Fertilizantes

25/05/2023 06:00h

Obras do projeto devem começar em 2024; a previsão de início da operação da fábrica da Atlas Agro é 2027

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O triângulo mineiro vai receber mais uma fábrica de fertilizantes a partir de hidrogênio verde, um dos principais componentes do insumo. A Atlas Agro Brasil, empresa especializada em fertilizantes nitrogenados, assinou o protocolo de intenção para instalação da fábrica no Distrito Industrial III de Uberaba (MG). Ao todo, o investimento deve chegar a R$ 5 bilhões, com previsão de geração de empregos diretos na região.

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação de Uberaba, Rui Ramos, destaca que o município está em pleno desenvolvimento e possui uma posição estratégica que beneficia empresas.

“Uberaba no ano passado e nesse início de ano tem sido um dos municípios que mais tem gerado emprego no Brasil, pelos dados do Caged. Nós temos aqui um polo de fertilizantes, que é o nosso Distrito III, que é um dos maiores da América do Sul. Nesse local nós temos uma posição logística fantástica, nós estamos equidistantes em torno de 500 quilômetros dos principais centros de consumo do Brasil, das principais capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia e Brasília”, afirma.

A Câmara dos Vereadores de Uberaba (MG) já aprovou a concessão de um terreno do poder público com aproximadamente 1 milhão m² para o projeto. De acordo com informações da Câmara, o terreno cedido é o mesmo onde seria instalada uma planta de amônia, que acabou não saindo do papel. De acordo com o secretário, as obras estão dentro do previsto pelo cronograma.

“Nós estamos acabando a celebração dos contratos de incentivo tanto do município como do estado e formalizando esses contratos, nos próximos 30 dias a empresa dará início aos projetos de engenharia. É um complexo industrial nos moldes da refinaria que envolve toda uma tecnologia nova. Os projetos em geral são feitos no exterior, então tem um período grande de detalhamento de projeto, licenças ambientais, licença de instalação. A previsão é iniciar a obra no segundo semestre de 2024 e início de operação em 2027”, explica.

Segundo Ramos, durante a construção da unidade devem ser gerados 2.000 empregos diretos e depois da operação, entre 500 e 600 diretos e indiretos.

Futuro hidrogênio verde

Um estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre as perspectivas de aplicação do hidrogênio na indústria brasileira identificou que os setores de refino e fertilizantes (consumidores de hidrogênio cinza, que é produzido a partir de gás natural) têm potencial de uso imediato das opções sustentáveis como estratégia de descarbonização.

Dados do levantamento apontam que o setor de refino tende a ser o principal cliente, com cerca de 74% do hidrogênio consumido na indústria brasileira. Já os setores de fertilizantes e amônia vêm logo em seguida. O estudo ainda indica que o Brasil tem potencial para a produção de amônia a partir de hidrogênio verde próxima ao agronegócio, que hoje consome 87 mil toneladas por ano de hidrogênio.

No Congresso Nacional, tramita o projeto de lei 1878/2022, que trata de incentivos ao hidrogênio verde e está em discussão na Comissão Especial para Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde, onde aguarda relatoria. O deputado federal Zé Vitor (PL-MG) destaca o potencial do estado de promover o aumento da produção de insumos a partir de fontes renováveis e, assim, gerar mais empregos e renda para a população.

“Minas tem sido palco de grandes investimentos por vários fatores: pelo bom alinhamento com o governo do estado, pela disponibilidade de mão de obra qualificada por uma boa rede de prestadores de serviço e de fornecedores de produtos e mostra o quanto nós estamos dispostos a trabalhar pela captação de mais investimentos, que certamente significa mais emprego e renda e a transformação da vida de muitas famílias”, ressalta.

FERTILIZANTES: Setor prevê investir R$ 21 bilhões em projetos no Brasil 

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Potencial de exportação do hidrogênio verde abre oportunidades para profissionais

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14/05/2023 01:55h

Investimento será em projetos que visam aumentar a oferta nacional de insumos para a agricultura

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Nos próximos quatro anos, a indústria de fertilizantes deve realizar investimentos da ordem de R$ 21 bilhões no país, em projetos que visam aumentar a oferta nacional de insumos para a agricultura. É o que informa Bernardo Silva, diretor-executivo do Sindicato Nacional das Indústria de Matérias-primas para Fertilizantes (Sinprifert).

Segundo ele, com a implantação de novas fábricas, expansão de investimentos para outras regiões do país, aumento da capacidade produtiva total e reativação de plantas, o setor pretende alavancar a produção nacional de matérias-primas, contribuindo para reduzir a atual dependência externa.

“Diante dos acontecimentos do cenário econômico internacional, onde a guerra entre Rússia e Ucrânia evidenciou a fragilidade e imprevisibilidade do nosso abastecimento interno, o Brasil fez seu dever de casa e agora tem plenas condições para viabilizar uma produção nacional forte e estruturada. Por isso, com este cenário favorável, as empresas estão investindo e apostando na reindustrialização do setor”, explica o dirigente.

Ele acrescenta que desde 2015 a indústria nacional de fertilizantes vem fazendo um movimento de consolidação, mesmo diante de um cenário ainda de dificuldades. “À época, 70% dos fertilizantes usados no Brasil eram importados. Esse número chegou 90% em 2021 e ano passado acendeu o alerta vermelho com a crise no leste europeu, uma vez que Rússia e Bielorrússia são um dos principais fornecedores de fertilizantes do Brasil, além de países como China, que vêm estabelecendo restrições aos abastecimentos externos”, enfatiza.

