Tuberculose

24/06/2024 03:00h

A coordenadora-geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias não Tuberculosas do Ministro da Saúde, Fernanda Dockhorn, explica como as populações em situação de pobreza podem ser mais atingidas pela doença.

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A tuberculose matou 5,8 mil pessoas em 2022, no Brasil — apesar de ter prevenção, diagnóstico e tratamento disponíveis nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Pobreza, dificuldade de acesso a serviços de saúde, insegurança alimentar  e más condições de moradia são considerados determinantes sociais que influenciam  a perpetuação da doença no país. 

Nesta entrevista, a coordenadora-geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias não Tuberculosas do Ministro da Saúde, Fernanda Dockhorn, tira as principais dúvidas sobre a doença, , seu diagnóstico e tratamento. “É importante dizer que, com tratamento, a maioria das pessoas já não transmite a doença em 15 dias”, destaca. 

A gestora fala ainda sobre o Programa Brasil Saudável. Coordenada pelo Ministério da Saúde, a iniciativa reúne esforços deste e de outros 13 ministérios para eliminar como problema de saúde pública um grupo de doenças e infecções determinadas socialmente até 2030. 

Brasil 61: O que é a tuberculose? 
Fernanda Dockhorn:
“A tuberculose é uma doença infecciosa, de transmissão de ser humano para ser humano, aérea. Quando uma pessoa tem a tuberculose no pulmão ou na laringe, ela transmite essa doença pela tosse, fala ou espirro. Não é uma doença transmitida pelo beijo, talheres ou roupa. Você pode conviver muito bem com uma pessoa que tem tuberculose, mas ela tem que ser diagnosticada e tratada”. 

Brasil 61: Quais são os principais sintomas da doença? 
Fernanda Dockhorn:
“O principal sintoma é a tosse. Se a pessoa não tem outra comorbidade que cause imunodeficiência, uma tosse por três semanas ou mais pode ser tuberculose — a gente chama de tosse prolongada, que não é uma tosse de 24 horas apenas. Mas a pessoa pode ter associado febre — geralmente vespertina —, sudorese noturna e emagrecimento. Então, se [você] tem emagrecimento sem outra causa, se tem tosse [prolongada], busque um serviço [unidade de saúde do SUS] — pode ser tuberculose”.  

Brasil 61: Quem possui alguma comorbidade, tem mais chances de desenvolver tuberculose? 
Fernanda Dockhorn:
“A transmissão da tuberculose é muito do ambiente: eu tenho mais risco quando estou nos aglomerados urbanos, num grande centro, numa região metropolitana. O risco é maior. Se vivo com muita gente na minha casa, na minha região também. Para quem vive HIV, há mais chances de ficar doente depois de se infectar. Vale lembrar que a pessoa pode se infectar com tuberculose e nunca desenvolver a doença. Mas, se há algum fator de risco — como crianças, pessoas vivendo com HIV, idosos, pessoas com doenças reumatológicas e renais —, acaba reduzindo a imunidade e desenvolvendo a tuberculose”. 

Brasil 61: Como é o tratamento da tuberculose? 
Fernanda Dockhorn:
“Depois do diagnóstico, o tratamento é disponível no sistema público de saúde e feito com quatro antibióticos numa primeira fase, que dura dois meses. Esses quatro antibióticos estão disponíveis no mesmo comprimido — dose fixa combinada. Passou essa fase mais aguda, que a pessoa fica mais doente e se sente mal, ela passa para uma segunda fase. Nessa segunda fase, são dois remédios e completa o tratamento em seis meses”.  

Brasil 61: Em que momento do tratamento a pessoa deixa de transmitir a tuberculose? 
Fernanda Dockhorn:
“É importante dizer que, com tratamento, a maioria das pessoas já não transmite a doença em 15 dias. Então, não precisa ficar preocupado com a família, pois, com 15 dias de tratamento, já não ocorre transmissão da doença”.

Brasil 61: Qual é a porta de entrada do SUS para o tratamento da tuberculose?
Fernanda Dockhorn:
“No principal diagnóstico, a porta de entrada da tuberculose é a Atenção Primária à Saúde. Então mesmo em um município pequeno, a Atenção Primária à Saúde é sensível, tem que perceber quando tem suspeita ou não da doença, se a pessoa tem tosse prolongada ou se faz parte de uma dessas populações mais vulneráveis à tuberculose e apresenta maior risco. O importante é já solicitar o exame, pois mesmo se não tiver o teste rápido molecular para tuberculose, tem a baciloscopia para o diagnóstico. E o medicamento está disponível também nesta mesma (unidade da) Atenção Primária para começar o tratamento”. 

Brasil 61: Por que a tuberculose é uma doença considerada determinada socialmente? 
Fernanda Dockhorn:
“Porque é gerada por esse ambiente com muita carência, muita pobreza, e perpetua essa pobreza. Por que não deixa a pessoa ter renda suficiente para conseguir sobreviver. No Brasil, há pesquisas locais que mostraram que 48% das famílias têm ‘custo catastrófico’ pela tuberculose. Quer dizer que a família perde mais de 20% da sua renda devido àquela pessoa que está tratando com tuberculose”. 

