Agronegócios

15/03/2024 00:03h

Em fevereiro, IBGE prevê crescimento de 24,2% na produção do cereal, que recebe investimentos em tecnologia e pesquisa

Baixar áudio

Pães, macarrão, bolo. O trigo é a matéria-prima básica e fundamental para a produção de alimentos que compõem a mesa dos brasileiros todos os dias. O consumo das famílias se reflete na produção do campo. O Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) prevê o crescimento de 24,2% na produção do cereal com relação a 2023. A pesquisa de fevereiro indica que a produção deve alcançar 9,6 milhões de toneladas.

Campeões de produção nacional, os estados do Rio Grande do Sul e Paraná, juntos, representam mais de 80% de todo o trigo produzido no Brasil. Neste contexto, destaque para a cidade gaúcha de Cruz Alta, que é a segunda maior produtora do país — em 2023, segundo o IBGE, produziu 128,7 mil toneladas. 

Em 2023, houve quebra de safra do cereal nos principais estados produtores, que segundo o presidente-executivo da Abitrigo, Rubens Barbosa, chegou a 40%. Mas para este ano, a expectativa é melhor. Barbosa ressalta que o cenário internacional favoreceu a produção nacional do trigo. 

"O preço no exterior passou a ser remunerativo, sobretudo depois da guerra da Ucrânia. Aqui aumentou a área plantada — no lugar do milho em alguns lugares — e o mercado vê o trigo como um grão com grandes possibilidades de expansão".

Com investimento em pesquisa e tecnologia, o apoio da Embrapa tem sido fundamental, segundo o presidente da Abitrigo. "A empresa projeta uma expansão grande do trigo em território nacional até o final da década", destaca Barbosa.

IBGE prevê safra de 300 milhões de toneladas para 2024

Expansão em produção e em área colhida 

A área a ser colhida entre cereais, leguminosas e oleaginosas é de 78 milhões de hectares. O que representa um crescimento de 0,2% em relação ao ano passado — o que representa um aumento de 160,5 mil hectares. Com relação a janeiro, o acréscimo foi de 0,5% — 383,1 mil hectares.

O economista César Bergo atribui esse aumento à expansão da fronteira agrícola, que tende a crescer ainda mais ao longo dos próximos anos. Com relação à produção do trigo, o crescimento pode ser atribuído a melhora da qualidade das sementes, aumento das pesquisas no setor e da tecnologia empregada.  

"Não tenha dúvidas de que o crédito agrícola também contribui para que aumento dessa demanda interna seja atendido pela produção, não só do trigo — que tem uma cadeia muito longa de derivados e impacto direto na economia. O que faz dele um produto muito importante e que acaba contribuindo para a produção do grão nacional".

Aveia e Cevada em destaque

A pesquisa de fevereiro do IBGE mostra ainda que a produção da aveia deve chegar a 1,2 milhão de toneladas, o que representa queda de 6,2% em relação a janeiro – mas crescimento expressivo de 29,5% em relação a 2023. Depois de ter as lavouras prejudicadas pelo clima ruim em 2023, a cultura mostra recuperação. No Rio Grande do Sul, o IBGE prevê crescimento de 45,2% na produção com relação ao que foi colhido no ano passado.

Já a cevada em grão tem a produção estimada em 411,9 mil toneladas. Também com aumento de 8,6% em relação à produção do ano passado. Os maiores produtores de cevada são o Paraná — com 278,0 mil toneladas — e o Rio Grande do Sul, com 110,5 mil toneladas. Estados que devem ser responsáveis por 94,3% da produção brasileira de cevada em 2024. 

Copiar textoCopiar o texto
06/03/2024 00:01h

Apesar da alta na produção e exportação, alto custo de faz margem do produtor cair

Baixar áudio

Reconhecida internacionalmente, a força do agro brasileiro se reflete em números extensos. Só em 2023, a agropecuária movimentou cerca de R$ 680 bilhões.  A safra 2022/23 foi recorde, com alta de 15% — o maior da série histórica — e  que o ajudou a alavancar o Produto Interno Bruto (PIB) do país, que fechou em 2,9%. 