Ele explica que, em março de 2022, foi lançado o Plano Nacional de Fertilizantes, estratégia de Estado para minimizar a subordinação do agronegócio nacional ao fornecimento externo de insumos, com foco nos principais elos da cadeia: mineração, química, infraestrutura, agricultura, inovação e sustentabilidade ambiental. O objetivo é diminuir a dependência externa para 50% até 2050.

“O movimento agora é de expansão do parque industrial nacional e da viabilidade destes projetos em andamento. A continuidade deste cenário é bastante plausível, desde que a estabilidade institucional se mantenha e que o Brasil continue com uma visão de longo prazo, para que possamos ultrapassar rapidamente as barreiras que hoje impendem a competividade da indústria brasileira”, conclui Silva.

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02/05/2023 04:00h

A afirmação é do diretor-executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), Ricardo Tortorella, durante seminário sobre o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) ocorrido na última quinta-feira (27), na Câmara dos Deputados

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O Brasil é o único país que possui abundância de água e de minerais no solo para dobrar a sua capacidade de produção de fertilizantes (NPK) nos próximos 5 anos. É o que afirmou o diretor-executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), Ricardo Tortorella, durante o seminário sobre o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) ocorrido na última quinta-feira (27), na Câmara dos Deputados. 

“Se a gente puder olhar países que, ao mesmo tempo, contêm mais de 100 milhões de habitantes, mais de 2 milhões de km² e um PIB maior que U$ 1 trilhão, sobram cinco países no mundo. Nós somos um desses cinco países do mundo”, acrescentou o diretor. Tortorella também comentou que o PNF traz um equilíbrio fundamental para o setor. 

O evento também contou com a presença do diretor-executivo do Sindicato Nacional das Indústrias de Matérias-Primas para Fertilizantes (Sinprifert), Bernardo Silva. Segundo ele, é de extrema importância que o Brasil tenha um plano de governo voltado para a produção própria de fertilizantes. 

“O problema de fertilizantes não começou com a pandemia, não começou com a guerra da Ucrânia. A gente vê a produção nacional sendo estagnada ao longo dos últimos 30 anos, enquanto a importação subiu mais do que 600%, por causa de falta de planejamento, coordenação e políticas equivocadas que privilegiavam as importações, quando a gente tem no Brasil plena capacidade de produzir fertilizantes”, completa.

Silva afirma que, no ano passado, o Brasil produziu cerca de 7,5 milhões de toneladas de NPK e que, em condições adequadas, essa produção poderia ser quase dobrada, pois o país possui capacidade instalada de quase 13 milhões de toneladas de NPK. 

“Se a gente olhar a longo prazo o Plano Nacional de Fertilizantes, até 2050, o Brasil teria condições de produzir quase 25 milhões de toneladas de NPK, caso todas as ações que constam no plano sejam implementadas”, aponta. 

Um dos parlamentares presentes no debate foi o senador Laércio Oliveira (PP-SE), que destacou que o Brasil gasta aproximadamente U$ 15 bilhões com a importação de fertilizantes por ano. “Eu escuto hoje muita conversa sobre a política de incentivos, que o Brasil renuncia bilhões ou trilhões com incentivos. Eu acho que rever essa pauta é importante, sim, mas o Brasil precisa se conscientizar de que a Política Nacional de Fertilizantes, bem aplicada, é importante para desenvolver o país”, enfatiza.

Plano Nacional de Fertilizantes

O Plano Nacional de Fertilizantes tem como meta planejar o setor até 2050 e desenvolver o agronegócio nacional, com foco nos principais elos da cadeia: indústria tradicional, produtores rurais, cadeias emergentes, novas tecnologias, uso de insumos minerais, inovação e sustentabilidade ambiental.

O PNF começou a ser elaborado em 2021 e foi formalizado por decreto de 11 de março de 2022. O documento cria ainda o Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas, órgão consultivo e deliberativo que coordena e acompanha a implementação do Plano Nacional de Fertilizantes.

A implantação das ações do PNF poderá minimizar a dependência externa desses nutrientes importados principalmente da Rússia, China, Canadá, Marrocos e Belarus. Estados Unidos, Catar, Israel, Egito e Alemanha completam a lista dos dez maiores exportadores de fertilizantes para o Brasil em 2021, de acordo com dados do então Ministério da Economia.

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24/04/2023 04:00h

Projeto de Lei de Beto Rosado altera composição da mistura química usada na fabricação de fertilizantes

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De autoria do engenheiro agrônomo e ex-deputado federal Beto Rosado, o Projeto de Lei 3095/22 altera a composição da mistura química usada na fabricação de fertilizantes. Caso seja aprovado, a mistura terá adição do sódio para substituir, mesmo que parcialmente, o potássio, um mineral usado na fabricação de fertilizantes que é importado da Rússia.

O projeto está em análise na Câmara dos Deputados e altera o texto da Lei que trata da produção e comércio de fertilizantes. Segundo Rosado, a medida vai reduzir os custos para os produtores agrícolas, além de ser alternativa à dependência de insumos estrangeiros. Ele explicou que “a adição do sódio vai contribuir para a agricultura brasileira, uma vez que diversas pesquisas científicas sugerem a possibilidade de substituição parcial do potássio pelo sódio sem perda de produtividade ou danos às plantas”.