Brasil 61: Que determinantes sociais favorecem o desenvolvimento da doença? 
Fernanda Dockhorn:
“A tuberculose está ligada muito ao ambiente onde a pessoa vive, às condições de vida da população. Então, as populações (que vivem) onde há muita pobreza, têm muitos aglomerados, dificuldade de ambiente, o ar não circula tão bem e a tuberculose está presente ali. As pessoas em situação de vulnerabilidade, muitas vezes, têm dificuldade de acesso a serviços, e (o) diagnóstico (acaba sendo) tardio. E tem uma coisa muito importante que é a segurança alimentar. A tuberculose está ligada à desnutrição. Se a pessoa tem problemas de alimentação, está com dificuldades na alimentação, ela acaba tendo maior risco de ter tuberculose depois de uma infecção”.

Brasil 61: Quais são os grupos populacionais aos quais a doença está ligada? 
Fernanda Dockhorn
: “Pessoas vivendo com HIV/aids, indígenas, imigrantes e também a população em situação de rua e privada de liberdade. As maiores cargas hoje, além das pessoas com HIV/aids, são as pessoas privadas de liberdade. É muito importante a estratégia do Brasil Saudável no sentido das ações interministeriais. A gente trabalha muito próximo do Ministério da Justiça para ter acesso a essas unidades prisionais e conseguir fazer um trabalho de saúde lá dentro”. 

Brasil 61: Como o trabalho conjunto com outros ministérios pode prevenir a doença? 
Fernanda Dockhorn
: “É muito importante essa estratégia de trabalho junto ao Ministério da Justiça, voltada ao diagnóstico precoce, ao tratamento. E a gente tem que fazer a prevenção. A tuberculose é uma doença prevenível. Se a gente sabe que aquela pessoa está infectada pelo bacilo da tuberculose e é um contato de alguém, a gente pode fazer o tratamento preventivo da TB – que é um tratamento encurtado, com 12 doses uma vez por semana — e você consegue prevenir”.

Brasil 61: A meta do Brasil Saudável é eliminar a doença como problema de saúde pública até 2030, isso é possível? 
Fernanda Dockhorn:
“O Brasil está no caminho. Temos o Brasil Saudável nessa tentativa de ampliar as ações interministeriais para dar uma proteção social para as pessoas, para dar atendimento adequado para quem é privado de liberdade, por exemplo”. 

Para saber mais sobre tuberculose e sobre o Programa Brasil Saudável, acesse: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/brasil-saudavel.

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24/06/2024 03:00h

Média de mortes pela doença em 2022 chegou a 5,1 por grupo de 100 mil habitantes, o dobro do índice nacional que é de 2,7/100 mil. Tosse persistente, febre e cansaço podem indicar uma infecção, que se tratada da maneira correta, tem cura

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O Amazonas é o estado com o maior coeficiente de mortalidade por tuberculose no país: em 2022, foram 5,1 mortes/100 mil habitantes, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. Quase o dobro da média nacional, que foi de 2,72 mortes/100 mil. O estudo indica que o estado teve 3.548 novos casos da doença em 2023 e 218 mortes pela doença em 2022. Além disso, em 2023 a incidência da tuberculose no estado foi segunda maior do país, — 81,6 casos/100 mil habitantes — atrás apenas de Roraima.

Os altos números são explicados pelas condições de vida da população, associadas a um cenário de pós-pandemia. “No período de pandemia as pessoas ficaram em casa e houve interrupção de diversas ações de controle da TB, quando houve a retomada dos serviços, aumentou a identificação desses casos de tuberculose, que acabaram — mais tardiamente — evoluindo para a morte”, explica Lara Bezerra, coordenadora do Programa Estadual de Controle da Tuberculose no Amazonas.

A gestora ainda acrescenta que “não podemos deixar de falar que a tuberculose também está associada a questões socioeconômicas, de desigualdade, onde a moradia muitas vezes é pequena, sem janela, o que contribui para novas infecções e adoecimento”.  
 

Tuberculose: contágio e vulnerabilidade  

A principal forma de contágio da doença é aérea — quando uma pessoa doente, sem tratamento,   tosse, espirra ou fala. O principal sintoma ainda é a tosse persistente, chamada tosse prolongada, que costuma durar três semanas ou mais. E as condições sociais ainda são fatores que perpetuam a existência da tuberculose no país, como explica a coordenadora-geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias não Tuberculosas do Ministro da Saúde, Fernanda Dockhorn. 

“A tuberculose está ligada muito ao ambiente onde a pessoa vive, às condições de vida da população. Então, as populações (que vivem) onde há muita pobreza, (onde) têm muitos aglomerados, o ar não circula tão bem e a tuberculose está presente ali. As pessoas em situação de vulnerabilidade, muitas vezes, têm dificuldade de acesso a serviços e (o) diagnóstico (acaba sendo) tardio”.

E foi na policlínica Cardoso Fontes — referência no atendimento a de pessoas com tuberculose em tratamentos especiais no estado —, em Manaus (AM), que a assistente social Marklise Siqueira, de 40 anos, recebeu o diagnóstico da infecção latente pelo bacilo causador da tuberculose. O exame, realizada em todos os funcionários, é importante para o seguimento dos profissionais de saúde, que possuem um risco maior de se expor ao bacilo, e adoecer. A infecção latente não causa  sintomas e não transmite o bacilo. Uma pessoa com infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis tem o bacilo “adormecido” no pulmão, mas não tem a doença (que ocorre quando a imunidade não consegue manter o bacilo nessa forma latente, e o bacilo fica ativo, se multiplica, e a doença se instala).

A assistente social  se surpreendeu ao receber o resultado positivo.  Para não desenvolver a tuberculose, ela teria que manter a imunidade alta. Mas em 2020, durante a pandemia de Covid-19, as coisas mudaram. “Comecei a emagrecer muito — eu perdi 5 quilos, em 6 dias — daí, fiz um exame de escarro e um raio-x e meu exame deu positivo”, conta a assistente social. A doença apareceu por conta da baixa na imunidade. O tratamento durou seis meses e ela ficou curada. 