Há anos, as culturas de soja e milho se destacam. Desde 2000, com a inclusão de tecnologia de  ponta nas lavouras, houve crescimento da produção e ganho de produtividade. A soja, no ano passado, aumentou 27,1% e o milho 19%. Nesse cenário, uma cidade do interior do Mato Grosso tem no nome um sentimento que vem traduzindo o sentimento de seus moradores: Sorriso. 

Há cinco anos, o município mato-grossense de menos de 100 mil habitantes responde sozinho por 1,4% de toda a soja e milho produzidos no Brasil. Além de algodão herbáceo (em caroço) e feijão. Em valor de produção, a cidade chegou a um montante de R$ 11,5 bilhões.  

A força do agro reflete nas oportunidades em outras áreas, como conta o prefeito Ari Lafin (PSDB). “A oportunidade da geração de empregos através do agro. A indústria se consolida no município, fortalece o comércio, instituições de ensino se instalam por aqui, assim como médicos, dentistas, advogados. É uma rede de geração de oportunidades que são geradas através da produção agrícola no nosso município”. 

PIB aumentou, mas a margem dos produtores não

O resultado positivo em 2023 é resultado da safra 2022, e segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira, o Brasil aumenta a todo ano a safra pois ainda tem muita terra onde plantar. “Somos um dos únicos países que ainda temos potencial para aumentar”, acrescenta.  

Apesar disso, o cenário não é apenas de vitórias. Segundo o diretor-executivo, o real cenário para o produtor não é apenas de comemorações. “A gente tem um aumento de PIB, mas com custos muito altos e o produtor acabou ficando numa margem muito baixa, até com prejuízo. Estamos num momento muito ruim. Nos anos anteriores, estávamos num momento positivo, de comemoração. Mas hoje, tanto agricultura quanto pecuária, estão com preços não remuneratórios.” 

O diretor-executivo da Abramilho explica que, mesmo com o aumento da produção e das vendas, o alto custo de produção acaba reduzindo muito a margem de lucro do produtor. 

PIB: apesar de fechar 2023 em alta, atividade econômica mostra desaceleração no segundo semestre

O que faz do Brasil um campeão de exportações 

O Brasil é hoje o maior produtor e exportador de soja do mundo. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produtividade média chega a 55,5 sacas por hectares com potencial de crescimento. Isso porque ainda existem muitos locais de pastagens degradadas — que podem ser usados no futuro para a expansão da lavoura, sem desmatamento. Especialista em direito econômico, o advogado Alessandro Azzoni explica que chegamos a esse nível por termos nos adequado às certificações exigidas internacionalmente. 

“Os nossos produtos são muito bem referenciados lá fora. A qualidade do grão da soja, do milho, frutas, carnes. Nossa proteína tem uma qualificação muito grande — desde o frango, boi, suínos. E o mundo é consumidor.”  

Entre os principais compradores do agro brasileiros, segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) estão China (31,9%), União Europeia (16,1%) e Estados Unidos (6,6%).
 

Copiar textoCopiar o texto
16/02/2024 21:15h

Aves migratórias são acompanhadas de perto por biólogos para monitorar o avanço da doença no país

Baixar áudio

Dois novos casos de gripe aviária foram registrados no Brasil, segundo o Ministério da Agricultura. A atualização está na plataforma digital da pasta. Com os dois novos casos, desde maio de 23, o país já contabiliza 151 casos da doença em animais silvestres — sendo que 147 foram em pássaros e quatro em leões-marinhos. 

Todos os casos encontrados desde o ano passado foram detectados em aves silvestres, ou seja, longe das cadeias produtivas. Os mais recentes foram no Rio Grande Sul e no estado do Rio de Janeiro. Para Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), “os novos casos são iguais aos outros mais de cem que apareceram em 2023, mas é preciso estar atento, pois a doença não acabou.” 

Brasil: país livre da gripe aviária 

É importante destacar que o Brasil ainda mantém o status de livre da influenza aviária de alta patogenicidade, de acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), já que nunca foi registrado nenhum caso da doença em aves comerciais do setor produtivo.
Mesmo com os novos casos, o status sanitário do Brasil não muda. Mas para o presidente da ABPA, aproveita o momento para reforçar os cuidados que precisam ser tomados. 

