática e ciências da natureza, por exemplo; ou linguagens e ciências humanas.
A Câmara manteve uma das mudanças aprovadas no Senado, que determina que os estados deverão manter, na sede de cada um de seus municípios, pelo menos uma escola da rede pública com oferta de ensino médio regular no turno noturno.
A relatora no Senado, Professora Dorinha (União Brasil-GO), votou pela gradual ampliação da carga horária para os alunos que optarem por seguir o ensino técnico, mas o relator na Câmara, Mendonça Filho, retomou a proposta original – sendo 2.100 horas destinadas à formação básica e 900 para o itinerário formativo para os estudantes que optarem pelo ensino técnico – totalizando 3.000 horas. Nesse caso, há possibilidade de estender para 1.200 horas optativas, dependendo do curso.
A deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) se posicionou contrária ao relatório de Mendonça. Ela criticou o dispositivo que autoriza o trabalho remunerado ser contado como tempo de cumprimento de horas curriculares, o qual havia sido retirado no Senado. Ela também foi contra à derrubada da medida que tornava o ensino de espanhol obrigatório.
“É dar um salvo-conduto e um elogio ao trabalho de adolescentes. Contar como formação curricular, educacional é absolutamente inadmissível, está nesse texto e precisa ser derrubado o que foi proposto pelo relator. Além disso, a vitória que significou voltar o ensino obrigatório do espanhol, que tinha sido colocado no Senado, também retrocede aqui na Câmara”, disse.
Para o deputado Jorge Solla (PT-BA), o Brasil precisa incorporar maior capacidade de interlocução com países da América Latina. Ele defendeu o ensino de espanhol obrigatório.
“O Brasil participa do MERCOSUL, o Brasil a cada dia amplia as relações com os países de língua espanhola na América do Sul. O Brasil precisa incorporar maior capacidade de interlocução com esses países. Se o objetivo é fazer com que, no segundo grau, se tenha oportunidade de formação profissional, o acesso a essas duas línguas é imprescindível para qualquer qualificação que seja objeto da formação profissional”, afirmou.
Já o relator, deputado Mendonça Filho, disse que o espanhol pode ser obrigatório, desde que a rede estadual adote a medida.
“Não dá para impor essa regra ao Brasil como um todo. Na realidade de Santa Catarina temos uma comunidade presente muito forte de descendentes de alemães, descendentes de italianos. No Rio Grande do Sul é a mesma coisa. A presença cultural francesa no Brasil é significativa, é também muito relevante. Então, não há como impor essa realidade do Norte ao Sul do País”, avaliou.
Segundo o substitutivo, até o fim de 2024, deve ocorrer a formulação das novas diretrizes nacionais para o aprofundamento das áreas de conhecimento e a aplicação de todas as regras pelas escolas a partir de 2025.
Pelo texto, os estudantes que estiverem cursando o ensino médio na data de publicação da futura lei terão uma transição para as novas regras.
A proposta segue agora para sanção presidencial.
A indústria deve abrir 540 mil novas vagas de emprego até 2025. A estimativa, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), prevê salários entre R$ 1,8 mil e R$ 6,6 mil. Segundo a projeção, construção civil, logística e transporte e geração de energia são os setores responsáveis pelos novos postos de trabalho. O gerente-executivo do Núcleo de Inteligência e Análise de Dados da CNI, Marcio Guerra, destaca a importância dos quatro setores.
“São setores dinâmicos, que tiveram uma rápida recuperação pós-Covid, respondem por um grande volume de vagas, são vetores da descarbonização da economia e altamente impactados pela digitalização dos processos produtivos”, afirma.
Responsável pela maior fatia, a construção civil responde por 265 mil novas vagas. O vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), João Accioly, entende que a economia brasileira conseguiu atingir um certo grau de estabilidade. Para ele, a esperada redução na Selic — taxa básica de juros, atualmente em 13,75% — vai gerar um reaquecimento no mercado, especialmente na indústria.
“O mercado imobiliário, a gente está com a expectativa de que deve melhorar a partir de agora no segundo semestre. E ele melhorando, naturalmente aquecendo, vai ter mais demanda por mão de obra, por mão de obra de todo tipo. Mas uma questão que foi muito bem colocada pela CNI: a gente vai exigir cada vez mais mão de obra um pouco mais qualificada no nosso segmento. De uma forma geral, buscamos qualificar mais o nosso pessoal, nossa mão de obra”, afirma.
De acordo com a estimativa da CNI, quem busca emprego e também os trabalhadores que já atuam na área vão precisar buscar qualificação. A estimativa mostra que mais de 1,5 milhão de profissionais dos quatro segmentos vão precisar se atualizar. Na construção civil, 585 mil pessoas já inseridas no mercado de trabalho terão necessidade de formação complementar entre 2023 e 2025.
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Accioly afirma que o Sinduscon tem investido em centros de treinamento específicos para essa qualificação, em parceria com associações e entidades, como o SENAI. Ele explica que a ideia é dar maior especificidade para a complementação profissional, de modo que as empresas possam indicar quais áreas precisam de qualificação. Como é o caso da demanda por pintores.
"A gente pensa em fazer parcerias com o próprio Senai e outras instituições de ensino, para as empresas atuarem mais diretamente, especificando o que exatamente estamos precisando, que tipo de conhecimento que a gente sente falta ou de domínio de informações e de qualificação que estamos demandando do nosso funcionário para ganhar em produtividade, para que eles ganhem também um salário melhor e todo o mercado ganha com isso”, pontua.
O deputado federal Mendonça Filho (União-PE) é membro da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo. Ele destaca a importância da recuperação da economia com a geração de empregos no setor industrial. O deputado defende avanços na educação para maior qualificação profissional.
"E evidentemente que isso também reforça a necessidade de nós avançarmos na pauta educacional, vinculada à educação técnica profissionalizante e a reforma do ensino médio, que eu tive a oportunidade de liderar a sua implementação como ministro da Educação, nos leva justamente a esse caminho, que é uma educação que qualifique cada vez mais o jovem para o mundo do trabalho, que em termos concretos significa melhor renda e maior empregabilidade", afirma.