Tuberculose: Atenção Primária, a porta de entrada para o tratamento

No Amazonas e em todo o país, a Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada para o tratamento da tuberculose, como explica Fernanda Dockhorn. “Mesmo em um município pequeno, a Atenção Primária à Saúde é sensível, tem que perceber quando tem suspeita ou não da doença. Todo medicamento é fornecido pelo SUS, de forma gratuita”. A adesão total ao tratamento — com duração de seis meses — é fundamental para que a pessoa fique curada. 


Tuberculose: atuação do Programa Brasil Saudável nos grupos mais vulneráveis 

Criado em fevereiro como um programa de governo, o Brasil Saudável é uma estratégia coordenada pelo Ministério da Saúde com a participação de outros 13 ministérios. Juntos, desenvolvem ações frente às populações e territórios prioritários – tanto para combater a  tuberculose quanto para outras 10 doenças e cinco infecções consideradas problemas de saúde pública. 

As diretrizes do programa estão voltadas para o enfrentamento à fome e à pobreza, a promoção da proteção social e dos direitos humanos, o fortalecimento da capacitação de agentes sociais, o estímulo à ciência, tecnologia e inovação e a expansão de iniciativas em infraestrutura, saneamento e meio ambiente. 

A meta do programa é reduzir a incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e fazer cair o número de mortes pela doença para menos de  230 por ano, até 2030. O que para a coordenadora Fernanda Dockhorn, é uma meta possível, mas depende de um esforço coletivo. “O Brasil está no caminho, a gente tem o Brasil Saudável nessa tentativa de ampliar as ações interministeriais para dar uma proteção social para as pessoas, para dar atendimento adequado para quem é privado de liberdade, por exemplo”.

Para saber mais sobre a tuberculose e sobre o programa Brasil Saudável, acesse: www.gov.br/saude.
 

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19/06/2024 00:10h

Enquanto no Brasil a incidência é de 37 casos por 100 mil habitantes, no estado fluminense o número chega a 70 casos/100 mil. Tosse persistente, febre e cansaço podem indicar uma infecção, que se tratada da maneira correta, tem cura.

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A tuberculose ainda é um problema de saúde pública no Rio de Janeiro. Boletim epidemiológico do Ministério da Saúde aponta que o estado registrou, em 2022, a segunda maior taxa de mortalidade pela doença: 4,7 mortes por grupo de 100 mil habitantes. Só ficou atrás do Amazonas, que registrou 5,1 mortes/100 mil. 

Além disso, o estado fluminense teve a terceira maior incidência da doença no Brasil, em 2023: foram 70,7 casos/100 mil habitantes, segundo o estudo do Ministério. Isso representa o dobro da média nacional, de 37 casos/100 mil hab. No mesmo ano, ainda de acordo com o levantamento, foram 12.080 novos casos da doença em 2023 e 806 mortes em 2022 pela doença no estado. 

A coordenadora-geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias não Tuberculosas do Ministro da Saúde, Fernanda Dockhorn, explica os fatores que favorecem a alta incidência da doença no estado, principalmente na capital fluminense.

“Manaus (AM) e o Rio de Janeiro (RJ) são grandes centros urbanos, com muitas comunidades que têm sua determinação social. Muitas pessoas vivenciado situações precárias de vida, com insegurança alimentar, e isso favorece a tuberculose e a perpetuação dela naquele ambiente”.

Tuberculose: contágio e vulnerabilidade  

A principal forma de contágio da doença é aérea — quando uma pessoa doente sem tratamento tosse, espirra ou fala. O principal sintoma ainda é a tosse persistente, chamada tosse prolongada, que costuma durar três semanas ou mais. E os determinantes sociais ainda são fatores que perpetuam a existência da tuberculose no país, como explica a coordenadora-geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias não Tuberculosas do Ministro da Saúde, Fernanda Dockhorn. 

“A tuberculose está ligada muito ao ambiente onde a pessoa vive, às condições de vida da população. Então, as populações (que vivem) onde há muita pobreza, (onde) têm muitos aglomerados, o ar não circula tão bem e a tuberculose está presente ali. As pessoas  em situação de vullnerabilidade, muitas vezes, têm dificuldade de acesso a serviços e (o) diagnóstico (acaba sendo) tardio”.

Tuberculose: Atenção Primária, a porta de entrada para o tratamento

A professora Nathália Raposo, 24 anos, teve a doença quando morava em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no ano de 2018. Os primeiros sintomas foram febre, seguida de suor excessivo na madrugada, e muita tosse. Mas só foi buscar um serviço de saúde quando começou a sentir dores para respirar. 

“Fui ao posto de saúde e lá relatei os sintomas. E me orientaram sobre como fazer o exame. Fiz, aguardei o resultado. Com o resultado em mãos, neste mesmo posto médico, tive a primeira consulta, já iniciei o tratamento e lá mesmo tive acesso ao medicamento”, relata. 

Foram seis meses de antibióticos e visitas mensais ao posto de saúde até que Nathalia ficasse curada. O pai, que acompanhava a professora nessas consultas, também foi diagnosticado com tuberculose. Juntos, se trataram e ficaram curados, e sem nenhuma sequela da doença. A avaliação dos contatos é uma atividade importante no cuidado das pessoas com tuberculose. É importante identificar se familiares, parceiros, e outros que convivem com a pessoa com tuberculose tem sintomas da doença e realizar exames para o diagnóstico e o tratamento, se a doença for confirmada. Também é possível realizar o tratamento preventivo da tuberculose para os contatos que foram infectados pelo bacilo, mas que não adoeceram. 