A proposta está sujeita à análise conclusiva das comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

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31/01/2023 13:30h

Especialistas apontam alta do dólar e aumento da demanda por produtos agrícolas como responsáveis por superávit, mas produção sofre com preço dos fertilizantes

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O presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou o envio de 31 tanques de guerra para uso dos militares ucranianos no conflito contra a Rússia. O comunicado foi feito na última quinta-feira (26) na Casa Branca, dois dias depois da data que marcou 11 meses do início do embate.

Na ocasião, Biden garantiu que a medida não se trata de uma ameaça contra o presidente russo, Vladimir Putin. “O anúncio de hoje agrega no árduo trabalho e compromisso dos países, liderados pelos Estados Unidos, para ajudar a Ucrânia a defender sua soberania e território. É disso que se trata: ajudar a Ucrânia a defender e proteger o território ucraniano”, afirmou o chefe de Estado.

Com a escalada das tensões, o cenário mundial fica mais incerto, o que inclui o Brasil. “Indiretamente, o Brasil acaba também sendo afetado, porque você reduz as relações comerciais entre Brasil e Europa, você provocou uma inflação maior no mundo, o próprio mercado americano trabalhou a política monetária subindo a taxa de juros, isso afetou o preço do dólar também”, comenta o professor e economista Cesar Bergo.

Acontece que o impacto no mercado brasileiro foi positivo. Segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE), a balança comercial do país fechou o ano de 2022 com um superávit – isto é, quando o valor das exportações supera o das importações – de US$ 61,8 bilhões. “A balança comercial brasileira foi beneficiada porque as commodities aumentaram de preço. O Brasil é altamente exportador não só de grãos, mas também de petróleo bruto, então afetou positivamente a economia nesse sentido”, avalia Bergo.

A análise do Ibre indica justamente que as restrições da oferta agrícola associadas à guerra na Ucrânia foram um fator preponderante para esse resultado, uma vez que elevaram os preços agrícolas. O assessor técnico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Lucas Martins, alerta que, se por um lado a demanda pelos produtos agrícolas subiu, por outro, também aumentaram os custos de produção. “Desde o início dos conflitos, em fevereiro de 2022, os fertilizantes dispararam. Os produtores rurais precisam desses insumos para garantirem a produção das lavouras e o alto custo fez com que os produtores precisassem se programar muito mais em relação ao momento de compra desses insumos e de venda da safras. A safra atual de grãos, a safra 2022-23, está sendo a safra mais cara da história. Os produtores nunca desembolsaram tanto para colocar as culturas no solo”, pondera o especialista.

Uma coisa que Bergo e Martins concordam é que a continuidade do conflito não é algo bom para nenhuma parte envolvida, seja direta ou indiretamente. Além disso, caso as tensões não diminuam, tanto o governo quanto o setor produtivo vão precisar usar a criatividade para suavizar o impacto no mercado brasileiro.

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11/11/2022 13:00h

Produção nacional hoje representa 30 mil empregos e investimentos na casa dos U$ 6,5 bilhões em ativos de produção nos últimos 7/8 anos

Aguerra Rússia X Ucrânia jogou luz há alguns meses sobre a questão da forte dependência do Brasil em relação à importação de fertilizantes e a necessidade de o país resgatar projetos de exploração de minerais para esse setor. Após um longo processo de consultas a empresas, entidades e representação setorial do segmento de fertilizantes, um importante passo foi dado pelo Governo Federal com o lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes, que traz propostas e metas a serem atingidas até 2050. O assunto foi tema de um dos painéis do Congresso Brasileiro de Mineração, realizado pelo Ibram em setembro passado, quando especialistas, autoridades e empresários do setor traçaram um panorama sobre o atual momento da indústria de fertilizantes.

Moderando as apresentações, Arthur Liacre, vice-presidente de Assuntos Corporativos, Estratégia e Sustentabilidade da Mosaic Fertilizantes, ressaltou o fato de que o Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo (atrás da China, Índia e Estados Unidos) e que sua dependência externa é de 90% - “fato preocupante, uma vez que a demanda nacional cresceu de maneira muito intensa nos últimos 25 anos, acompanhada de uma dependência externa que chegou a níveisinsustentáveis”. Ele ressalta que o crescimento médio do consumo de fertilizantes no Brasil ficou em 4%, enquanto que no resto do mundo essa média foi de 2% e a produção nacional, que 25 anos atrás era de 65% da demanda, hoje não passa de 10%.

Olhando para o outro lado da equação, os 10% de produção nacional vem de empresas brasileiras, que hoje representam 30 mil empregos e investimentos na casa dos U$ 6,5 bilhões em ativos de produção nos últimos 7/8 anos. “São 20 operações distribuídas em 10 estados, o 4º maior segmento da indústria química e 5º maior segmento da indústria de mineração, ressaltando que o segmento conecta, da mina ao campo,setores absolutamente estratégicos da economia brasileira e que as empresas não deixaram de investir em modernização, para tornar as operações cada vez mais competitivas para atender parcialmente à demanda brasileira por fertilizantes NPK”, prossegue Liacre.