“Os cuidados são aqueles básicos. Primeiro: da higienização das pessoas que estão em contato direto com as fazendas e com os animais. Além disso, é importante trocar calçados antes de entrar no aviário e não entrar com a mesma roupa que você estava do lado de fora. Lavar bem as mãos e revisar o telamento — que são as telas que protegem os aviários — também é fundamental.” 

Santin ainda ressalta que é fundamental evitar o contato de animais domésticos com as aves. Para os veículos que entram nas granjas vale tomar o cuidado conhecido como o pedilúvio — que é a higienização das rodas dos veículos que entram nesses locais de criação. E, acima de tudo, evitar qualquer visita desnecessária às granjas — essas visitas devem estar restritas aos técnicos e trabalhadores do local. 

Monitoramento constante desde 2023

Segundo a coordenadora do Centro de Reabilitação de Animais Marinhos do Instituto Argonauta, a bióloga Carla Barbosa, registrada no CRBio-01, desde o ano passado — quando os primeiros casos de gripe aviária chegaram ao Chile e ao Uruguai — as aves marinhas brasileiras vêm sendo monitoradas. A preocupação era que a doença entrasse no país pelo Sul.

“O que não aconteceu. Os primeiros casos que a gente teve no Brasil foram no Espírito Santo e em Ubatuba. Por isso nós não conseguimos descobrir que caminho as aves faziam para chegar ao nosso litoral.” A coordenadora explica que as aves marinhas, a partir de agora, terão que ser constantemente monitoradas. 

“Hoje estamos ainda em observação das aves, acompanhando todas as aves — principalmente as migratórias — mas também as aves reincidentes, para poder acompanhar o andamento do vírus e saber como ele está se comportando.”  

Transmissão para humanos 

Vale lembrar que, segundo o Ministério da Agricultura e Organização Mundial de Saúde (OMS), não há registros de contaminação de gripe aviária a partir do consumo de frango ou ovos devidamente preparados. E, até hoje, nenhum caso da doença foi registrado em humanos no Brasil.
 

Copiar textoCopiar o texto
09/02/2024 00:05h

Indústria de transformação e comércio são os que mais crescem e oferecem oportunidades

Baixar áudio

Se tem um lugar da casa onde é difícil cortar do orçamento é a cozinha. E se a comida movimenta o mercado, estimula a economia, ela também gera emprego. Segundo o informativo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Emprego no Campo, em dezembro de 2023 464 postos de trabalho foram gerados no setor de Comércio Atacadista de Frutas, verduras, hortaliças e legumes frescos. 

O produtor rural Rafael Corsino é dono de fazendas no DF e em Goiás — que produzem alho, cebola e cenoura. Ele conta que a diversidade de formas de plantio e mão de obra variam muito de acordo com cada região no país. Ele dá o exemplo da região Sul, que planta a cebola em maio e junho. “E colhe no final do ano. Então a contratação deles é no final do ano. Novembro, dezembro é a época de contratação  —e eles começam a vender no primeiro semestre.” 

Tanto no Sul quanto no Nordeste, a mão de obra costuma ser mais vasta, já que a maioria são pequenos e médios produtores que usam menos máquinas e tecnologia. 

A variação do fator clima

 Clima. Imprevisível e incontrolável, esse fator é um dos que mais influenciam o agronegócio no mundo. E no Brasil, o ano de 2023 teve fenômenos atmosféricos que se impuseram: La Niña e El Niño. Eles influenciaram não só na produção, como na empregabilidade do setor, como explica Corsino.

“O clima, que saiu da La Nina para o El Niño, e vai continuar até setembro, teve uma influência direta na produção, na produtividade, nas perdas — que foram muitas — contratações e nas dispensas em função do clima.”

A carne é o ouro do Brasil 

Brasil. O maior exportador de carne bovina do mundo também demanda mão de obra para o processamento do produto. Segundo o levantamento da CNM, foram criados 11.856 postos de trabalho em 2023 dentro de frigoríficos, com o abate de bovinos. 

A cidade de Assis Chateaubriand, no Oeste do Paraná, com 36,8 mil habitantes, teve um salto gigantesco na geração de empregos depois da instalação do maior frigorífico da América Latina, no final de 2022. O crescimento foi de 769% — passando de 284 postos de trabalho em 2022 para 2.464 em 2023 — levando a cidade para a oitava colocação no ranking de empregabilidade do estado.

