Agronegócio

22/03/2024 00:01h

Em relação ao direito de propriedade, CNA destaca como relevantes, entre outras, a Lei Ordinária 14.757/2023 — que trata da Regularização de Terras na Amazônia Legal

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Simplificação de impostos sobre o consumo, legislação sobre meio ambiente e direito de propriedade. Essas e outras medidas estão no rol de temas relevantes para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), apresentados publicamente nessa quarta-feira (20) pela entidade. 

No campo econômico e tributário, por exemplo, a CNA entende que a Emenda Constitucional 132/2023, que trata da Reforma Tributária, tem um impacto significante para o produtor rural. A medida simplifica impostos sobre o consumo, prevê fundos para o desenvolvimento regional e para bancar créditos do ICMS até 2032 — além de unificar a legislação dos novos tributos. 

Em relação ao direito de propriedade, a entidade destaca — entre outros — a Lei Ordinária 14.757/2023, que trata da Regularização de Terras na Amazônia Legal. O texto prevê o fim de cláusulas resolutivas relacionadas a títulos fundiários e facilita a regularização de antigas ocupações. 

Exportações do agro batem novo recorde em fevereiro de 2024

Agro eleva PIB de 2023, soja e milho lideram a produção mundial

Outra lei ordinária destacada e que pode impactar, segundo a CNA, a produção agropecuária, é a 14.785/2023. A medida busca aprimorar as regras para registro, reavaliação e comercialização de defensivos agrícolas —  e ainda suprimir a defasagem de mais de 30 anos da legislação atual. “Com os 17 dispositivos vetados, a lei aprovada não atende os principais anseios do setor” — enfatiza a Confederação.

O grupo de medidas também é composto por algumas que envolvem o campo da tecnologia e da educação, como a Lei Ordinária 14.645/2023, que trata da Formação Técnica Profissional. A proposta articula a formação profissional técnica de nível médio com a aprendizagem profissional — o que, para a CNA, determina a formulação de uma política nacional para o setor.
 

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20/03/2024 00:20h

Açúcar, algodão, café verde e carne bovina foram os produtos que impulsionaram o mercado a quase 20% de aumento em comparação com o mesmo período do ano passado

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Açúcar, algodão, café verde e carne bovina. Esses quatro produtos levaram o agronegócio brasileiro a ter um resultado positivo, no mês passado. “Nós temos uma produção muito grande, principalmente vinculada ao setor primário, ao agronegócio — e são grandes volumes de produtos exportados que acabam gerando um saldo positivo na balança comercial”, explica o advogado especialista em agronegócios Francisco Torma, ao comentar o desempenho do país que, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, teve desempenho recorde em fevereiro com relação ao mesmo período do ano passado..

A notícia pode até deixar o setor otimista, mas na opinião do Francisco Torma, o Brasil ainda carece de mais investimentos para que os produtos tenham maior competitividade e atratividade no mercado.

“Óbvio que temos desafios gigantescos, principalmente por estarmos num país com dimensões continentais. E quando nós trabalhamos política agrícola dentro de um país de dimensões continentais, nós vamos precisar fazer adaptações regionais”, analisa.

As exportações do agronegócio alcançaram cifras recordes para os meses de fevereiro, chegando a US$ 11,63 bilhões. O valor foi 19,7% superior na comparação com os US$ 9,71 bilhões exportados em fevereiro de 2023, correspondendo a um crescimento de US$ 1,91 bilhão nos valores exportados, conforme dados do MAPA.

A Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (SCRI/Mapa) mostra os números do agro com relação aos produtos que se destacaram e que contribuíram para o crescimento das exportações em fevereiro de 2024: açúcar (+ US$ 1,06 bilhão); algodão (+ US$ 406, 55 milhões); café verde (+ US$ 313,06 milhões) e carne bovina (+ US$ 211,65 milhões).

Para o analista e consultor de SAFRAS & MERCADO Fernando Iglesias, não adianta ter um índice de produtividade espetacular dentro do seu ramo, mas na hora de comercializar, pecar em alguns aspectos básicos. 