O terceiro ponto levantado por ele é que, a partir de 2050, o mundo comportará cerca de 10 bilhões de pessoas e a produção de alimentos terá que ser acelerada – “mais do que dobrar” – e poucos países no planeta têm condição de garantir a produção de alimentos, atendendo ao desafio sistêmico da segurança alimentar. O Brasil, obviamente, ocupa papel central, diz Liacre: “hoje é responsável pela produção de alimentos para entre 850 mil e 1 milhão de pessoas e em 2050 seu protagonismo será ainda maior. Esse elo da cadeia do agro, que é o setor de fertilizantes, com o atual nível de dependência externa de insumos, terá que achar soluções para a produção interna e consolidar a capacidade do Brasil de ajudar o mundo a produzir os alimentos de que necessita”.

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27/10/2022 17:03h

Guerra da Ucrânia teria sido principal motivo para o aumento

Segundo dados do estudo Quick Trade Facts, elaborado pela Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC), 2022 registrou avanço nas relações comerciais entre Brasil e Canadá, principalmente pela concretização de novos negócios e por um forte salto na compra de fertilizantes pelo Brasil, que sozinhos representaram 76% do total das importações, impulsionada especialmente por conta do conflito entre Rússia e Ucrânia. 

Nos nove primeiros meses do ano, a corrente de comércio – que representa a soma das importações e exportações - totalizou US$ (FOB) 8,223 bilhões (novo recorde histórico), já superando os US$ (FOB) 7,497 bilhões alcançados no acumulado dos 12 meses de 2021. Isto corresponde a um incremento de 62,5% registrados em igual período do ano passado. O saldo comercial nos nove meses ficou negativo para o Brasil em US$ (FOB) 333,7 milhões, impactado pelo avanço das importações.

Considerando o período janeiro-setembro de 2022, o Canadá se manteve na 13ª posição como o maior destino das exportações brasileiras. Já no ranking das importações, o país norte-americano avançou da 10ª posição para o 8º lugar. “Em toda a história comercial entre Brasil e Canadá, nunca se viu uma relação tão profunda como a atual. O Canadá, que já representa o maior destino internacional dos estudantes brasileiros, está agora na mira das empresas que não apenas querem se internacionalizar, como também expandir os negócios e criar bases de operações na América do Norte”, avalia Paulo de Castro Reis, diretor de Relações Institucionais da CCBC.

Segundo Reis, o ano foi marcado por grandes eventos e missões comerciais de diversos setores estratégicos, o que contribuiu para que investidores brasileiros conhecessem o ecossistema de inovação canadense, além de conseguir compartilhar conhecimentos e ideias para firmar novas parcerias e acordos comerciais. As compras de produtos canadenses totalizaram US$ (FOB) 4,278 bilhões nos três primeiros trimestres deste ano, disparando 164% frente a janeiro-setembro de 2021, quando somaram US$ (FOB) 1,620 bilhão. Dentre os produtos mais adquiridos pelo Brasil estão, em especial, adubos ou fertilizantes químicos, cuja alta significativa foi 317%, totalizando US$ (FOB) 3,2 bilhões e representando 76% do total de importações, impulsionada principalmente pelos conflitos envolvendo a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, incluindo suas partes, representaram 6,3% do total importado, contabilizando US$ (FOB) 271 milhões, enquanto a compra pelo Brasil de aeronaves e outros equipamentos atingiram US$ (FOB) 152 milhões ou 3,5% da soma geral de importações.

Os embarques ao Canadá totalizaram US$ (FOB) 3,944 bilhões até setembro, um aumento de 15% em comparação a igual período do ano anterior, quando foram registradas vendas externas de US$ (FOB) 3,438 bilhões. Os principais destaques nas exportações brasileiras ao Canadá e com maior peso na balança comercial no período foram: ouro (31% do total exportado); alumina (óxido de alumínio, exceto corindo artificial), representando 29% do total; e açúcares e melaços (8,9%).

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11/08/2022 09:00h

A Metamat (Companhia Matogrossense de Mineração), está realizando um levantamento sobre o potencial de remineralizadores de solos e rochas fosfatadas no estado

Apesar de ser um dos principais consumidores de fertilizantes, por ser um grande produtor de grãos, o estado de Mato Grosso ainda não conta com fontes de suprimento locais e tem que importar a maior parte do que consome de outros estados. Este é o caso, por exemplo, dos remineralizadores, cujo uso está sendo bastante disseminado no estado. 

Com o objetivo de mudar esse quadro, a Metamat (Companhia Matogrossense de Mineração), está realizando um levantamento sobre o potencial de remineralizadores de solos e rochas fosfatadas no estado, ao mesmo tempo em que está construindo uma estufa para testes agronômicos de rochas, em parceria com a FAGEO - Faculdade de Geociências da UFMT, além de iniciar um trabalho com agricultura de precisão com uso de métodos geofísicos. Esse programa será desenvolvido em convênio com a FAGEO em Primavera do Leste, na safra de 2022/23. 

De acordo com o geólogo Luan Nonato Figueiredo, da Sílex Agrogeologia, que fez uma apresentação sobre uso de remineralizadores no 3º. Seminário de Mineração do Norte de Mato Grosso, existem jazidas conhecidas no estado, mas que ainda não estão produzindo. É o caso, por exemplo, do basalto toleítico da Formação Tapirapuã, em Tangará da Serra e Diamantino, o basalto alcalino da Formação Paredão Grande, em General Carneiro, Dom Aquino, Rondonópolis e Poxoréu, e das rochas alcalinas do Complexo Alcalino de Planalto da Serra. Porém, existem minas em vias de iniciar a produção, como é o caso de uma unidade da Pedramat, que vai explorar uma mina de basalto toleítico em Tangará da Serra, com 11% de CaO, 6,62% de MgO e 0,42% de K2O e outra de diorito da Agro Maripá, em Juara, com 4,5% de K2O. 