No estado vizinho, Santa Catarina, onde a produção de aves e suínos é o forte, 2023 fechou com US$ 3,2 bilhões em exportações. Para o diretor-executivo do Sindicarne-SC, Jorge Luiz de Lima, o aumento nos postos de trabalho no setor são reflexo dos investimentos que as agroindústrias vêm fazendo no setor ao longo dos últimos cinco anos.

“As principais agroindústrias do setor — não importa o porte, se são pequenas, médias ou grandes — todas elas têm investido de maneira a ampliar seu parque fabril, a agregar tecnologia e a trazer novos e diferentes sistemas dentro do processo produtivo.” 

Segundo o diretor, isso agrega conhecimento, qualificação de pessoal, não só garantindo as vagas de trabalho existentes, mas agregando outras. Ele ainda ressalta que “para cada vaga direta de emprego criada, outros oito postos de trabalho indireto são criados.” 
 

Copiar textoCopiar o texto
07/02/2024 15:15h

Número é puxado pelo encerramento de contratos — o que tradicionalmente ocorre no fim do ano. Mas 2023 fecha positivo na geração de empregos, com 119 mil vagas no setor

Baixar áudio

Puxado pelo encerramento de contratos nas lavouras de grande parte do país, o mês de dezembro fechou negativo com relação ao número de postos de trabalho no agronegócio: foram menos 88.566 no último mês de 2023. O informativo “Emprego no Campo” — divulgado mensalmente pela Confederação Nacional de Municípios —  mostra ainda que o que acontece no campo também é visto na cidade. Dezembro também terminou com queda no número de postos de trabalho nacional, foram menos 427 mil postos de trabalho, segundo o levantamento.

Os desligamentos são atribuídos ao encerramento da maioria dos vínculos temporários neste período do ano. Mas apesar do mês ruim, os números de 2023 foram positivos. O ano passado fechou com a criação de 119 mil vagas no campo, o que corresponde a 8,0% das vagas totais geradas no país — e um pouco maior do número de 2022, quando o aumento foi de 7,9%.

O economista César Bergo explica que essa sazonalidade faz parte da natureza do setor, já que quando acaba uma colheita, os contratos se encerram. Por isso, um outro aspecto do levantamento reforça o posicionamento de Bergo. 

“Quando a cidade é maior esse trabalhador acaba sendo absorvido pelo comércio. O que observamos nesses números é que os municípios menores acabaram sofrendo mais, porque não tem como aproveitar essa mão de obra que sai do campo.” 

A pesquisa mostra que os pequenos municípios foram responsáveis por 56% do saldo negativo (-50 mil vagas), enquanto as grandes cidades, geram mais empregos no comércio, apresentaram redução de 7 mil empregos. 

Onde o agro cresceu mais

No Brasil, 82% das cidades têm movimentação no mercado de trabalho do agro, são 4.571 municípios. Mas um deles se destacou na geração de empregos em 2023, o município de Lençóis Paulista, SP (foto). Com 75 mil habitantes, a cidade gerou 2.562 postos de trabalho no ano passado, em diversas áreas. O secretário de desenvolvimento Econômico, Paulo Cesar Ferrari, atribui à logística e às políticas públicas o sucesso na geração de empregos. 

“Aqui nós temos as rodovias, ferrovias e estamos na beira do Tietê — o que nos permite fazer o transporte através da hidrovia também. A cidade de Lençóis sempre teve muito cuidado com as políticas públicas, uma cidade de 75 mil habitantes onde temos 100% de saneamento básico e luzes LED.” 

Segundo o secretário, a saúde pública e a segurança funcionam bem, o que atrai mais pessoas para o municípios — assim como investidores. 

Lençóis Paulista ficou à frente até mesmo da capital São Paulo na geração de empregos, no ano passado. “Nós temos o agro, que é forte, o comércio, serviço, construção e indústria.” A previsão de investimentos na cidade em 2024, estima Ferrari, “é de R$ 4,8 bilhões em variados setores da indústria”.   

Desafios para 2024

O economista César Bergo divide em três partes os maiores desafios que o país — que é o maior exportador de grãos do mundo — enfrenta. 

