Muitos brasileiros reclamam dos preços dos alimentos nos supermercados e feiras. Produtos como hortaliças, aparecem, muitas vezes, com preços elevados preocupando parte da populaçao. Mas segundo Romilson Aiache, mestre em Gestão Econômica do Meio Ambiente e professor das cadeiras de Logística e Planejamento Estratégico do Centro Universitário Uniceplac, as constantes elevações podem dar espaço para oportunidades melhores de compra e assim aliviar o bolso dos consumidores.
“Existe uma possibilidade dos preços se tornarem mais acessíveis para o consumidor. Mas tudo vai depender do comportamento da oferta. Caso se mantenha nos mesmos patamares, a tendência é de manutenção dos preços”, aponta.
Uma análise da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) junto as Centrais de Abastecimentos (Ceasas) mostra que a maioria das hortaliças comercializadas nos principais mercados atacadistas do país registrou nova queda nos preços. Alface, batata, cenoura e cebola ficaram mais baratas no último mês, conforme o 10º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort).
De acordo com o professor Romilson Aiache, esse produtos apresentaram queda porque se tratam de itens de primeira necessidade, com baixa elasticidade e que, salvo alterações muito significativas nos preços, não afetarão demasiadamente a demanda. “Não há dúvida que os preços de alguns itens de hortaliças e legumes têm caído recentemente”, salienta.
Ele diz que isso se deve principalmente a dois fatores: “A produção aumentou, devido a condições climáticas favoráveis, portanto, houve aumento da oferta, com a consequente queda nos preços; e houve uma pulverização dos pontos de produção, aproximando-se dos pontos de consumo, fazendo com que o custo logístico diminuísse um pouco”, aponta.
A cebola foi o produto com maior queda na média ponderada registrada em setembro. A redução foi verificada mesmo com a menor quantidade do produto nos mercados em comparação com os níveis de agosto. A batata teve diminuição contínua e unânime das cotações pela intensificação da safra de inverno a nível nacional. O total comercializado nas onze Ceasas ultrapassou a marca das 100 mil toneladas.
A cenoura foi outro produto que teve queda na média ponderada, mas não em todos mercados pesquisados. A oferta em setembro foi menor quando comparada a agosto. Porém, as chuvas e as temperaturas altas registradas no último mês a nível nacional nas áreas produtoras provocaram perda de qualidade do produto, influenciando na desvalorização da cenoura e, consequentemente, queda na demanda. As chuvas em setembro no Rio Grande do Sul, por exemplo, praticamente interromperam a colheita, gerando queda de cerca de 65% dos envios deste estado à Ceasa.
A especialista em finanças da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Merula Borges, também acredita que a projeção de consumo será um pouco melhor para o final desse ano e início do ano que vem. “Isso porque a gente tem uma melhoria no mercado de trabalho com um aumento de renda e a gente já começa a época de contratações temporárias para o fim do ano. Isso significa que vai ter mais dinheiro entrando no comércio, no varejo e na indústria”, avalia.
Conforme a especialista, para o consumidor alimentos com preços mais controlados ajudam na organização das famílias. “Para as famílias mais baixas, os alimentos ocupam um espaço muito grande no orçamento”, revela.
Merula Borges diz que é importante que haja uma estabilidade, pois a oscilação de preços acaba refletindo no poder de compra e no mercado. “Quando você tem uma oscilação grande de preços em algum item especificamente você tem muitas famílias sendo afetadas e consequentemente a economia toda vai ser afetada de alguma maneira”, ressalta.
E quem precisa ir ao mercado, se assusta com os preços elevados e com as constantes variações. A diarista Maria do Carmo Vieira conta que não consegue mais organizar o orçamento, por não saber quanto vai gastar nos estabelecimentos.
“Todas as vezes que a gente vai ao mercado a gente vê o preço muito alto, uma coisa que a gente pensa que é um preço, daqui a pouco já vai dar outro e tá difícil você viver hoje nesse país com tudo caro — você vai no mercado e cada dia tudo mais caro”, reclama.