No Rio de Janeiro e em todo o país, a Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada para o tratamento da tuberculose, como explica Fernanda Dockhorn. “Mesmo em um município pequeno, a Atenção Primária à Saúde deve ser sensível, tem que perceber quando tem suspeita ou não da doença. Todo medicamento é fornecido pelo SUS, de forma gratuita”. A adesão total ao tratamento — com duração mínima de seis meses — é fundamental para que a pessoa fique curada. 

Além dos serviços da Atenção Primária de Saúde, na região metropolitana do Rio, existem duas unidades de referência no tratamento de pessoas com tuberculose: o Instituto Estadual de Doenças do Tórax Ary Parreiras (Ietap), em Niterói, e o Hospital Estadual Santa Maria (HESM), na capital. Essas unidades de referência atendem casos mais graves e de tuberculose resistente.
 

Tuberculose: atuação do Programa Brasil Saudável nos grupos mais vulneráveis 

Criado em fevereiro como um programa de governo, o Brasil Saudável é uma estratégia coordenada pelo Ministério da Saúde com a participação de outros 13 ministérios. Juntos, desenvolvem ações frente às populações e territórios prioritários – tanto para combater a tuberculose quanto para outras 10 doenças e cinco infecções consideradas problemas de saúde pública. 

As diretrizes do programa estão voltadas para o enfrentamento à fome e à pobreza, a promoção da proteção social e dos direitos humanos, o fortalecimento da capacitação de agentes sociais, o estímulo à ciência, tecnologia e inovação e a expansão de iniciativas em infraestrutura, saneamento e meio ambiente. 

A meta do programa é reduzir a incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e fazer cair o número de mortes pela doença para menos de  230 por ano,  até 2030. O que para a coordenadora Fernanda Dockhorn, é uma meta possível, mas depende de um esforço coletivo. “O Brasil está no caminho, a gente tem o Brasil Saudável nessa tentativa de ampliar as ações interministeriais para garantir maior proteção social para as pessoas, e atendimento adequado para quem é privado de liberdade, por exemplo”.

Para saber mais sobre a tuberculose e sobre o programa Brasil Saudável, acesse: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/brasil-saudavel.
 

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18/06/2024 00:04h

Enquanto no Brasil a incidência é de 37 casos/100 mil habitantes, no estado, o número saltou para 85 casos/100 mil. Tosse persistente, febre e cansaço podem indicar uma infecção, que se tratada da maneira correta, tem cura.

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A doença que até meados dos anos 40 não tinha cura e levava pacientes ao isolamento, hoje é prevenível, tratada e curável. Mas, ao contrário do que se imaginava no século passado — que seria eliminada no século XXI —, a tuberculose ainda circula no Brasil e no mundo — e segue fazendo vítimas. A eliminação como problema de saúde pública é uma das metas do Programa Brasil Saudável, que reúne 14 ministérios para a eliminar — como problema de saúde pública — 11 doenças e 5 infecções determinadas socialmente. 

Roraima é um dos estado com maior incidência da tuberculose no país: são 85,7 casos por 100 mil habitantes, segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. Quase três vezes maior que a média nacional, que é de 37 casos/100 mil. No estado, o boletim aponta ainda que foram confirmadas 482 novos casos da doença em 2023, e 18 mortes pela doença em 2022. O que para a médica infectologista de referência de tuberculose da Secretaria de Saúde estadual, Nayara Melo dos Santos, tem algumas razões. 

“Muitos casos ficaram sem diagnóstico durante a pandemia [da Covid-19]. Então, do ponto de vista de panorama, já era esperado, mas não tão gritante. Aqui, em Roraima, temos uma particularidade muito grande, de ser o estado com uma grande população indígena — que é uma população que está sob risco aumentado — e a população também de imigrantes vindos de países vizinhos, principalmente da Venezuela”.

De acordo com a médica, as condições de moradia, alimentação e falta de acesso aos serviços de saúde favorecem o desenvolvimento da doença nessas populações.

“São pessoas que vêm andando do país vizinho, que não têm acesso à uma alimentação adequada – e toda a questão da desnutrição é fator de risco para o desenvolvimento da tuberculose — são pessoas que chegam, não conseguem vaga em abrigos e ficam em situação de rua. Ou mesmo a questão [da aglomeração] dos abrigos, por reunirem muitas pessoas num só lugar”, completa a gestora.

Tuberculose: contágio e vulnerabilidade  

A principal forma de contágio da doença é aérea — quando uma pessoa doente sem tratamento com o bacilo tosse, espirra ou fala. O principal sintoma ainda é a tosse persistente, chamada tosse prolongada, que costuma durar três semanas ou mais. E os determinantes sociais ainda são fatores que perpetuam a existência da tuberculose no país, como explica a coordenadora-geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias não Tuberculosas do Ministro da Saúde, Fernanda Dockhorn. 

“A tuberculose está ligada muito ao ambiente, onde a pessoa vive, às condições de vida da população. Então, as populações (que vivem) onde há muita pobreza, (onde) têm muitos aglomerados, o ar não circula tão bem e a tuberculose está presente ali. As pessoas em situação de maior vulnerabilidade social, muitas vezes, têm dificuldade de acesso a serviços e (o) diagnóstico (acaba sendo) tardio”.

