Neste episódio o Dr. George Lago dá mais detalhes sobre o assunto
Qual o papel do sono na obesidade? Dormir mal tem relação com ganho de peso? Neste episódio o Dr. George Lago dá mais detalhes sobre o assunto.
Em situação de privação do sono, a ciência já demonstrou que nosso corpo prefere alimentos mais calóricos como os carboidratos e com menor poder nutritivo.
Isso acontece porque o sono é um importante aliado do nosso metabolismo corporal. Nessa situação, não dormir bem desregula esse mecanismo e impacta o nosso peso.
Muitas pessoas se dedicam a uma alimentação saudável e à prática de exercícios regulares, mas esquecem ou ignoram completamente a importância do sono nesse processo.
Enquanto dormimos, são produzidos e liberados hormônios que vão atuar em funções específicas do nosso corpo. Como exemplo, o apetite e a sensação de saciedade que são regulados pelo sono.
A grelina é uma substância que coordena o nosso apetite, enquanto a leptina é responsável pela saciedade. Ambas são liberadas enquanto dormimos. Qualquer situação que comprometa a qualidade de sono, pode desregular a liberação desses dois hormônios. Dessa forma, quem tem insônia, apneia obstrutiva do sono ou qualquer outro transtorno enquanto dorme, tem chance aumentada de problemas metabólicos como alteração da glicemia, do colesterol e até no controle do peso corporal. Ou seja, quando não dormimos bem temos mais fome e menor sensação de saciedade.
Estudos científicos mostram que pessoas que dormem pouco apresentam maior ganho de peso e a falta de sono pode levar à obesidade. O contrário também é verdadeiro, a obesidade piora a qualidade do sono. A obesidade aumenta o risco para a apneia obstrutiva do sono, que é caracterizada por pausas recorrentes na respiração enquanto dormimos, seguidas de episódios de redução na oxigenação do sangue e fragmentação do sono.
Hoje sabemos que a ocorrência de apneia obstrutiva do sono em obesos é muito maior do que na população geral.
Para uma saúde integral, é preciso focar no tripé: alimentação saudável, exercício físico regular e sono de qualidade.
Para saber mais, assista ao vídeo no canal Dr. Ajuda no Youtube.
Pesquisas divulgadas pela American Diabetes Association, uma organização sem fins lucrativos sediada nos Estados Unidos, e publicadas em jornal científico em 2024, apontaram avanços na produção de novos medicamentos orais para emagrecimento. O desenvolvimento das novas moléculas, consideradas menores, obteve resultados positivos no processo de perda de peso.
Os estudos foram apresentados no Congresso da American Diabetes Association. Uma das descobertas divulgadas durante o congresso foi a molécula que pode inovar o tratamento de diabetes e obesidade: a GS-4571. Estes comprimidos podem ter menores custos de produção e devem ser comercializados com valores abaixo das medicações injetáveis existentes, como o Ozempic, por exemplo.
O especialista em endocrinologia e metabolismo pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo (SBEM), Flavio Cadegiani, de Brasília (DF), destaca que a descoberta da molécula explora a viabilização do tratamento. Ele ressalta que além de ser mais barata a descoberta também é mais eficaz do que outros tratamentos.
“Ela é uma análoga de GLP-1, que a gente chama de enviesado para MP cíclico. Traduzindo, ela é mais eficaz, inclusive, do que o Ozempic, do que a semaglutida. Então, além dela ser muito mais barata, fortuitamente, se descobriu que ela é mais eficaz”, afirma Cadegiani.