O geólogo afirma que, embora não haja informações precisas sobre o volume de remineralizadores em Mato Grosso, estima-se que seja expressivo, já que há propriedades agrícolas com mais de 10 mil hectares utilizando remineralizadores em área total. “Os principais tipos de remineralizadores em uso são os potássicos, produzidos em outros estados, como siltito glauconítico, fonolito e kamafugito de Minas Gerais; nefelina sienito e micaxisto de Goiás; e muscovita biotita xisto do Tocantins. Esses remineralizadores estão substituindo o KCl, a principal fonte de potássio, de elevado preço e afetado pelo conflito da Rússia e Ucrânia. Destaca-se que mais de 95% do KCl utilizado na agricultura brasileira é importado do Canadá, Rússia e Belarus”, diz Luan Figueiredo. 

Com relação às fontes de fósforo, ele diz que o consumo de fosfato natural tem aumentado. “Os principais produtos são o fosfato natural de Bonito – MS, Pratápolis -MG, Taipas – TO e o termofostato de Bonito – PA”.

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08/08/2022 03:00h

Iniciativa do Senai Cimatec desenvolve Mapa do Hidrogênio Verde no estado. Estudo visa a produção de um combustível com alto potencial energético e que ajuda a descarbonizar a indústria

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O estado da Bahia pode ser um dos principais polos mundiais de produção do Hidrogênio Verde, apontado como o combustível do futuro. E a movimentação para isso já começou. A pedido do governo estadual, o Senai Cimatec está desenvolvendo o Mapa do Hidrogênio Verde (H2V), um estudo para identificar as áreas prioritárias com vocação para a produção do componente que é feito sem a queima de carbono, ou seja, sem a produção dos gases de efeito estufa. 

O potencial baiano no setor foi identificado por outros dois trabalhos publicados pelo Senai Cimatec: o Mapa Eólico, de 2013, e o Mapa Solar, de 2018, ambos apontando os potenciais energéticos provenientes do vento e do sol, abundantes na Bahia. 

São necessárias fontes de energias renováveis para realizar a produção do hidrogênio verde. A eletrólise, que é processo químico que quebra as moléculas da água em hidrogênio e oxigênio pela eletricidade, utiliza energia solar ou eólica. Assim, não há queima ou liberação de CO² na atmosfera. O resultado final é um gás que está pronto para ser distribuído para as indústrias, mas que também atende diversos outros setores, como o de mobilidade. 

Ricardo Alban, presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), explica que os ventos fortes da Bahia durante a noite e a irradiação solar durante o dia são a combinação perfeita para a produção de hidrogênio verde no estado. Ele ressalta que toda essa nova tecnologia não só vai ajudar a descarbonizar a indústria baiana como também colocar o Brasil entre os protagonistas desse combustível. 

“O Brasil poderá se tornar um player importantíssimo nesse mercado, com geração de divisas e emprego estupenda, e precisamos ter muito cuidado com a regulação disso para que a gente não fique criando dificuldades em vez de propiciar condições viáveis e seguras de que esse investimento venha para o Brasil, que isso gere nova renda, para que possamos não só descarbonizar nossa indústria como sermos um player internacional nisso”, destaca o presidente da FIEB. 

Ricardo explica que o processo de descarbonizar a indústria tem todo um viés ambiental, mas também econômico. Isso porque a demanda mundial por produtos que tenham origem “verde”, como um aço que usou em seu processo o hidrogênio obtido da eletrólise, está aumentando cada vez mais e a indústria brasileira deve se movimentar antes que essa necessidade apareça. 

“Em algum momento o mercado vai estar cobrando isso. Nós vamos correr atrás depois de o mercado já estar cobrando, ou vamos também pari passu fazer esse mesmo movimento aqui no Brasil? Isso, na minha visão, é pensar no amanhã, é ter política industrial. E é disso que o Brasil está precisando”, destaca Ricardo. 

Estudante de 17 anos ganha bolsa em uma das principais escolas técnicas da Europa

O objetivo principal do projeto consiste na elaboração de estudos, modelos e projeções que subsidiem o planejamento, incentivo e criação de políticas públicas relacionadas à economia H2V na Bahia. José Luis Almeida, coordenador do Mapa do Hidrogênio Verde, explica que o modelo vai cruzar dados, considerando a presença de fontes de águas residuais, do subsolo e salinas, além das fontes de transmissão elétrica e as fontes de energia limpa, como a fotovoltaica, solar e hidroelétrica. 

Ele também destaca que o mapa vai conter a parte de regulamentação do hidrogênio verde dos cinco países mais avançados, bem como a forma de financiamento e de fomento, nesses países, do novo combustível. Para isso, integrantes do projeto estão visitando os países protagonistas nessa pesquisa: Alemanha, Portugal, China, França e Espanha. “Eu acredito e todos nós acreditamos, inclusive a Europa, toda ela acredita e está pesquisando também, que o hidrogênio será o combustível do futuro”, aponta José Luis. 