Tuberculose: Atenção Primária, a porta de entrada para o tratamento

Adelton Abreu de Souza, de 46 anos, é agente de portaria de um shopping em Boa Vista (RR), um local que recebe milhares de pessoas diariamente. Depois de uma sequência de gripe, sinusite e outras síndromes respiratórias, a tuberculose se manifestou. Cansaço, febre e crises de tosse foram os primeiros sintomas. O diagnóstico assustou o agente, que questionou o médico sobre a forma de transmissão.

“‘Doutor, como foi que eu peguei isso?’ Ele falou que, como eu estava com a imunidade baixa — um mês de sinusite e um mês gripado —, a doença se manifestou. ‘Pode ter sido alguém doente, sem tratamento, que passou por você, tossiu e você inalou. Como estava com a imunidade baixa, pode ser que você tenha se infectado e adoecido’”. 

O tratamento de Adelton já começou no mesmo dia em que foi diagnosticado. Nos primeiros dias, tomou cuidados em casa, usou máscara para não contaminar os familiares. Em 15 dias, já não transmitia mais a doença. Hoje, curado da tuberculose, ainda sente cansaço e entende a importância de ter seguido à risca o tratamento de seis meses. 

Em Roraima e em todo o país, a Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada para o tratamento da tuberculose, como explica Fernanda Dockhorn. “Mesmo em um município pequeno, a Atenção Primária à Saúde deve ser sensível, tem que perceber quando tem suspeita ou não da doença. Todo medicamento é fornecido pelo SUS, de forma gratuita”. A adesão total ao tratamento — com duração de seis meses — é fundamental para que a pessoa fique curada. 

Em casos mais graves e de tuberculose resistente aos medicamentos, a unidade de referência no estado é o Hospital Coronel Mota, em Boa Vista. 

Tuberculose: atuação do Programa Brasil Saudável nos grupos mais vulneráveis 

Criado em fevereiro como um programa de governo, o Brasil Saudável é uma estratégia coordenada pelo Ministério da Saúde com a participação de outros 13 ministérios. Juntos, desenvolvem ações frente às populações e territórios prioritários – tanto para combater a tuberculose quanto para outras 10 doenças e cinco infecções consideradas problemas de saúde pública. 

As diretrizes do programa estão voltadas para o enfrentamento à fome e à pobreza, a promoção da proteção social e dos direitos humanos, o fortalecimento da capacitação de agentes sociais, o estímulo à ciência, tecnologia e inovação e a expansão de iniciativas em infraestrutura, saneamento e meio ambiente. 

A meta do programa de eliminação da TB como problema de saúde pública é reduzir a incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e fazer cair o número de mortes pela doença para  menos de  230 por ano, até 2030. O que para a coordenadora Fernanda Dockhorn, é uma meta possível, mas depende de um esforço coletivo. “O Brasil está no caminho, a gente tem o Brasil Saudável como ferramenta para ampliar as ações interministeriais e garantir proteção social para as pessoas com TB, atendimento adequado para quem é privado de liberdade, por exemplo”.

Para saber mais sobre a tuberculose e sobre o programa Brasil Saudável, acesse: www.gov.br/saude.
 

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17/06/2024 03:00h

Insegurança alimentar, moradias inadequadas, com muitas pessoas e pouca circulação de ar — os determinantes sociais ainda são decisivos para alta incidência da doença nas populações mais vulneráveis. A tuberculose é uma das 11 doenças e 5 infecções socialmente determinadas que o programa Brasil Saudável, do Governo Federal, pretende eliminar ou controlar, até 2030, com redução da incidência e do número de mortes.

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Em 2013, quando o cantor Thiaguinho foi diagnosticado com tuberculose, muita gente se surpreendeu com o fato da doença ainda estar em circulação no país. Não só está presente, como foi diagnosticada, em 2023, em mais de 81 mil brasileiros. Em 2022, matou 5,8 mil pessoas no país, segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. 

A principal forma de contágio da doença é aérea — quando uma pessoa infectada com o bacilo tosse, espirra ou fala. O principal sintoma ainda é a tosse persistente, chamada tosse prolongada, que costuma durar três semanas ou mais. E os determinantes sociais ainda são fatores que perpetuam a existência da tuberculose no país, como explica a coordenadora-geral de Vigilância da Tuberculose, Micoses Endêmicas e Micobactérias não Tuberculosas do Ministro da Saúde, Fernanda Dockhorn. 

“A tuberculose está ligada muito às condições de vida da população. Então, as populações que vivem em uma situação de empobrecimento, em ambientes aglomerados, onde o ar não circula tão bem, estão mais sujeitos ao adoecimento . Além disso, as pessoas em situação de vulnerabilidade social, muitas vezes, vivenciam mais dificuldades de acesso a serviços e diagnóstico tardio”.

A coordenadora ainda levanta outro determinante: a insegurança alimentar, já que a tuberculose está ligada à desnutrição. “Se uma pessoa vivencia problemas em relação à segurança alimentar, está com dificuldades de ter acesso a uma alimentação adequada, ela acaba tendo maior risco de ter tuberculose depois de uma infecção”.

Tuberculose: incidência no Brasil

Em 2023, aponta o boletim do Ministério da Saúde, foram notificados 80.012 casos novos de tuberculose no Brasil. Isso corresponde a uma incidência de 37,3 casos por casos por 100 mil habitantes. Dois dos estados com a maior incidência da doença — são o Rio de Janeiro (70,7 casos/100 mil) e Amazonas (81,6 casos/100 mil). 