Flavio Cadegiani explica que essa nova classe de medicamentos deve chegar ao mercado com preços mais acessíveis em função da produção e do transporte de baixo custo para a indústria, o que facilitará o acesso para a população
“No desenvolvimento dessas novas moléculas, enquanto essas vêm para ser cada vez mais eficazes, existia uma grande lacuna, que é desenvolver moléculas que já são altamente eficazes tanto quanto as atuais, porém com custo de produção muito mais baixo, para dar a possibilidade de utilização pela população geral. Pelas pessoas que não têm condições de pagar um valor de centenas e centenas de reais por mês. Então essas novas moléculas como por exemplo GS-4571, por não ser uma glicoproteína, não ser biológica, o custo de produção dela é muito mais baixo, o custo de transporte também é muito mais baixo”, destaca Cadegiani.
Flavio Cadegiani avalia, ainda, que por ser via oral, esses medicamentos também facilitarão a tomada pelos pacientes, já que podem ser retomados a qualquer horário. Para ele, essa ação facilita a adesão dos interessados.
“Porque o único via oral que tem dessas atuais é feito por uma tecnologia muito específica e requer múltiplos cuidados para que ela seja absorvida e essa não, essa pode ser tomada em qualquer horário. Isso facilita a adesão na população e isso importa. Então, não necessariamente eu preciso de um remédio melhor, mas sim um remédio que as pessoas possam ter acesso”, pontua o especialista.
Um dos estudos apontou que a administração oral de GS-4571 em macacos diabéticos obesos uma vez ao dia, além de apresentar melhor controle glicêmico, também apresentou um aumento na perda de peso ao longo de 36 dias. Segundo os pesquisadores, os dados corroboram com o desenvolvimento contínuo da molécula como um novo agonista de GLP-1 – hormônio produzido naturalmente pelas células do intestino que estimula a insulina –, a ser utilizado em breve em humanos por via oral.
Apoiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), um estudo publicado no início de 2024 na revista científica The Lancet mostra que mais de um bilhão de pessoas no mundo sejam obesas. Ou seja, 1 a cada 8 pessoas vivem com obesidade.
No Brasil, a proporção é de 1 a cada 4 brasileiros com obesidade – de acordo com dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2023, monitoramento anual do Ministério da Saúde. Os dados brutos mostram que 24,3% dos adultos brasileiros são obesos.
Em 20 anos, quase metade dos brasileiros serão obesos, diz pesquisa
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 56% dos adultos brasileiros têm obesidade (34%) ou sobrepeso (22%) hoje. O especialista Flavio Cadegiani diz que os milhões de brasileiros obesos seriam beneficiados pela aquisição dos medicamentos de baixo custo, já que a perda de 5 a 10% do peso já reduz riscos à saúde, beneficiando assim a saúde pública.
“A gente teria uma população de mais de 20 milhões de pessoas com uma perda de peso acima de 10%, reduzindo consideravelmente os custos de saúde pública já no curto prazo. Então é do ponto de vista de custo eficácia para aquisição pelo sistema público sistema único de saúde”, salienta.
Segundo ele, apenas o potencial da molécula de reduzir o peso já contribuiria para a saúde pública. “O benefício advindo pela perda de peso em si que ela traria, já provocaria uma redução de custo de saúde pública, valendo a pena a aquisição pelo sistema público de saúde. Então, seriam literalmente dezenas de milhões de pessoas beneficiadas”, avalia Cadegiani.
Um estudo nacional realizado pela Fiocruz de Brasília aponta que, se as tendências atuais forem mantidas, 48% dos adultos brasileiros terão obesidade e 27% terão sobrepeso até 2044. A estimativa é de que daqui a 20 anos três quartos dos adultos brasileiros terão obesidade (83 mi) ou sobrepeso (47 mi).
Se as tendências atuais forem mantidas, 48% dos adultos brasileiros terão obesidade e 27% terão sobrepeso até 2044. É o que prevê um estudo nacional realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Brasília. O levantamento estima, ainda, que daqui a 20 anos três quartos dos adultos brasileiros terão obesidade ou sobrepeso, 83 milhões e 47 milhões, respectivamente. Além de efeitos à saúde, as condições de peso também impactam a economia brasileira, com sobrecarga nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) e saúde suplementar.