“As regiões que nós temos maior preocupação nesse momento são as grandes regiões que produzem leite, aqui na região sul por exemplo, temos que considerar também os estados do Mato Grosso, alguns outros estados em que a quebra da soja foi mais expressiva e os produtores dessas regiões encontram maiores dificuldades. São dificuldades que poderiam ser mitigadas em caso de bom uso das ferramentas de gestão de risco e gestão de preço.”, salienta.

Exportações e importações

De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, a China continua sendo a principal parceira do agronegócio brasileiro, tendo adquirido US$ 3,60 bilhões em produtos do setor em fevereiro de 2024. O valor colocou o país asiático com 31,0% de participação nas exportações brasileiras do agronegócio no mês. Na sequência vêm os Estados Unidos com US$ 842 milhões.

As importações de produtos agropecuários passaram de US$ 1,34 bilhão em fevereiro de 2023 para US$ 1,44 bilhão em fevereiro de 2024 (+7,5%). Além desses produtos, houve aquisições de inúmeros insumos necessários à produção agropecuária, como: fertilizantes (US$ 640,47 milhões) e defensivos agropecuários (US$ 306,55 milhões).

Para o especialista em agronegócios Marcelo Moura, o país precisa continuar investindo, continuar recebendo incentivos para trazer sempre bons resultados para um setor que é responsável por movimentar a economia.

“Pra colher tem que plantar, e pra plantar precisa de insumos. Então são resultados bastante otimistas, quase 20% de crescimento para o mês. A gente espera que o ano, apesar das dificuldades, principalmente climáticas, que se anunciam, possa trazer novos resultados como esse”, deseja.

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13/03/2024 19:30h

Projeto de Lei que tramita na câmara prevê que saldos não retirados pelos beneficiários pode ajudar agricultores em momentos de crise

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OEl Niño mudou o cenário da agricultura brasileira no ano passado, alterando padrões de temperatura e precipitação. Para a região Sul, o fenômeno climático levou chuvas torrenciais. Já o Norte e o Nordeste sofreram com secas severas. O efeito disso foi sentido na safra agrícola de 2024, que promete ser pelo menos 4,7% menor que a de 2023. 

No meio desse cenário está o produtor rural, que por mais que faça tudo de forma correta está sempre refém do clima, das pragas e doenças do campo. Mas um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados prevê a ampliação do programa de subsidia o Seguro Rural para os produtores. É o PL 209/24 de autoria do deputado Domingos Neto (PSD-CE). 

A proposta que altera a Lei do Seguro Rural autoriza o uso do saldo remanescente das contas de PIS/Pasep para ampliar esses recursos, como explica o autor da proposta.

“Nós apresentamos um projeto para que o fundo que ainda existe no PIS/Pasep, antes de 1988, nessas contas que somam mais de R$ 23 bilhões, possam ser destinados ao Seguro Rural.”


O que é o Seguro Rural

O Seguro Rural é um programa de governo que ajuda os produtores rurais a custear o seguro contra perdas decorrentes de fenômenos climáticos adversos e pragas. O auditor contábil, especialista em finanças e processos de M&A e sócio da Evoinc, Mariano Soares, explica que “a subvenção do prêmio do seguro rural, por sua parte, é uma forma de apoio em que o governo cobre parte dos custos do seguro, tornando-o mais acessível para os agricultores.”
 
“Isso é especialmente importante em um país como o Brasil, onde muitas regiões agrícolas são suscetíveis a variações climáticas extremas. A medida pode encorajar os produtores a investir mais em suas lavouras e produções, sabendo que têm uma rede de segurança mais robusta”. 


Como funcionam os saldos do PIS/Pasep?

Os saldos remanescentes do PIS/Pasep referem-se aos fundos acumulados nas contas desses programas que não foram sacados pelos beneficiários dentro do prazo estipulado. Segundo Mariano Soares, “ambos tratam de contribuições sociais destinadas a financiar o pagamento do seguro-desemprego, abono e participação na receita dos órgãos e entidades para trabalhadores públicos e privados". 