Mas o estado onde o problema também é grave, Roraima (85,7 casos/100 mil), tem outras determinações sociais. “Manaus (AM) e o Rio de Janeiro (RJ) possuem muitas comunidades que apresentam uma determinação social específica relacionada aos grandes centros urbanos. Muitas pessoas em situações precárias de vida, vivenciando situações de insegurança alimentar, entre outros fatores que favorecem a tuberculose e a perpetuação dela naquele ambiente. Roraima tem uma situação muito específica, já que é um estado pequeno, mas que recebe muitos imigrantes e tem uma população indígena importante em seu território. Essas populações possuem necessidades específicas, podem vivenciar barreiras de acesso aos cuidados em saúde por questões culturais, geográficas e podem também estar sujeitas a uma situações de desnutrição que favorece o adoecimento por tuberculose”.

A médica infectologista de referência de tuberculose da Secretaria de Saúde de Roraima, Nayara Melo dos Santos, relata as condições de vulnerabilidade: “são pessoas que vivenciam um alto risco social: existem casos de imigrantes que vêm andando do país vizinho, que vivenciam inúmeras dificuldades para ter acesso a uma alimentação adequada, para terem acesso a um abrigo. São pessoas que chegam, não conseguem vaga no abrigo, ficam em situação de rua e precisam de uma atenção específica”.
 

Tuberculose: diagnóstico e tratamento 

A professora Nathália Raposo, 24 anos, adoeceu de tuberculose quando morava em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, em 2018. Os primeiros sintomas foram febre, seguida de suor excessivo na madrugada, e muita tosse. Mas só foi buscar um serviço de saúde quando começou a sentir dores para respirar. 

“Fui ao posto de saúde e lá relatei os sintomas. E me orientaram sobre como fazer o exame. Fiz, aguardei o resultado. Com o resultado em mãos, neste mesmo posto médico, tive a primeira consulta, já iniciei o tratamento e lá mesmo tive acesso ao medicamento”, relata. 

O tratamento da Nathália foi feito via oral, com antibióticos. São seis meses de tratamento, feito em casa, com acompanhamento mensal nas unidades de atenção primária à saúde. E segundo Fernanda Dockhorn, “com tratamento, a maioria das pessoas já não transmite a doença em 15 dias.”

A coordenadora do Ministério orienta: para se ter acesso ao diagnóstico, a porta de entrada preferencial deve ser a Atenção Primária à Saúde. “Mesmo em um município pequeno, a Atenção Primária à Saúde deve ser sensível, tem que perceber quando tem suspeita ou não da doença. Todo o medicamento é fornecido pelo SUS, de forma gratuita”. A adesão total ao tratamento — com duração mínima de seis meses — é fundamental para que a pessoa fique curada. 

Tuberculose: atuação do Programa Brasil Saudável nos grupos mais vulneráveis 

O boletim do Ministério da Saúde revela que, a partir de 2021, houve elevação do número de casos de tuberculose em populações em situação de vulnerabilidade, com destaque para a população em situação de rua”. Além deste grupo, também estão mais vulneráveis a desenvolver a tuberculose as pessoas vivendo com HIV/aids, indígenas, imigrantes e população privada de liberdade. 

“As maiores cargas hoje, além das pessoas com HIV/aids, são as pessoas privadas de liberdade”, revela Fernanda Dockhorn. “Para quem vive com HIV ou aids, há mais chances de ficar doente depois de se infectar [com tuberculose]”. E o estudo do Ministério evidencia essa realidade: a coinfecção entre tuberculose e HIV passou de 8,6%, em 2022, para 9,3%, em 2023.

Criado em fevereiro como um programa de governo, o Brasil Saudável é uma estratégia coordenada pelo Ministério da Saúde que inclui outros 13 ministérios. Juntos, desenvolvem ações frente às populações e territórios prioritários – tanto para combater a tuberculose quanto para outras 10 doenças e cinco infecções consideradas problemas de saúde pública. 

As diretrizes  do programa estão voltadas para o enfrentamento à fome e à pobreza, a promoção da proteção social e dos direitos humanos, o fortalecimento da capacitação de agentes sociais, o estímulo à ciência, tecnologia e inovação e a expansão de iniciativas em infraestrutura, saneamento e meio ambiente. 

A meta do programa em relação à eliminação da TB como problema de saúde pública é reduzir a incidência para menos de 10 casos por 100 mil habitantes e fazer cair o número de mortes pela doença para menos de  230 por ano,  até 2030. O que para a coordenadora Fernanda Dockhorn, é uma meta possível, mas depende de um esforço coletivo. “O Brasil está no caminho, a gente tem o Brasil Saudável como uma ferramenta para ampliar as ações interministeriais, a proteção social para as pessoas com TB, e o atendimento adequado para quem é privado de liberdade, por exemplo”.

Para saber mais sobre a tuberculose e sobre o programa Brasil Saudável, acesse: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/brasil-saudavel.
 

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21/08/2023 08:00h

Para o controle da doença, a prefeitura de Belém vai implantar o tratamento da tuberculose e realizar o teste CD4 Carga Viral em mais um Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA)

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Apenas este ano, cerca de 2.306 casos de tuberculose foram notificados no estado do Pará. Com o crescente número da doença, a prefeitura de Belém vai implantar o tratamento da tuberculose e realizar o teste CD4 Carga Viral, que é o exame confirmatório do vírus HIV no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), localizado na tv. Rui Barbosa, no bairro do Reduto. 