Infraestrutura:  faltam ferrovias, a estrutura dos portos não é adequada e as rodovias encarem o custo do transporte e nem sempre são de boa qualidade;

Crise internacional dos fertilizantes: a escassez dos produtos no mercado externo fez com que os preços das commodities subiram e os insumos para alimentação dos rebanhos acabou ficando mais alta;

Clima: eventos extremos como seca, calor excessivo, chuvas e alagamentos também deixam o produtor dependente desses fatores para obter ou não sucesso com a safra.

“Do ponto de vista de safra, a expectativa é que este ano seja menor que em 2023. Por outro lado, esperamos uma melhoria dos preços internacionais das commodities para efeito de se ter um ciclo positivo no país. Isso deve fazer os preços dos alimentos caírem”, ressalta o economista. 

Mas a política e os planos de governo devem ser favoráveis para a agricultura, avalia. 
 

Copiar textoCopiar o texto
05/02/2024 02:15h

Segundo especialistas, tanto escassez hídrica quanto excesso de chuvas provocados pelo El Niño devem reduzir a produção. Aprosoja Brasil projeta que a produção deva chegar a 135 milhões de toneladas

Baixar áudio

Tanto a escassez hídrica como o excesso de chuvas na colheita, causados pelo fenômeno do El Niño, devem reduzir a produção de soja no Brasil. Conforme a Aprosoja-Brasil, a safra de 2023/2024 está em 135 milhões de toneladas. O número é menor do que tem sido divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – 155,3 milhões de toneladas. 

Já o quinto levantamento da consultoria Datagro estimou a safra de soja do Brasil em 148,55 milhões de toneladas. O número caiu 2,8% em comparação com a pesquisa anterior.

O doutor em Agronomia, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e coordenador da Equipe FieldCrops, Alencar Junior Zanon, explica que as mudanças climáticas devem comprometer a safra de 2023/2024.

“Nessa safra, em específico, o El Niño provocou uma alteração do regime hídrico, principalmente no mês de novembro, início de dezembro. Pensando em Mato Grosso, essa irregularidade e a baixa precipitação no mês de novembro e dezembro fez com que as cultivares precoces tivessem produtividades muito baixas. E quem plantou em setembro no Mato Grosso colheu muito pouca soja porque pegou muito pouca chuva. Se pensar no Nordeste, já é esperado que chova menos, pensando na Bahia, uma parte do Maranhão”, explica.

De acordo com a Aprosoja-MT, a safra de soja 2023/24 em Mato Grosso deve apresentar uma redução de 9,56 milhões de toneladas em relação à safra 2022/23. 

Para a região Sul do Brasil, também há expectativa de redução na produtividade, como ressalta o professor. “A configuração do El Niño, teoricamente para o sul do Brasil, era boa. E esse ano, pensando no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, em virtude dessa seca, dessa estiagem que está ocorrendo, acabou que vai comprometer a expectativa da safra”, explica.

Principal cultura de verão do Rio Grande do Sul, a soja possui uma área plantada de mais de 6 milhões de hectares. Em 2023, o estado colheu cerca de 12 milhões de toneladas da oleaginosa. Para a safra 2023/2024, a Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG-RS) estima uma colheita de 21 milhões de toneladas. 

Exportação da soja no Rio Grande do Sul

A soja em grão foi o produto mais exportado no Rio Grande do Sul em 2023. O produto representa 18,2% da participação total das exportações do agronegócio gaúcho, gerando US$ 4,05 bilhões.  Os dados são do Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à SPGG-RS.

Conforme a secretaria, em torno de 90% da soja colhida no estado é vendida ao exterior, principalmente para a China – mais US$ 644,8 milhões, o que representa 22,9%. Em seguida, aparecem o Iraque (mais US$ 59,4 milhões) e Bangladesh (mais US$ 52,3 milhões).

Segundo a SPGG-RS, quase todos os municípios gaúchos plantam alguma porção da oleaginosa, sendo Dom Pedrito, Rio Pardo, Cachoeira do Sul, São Gabriel e Palmeira das Missões os maiores produtores. Aproximadamente 12.000 empregos formais nos estados no estado estão relacionados ao cultivo e manejo da soja. 