Com o tempo, alguns desses recursos não são reclamados ou sacados pelos beneficiários, resultando em saldos remanescentes. Segundo o auditor, “nos últimos anos, também houve iniciativas para permitir o saque desses fundos por um período limitado, visando estimular a economia ao proporcionar um recurso extra para os cidadãos elegíveis”.

Reinvestir na origem do dinheiro

Mesmo sendo a favor do que propõe o PL 209/24, o professor de economia da FAAP de São Paulo, Sillas Sousa, faz uma ponderação. 

“Como esse recurso vem do mundo do trabalho, entendo que um uso muito mais adequado seria no investimento, por exemplo, em recursos humanos mesmo. Acredito que esse recurso seria mais aproveitado se ele fosse encaminhado para alguma iniciativa relativa ao aumento de produtividade, como educação, pesquisa, ciência e tecnologia”.

Para o professor, o setor agrícola já tem subsídios suficientes para custear o próprio funcionamento. “A indústria precisa de incentivos, e sem investir em capacitação, o país acaba ficando para trás”, avalia Sillas Sousa. 

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13/03/2024 00:01h

Apesar de alto, o número é 4,7% menor que de 2023, quando o Brasil produziu 315,4 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas


Os protagonistas da produção agrícola brasileira — soja e milho — devem ter queda na produção este ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em fevereiro, a redução estimada da produção de soja para o ano é de 1,8% e a do milho de 10,8%. O IBGE estima ainda que a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2024 seja de 300,7 milhões de toneladas — 4,7% a menos do que em 2023, quando o país produziu 315,4 milhões de toneladas dos produtos.

O maior vilão dessa redução foi o clima, como explica o economista César Bergo. “ Vários fatores podem influenciar a safra de grãos, mas a principal, sem dúvida, foram as questões climáticas adversas, como secas em hora errada, inundações.”

O resultado apresentado pelo IBGE vem alinhado com a última pesquisa da Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, que também apresentou redução da safra de grãos com relação a 2023, com queda de 7,6%. 

Quem vive o dia a dia da lavoura

Para Leonardo Boaretto, que é produtor de soja, milho e feijão em Niquelândia, Goiás, é importante que as previsões sejam o mais próximas possíveis da realidade, pois são essas estimativas de safra que interferem no preço dos alimentos. 

O produtor explica que nas previsões de dezembro e janeiro já havia uma quebra concretizada da safra nacional, por conta da irregularidade climática.

“A falta de chuva e a temperaturas muito altas já tinham causado danos irreversíveis nas lavouras. E quando eles jogaram essas estimativas lá em cima, o mercado despencou. O mercado está voltando um pouco agora, mas ainda muito abaixo do que era de se esperar,” lamenta Boaretto.

Para Leonardo, já havia a expectativa de quebra de safra, mas não foi anunciada pela Conab. O que fez com que os preços das commodities despencassem, prejudicando o produtor brasileiro. 

“Quem precisava vender para fazer caixa foi prejudicado, pois teve que vender no pior momento, com os preços pressionados para baixo. E quem está com a produção na mão também vai sofrer, pois se os preços reagirem, vão reagir pouco.” 


Quebra de safra e queda da produtividade

Quem também reforça a importância das previsões serem próximas da realidade do campo é o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Antônio Galvan. A estimativa de fevereiro do IBGE para a soja foi de 149,3 milhões de toneladas, e vem sofrendo quedas sucessivas nos últimos meses, até que se chegasse a esse resultado. 

“O ajuste é normal. Nós temos ainda mais de 40% da soja brasileira no campo, para ser colhida, e temos ainda as regiões com bastante problemas. Menos problemas climáticos nesse momento, mas com problemas de doenças.” 

Com destaque para os estados da região Sul — que ainda têm muita soja para colher e estão sofrendo muito com as doenças. Galvan cita a Ferrugem Asiática, que pode encolher as expectativas de colheita e reduzir a produção do grão nesta safra. 

Ferrugem asiática

A ferrugem asiática é um fungo que atinge as lavouras de soja desde 2001, principalmente no Sul do país. Os produtores se preocupam com a doença pelo seu alto poder destrutivo — já que, quando não controlada, pode provocar perdas de até 90% do rendimento de grãos, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 

A ferrugem asiática da soja causa lesões nas folhas que costumam ficar amarelas e causar sua queda, resultando em redução do ciclo. 
 