“Nós não podemos substituir hoje todos os hidrocarbonetos que geram gases do efeito estufa, NOX, CO² rapidamente. Então, existe um processo de descarbonização, existe uma transição energética. A importância do Cimatec é produzir tecnologia para que cada vez mais os setores da indústria química, a indústria de uma maneira geral seja pouco a pouco descarbonizada, sustentavelmente. E como isso acontece? Substituindo o hidrogênio cinza, de reforma a vapor, gradativamente em todos os setores da indústria.” 

Atualmente a indústria já utiliza hidrogênio em vários processos e a queima dele não produz nada agressivo ao meio ambiente, apenas vapor de água. O problema é que a maioria é chamada de “cinza”, já que ele é obtido da queima de hidrocarbonetos, como o gás natural, por exemplo. O hidrogênio verde, como é retirado da água por meio de eletrólise, cujos aparelhos são alimentados por energia solar, eólica ou hidráulica, permanece verde do início ao fim do processo. 

Mais empregos 

Vânia Almeida, superintendente de Inovação e Desenvolvimento Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente da Bahia, explica que o objetivo com a produção do hidrogênio verde vai muito além da questão econômica. Além de colocar o estado na vanguarda dos investimentos que permitirão substituir combustíveis fósseis por energias renováveis, há um foco especial nas questões ambientais e sociais. 

“Quando você traz uma inovação, você traz desenvolvimento e isso reflete na questão social. Esse potencial que a Bahia tem, eólica e solar, fez com que colocássemos o hidrogênio verde como pauta para avançar nessa questão das energias renováveis”, relata. 

Segundo Vânia, além da questão ambiental, muito importante para o estado, há ainda a oportunidade de geração de empregos, já que toda a cadeia de produção do hidrogênio verde, que inclui também transporte e armazenamento, vai demandar mão de obra especializada e gerar postos indiretos. 

“Quando uma empresa for instalar uma planta, por exemplo, envolve construção civil, ou seja, essa cadeia vai precisar de uma série de profissionais no estado que não têm necessariamente ligação com o hidrogênio”, destaca a superintendente. 

Fertilizantes 

A produção de hidrogênio verde ainda pode resolver outro grande problema nacional: a dependência de importação de fertilizantes. Apesar de ser um dos maiores produtores de alimento do planeta, o Brasil importa mais de 80% dos fertilizantes utilizados na agricultura. Algo que, segundo o coordenador do Mapa, pode mudar em breve. 

“Os nossos projetos que temos hoje abrangem, por exemplo, os fertilizantes. Nós podemos, gradativamente, se esses projetos forem adiante – e irão adiante –, vão aumentar a produção de fertilizantes verdes no Brasil de maneira a suprir toda a nossa necessidade em fertilizantes e, talvez, até para exportar. Porque nós temos um potencial solar, eólico e hidráulico enorme no estado da Bahia”, observa José Luis. 

A amônia é um dos principais componentes dos fertilizantes e para produzi-la é necessário hidrogênio. Segundo o presidente da FIEB, o mundo demanda cada vez mais por produtos da economia verde, até mesmo de uma agricultura que use adubos produzidos sem a proliferação de gases do efeito estufa. E isso só é possível com o hidrogênio verde. 

“A demanda por uma agricultura realmente verde também está aumentando, com fertilizantes não gerados do gás, que vem de hidrocarbonetos, mas que sejam gerados do hidrogênio que é usado para fazer amônia, que seja gerado de energia verde, o que gera a amônia verde. E isso vai diminuir a demanda de fertilizantes do Brasil”, acredita.

Ricardo Alban aponta também mais um subproduto que será utilizado da eletrólise da água. “A produção do hidrogênio verde ainda rende na produção de oxigênio, que é usado não só como insumo industrial, como na área de saúde. Com isso, você automaticamente vai gerar um barateamento muito grande do uso de oxigênio para fins medicinais.”

O Mapa do Hidrogênio Verde deve ser finalizado pelo Senai Cimatec em novembro e faz parte das ações do Plano Estadual para Economia de Hidrogênio Verde na Bahia, lançado pelo governo em abril deste ano. A equipe envolvida no projeto conta com 19 profissionais especializados em Modelagem Matemática, Estudos Logísticos, Estudos Econômicos, Meio Ambiente e Eficiência Energética.
 

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01/07/2022 15:55h

Deputado Domingos Sávio é autor de Proposta de Fiscalização e Controle que busca inibir o aumento abusivo de fertilizantes e insumos agrícolas. Em entrevista ao Brasil61.com, o deputado também comenta sobre o Auxílio Brasil, qualificação profissional e medidas para reduzir o Custo Brasil

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Em entrevista ao portal Brasil61.com, o deputado federal Domingos Sávio (PL-MG) afirma que o governo precisa impedir preços abusivos de fertilizantes, em meio à crise provocada pela guerra entre Ucrânia e Rússia. Este país é um dos principais exportadores do insumo para o Brasil. O parlamentar é autor da Proposta de Fiscalização e Controle (PFC 19/2022) aprovada recentemente na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados.

O texto propõe que a comissão fiscalize e controle o significativo aumento dos preços dos fertilizantes e dos insumos agrícolas, com fortes indícios de prática de cartel. Segundo a proposta, a comissão terá auxílio do Tribunal de Contas da União, da Polícia Federal e do Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência.

Durante a entrevista, o parlamentar também falou sobre a importância do programa Auxílio Brasil, tanto para o orçamento das famílias brasileiras quanto para o crescimento da economia do país. E destacou a necessidade de investir em qualificação profissional para melhorar a qualidade da mão de obra brasileira e aumentar a competitividade das empresas nacionais.