Para a especialista da CNDL, os alimentos ocupam um espaço muito grande no orçamento da família. “Quando o preço sobe deixa as famílias numa situação mais desfavorável. E com a estabilização dos preços dá sim uma tranquilidade maior para o consumidor de pensar em outros itens, às vezes até regularizar as necessidades por conta da situação econômica e perda de renda que a gente teve nos últimos tempos”, ressalta.
De janeiro a setembro de 2023, o volume total de frutas exportado foi de 694 mil toneladas e o valor foi de US$ 794,8 milhões, aumento de 5,14% e 19,04%, respectivamente, quando comparado ao mesmo período do ano passado. Os embarques de frutas como bananas (-26,7%) e mamões (-10,1%) foram menores, enquanto foram ampliadas as vendas ao mercado externo de mangas (14,3%), limões e limas (5,3%), melancias (11,3%) e abacates (142%).
Merula Borges explica que, quando começou a guerra entre Ucrânia e Rússia, já se tinha uma previsão de um possível aumento das exportações brasileiras de grãos.
“O leste europeu, composto ali também por Rússia e Ucrânia, são importantes produtores de grãos, principalmente. “Com eles em guerra alguém acaba ocupando esse espaço. Essa previsão se concretizou e realmente o Brasil aumentou a sua exportação de grãos justamente por conta desse motivo”, aponta.
Mas ela lembra que a guerra traz também um cenário de instabilidade política, econômica e que afeta todas as questões também como taxa de juros. “Então se ganha por um lado e acaba se perdendo por outro”, salienta.
O mestre em Gestão Econômica do Meio Ambiente e professor das cadeiras de Logística e Planejamento Estratégico do Centro Universitário Uniceplac Romilson Aiache, acrescenta: “Também é preciso compreender que o Brasil vive hoje uma economia inflacionária já há muitos anos, o que significa dizer que o poder de compra da população vem caindo, ainda que em pequena escala, continuamente”, analisa.
A partir de segunda-feira (25) os produtores de soja do Goiás podem iniciar plantio da soja para a safra 2023/2024, conforme calendário estabelecido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Os produtores terão até o dia 2 de fevereiro para realizar a semeadura da oleaginosa.
Iniciado no dia 27 de junho, o período do vazio sanitário da soja se encerra no próximo domingo (24) no estado. O período é caracterizado pela proibição da presença de plantas vivas de soja, com o objetivo de reduzir a população dos fungos e pragas. O período ainda pode atrasar a ocorrência da ferrugem asiática na safra que se inicia, como explica o pesquisador da Embrapa Soja, Rafael Moreira.
“A ferrugem é causada por um fungo que precisa da planta viva de soja para sobreviver. Então se você não tem a planta no ambiente, na lavoura, no campo, os esporos do fungo da ferrugem sobrevivem no máximo por 50 dias. Então se ele não encontrar as plantas, ele vai cair e vai morrer. E com isso vai diminuir a população do fungo”, explica.
Em média o período do vazio sanitário dura 60 a 90 dias, podendo variar a data de início e término de acordo com a safra e a região, como ressalta o consultor do Safra e Mercado, Luiz Fernando Gutierrez.
“Cada estado brasileiro tem um período diferente de vazio sanitário. Eles até podem ter períodos iguais, mas cada estado tem o seu. Isso depende naturalmente de questões específicas ligadas à agronomia, mas também ao clima. Cada estado tem o seu, e isso deriva de estudos de órgãos e entidades para definir qual o período ideal de vazio sanitário”, afirma.
Goiás é o terceiro estado que mais produz grãos no país, de acordo com o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A estimativa da empresa é que o estado encerre a safra 2022/23 com 17,7 milhões de toneladas de soja. O valor representa 345 mil toneladas a mais que na safra passada — que foi de 17,3 milhões de toneladas. A produtividade média esperada é de 3.900 kg/hectare, em uma área de quatro milhões e meio de hectares.