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13/03/2024 00:01h

Apesar de alto, o número é 4,7% menor que de 2023, quando o Brasil produziu 315,4 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas

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Os protagonistas da produção agrícola brasileira — soja e milho — devem ter queda na produção este ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em fevereiro, a redução estimada da produção de soja para o ano é de 1,8% e a do milho de 10,8%. O IBGE estima ainda que a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2024 seja de 300,7 milhões de toneladas — 4,7% a menos do que em 2023, quando o país produziu 315,4 milhões de toneladas dos produtos.

O maior vilão dessa redução foi o clima, como explica o economista César Bergo. “ Vários fatores podem influenciar a safra de grãos, mas a principal, sem dúvida, foram as questões climáticas adversas, como secas em hora errada, inundações.”

O resultado apresentado pelo IBGE vem alinhado com a última pesquisa da Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, que também apresentou redução da safra de grãos com relação a 2023, com queda de 7,6%. 

Quem vive o dia a dia da lavoura

Para Leonardo Boaretto, que é produtor de soja, milho e feijão em Niquelândia, Goiás, é importante que as previsões sejam o mais próximas possíveis da realidade, pois são essas estimativas de safra que interferem no preço dos alimentos. 

O produtor explica que nas previsões de dezembro e janeiro já havia uma quebra concretizada da safra nacional, por conta da irregularidade climática.

“A falta de chuva e a temperaturas muito altas já tinham causado danos irreversíveis nas lavouras. E quando eles jogaram essas estimativas lá em cima, o mercado despencou. O mercado está voltando um pouco agora, mas ainda muito abaixo do que era de se esperar,” lamenta Boaretto.

Para Leonardo, já havia a expectativa de quebra de safra, mas não foi anunciada pela Conab. O que fez com que os preços das commodities despencassem, prejudicando o produtor brasileiro. 

“Quem precisava vender para fazer caixa foi prejudicado, pois teve que vender no pior momento, com os preços pressionados para baixo. E quem está com a produção na mão também vai sofrer, pois se os preços reagirem, vão reagir pouco.” 


Quebra de safra e queda da produtividade

Quem também reforça a importância das previsões serem próximas da realidade do campo é o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Antônio Galvan. A estimativa de fevereiro do IBGE para a soja foi de 149,3 milhões de toneladas, e vem sofrendo quedas sucessivas nos últimos meses, até que se chegasse a esse resultado. 

“O ajuste é normal. Nós temos ainda mais de 40% da soja brasileira no campo, para ser colhida, e temos ainda as regiões com bastante problemas. Menos problemas climáticos nesse momento, mas com problemas de doenças.” 

Com destaque para os estados da região Sul — que ainda têm muita soja para colher e estão sofrendo muito com as doenças. Galvan cita a Ferrugem Asiática, que pode encolher as expectativas de colheita e reduzir a produção do grão nesta safra. 

Ferrugem asiática

A ferrugem asiática é um fungo que atinge as lavouras de soja desde 2001, principalmente no Sul do país. Os produtores se preocupam com a doença pelo seu alto poder destrutivo — já que, quando não controlada, pode provocar perdas de até 90% do rendimento de grãos, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 

A ferrugem asiática da soja causa lesões nas folhas que costumam ficar amarelas e causar sua queda, resultando em redução do ciclo. 
 

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10/03/2024 00:03h

Especialistas explicam o que é o fenômeno e quais seus impactos no Brasil

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Segundo o último relatório El Niño/La Niña, elaborado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), há 60% de chance do atual episódio de El Niño continue atuando de março a maio. Ainda há 80% de probabilidade de condições neutras (nenhum fenômeno) entre abril e junho. Dessa forma, as condições características do fenômeno podem continuar, de forma reduzida, com temperaturas acima da média.

A meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia, Inmet, Andrea Ramos explica que o El Niño é um fenômeno climático natural, associado ao aquecimento da superfície do Oceano Pacífico. “O oceano fica 0,5 graus mais elevado, por mais de um mês e quando a atmosfera responde a esse calor. O fenômeno não tem um período de duração definido, podendo persistir até dois anos ou mais.”