Ainda em relação à competitividade da economia, o deputado citou algumas medidas legislativas do Congresso Nacional para reduzir o Custo Brasil, ou seja, o conjunto de dificuldades estruturais e burocráticas que atrapalham o desenvolvimento econômico do país.

Confira a entrevista:

Brasil61: Começamos nosso bate-papo falando sobre fertilizantes, que hoje é uma preocupação nacional. Qual o impacto da crise desses insumos na opinião do senhor?

Deputado Domingos Sávio: “Eu acho que tem que analisar sob vários aspectos. Primeiro, é indiscutível a importância do fertilizante na produção de alimentos. Dos fertilizantes e dos defensivos. Só não reconhece isso quem é absolutamente ignorante do ponto de vista do conhecimento da matéria. Eu sou um profissional da área agrícola, eu sou médico veterinário e sou produtor rural. Eu sei muito bem que desde um pé de alface a uma lavoura de soja, você precisa de fertilizante. O pé de alface, em uma lavourinha doméstica, em uma horta caseira, você faz com adubação orgânica. Agora, vai plantar dez mil hectares de soja, vai plantar centenas de milhares de hectares de soja, de milho, de arroz e de feijão - que é o necessário para alimentar todo o Brasil e para exportar para alimentar um bilhão de pessoas - você vai fazer adubação disso com matéria orgânica? Vamos tratar isso com seriedade. Fertilizante é desenvolvimento científico, é saudável e produz alimento de qualidade.” 

Brasil61: O senhor concorda que é preciso investimento no setor de fertilizantes para driblar a atual crise decorrente da guerra entre Rússia e Ucrânia?

Deputado Domingos Sávio: “Nós temos que investir na ciência, na Embrapa, na tecnologia e temos que ter um mínimo de regulação no mercado. Não quero voltar ao tabelamento, a um poder público intervencionista. Mas o poder público não pode permitir os abusos, que nós estamos vendo, de pessoas que querem aproveitar a tragédia da guerra para poder ganhar fortunas, para explorar o mercado. E eu tenho suspeitas concretas de formação de cartel por parte das empresas que importam e que distribuem em grande escala fertilizante. Especialmente os fosforados, os fertilizantes que têm o fósforo, que são essenciais em quase todas as lavouras, e são carentes na maioria dos solos no Brasil; o potássio, que é imprescindível também; e os derivados do nitrogênio, os nitrogenados: sulfato de amônia e ureia. Esses elementos, nós dependemos mais de 50%, 60% de importar. Alguns a dependência brasileira chega a 90%. Nós precisamos investir em duas coisas. De imediato, aprimorar a forma de usar [o fertilizante], para usar de maneira mais racional. Nós precisamos ampliar a capacidade de produção nacional. O Brasil é autossuficiente em petróleo. Exporta petróleo. É só investir em plantas petroquímicas e nós vamos ter derivados da amônia (nitrogenados) suficientes até para exportar. Então, o Brasil tem que investir nisso.”

Brasil61: O senhor falou sobre os preços abusivos dos fertilizantes em meio à guerra da Rússia e da Ucrânia. O governo deve fiscalizar e acabar com essa prática?

Deputado Domingos Sávio: “Nós temos que regular o abuso econômico, o crime contra a economia popular, que, na minha opinião, está ocorrendo onde algumas empresas chegam a quadruplicar o preço de um adubo comparado com o ano anterior. Então, isso é inaceitável, por isso eu fui o autor de uma proposta de fiscalização e controle, que foi aprovada, para que o Congresso Nacional, com o apoio da Polícia Federal, do Tribunal de Contas e dos demais ministérios, faça uma fiscalização rigorosa. Começando lá nos portos: verificar se tem produto sendo retido nos portos; verificar quanto está chegando dos demais países. Porque não parou a importação. Passa uma ideia para o produtor de que não está vindo fertilizante da Rússia. Está vindo, sim. Está vindo do Canadá, da Rússia, do Oriente Médio. E o Brasil chega a estar importando até mais do que importou no ano passado. Então, por que aumentar tanto o preço, sendo que alguns desses fertilizantes nem são derivados do petróleo? Tem coisas que precisam ser explicadas e eu estou trabalhando nisso, em defesa do produtor rural, mas também em defesa do consumidor. Porque se aumentar muito o custo de produção de uma saca de soja, de uma saca de arroz e de feijão, nós vamos aumentar o custo na prateleira do supermercado. E é o que já está acontecendo.”

Brasil61: E esses custos repercutem em aumento dos preços nas prateleiras, o que pesa no orçamento das famílias brasileiras. Recentemente o governo federal anunciou que pretende aumentar o valor do Auxílio Brasil, dos atuais R$ 400 para R$ 600. Qual é a importância desse aumento para a economia?