O pesquisador do Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (Palin) da Fiocruz Brasília, Eduardo Nilson, responsável pelo levantamento, aponta as estimativas anuais de gastos pelo SUS ligados à obesidade, já que a doença está associada a outras comorbidades, como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes, doenças renais e do sistema digestivo, neurológicas e câncer.
“Só para dar uma ideia, nós temos estimativas de que 1,5 bilhão de reais são gastos por ano no SUS com doenças atribuídas à obesidade, então, é uma carga econômica muito grande”, diz Eduardo Nilson.
De acordo com a Fiocruz Brasília, hoje, 56% dos adultos brasileiros têm obesidade (34%) ou sobrepeso (22%). E, ao longo dos anos, a prevalência da condição tem aumentando de forma rápida e, inclusive, quase dobrou de 2006 para 2019 – com 20,3% da população adulta atingida.
A estimativa é de que até 2030 a incidência totalize 68,1% para sobrepeso e obesidade combinados, sendo 29,6% e 38,5%, respectivamente. Mulheres, negros e outras etnias minoritárias podem apresentar maior prevalência. Estima-se que a obesidade, até 2030, afete 30,2% e o sobrepeso de 37,7% das brasileiras.
Confira as estimativas para outras parcelas da população em 2030:
O estudo nacional foi divulgado no final de junho no Congresso Internacional sobre Obesidade (ICO 2024), ocorrido em São Paulo, e é do pesquisador Eduardo Nilson, do Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (Palin) da Fiocruz Brasília, juntamente com equipe. A pesquisa completa ainda não foi publicada.
As tendências às quais o estudo se refere é a uma modelagem que foi adotada utilizando dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde – um inquérito telefônico nacional anual, que avalia fatores de risco para doenças crônicas não preveníveis, como o sobrepeso e a obesidade.
Dados estudo A Epidemia de Obesidade e as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) – Causas, custos e sobrecarga no SUS, publicados em 2022, revelam que o risco associado de diversas DCNT é o mais preocupante. Isso porque a prevalência pode ter consequências impactantes para o SUS.
Segundo os pesquisadores, o acúmulo de gordura corporal em excesso está associado com aumento no risco de mais de 30 DCNT, seja em maior ou menor grau. A pesquisa foi realizada por uma equipe de 17 pesquisadores de diversas universidades brasileiras e uma do Chile e financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Já no levantamento da Fiocruz Brasília, os autores utilizaram um modelo de tabela de vida para estimar os impactos do sobrepeso e da obesidade sobre 11 doenças associadas ao elevado Índice de Massa Corporal (IMC) no país até 2044. A estimativa foi feita levando sob a suposição de manutenção das tendências atuais.
O modelo estima casos incidentes e mortes atribuíveis de doenças cardiovasculares, diabetes, cirrose, cânceres e doença renal crônica – com base no Estudo de Carga Global da Doença (GBD) e em dados demográficos e epidemiológicos de pesquisas nacionais.
“De acordo com o cenário de manutenção da tendência atual, a prevalência de sobrepeso e obesidade entre adultos brasileiros aumentará de 57% em 2023 para 75% em 2044. Consequentemente, estima-se que 10,9 milhões de novos casos de doenças crônicas associadas ao sobrepeso e obesidade se desenvolvam nos próximos 20 anos e 1,2 milhão de mortes atribuíveis ao sobrepeso e à obesidade durante esse período”, menciona a Fiocruz Brasília em nota.
A Fiocruz Brasília informa que além dos impactos à saúde, a obesidade também afeta questões econômicas. “Essa epidemia de obesidade já causa e continuará causando uma maior carga epidemiológica e econômica para o Brasil, considerando as comorbidades da obesidade e seus custos relacionados”, diz um trecho da nota.
O pesquisador da Fiocruz Brasília, Eduardo Nilson, reforça o impacto da carga econômica gerada por uma população em sua maioria obesa.