A iniciativa da implantação será feita juntamente com Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), Hospital Israelita Albert Einstein e Ministério da Saúde.

Atualmente, o único local no município que realiza a testagem para os usuários do SUS é o Centro de Atenção à Saúde em Doenças Infecciosas Adquiridas (Casa Dia), que também atende pessoas de outras cidades e tem registrado problemas no atendimento.

O coordenador de controle de tuberculose, Cleison Martins explica que o ideal é que o diagnóstico da tuberculose seja feito em até sete dias desde os primeiros sintomas.  

“O diagnóstico da tuberculose é fundamental tanto para detecção de casos novos quanto para controle da doença. É importante que o diagnóstico ocorra de forma mais breve possível para o controle da doença”, explicou o coordenador. 

Além do diagnóstico, começar o tratamento imediatamente é a única forma de evitar a transmissão e a morte de pacientes com a doença, como destacou Cleison Martins.

“A partir do diagnóstico pode se iniciar imediatamente o tratamento, então logo o paciente inicia o tratamento, se esse tratamento for eficaz, em um mês ele já deixa de ser bacilífero, quebrando a cadeia de transmissão da doença além de evitar também a deterioração clínica e até mesmo o óbito desse paciente”, destacou. 

O objetivo do novo projeto é ampliar a carteira de atendimento para usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) com equipamentos de quarta geração para testagem de HIV/AIDS, que podem realizar vários testes ao mesmo tempo; implantação de testes moleculares rápidos para detecção de clamídia e gonococo em pacientes sintomáticos e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis para a população. 

O Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) Rayssa Gorbachofh é referência no atendimento e testagem para o diagnóstico de HIV/Aids, sífilis e hepatites virais no estado. O atendimento é realizado de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h.

Tuberculose: 

A tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa, causada pelo Mycobacterium tuberculosis. Os pulmões são os órgãos mais afetados, mas a TB pode acometer os rins, a pele, os ossos, os gânglios e vários outros órgãos e tecidos. A transmissão ocorre por via aérea a partir da inalação de aerossóis, contendo os bacilos, que são expelidos pela tosse, espirro ou fala de doentes com tuberculosepulmonar ou laríngea. 
 

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04/05/2023 18:45h

Decisão é fundamental para eliminar a tuberculose até 2030, diz a coordenadora da Tuberculose da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Fernanda Dockhorn

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O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) aprovou, no dia 27 de abril, o parecer que permite que os enfermeiros solicitem testes e indiquem tratamento para tuberculose latente. A solicitação foi feita pela Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose e contou com apoio e articulação do Ministério da Saúde para ampliar o acesso ao diagnóstico e tratamento da tuberculose no país.

A coordenadora da Tuberculose da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente,  Fernanda Dockhorn, reforça que essa decisão é fundamental para eliminar a tuberculose até 2030, como previsto no Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública.

“O profissional de enfermagem é o organizador de todo o processo de trabalho. Ele faz o diagnóstico, o tratamento, e organiza o acesso e o acolhimento da pessoa com suspeita ou com tuberculose. Então o tratamento da infecção latente ou preventivo da tuberculose era a única ferramenta que o profissional de enfermagem ainda não podia fazer”, explica. 

O infectologista Werciley Júnior expõe que a tuberculose latente é uma forma clínica da tuberculose. “A tuberculose é uma doença que pode causar infecções e que no desenvolvimento da infecção a multiplicação da bactéria pode ser controlada pelo corpo e ser eliminada. Pode ser controlada, mas ficar latente ou incubada. Ou ela evoluir da forma ativa causando dano ao tecido”, enfatiza.
Werciley pontua que a extensão para que outros profissionais possam fazer a solicitação conforme o programa de prevenção de tuberculose, é muito importante, pois dessa forma, o acesso ao diagnóstico e tratamento é ampliado. 

“A gente sabe que em muitas localidades, o acesso ao médico é mais demorado e pra fazer um exame e retornar, muitas vezes isso impossibilita até uma pessoa fazer o acompanhamento. Então esse acesso inicial ao enfermeiro e avaliação tanto do enfermeiro e posteriormente do médico, facilita a adesão e principalmente ganhamos público, assim conseguimos erradicar a tuberculose”, esclarece.

De acordo com a última edição especial do Boletim Epidemiológico da Tuberculose, houve importante diminuição da proporção de cura entre os casos novos de tuberculose nos últimos anos, que saíram de 73,8% em 2019 para 66,5% em 2021 e aumento do percentual de interrupção do tratamento das pessoas com a doença que saíram de 12,6% em 2019 para 14,0% em 2021.  

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26/04/2023 19:55h

Segundo a coordenadora geral da coordenação geral de vigilância da tuberculose, micoses endêmicas e micobactérias não tuberculosas, a tuberculose é uma doença tratável e pode ser prevenida, testada, identificada e tratada pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

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O Brasil está entre os 30 países considerados prioritários pela Organização Mundial da Saúde (OMS), seja na carga de tuberculose ou coinfecção tuberculose HIV. Fernanda Dockhorn Costa, médica e coordenadora geral da coordenação geral de vigilância da tuberculose, micoses endêmicas e micobactérias não tuberculosas do departamento de HIV/AIDS, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DATHI) do Ministério da Saúde, informa que em 2022 78 mil casos novos de tuberculose foram confirmados. 

“Isso dá uma incidência de 36.3 casos por 100 mil habitantes e ocorreu um aumento do óbito no último ano de 2021, chegando a mais cinco mil óbitos por tuberculose no Brasil, representando um aumento de 12% em relação a 2019”, afirma.