Segundo o último levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os municípios que mais produzem soja no estado são: Rio Verde, Jataí, Cristalina, Montividiu, Paraúna, Catalão, Ipameri, Mineiros, Chapadão do Céu e Goiatuba.
Goiás: estado se torna o 3º maior produtor de grãos do país, indica IBGE
Volume é 16,8% maior que a obtida em 2022
A estimativa para a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas de 2023 é de 307,3 milhões de toneladas. Este valor corresponde a 44 milhões de toneladas a mais do que no ano anterior, ou 16,8%.
O montante ficou 0,6% acima da estimativa de maio.
A área a ser colhida é de 76,9 milhões de hectares, que corresponde a um território 5,2% maior do que em 2022 e 0,5% maior que a estimativa de maio.
O arroz, o milho e a soja são os três principais produtos que correspondem a 92,1% da estimativa da produção e a 87,2% da área a ser colhida.
Em relação ao ano anterior, houve aumento da produção da soja, do algodão, do milho e do trigo. O único produto que apresentou decréscimo foi o arroz em casca.
Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE.
A Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, também tem estimativas de que o Brasil deve produzir a maior safra histórica de grãos. Mais do que o IBGE, a companhia prevê que o resultado seja de 317,6 milhões de toneladas para o ano.
Este resultado consolidará as previsões anteriores como a maior safra já produzida no país.
Segundo o presidente da Conab, a agricultura brasileira demonstra força e potencial para alcançar números cada vez maiores, acompanhada de investimentos constantes que permitam maior produtividade.
O recorde será alavancado pela soja e pelo milho. Para especialistas da Conab, observa-se um avanço mais lento da área colhida do milho segunda safra, o que já era esperado. Houve um atraso no plantio e colheita da soja em diversas regiões. Mesmo assim, o cenário continua extremamente positivo para o setor.
Uma maior produção agrícola brasileira, somada a uma maior demanda internacional deve elevar o volume de exportações agrícolas em 2023. O resultado pode ser mais vantajoso para a balança comercial brasileira.
Resultado é o maior da série em 34 anos. Produtividade e preços agrícolas puxam o crescimento
O campo deverá injetar R$1,249 trilhão em 2023 na economia brasileira - o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) é o maior em 34 anos. Os dados do Ministério da Agricultura e Pecuária estimam que com uma superssafra as lavouras devem crescer 8,9% no volume, podendo atingir até R$ 888 bilhões. Já a pecuária, devido à queda nos preços dos bovinos, terá o terceiro ano consecutivo de perda de receitas. O resultado financeiro dentro da porteira será de R$ 362 bilhões, queda de 3,4% em relação a 2022.
O VBP, calculado com base nas informações de safras de fevereiro, é organizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de atingirem um patamar recorde, as receitas de 2023 previstas neste mês ainda são inferiores às projetadas em fevereiro.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reajustou para baixo a produção de alguns itens importantes para a safra deste ano. Um deles foi a soja, cuja produção foi impactada pela estiagem no Rio Grande do Sul, e teve a produção revisada para 151,4 milhões de toneladas. A estimativa anterior era de 152,9 milhões. Com isso, o Mapa revisou para baixo a previsão de receitas dos produtores da oleaginosa para R$387 bilhões, inferior aos R$ 401 bilhões previstos no mês passado.
Mesmo assim, o movimento financeiro dos sojicultores com as vendas deste ano vai superar em 14% o de 2022. Segundo o ministério, os preços atuais da soja estão menores do que os de há um ano, mas o volume produzido compensa essa queda. José Garcia Gasques, responsável pelos dados apurados pelo Mapa, afirma que dois pontos são importantes para o VBP deste ano. Um deles são os preços, que, apesar da redução em alguns casos, ainda se mantêm acima da média histórica. Gasques destaca, ainda, o aumento da produtividade média, próximo de 10% neste ano, o que, mesmo quando há redução de área, garante boa produção.