“Pensando que uma população doente, ela produz menos, ela morre precocemente, então aí nós temos os chamados custos indiretos da obesidade e a dimensão dela é muito grande, porque ela representa, por exemplo, atualmente, cerca de 2,1% do PIB. Mas se nada for feito pode chegar a 4,5% do PIB em 2060. Então representa uma carga econômica muito grande para a sociedade como um todo”, ressalta o pesquisador.
O economista e educador financeiro Francisco Rodrigues reforça que, com a prevalência da obesidade na população brasileira, o custo social do país vai aumentar.
"O sistema de saúde é impactado e, consequentemente, o Ministério da Saúde, os gastos e os investimentos para a saúde terão que aumentar, ou seja, um custo cada vez maior e um investimento cada vez maior que aumenta o quê? O custo para o país", menciona Francisco.
Segundo Eduardo Nilson, da Fiocruz Brasília, as mudanças no estilo de vida da população, em relação à dieta e sedentarismo, podem explicar o aumento da obesidade observado no país. Ele destaca que a adoção de alimentação ultraprocessada em detrimento de alimentos naturais colaboram para a obesidade.
“A gente vê uma redução, por exemplo, do consumo de arroz e feijão, substituindo por alimentos prontos para o consumo, que têm um padrão nutricional muito inadequado. E isso eleva, inclusive, do ponto de vista de energia, eleva a questão da obesidade diretamente”, afirma Eduardo Nilson.
Para ele, a população deve basear as escolhas nutricionais no Guia Alimentar Brasileiro. Além disso, Eduardo ressalta a importância da implementação de políticas que instruam escolhas alimentares mais saudáveis, por exemplo as políticas de rotulagem de alimentos, com indicação visível da presença de alto teor de gorduras, sódio e açúcares. O pesquisador avalia que o momento é oportuno para implementação de ações que visem influenciar a escolhas alimentares saudáveis a partir da regulamentação da reforma tributária.
“Primeiro trazendo os alimentos mais saudáveis, mais baratos, para a população como um todo, e principalmente, a população mais pobre, que é onde a gente vê, principalmente um aumento maior ainda das prevalências de obesidade, e também associando ao maior aumento do consumo de alimentos processados. Então, com base nisso, nós vamos ter uma cesta básica desonerada, uma cesta básica que é o composto de alimentos saudáveis”, afirma Eduardo Nilson.
O economista e educador financeiro Francisco Rodrigues pontua que o governo pode adotar estratégias de propaganda em seus canais oficiais, no rádio e na TV. "Uma ação efetiva por meio do Ministério da Saúde, juntamente com os órgãos regulatórios, com os conselhos de quais lugares e em quais situações", diz.
Francisco afirma que as iniciativas devem estimular adultos, crianças e adolescentes a escolherem melhor os alimentos e adotarem hábitos saudáveis para evitar problemas de saúde e, consequentemente, sobrecarregar o SUS. Para ele, a escola também é um ambiente onde as ações em prol da saúde devem se concentrar.
"A grande mudança necessária para que gere o impacto social cada vez maior está na escola. Quando o professor ensinar uma maneira correta de se alimentar, quando a escola fizer uma merenda saudável e quando tiver ações efetivas também relacionadas a plantas e, ao mesmo tempo, a produtos que podem ser realmente utilizados de maneira saudável tanto na escola quanto em casa, isso vai gerar um impacto social para as crianças, para os adolescentes e para os adultos", afirma Francisco.
Dados da Vigitel divulgados em 2023 apontam índices por capitais brasileiras com relação à incidência de obesidade e sobrepeso no país.
A Vigitel Brasil 2023 ainda divide a análise por sexo. Entre os homens, foram observadas maiores frequências de excesso de peso em Porto Alegre (68,8%), Rio de Janeiro (68,4%) e Campo Grande (66,9%). Já entre mulheres, em Manaus (64,5%), Salvador (63,1%), Cuiabá (62,9%).