A meteorologista ressalta que para determinar que o El Niño está em curso, é preciso haver persistência na alteração das temperaturas do Oceano Pacífico, por cinco ou seis meses de registro.

Impactos

Segundo a meteorologista, durante o El Niño, as chuvas ficam com volumes acima da média na região Sul, podendo se estender para estados como São Paulo e Mato Grosso do Sul. No Norte, Nordeste e nas regiões equatoriais (que estão mais próximas do Equador), ocorre a diminuição de chuvas, favorecendo condições climáticas mais secas que o normal.

Além disso, ela aponta que durante o início do fenômeno, as temperaturas ficam mais elevadas, como aconteceu em 2023, com as ondas de calor.

Agronegócio

Para Luciana Lara, advogada especialista em Direito Ambiental e membro da Comissão Nacional de Mudanças Climáticas do Conselho Federal da OAB, o El Niño ocorre em “praticamente” todas as regiões brasileiras, afetando, inclusive, o agronegócio.

“Essas consequências climáticas, tanto a falta de chuva quanto o excesso de chuva traz um desequilíbrio para cadeia produtiva do agronegócio brasileiro. Uma vez que as estimativas não são alcançadas, em decorrência desses efeitos provocados por esse fenômeno climático natural, nós temos estimado diversos prejuízos no segmento”, aponta.

A advogada destaca que essa é uma pauta discutida anualmente pela Conferência das Nações Unidas, onde se tem essa preocupação com o agronegócio no nível mundial.

Andrea Ramos aponta que uma das culturas que mais “sofre” com a ausência de chuva e é uma das mais afetadas pelo El Niño é a soja. De acordo com ela, com a estiagem, a semeadura atrasa, prolongando e dificultando o ciclo de formação na lavoura. 

“Já o alto índice de chuva, com volumes acima da média, pode afetar o ciclo normal da safra e dificuldade colheita, além de criar ambiente para proliferação de algumas doenças e pragas. Nos cultivos de inverno como trigo, cevada, aveia e outros que sofrem com excesso de umidade”, explica.

O Paraná foi um dos estados prejudicados pelo El Niño. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, as perdas chegaram a um valor preliminar de R$ 2,5 bilhões em 2023.

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Agro eleva PIB de 2023, soja e milho lideram a produção mundial

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04/03/2024 03:00h

Enquanto os Serviços apresentaram leve alta de 0,3% e a Indústria de 1,3%, a Agropecuária teve queda de 5,3%

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Apesar de a economia brasileira ter fechado 2023 com crescimento acumulado de 2,9% - praticamente o mesmo resultado apresentado em 2022 frente a 2021 - dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que houve uma desaceleração da atividade econômica no segundo semestre do ano passado, depois de um cenário positivo da Agropecuária notado no início do ano.

Em relação à comparação do quarto contra o terceiro trimestre de 2023, o quadro referente ao PIB é de estagnação. Enquanto os Serviços apresentaram leve alta de 0,3% e a Indústria de 1,3%, a Agropecuária teve queda de 5,3%.

O advogado e economista Alessandro Azzoni afirma que, no primeiro e no segundo trimestre, houve um avanço no agronegócio, que trouxe uma expansão nos números, sobretudo quando se trata da produção de soja e de milho. No entanto, ele destaca que o cenário não foi o mesmo para os meses subsequentes. 

“No terceiro e quarto trimestre nós tivemos um PIB negativo, praticamente no agronegócio, porque como os estoques foram exauridos no primeiro e no segundo trimestre, e agora estava na parte de replantio, a tendência do agro não representa tanto nesse segundo semestre”, explica. 

O levantamento do IBGE também aponta que a taxa de investimento do PIB, em 2023, foi de 16,5%. O resultado representa uma redução em relação a 2022, quando a taxa foi de 17,8%. Para o economista José Marcio Camargo, esse foi um dos principais fatores que contribuíram para a estagnação da economia na segunda parte do ano. 