Deputado Domingos Sávio: “Na verdade, esse tipo de programa, de natureza social, são programas de distribuição de renda. A distribuição de renda tem um aspecto, que não pode ser esquecido, que é o aspecto humanitário de você não deixar que parte da população entre em um processo de miséria e de passar fome. Então, eu acho que é dever do governo cuidar. Mas ele tem também um componente de aquecer a economia, fazer com que esse dinheiro circule. Esse é o tipo de dinheiro que não fica parado no bolso do cidadão. [Com o aumento] ele não vai fazer poupança com o resto. Porque, na verdade, ele vai passar apertado para se alimentar, para vestir, para se locomover, para viver com o mínimo de dignidade. Então, esse é um investimento social e que, de alguma forma, impacta positivamente na economia. Eu acho que é uma decisão acertada, levando em conta que o aumento que se deu, quando saiu do Bolsa Família para Auxílio Brasil, teve como componente importante a situação da pandemia, que ampliou o número de pessoas desempregadas e em condições de vulnerabilidade. Depois, nós vivemos agora um momento em que a inflação está aí, ela é uma realidade ainda que seja, e eu tenho essa esperança, transitória. Uma inflação que tem uma influência direta dos efeitos da guerra, que hoje pode ser vista quase como uma uma guerra mundial, pelos impactos que ela traz na economia do mundo. E o petróleo é o que mais torna-se evidente, mas com impacto também nas outras fontes de energia. Isso gera uma perda do valor da moeda para aquilo que é básico, para alimento, para transporte. E o cidadão mais frágil, que depende do Auxílio Brasil, fica vulnerabilizado. Então, eu acho que é uma decisão acertada. É claro que alguns vão falar que ela é de natureza eleitoreira. Na verdade, é uma resposta rápida do governo a uma realidade que ninguém esperava. Nós estamos saindo de uma pandemia, inicia-se uma guerra com impacto no Brasil. Alguém vai querer que o governo fique de braços cruzados e que não reaja? Aí sim o governo mereceria crítica. Então, eu acho que o governo está tendo a responsabilidade de pensar nos mais pobres, e eu acredito que isso acabará ajudando a própria economia, porque esse dinheiro circula.”

Brasil61: O senhor citou a pandemia e o aumento do desemprego. O que poderia ser feito para reduzir o problema? Qual é a importância da qualificação profissional para aumentar as oportunidades?

Deputado Domingos Sávio: “Isso é fundamental. Isso também é um componente do Custo Brasil. Um país que não tem mão de obra qualificada, não consegue ser competitivo. E hoje a economia é toda globalizada. Não adianta pensar: o meu custo é mais alto, o consumidor brasileiro vai suportar um custo mais alto. Claro que não. Se o seu custo é mais alto e você deixar de ser competitivo, o produto vai ser importado, e não vai gerar emprego aqui dentro. Então ter mão de obra qualificada é fundamental para que a nossa economia seja competitiva. E é fundamental para que as pessoas tenham perspectiva de crescimento na vida. O Congresso Nacional já vem dando contribuições nesse sentido. Por exemplo, o novo ensino médio, que nós aprovamos e que já tem que estar sendo aplicado nos estados e nos municípios, ele estabelece a obrigatoriedade de uma qualificação profissional para os jovens que cursam o segundo grau. E isso tem que ser incentivado, tem que ser apoiado. Em Minas Gerais, o governador Zema implantou um programa interessante de qualificação de mão de obra, contratando inclusive o setor privado e dando bolsas e acesso a todos aqueles que quiserem fazer um curso profissionalizante nas mais diversas áreas. Então, eu acho que o Brasil precisa investir mais em cursos profissionalizantes. Porque nós precisamos parar com essa cultura de ficar passando a mão na cabeça, que é coitadinho. Nós temos que dar emprego. Agora, não se dá emprego para quem não sabe fazer nada. Tem que dar emprego para quem se profissionaliza, para quem se prepara. E, com isso, vai ganhar todo mundo. Ganha primeiro o cidadão, que ganha emprego e ganha dignidade. Mas ganha a economia brasileira, que se torna mais competitiva.”

Brasil61: Falando sobre a competitividade da economia, o que o Congresso Nacional tem feito para reduzir o Custo Brasil, ou seja, as dificuldades burocráticas que atrapalham o crescimento do país?

Deputado Domingos Sávio: “Nós vivemos em uma economia de mercado, em que a legislação dificulta a vida de quem quer produzir. Nós aprovamos aqui a legislação da livre iniciativa, em que nós estabelecemos mecanismos que simplificam a livre concorrência. Essa legislação já foi aprovada, foi sancionada pelo presidente e representa um ganho. Uma outra coisa, que nós aprovamos aqui no Congresso e depende do Senado aprovar, é o novo marco do licenciamento ambiental. E eu defendo, é claro, o meio ambiente. Uma coisa é defender o meio ambiente. Outra coisa é ter uma estrutura extremamente burocrática, que impede as pessoas de produzirem e de trabalharem. E isso aumenta o Custo Brasil. Outro aspecto importante é melhorar a segurança jurídica no Brasil. É ter legislações mais claras. Nesse aspecto, eu entendo que é preciso também que o Brasil resgate o equilíbrio entre os poderes. Hoje, nós temos um judiciário que tem um ativismo político muito grande. O judiciário, a toda hora, interfere na vida do país legislando e isso gera insegurança. E é claro que nós precisamos ter segurança jurídica para atrair investimentos. Agora, o mais importante: nós precisamos aprimorar o orçamento brasileiro em investimento em infraestrutura. A infraestrutura brasileira é muito cara para quem quer produzir, porque ela não existe. A estrutura de portos é estrangulada. As nossas BRs são uma tragédia. O Brasil parou no tempo com relação à estrutura ferroviária. Então, o Custo Brasil no transporte é muito elevado. E o último item que eu diria, além da burocracia, além da infraestrutura, é o custo tributário, que é absurdo no Brasil e precisa ser racionalizado.”

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