Os preços acima da média de anos anteriores e expectativas de boa safra em 2023 trazem contribuições positivas para um grupo amplo de lavouras, com destaque para laranja, cana-de-açúcar, milho e soja. No caso do café, algodão e trigo, o comportamento dos preços e os níveis de produção obtidos reduziram o faturamento desse importante grupo de produtos. Os resultados favoráveis principalmente de soja e milho têm contribuído para os ganhos não apenas nos principais estados produtores como os do Centro-oeste e Sul, mas também em vários estados do Nordeste e Norte que também se beneficiam de bons períodos de chuvas.
Redução de áreas de plantio e secas têm promovido importantes alterações no ranking do VBP. Entre os estados, Mato Grosso segue líder, seguido de Paraná e de São Paulo. No Rio Grande do Sul, devido aos impactos dos efeitos climáticos adversos na região, perdeu força e está em quinto lugar no ranking nacional. Os gaúchos perderam terreno em lavouras importantes, como as de soja, milho e arroz. Soja e milho continuam como preferência dos produtores do estado, mas o clima não tem cooperado com a produção.
Já o arroz perde espaço para outras culturas. Se confirmado os dados previstos para este ano, a produção do cereal será a menor dos últimos 25 anos. O estado gaúcho é o principal produtor nacional. A produção menor e preços estáveis em R$ 85 por saca fizeram o arroz perder lugar no ranking de importância nacional, obtendo receitas inferiores até às da mandioca.
A produção agrícola brasileira se deslocou rapidamente para o Centro-oeste, região que deve acumular R$ 387 bilhões em receitas neste ano. A seguir vêm a região Sul, com R$ 331 bilhões, e a Sudeste, com R$ 298 bilhões. Milho e soja representam 62% do VBP das lavouras, e têm participação decisiva nesses resultados. Se acrescida a cana-de-açúcar, a participação dos três sobe para 73%.
As estimativas de receitas das lavouras estão baseadas em uma safra recorde de 310 milhões de toneladas. Esse volume, no entanto, ainda poderá sofrer grandes alterações, principalmente devido a efeitos climáticos. A definição dos preços internos, que servem de base para formação do VBP, depende também dos preços externos.
Na pecuária, bovinos e frangos superaram 68% da receita total do setor. A retração nesses dois segmentos afeta todo o setor neste ano. A pecuária, que passa o terceiro ano com taxas de crescimento negativas, ainda enfrenta ajustes originados durante a pandemia do Covid-19 e por redução dos preços internos. Segundo o Mapa, esses seriam os motivos da redução no VBP da carne bovina e de frango, especialmente.
O consultor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Amado Oliveira, pontua os fatores que o custo de produção tem preocupado o pecuarista. “O custo de produção em dezembro de 2022 estava muito acima do Valor Bruto da Produção. Então isso é um desconforto muito grande. A gente tem tentado através de estudos propor ao governo algumas alternativas, mas são muito difíceis”. O consultor da Acrimat explicou ainda que o pecuarista espera que o cenário vá melhorar, em especial quando a China voltar a comprar carne brasileira.
Mato Grosso é o destaque dentro da produção agropecuária. No estado, a agropecuária tem participação relevante no PIB. Amado Oliveira, explica os fatores que levam o estado a se destacar no cenário nacional da pecuária brasileira. “O Mato Grosso pelas suas características geográficas ele já é um grande estado. Nós tivemos em 2022 um PIB do Valor Bruto da Produção (VBP) na ordem de R$ 202 bilhões de reais e para esse ano, nós vamos aproximar de R$ 216 bilhões. É claro, que fatores locais nos obrigam a ter uma escala maior que os outros estados”.
O VBP mostra a evolução do desempenho das lavouras e da pecuária ao longo do ano e corresponde ao faturamento bruto dentro do estabelecimento. O VBP é calculado com base na produção da safra agrícola e da pecuária, e nos preços recebidos pelos produtores nas principais regiões do país, dos 26 maiores produtos agropecuários do Brasil. O valor real da produção, descontada da inflação, é obtido pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas. A periodicidade é mensal.