“O grande problema no crescimento do PIB, um lado realmente negativo, é o fato de você ter uma grande queda na taxa de investimento. E, sabemos que, para se ter crescimento elevado no longo prazo, é preciso ter aumento na taxa de investimento e da capilaridade produtiva”, considera. 

Dentro desse contexto, a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, pontua que “quando a gente olha a contribuição para o crescimento, vemos que a demanda interna contribuiu com esse crescimento de 2,9% com apenas 0,9%, muito diferente do que tinha acontecido em 2022”.  

IBGE: somente dois estados registram queda na taxa de desemprego no 4º trimestre de 2023

Entre as atividades industriais, foi percebida alta nas Indústrias Extrativas (4,7%), na Construção (4,2%) e na atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (2,8%). As Indústrias de Transformação, por outro lado, apresentaram variação negativa de 2%.

Nos Serviços, as Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados registravam uma tímida elevação de 0,7%, enquanto as Atividades imobiliárias subiram 0,1% - mesmo resultado apresentado para Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social. Em contrapartida, contribuíram negativamente o Comércio, com queda de 0,8%; Transporte, armazenagem e correio, com recuo de 0,6%; e Informação e comunicação, com redução de 0,1%.


 

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26/02/2024 00:03h

Exportações do agronegócio cresceram 14,8% em janeiro

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Depois de passar por um período difícil, os produtores de soja estão um pouco mais otimistas com as projeções para 2024. Apesar de não serem tão animadoras, pelo menos a melhoria dos preços pode ser um alívio para o setor. Com a previsão de fim do El Niño em abril — que em 2023 provocou fortes chuvas e temperaturas extremas em todo o país —, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) a expectativa também é positiva.

No entanto, alguns desafios ainda devem ser enfrentados pelos produtores de grãos, conforme explica o presidente da Aprosoja do Mato Grosso, Lucas Costa.

“Nós temos que lembrar que mesmo o Mato Grosso que tem as sojas mais tardias, e que estão recebendo melhores chuvas, por outro lado essa soja foi semeada fora do fotoperíodo adequado e isso já interfere na produtividade. E estamos tendo uma grande pressão de pragas como percevejo e a mosca branca ,que é o que mais preocupa: além de ter um alto custo para controlar, já há notícia no mercado que está faltando defensivo para o controle e a pressão muito alta, causando prejuízos”, ressalta. 

Apesar do fenômeno El Niño estar perdendo força no país, outra preocupação é o La Niña, que deve fazer com que a região Sul sofra com a seca, além de causar chuvas no Nordeste, Norte e Centro-Oeste.  

Para o engenheiro agrônomo Charles Dayler, a situação deve melhorar no segundo semestre deste ano, mas os efeitos ainda devem ser sentidos por mais tempo. 

“Pode ter problema de replantio, que vai atrapalhar o cronograma — e isso vai afetar diretamente o preço. Pode ter perdas de insumos, as possibilidades são grandes. E para esse ano, o resultado infelizmente é negativo, porque as commodities agrícolas pesam bastante na balança comercial brasileira. Então vai haver sim um impacto negativo pensando na safra deste ano. No ano que vem a tendência é que a gente tenha uma recuperação, mas vai ser um ano ainda com algum desafio”, avalia. 

Preços

Gelson Giombelli, produtor de milho, soja e trigo em Descanso, em Santa Catarina, diz que 2024 também não começou muito bem, mas tem esperança que as coisas melhorem. O milho colhido em janeiro foi abaixo do esperado. 

“Foi em torno de 80, 100, nessa base. Pelos investimentos que a gente faz teria que colher entre 200 e 220 sacas por hectare. E a expectativa boa é para a soja, que está muito bonita, agora que começou a chover bem. Vamos ver se se concretizar é a soja que vai nos salvar”, avalia. 

Ele conta que no início do ano passado chegou a vender a saca de soja por R$ 180  — e agora está custando pouco mais de R$ 100. O milho, a mesma coisa, era R$ 100 e agora está R$ 54. 

O relato de muitos produtores é que, ainda hoje, a conta não fecha. Quem colheu mais consegue cobrir os custos de produção ou nem mesmo isso, para os que não tiveram uma boa colheita, como diz  Ivan Brucceli, produtor de milho e soja de Rio Verde, no estado de Goiás.