O pesquisador do Departamento de Economia e Estatística da Secretaria, Sérgio Leusin Jr., ressalta que a soja desempenha um impacto significativo na geração de renda no estado. 

“A agropecuária é responsável por mais de 30% da atividade econômica em 268 municípios gaúchos. Sendo a participação da agropecuária superior a 50% da atividade econômica em 73 municípios do Rio Grande do Sul. Em geral, esses municípios integram as economias regionais por meio da oferta de produtos finais e de matéria-prima para a agroindústria e demanda um variado conjunto de bens e serviços agropecuários e também não agropecuários”, diz. 

PIB do agronegócio brasileiro recua 0,94% em 2023

Copiar textoCopiar o texto
27/01/2024 18:10h

A CNA prevê que a produção de leite no Brasil em 2024 deve ficar estável, com um volume de 34,1 bilhões de litros

Baixar áudio

Após um 2023 marcado por quedas consecutivas nos preços do leite pago ao produtor, o setor de lácteos projeta um cenário equilibrado para 2024. Conforme a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), no ano passado, a produção de leite no campo atingiu 34,1 bilhões de litros. Com isso, houve queda de 1,4% em 2023 ante 2022, quando foram produzidos 34,6 bilhões de litros.

De acordo com a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) Ana Paula Negri, diversos fatores contribuíram para a crise do setor. Entre eles, a queda de preço durante o período de entressafra – abril a agosto.

“Geralmente, no período da entressafra, os preços aumentam. Então, até outubro, há desvalorização do leite, que estava atrelada ao excesso da oferta devido ao aumento da produção doméstica e também das importações crescentes. As importações estiveram em alta de janeiro a novembro do ano passado e o volume foi 71,7% maior do que o registrado em 2022. Outro fator foi a queda nos preços dos derivados, porque o consumo em 2023 estava enfraquecido”, explica.

Segundo balanço do Cepea, em 2023, o Brasil importou 2,26 bilhões de litros de leite, o maior volume para o período de toda a série histórica. O número representa um aumento de 68,8% em relação a 2022. 

As importações brasileiras, provenientes basicamente de países do Mercosul - Argentina e Uruguai -  se deram em função da TEC (Tarifa Externa Comum) de 28% sobre os lácteos provenientes de outras origens. Com a TEC, esses países conseguem produzir a custos mais baixos que o nacional e diminuir a competitividade no mercado brasileiro. 

Conforme a Embrapa Gado de Leite, no ano passado, pequenos produtores de vários estados chegaram a receber menos de R$ 1,80 por litro de leite. Em contrapartida, o custo de produção aumentou 50% entre o início de 2020 e outubro de 2023.

De acordo com o balanço da CNA, de janeiro a outubro, a queda do leite para os produtores reduziram cerca de 26%. Já a queda para o leite UHT no atacado foi de 15%. No varejo, os preços ao consumidor registraram queda de apenas 1,98%.

Cenário para 2024 

A CNA prevê que as margens negativas da atividade no ano passado, a baixa capacidade de investimento e problemas climáticos devem impedir uma recuperação mais expressiva na produção de leite em 2024. A produção nacional de leite deve manter a estabilidade em torno de 34,1 bilhões de litros. 

Na avaliação da pesquisadora do Cepea, 2024 pode ser um ano ainda de desafios para o setor. “A expectativa dos agentes de mercado é que os preços registrem entre estabilidade e alta, ainda influenciado pela produção limitada no campo. Porém, a continuidade desse movimento de alta nos próximos meses vai depender muito da reação do consumo e dos volumes de lácteos importados. 2024 pode ser um ano ainda de desafios para o setor, com crescimento na produção mais lento. As importações podem continuar sendo uma peça importante para o setor”, destaca.

Com a pressão do setor produtivo, o Ministério da Agricultura divulgou, em outubro de 2023, um decreto 11.732/2023 para tentar frear as importações de leite. A medida visa auxiliar o produtor rural e equilibrar toda a cadeia produtiva, garantindo incentivos fiscais. A medida passa a valer em 1º de fevereiro de 2024.