Considerando as 27 capitais, a frequência de excesso de peso foi de 61,4%, com maior grau entre os homens (63,4%) do que entre as mulheres (59,6%).
Já em relação à obesidade, a frequência de adultos obesos variou entre 17,7% em Goiânia e 30,4% em Macapá. As maiores frequências seguem entre os homens em Macapá (33,4%), Campo Grande (27,9%) e Porto Alegre (26,8%) e, entre as mulheres, em Fortaleza (29,8%), Cuiabá (29,7%), e Porto Alegre (29,6%).
Levando em consideração as 27 capitais, a frequência de adultos obesos foi de 24,3%, com semelhança percentual entre mulheres (24,8%) e homens (23,8%).
Um alerta para pais e responsáveis. No Brasil, uma em cada 3 crianças têm sobrepeso. E o quadro fica ainda mais grave ao descobrir que, até 2035, mais de 750 milhões de crianças e jovens adolescentes deverão viver com sobrepeso e obesidade no mundo. A estimativa é da Federação Mundial de Obesidade (World Obesity Federation - WOF), ao divulgar a sexta edição do Novo Atlas Mundial da Obesidade 2024.
Contrariar a diretriz de que uma alimentação saudável para crianças, principalmente nos primeiros anos de vida, pode provocar danos a longo prazo na saúde dos pequenos, é contribuir para que as taxas de obesidade e doenças consequentes desse quadro aumentem. A opinião é do médico pós-graduado em nutrologia Yure Elias.
“Quando a gente fala de uma alimentação saudável, a gente está falando de alimentos que tendem a melhorar a longevidade, tendem a melhorar a qualidade de vida, a disposição, a parte cognitiva das pessoas — e, também, a gente está evitando certos tipos de alimentos que podem estar piorando tudo isso”, analisa.
A ingestão de alimentos ricos em açúcares e gordura antes dos 2 anos, por exemplo, pode ser desastroso para o futuro dessa criança. Segundo o Ministério da Saúde, os números mostram isso. Só no ano passado, o Brasil registrou excesso de peso em mais de 3,1 milhões crianças — conforme relatório do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) do Ministério da Saúde.
De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2024, o público mais afetado está na faixa etária entre 5 e 19 anos. Os dados são obtidos através da medição do índice de massa corporal (IMC). A maioria vive em países de renda média. O estudo aponta que países com economias em expansão têm também aumentos rápidos na prevalência de excesso de peso, embora em níveis baixos.
O Ministério da Saúde (MS) estabeleceu metas para serem alcançadas com base nas escolhas alimentares mais saudáveis. O conteúdo está no “Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil 2021-2030”. Reduzir em 1/3 a mortalidade prematura (30-69 anos) por DCNT; deter o crescimento da obesidade na população adulta e reduzir em 2% a obesidade em crianças — são apenas alguns desses objetivos propostos.
O médico Yure Elias mostra preocupação com a quantidade de crianças acima do peso e alerta pais e responsáveis.
“Na prática, as doenças que a gente mais vê são, sem dúvida, colesterol alto, hipercolesterolemia, hipertensão arterial sistêmica e o diabetes. São as três patologias que a gente acaba mais vendo ali com uma relação íntima com a alimentação. São doenças que, de primeira linha, a gente tenta uma mudança do estilo de vida do paciente para fazer o tratamento. Então, a gente está falando ali de mudança principalmente relacionada à alimentação”, destaca.
A moradora do Rio de Janeiro Elenir Rosa de Azevedo tem 67 anos e é aposentada. Ela é mãe de 3 filhos, tem 3 netos e revela que sempre se preocupou com a saúde das crianças. Por conta disso, diz que, durante muito tempo, cozinhou sozinha todas as refeições para equilibrar os alimentos e a quantidade de sal a ser ingerida.