“Os custos precisam realmente reduzir. Tem vários produtos que estão caros, as sementes estão muito caras, inviabilizando o plantio do produtor. Hoje praticamente o que ele vai gastar é o que ele vai colher. Então não adianta ele se apavorar e fazer o plantio do jeito que está porque já entra o plantio sem perspectiva de renda”, comenta. 

Exportações

Em janeiro deste ano, as exportações do agronegócio cresceram 14,8%, chegando a US$ 11,72 bilhões. Houve expansão do volume embarcado de grãos, passando de 9,5 milhões de toneladas no mesmo mês de 2023 para 11,38 milhões de toneladas em janeiro de 2024 — um aumento de 19,7% —, sendo o complexo soja responsável por 21,4% do valor total exportado. 

A soja atingiu o recorde de US$ 2,5 bilhões. Foram 2,85 milhões de toneladas exportadas em janeiro de 2024, volume 240,0% superior quando comparado com 2023. A maior importadora de soja em grãos do Brasil é a China — 69% do valor exportado.

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23/02/2024 21:15h

Brasil é o terceiro país na produção mundial de leite, mas produtores enfrentam crise

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Desde a pandemia, a cadeira produtiva de leite no Brasil enfrenta desafios constantes. O país é terceiro maior na produção mundial leiteira, mas com custos altos e preços de venda que não acompanham a realidade do mercado, muitos produtores têm deixado a atividade. 

É o que está acontecendo, por exemplo,  na cidade de Rio Verde, em Goiás. De acordo com a Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento ela produz cerca de 450 mil litros de leite por dia. Nivaldo de Oliveira está à frente da cooperativa Proleite, que conta atualmente com 32 produtores, mas devido às dificuldades, esse número tem diminuído. Antes, por exemplo, eles produziam cerca de 230 mil litros por dia. Mas com a saída de produtores ao longo do ano, o cenário é outro. 

“Somados os nossos associados hoje, nós temos uma média de 180 mil litros de leite por dia de produção. Esse leite vem sendo enxugado vertiginosamente, porque o produtor está saindo da atividade um atrás do outro. Isso vai trazer consequências num futuro muito próximo. Na hora que a gente não tiver produção aqui, vai ter que importar. Nós não temos fornecedores com potencial de abastecer a demanda brasileira”, conta. 

Mesmo o Brasil produzindo mais de 34 bilhões de litros por ano, de acordo com o Ministério da Agricultura e Agropecuária (Mapa), o país importou um total de 2,2 bilhões de litros de  leite em 2023 — um aumento de quase 70% em relação a 2022, segundo a Secretaria de Comércio Exterior. 

O pesquisador Centro de Inteligência do Leite (CILeite) da Embrapa, Samuel Oliveira, afirma que atualmente a produção brasileira não consegue competir com alguns mercados internacionais. 

“Sempre existe uma pressão pela importação do leite, porque o que é produzido na Argentina, no Uruguai, até mesmo na Europa muitas vezes é mais barato que o leite brasileiro. E com a falta de leite no mercado doméstico [durante a pandemia] houve um aumento da importação. No ano passado, a importação do leite correspondeu a quase  8% do consumo total do Brasil, que é um volume altíssimo — geralmente gira em torno de 2%, 3%; no máximo 4%”, avalia. 

Possíveis saídas

Para o produtor Nivaldo de Oliveira, o cenário só vai mudar quando houver políticas para tornar o que é feito aqui dentro tão competitivo quanto o que vem de fora. 

“A indústria compra mais barato lá fora, põe no mercado, o valor pago pelo consumidor continua igual estava em 2021 e 2022, enquanto que para nós caiu e as margens das indústrias ficaram mais robustas. É o que tem trazido para gente dificuldade. Essa importação deveria ter paridade, para a gente competir de maneira igual, com os mesmos custos, as mesmas taxações e obrigações”, avalia o produtor. 

No fim do ano passado, um decreto, que alterou as regras do Programa Mais Leite Saudável, do Ministério da Agricultura, determinou que empresas de laticínios que realizarem importações não têm mais direito ao regime tributário diferenciado, concedido aos participantes do programa. Agora, estão sujeitas ao aproveitamento de apenas 20% dos créditos presumidos — e não 50%.
 