Cadeia Produtiva do Leite no Brasil

Segundo o Cepea, o Brasil é o quinto maior produtor de leite do mundo em termos de valor. O país ocupa a sexta posição dentre todos os produtos analisados na agropecuária nacional no valor bruto da produção total no Brasil. Ao todo, o setor tem mais de 1,17 milhões de propriedade produtores de leite e 42 milhões de pessoas empregadas na indústria de laticínios. Os maiores produtores são os estados de Minas Gerais, seguido por Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.  

Incentivo à produção nacional de leite: governo aprova medidas para beneficiar setor

Copiar textoCopiar o texto
09/01/2024 04:15h

Conforme o Ministério da Agricultura e Pecuária, o calendário de semeadura de soja foi aletrado em Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Tocantins e Acre

Baixar áudio

Os produtores de soja de terão mais tempo para realizar a semeadura da oleaginosa. A pedido do setor produtivo e agências estaduais, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) alterou o calendário de semeadura de soja para a safra 2023/2024 em sete estados: Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Tocantins e Acre.

Segundo o consultor e analista de mercado na SAFRAS & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez, a prorrogação do prazo foi motivada pelo atraso no plantio da cultura.

“É uma questão em cima do atraso por questões climáticas, no atraso do plantio e da necessidade grande de replantio de soja em algumas regiões.  Então, os atrasos que foram acumulados ao longo de toda a semeadura da soja em vários estados do país trouxeram esse problema e não havendo janela sanitária para plantio, teria que haver esse aumento do prazo para se plantar dentro da lei. Então, assim abre a possibilidade do replantio de áreas nesses estados que sofreram bastante com a regularidade climática nesse ano. E isso pode resultar em uma área muito próxima do que a gente estava esperando que ia ser plantada”, destaca.
 

 

Mesmo com a prorrogação do prazo para o plantio de soja, o analista de mercado descartou a possibilidade de haver safra recorde de soja no país em 2024.

“Com relação às projeções para safra, a gente vem reduzindo nas últimas semanas as projeções. Mas continua indefinido porque tem ainda clima para acontecer, principalmente a safra do sul do Brasil, que está em aberto, e a safra do norte e nordeste também. O centro-oeste do Sudeste já está mais adiantado, mas a gente sabe que existem problemas importantes. E só os trabalhos de colheita acontecendo para a gente entender realmente qual foi o tamanho do problema. Então, eu diria que a safra deve ir mais ou menos por 152 milhões de toneladas. Quem sabe um pouco menos, um pouquinho mais, mas já dá para não falar mais em safra recorde”, destaca.

De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os produtores brasileiros deverão colher 312,3 milhões de toneladas de grãos na safra 2023/24. O número é 2,4% inferior ao obtido na temporada passada.

Demanda por fertilizantes no Brasil cresceu, em média, o dobro da mundial, em 30 anos 

Mesmo com recorde de safra 2022/23, produtores rurais enfrentam menores margens de lucro

 

Copiar textoCopiar o texto
07/12/2023 11:15h

De acordo com dados apresentados durante coletiva de imprensa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) sobre o balanço do agronegócio em 2023 e as perspectivas para 2024, a margem bruta da soja teve redução de 68% em comparação a safra 2021/22

Baixar áudio

Apesar da produção recorde de 322,8 milhões de toneladas de grãos na safra 2022/23, os produtores rurais enfrentaram menores margens de lucro. Um exemplo disso foi a margem bruta da soja, que teve redução de 68% em comparação com a safra 2021/22. Os dados são do Projeto Campo Futuro e foram apresentados durante coletiva de imprensa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) sobre o balanço do agronegócio em 2023 e as perspectivas para 2024.

Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA destaca que, exceto no Rio Grande do Sul, que sofreu com problemas climáticos pelo terceiro ano seguido, o clima foi favorável à produção agrícola no Brasil este ano, contribuindo para um aumento significativo na produção em grande parte do país.

O diretor avalia que a safra 2022/23 foi uma das mais caras da história. Em grande parte devido ao aumento significativo nos custos especialmente dos fertilizantes que subiram entre 50% e 80%. Além disso, os preços de venda foram mais baixos, resultando em quedas de 20% a 30%, afetando tanto a agricultura quanto a pecuária.