De acordo com a coordenadora, o município com o maior número de incidência da doença é Manaus (AM), que apresenta 115 casos por 100 mil habitantes. Seguido por Recife com 102 casos por 100 mil habitantes e Rio de Janeiro com 95 casos por 100 mil habitantes. 

“E ainda temos as capitais com maior mortalidade, que são São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza. Como a tuberculose está ligada a determinantes sociais, ela está ligada a aglomerados urbanos, concentrado de pessoas onde existem comunidades, então grandes centros com essa concentração, geralmente tem mais casos de TB”, completa.

Combate

A tuberculose é uma doença tratável e pode ser prevenida, testada, identificada e tratada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Dockhorn enfatiza que para alcançar a eliminação da doença no país, como problema de saúde pública, é importante que a população e profissionais de saúde saibam quais são os principais sintomas da doença, que são: tosse por três semanas ou mais, perda de peso acentuada e febre. 

Outros sintomas da doença são:

  • Cansaço excessivo e prostração;
  • Suor noturno;
  • Falta de apetite;
  • Rouquidão.  

Transmissão

Paulo Victor Viana, pesquisador do Centro de Referência Professor Hélio Fraga da ENSP/Fiocruz, informa que a transmissão da tuberculose é direta. E a aglomeração de pessoas é o principal fator de propagação. 

“O doente acaba expelindo, ao falar, espirrar e muitas vezes, tossir,  que é o principal sintoma, pequenas gotas de saliva que podem conter a bactéria da tuberculose e ser inalada por outros indivíduos que estejam próximo”, esclarece. 

Prevenção

Fernanda Dockhorn avalia que o SUS teve grande avanço nos últimos anos na estratégia de prevenção contra a tuberculose. “A gente incorporou um novo esquema de tratamento para prevenir a TB que se chama 3HP. É uma associação de rifapentina com isoniazida, são 12 doses semanais, então em três meses a pessoa previne a tuberculose”, completa.

A coordenadora enfatiza que a tuberculose não é uma doença ligada a determinadas populações e que, qualquer pessoa com tosse por três semanas ou mais, deve investigar a doença.

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06/04/2023 19:00h

“A tuberculose é uma doença infecciosa evitável, com altos índices de casos no Brasil”, diz o pneumologista Gerson de Almeida

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Em 2022, cerca de 78 mil pessoas adoeceram por tuberculose no Brasil. O número é 4,9% maior do que o registrado no ano anterior. Nos últimos anos, houve uma diminuição significativa na proporção de cura entre os novos casos de tuberculose. 

A taxa caiu de 73,8% em 2019 para 66,5% em 2021. Já o percentual de interrupção do tratamento das pessoas com a doença aumentou de 12,6% em 2019 para 14,0% em 2021. 

Para reverter essa situação, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou em de março a Resolução CNS nº 709, que possui novas diretrizes de ações relacionadas à vigilância, promoção, proteção, diagnóstico e tratamento da tuberculose no Sistema Único de Saúde (SUS). 

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Propostas incluídas no novo documento:

  • Garantia de investimento público para favorecer a implementação das estratégias do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose pelas três esferas de gestão;
  • Estabelecimento de Comitê Interministerial com participação da sociedade civil para efetivação de agendas  intersetoriais diante aos determinantes sociais da tuberculose;
  • Estabelecer, via Ministério da Saúde, indicador de pagamento por desempenho relacionado ao controle da tuberculose na Atenção Primária à Saúde;
  • Consolidar e fortalecer a linha de cuidado da tuberculose, incluindo a organização da referência e contrarreferência, bem como fluxos entre os serviços;
  • Reestruturar, ampliar e fortalecer a rede laboratorial para tuberculose;
  • Reestabelecer as coberturas vacinais de BCG; 
  • Fortalecer ações de rastreamento de pessoas com infecção latente da tuberculose (ILTB) e ampliar tratamento preventivo à doença.

Gerson de Almeida, pneumologista, expõe a importância de se combater a tuberculose. “É uma doença infecciosa evitável e o Brasil ainda tem uma elevada incidência da doença. Estima-se que uma pessoa infectada pode transmitir a tuberculose para 10 ou 15 pessoas no período de um ano, sendo importante interromper esse ciclo”, explica.

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Sintomas

  • Tosse seca ou com secreção por mais de três semanas, podendo evoluir para tosse com pus ou sangue;
  • Cansaço excessivo e prostração;
  • Febre baixa geralmente no período da tarde;
  • Suor noturno;
  • Falta de apetite;
  • Emagrecimento acentuado;
  • Rouquidão. 

O infectologista informa que o diagnóstico e tratamento para a tuberculose é fornecido gratuitamente pelo SUS e que após 2 semanas do início dos cuidados, geralmente o paciente não transmite mais a doença.

“Por ser um microrganismo de crescimento lento, o tratamento requer uma duração mais prolongada de cerca de seis meses ou mais a depender do tipo de manifestação da doença, do órgão acometido e outros problemas de saúde que o paciente possa ter”, completa.

De acordo com a Resolução, a tuberculose é a primeira causa de morte entre pessoas vivendo com HIV e Aids. Dados do Ministério da Saúde apontam 48,2% das pessoas com coinfecção TB-HIV tendo o diagnóstico do HIV realizado em decorrência da confirmação do caso de tuberculose no período entre 2011 a 2020, e 35,8% das pessoas com coinfecção TB-HIV sem o início oportuno da terapia antirretroviral em 2020.

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