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23/02/2024 20:45h

Mapa planeja apresentar um estudo à Organização Mundial de Saúde Animal para reconhecimento internacional dos estados envolvidos como zona livre de febre aftosa sem vacinação

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O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) está coordenando um Estudo Soroepidemiológico para identificação de circulação viral de febre aftosa, doença infecciosa que atinge alguns animais. Após a conclusão, será levado para a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) o pleito de reconhecimento internacional dos estados que compõem o bloco como zona livre de febre aftosa sem vacinação.

O estudo será realizado em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Tocantins, Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Maranhão, Pará, Amapá e Roraima. Caso sejam reconhecidos como zona livre de febre aftosa sem vacinação, esses estados ficam aptos a exportar para países que exigem a certificação para comercialização de produtos de origem animal.

Até o momento, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rondônia, Acre e parte do Amazonas e Mato Grosso são considerados zonas livres de febre aftosa sem vacinação, com reconhecimento internacional.

Breno Welter, médico-veterinário e gerente do Programa Estadual de Erradicação da Febre Aftosa, informa que no Brasil não há registro da doença nos últimos anos, sendo que o último caso foi registrado em 1996. 

Ele explica que a febre aftosa é causada por um vírus de rápida multiplicação e é altamente contagiosa. Ele alerta que a febre aftosa pode acometer criações inteiras. Entre os animais que podem ter a doença estão os bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos, suínos, javalis

“[Sobre] os sintomas, temos o início da doença com lesões, vesículas na região da cavidade oral, na teta das vacas, no espaço interdigital dos cascos. E com essas lesões, essas vesículas se rompem formando aftas e úlceras. Os animais têm uma dificuldade em se alimentar, ingerir água e com isso eles começam a ter seborreia, salivação excessiva, dificuldade de locomoção. Os animais ficam isolados dentro da população, porque eles têm uma febre alta, eles têm toda essa sintomatologia”, informa.

O especialista destaca que, caso o produtor tenha suspeita da doença na propriedade, deve comunicar rapidamente à Defesa Agropecuária — que irá mandar médicos-veterinários capacitados até a propriedade para fazer o diagnóstico.

Vacinação

Vacinação contra febre aftosa será suspensa no Amapá, Bahia, Maranhão, Pará, Rio de Janeiro, Roraima e Sergipe a partir de abril deste ano.

Além disso, o Mapa proibiu o armazenamento, a comercialização e o uso de vacinas contra a febre aftosa no Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins.

De acordo com a pasta, estes estados realizaram a última vacinação em novembro de 2022 e estão atualmente em processo de preparação para modificar seu status para áreas livres de febre aftosa sem a necessidade de vacinação.

Para o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Sindi, Orlando Procópio, dentro do Programa Nacional de Vigilância para Febre Aftosa, a vacinação é um dos pontos mais importantes.

“A vacinação contra a febre aftosa é na realidade o dever de casa do pecuarista, do criador. Então tudo começa com uma boa cobertura vacinal e na sequência uma correta declaração do rebanho vacinado. Então este programa Nacional de Vigilância, tem um caráter nacional, mas como o Brasil é um país de um tamanho continental, esse programa acaba tendo status diferentes de acordo com os estados,”, afirma.

Ele ressalta que os estados precisam da ajuda do Governo Federal, porque é por meio dos Institutos de Defesa de cada estado, do poder de organização, da capacidade de ter funcionários treinados e veículos para fazer a vigilância, que o estado vai poder obter o status de livre de aftosa sem vacinação.

Economia

Segundo os últimos dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2023, o rebanho bovino brasileiro atingiu um novo recorde de 234,4 milhões de animais em 2022, registrando um aumento de 4,3% em comparação com o ano anterior.

Breno Welter pontua que a febre aftosa também é responsável por grandes perdas econômicas. “Principalmente em relação ao comércio, porque ela restringe a movimentação de animais, de produtos de origem animal, tanto por mercado interno como para o mercado externo exportação”, completa.

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