“Os dados do nosso projeto Campo Futuro mostram também na pecuária resultados bastante negativos no leite 67% de margem negativa. No caso da pecuária de corte, os abates cresceram mais de 9,7%, as exportações andaram de lado, o consumo interno foi muito pequeno e isso mostrou um excesso de oferta que ocasionou quedas como até 50% no ciclo completo”, explica.

Outro problema apresentado é o crescimento no número de invasões de propriedades rurais, com um registro de 71 ocorrências em todo o Brasil até novembro deste ano. Lucchi aponta que esse número supera o total dos últimos quatro anos, que somaram 64 invasões. Essa situação tem levado muitos produtores a reduzirem ou até paralisarem investimentos na produção.

Crescimento de importações

A diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori, apresentou que o crescimento das exportações do agronegócio até outubro foi de 3% e quando comparado com o mesmo período da safra 2021/22, esse aumento foi de 32%. Mori atribui parte desse crescimento ao aumento de exportações para China e Argentina.

“A China aumentou sua participação nas exportações brasileiras muito por causa da soja e por causa do milho, então passou de 33% para 37%. A quebra da safra na Argentina fez com que a Argentina passasse de 18° principal destino das exportações do agro para 5° principal destino”, avalia.

A diretora pontuou que outros fatores para esse crescimento foram a abertura de 33 mercados, ou seja, negociações de protocolos sanitários e fitossanitários para a entrada de produtos agropecuários em mercados específicos; a polarização das economias mundiais devido ao aumento das tensões geopolíticas e o acordo Mercosul com a União Europeia e as novas exigências ambientais.

PIB

Em relação ao PIB, a previsão para 2023 é de um crescimento de 2,8% no Brasil, sendo impulsionado principalmente pelo setor agropecuário, onde é esperado um crescimento de 14,5% e contribui com 47% do PIB nacional. Sem a atuação do PIB agropecuário, o crescimento do PIB do Brasil ficaria em torno de 1,7% este ano.

Projeções para 2024

A projeção para o Valor Bruto da Produção (VBP) para 2024 é atingir R$ 1,217 trilhão, marcando uma queda de 2,1% em comparação a 2023. No setor agrícola, espera-se uma redução de 3,4% no VBP devido às incertezas relacionadas a fenômenos climáticos. Por outro lado, na pecuária, é esperado um aumento de 0,8%, impulsionado pela recuperação dos preços do boi.

A safra de grãos 2023/24 é estimada em 316,7 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mas a previsão pode ser revista para baixo na próxima divulgação do órgão. 

A produção de leite em 2024 deve se manter estável em 34,1 bilhões de litros, impactada por margens negativas e menor capacidade de investimento dos produtores, além de custos crescentes e condições climáticas desfavoráveis.

A produção de carne bovina em 2024 deve ter leve aumento de 0,2% em relação a 2023. Os preços da arroba do boi gordo no Brasil são influenciados pela alta taxa de abate, demanda interna moderada e recuperação da produção chinesa de proteína animal.
 

Veja Mais:

Febre Aftosa: campanha de vacinação vai até esta quinta-feira (30) em São Paulo
Crimes: registro de homicídios dolosos caiu 26,8% no interior de São Paulo
 

Copiar textoCopiar o texto
24/11/2023 03:20h

Já o preço do quilo do frango congelado apresenta estabilidade

Baixar áudio

A cotação do boi gordo apresentou alta nesta sexta-feira (24). Com isso, o produto é negociado a R$ 237,80 no estado de São Paulo. 

Já quilo do frango congelado e do resfriado registrou a mesma tendência de estabilidade. Pelo segundo dia consecutivo, o frango congelado é vendido a R$ 7,38 nas regiões da Grande São Paulo, São José do Rio Preto e Descalvado. Nos mesmos locais, o frango resfriado é vendido a R$ 7,47/quilo.

Já o preço do quilo do suíno vivo registra estabilidade ou baixa nas localidades monitoradas. Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo mantiveram os valores, com preços negociados entre R$ 6,30 e R$ 6,97. Já Santa Catarina e Paraná registram baixa nos preços. 

Para atacados da Grande São Paulo, a carcaça suína especial registra estabilidade e o preço do quilo é negociado a R$ 9,97.  

As informações são do Cepea.

Copiar textoCopiar o texto