“Sempre tive a preocupação com uma boa alimentação. Trabalhando com crianças e mãe de três filhos e três netos, busquei priorizar uma alimentação saudável, pois assim estaria contribuindo para a boa formação da saúde das crianças, possibilitando um crescimento sadio. Esses bons alimentos são fundamentais para um bom desenvolvimento e fortalecimento de sua saúde”, reforça.
Segundo o MS, as metas do Plano de Ações orientarão as áreas por uma década, com perspectiva de tornarem-se pontos de interlocução entre as esferas de gestão do SUS, apoio para a definição de subsídios técnicos e financeiros para a vigilância em saúde para fortalecê-la nas áreas de Atenção Primária à Saúde, Atenção Especializada, Ciência e Tecnologia e Gestão do Trabalho e Educação em Saúde no Sistema Único de Saúde.
A obesidade é uma doença que não tem cura, mas tem controle. Segundo o doutor em endocrinologia clínica Flavio Cadegiani, ela está associada ao aumento de risco de mais de 200 doenças, incluindo mais de 15 tipos de câncer. Além disso, o médico lembra que existe o estigma social causado pela obesofobia. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a estimativa é de que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade.
Na opinião do especialista, o excesso calórico advém muitas vezes de um consumo desenfreado de comidas, que é do desejo alimentar. “É é uma questão química ,não é uma escolha racional. A pessoa não escolhe racionalmente ficar obesa. Então, os pontos de atenção são a questão do comportamento, que inclusive vem a questão do tratamento”, explica.
Mas o endocrinologista explica que a doença também está associada a 60% e 70% genética. “São mais de 300 genes envolvidos, o principal chama-se FTO. Esses genes eles influenciam em vários aspectos como a otimização metabólica, então tudo ele armazena com mais facilidade e com facilidade de ganho de peso”, revela.
Só no Brasil, a obesidade atinge 6,7 milhões de pessoas, segundo o Ministério da Saúde. O número de pessoas com obesidade mórbida ou índice de massa corporal (IMC) grau III, acima de 40 kg/m², atingiu 863.086 pessoas só em 2022.
O tratamento da obesidade consiste basicamente na mudança no estilo de vida do paciente. O endocrinologista Flávio Cadegiani explica que a prevenção é feita com alimentação saudável e uma rotina de atividade física.
“A atividade física bem feita ela é muito melhor para prevenir o ganho de peso do que para ter perda, tem muito atleta que tem obesidade porque eles pararam de treinar e não pararam de comer. Então a atividade física ela é muito importante para a prevenção da obesidade, uma atividade física bem feita e regular, uma boa alimentação, não precisa ser rigoroso, mas precisa manter o hábito de uma alimentação saudável, segurar carboidratos, açúcar”, observa.
Segundo a nutricionista Camila Pedrosa, o acúmulo excessivo de gordura corporal pode resultar em várias complicações na saúde da pessoa.
“Doenças cardíacas, diabetes, pressão alta. A gente pode ter obstruções aí que são os trombos na corrente sanguínea. Isso pode causar derrames, problemas de articulação, justamente por conta do excesso de peso. Problemas de sono. Ela pode ter redução da fertilidade, problemas de fertilidade é muito comum em pacientes obesos e, além disso, ela pode ajudar a desencadear outros tipos de câncer”, informa.
A nutricionista Camila Pedrosa diz que a obesidade é considerada uma doença que não tem cura, mas tem tratamento e tem controle. “Se a pessoa para de fazer o acompanhamento, de cuidar da alimentação, ela tende a voltar o ganho de peso, mesmo que ela seja uma pessoa que fez uma cirurgia bariátrica. Ela parou de cuidar, ela tem reganho de peso”, lembra.
E quem já teve que enfrentar a doença diz que não é fácil. A publicitária Stefany Liberal, de 30 anos, conta que já passou por momentos de não querer sair mais de casa por causa de sua aparência. Para recuperar sua autoestima, ela recorreu a cirurgia bariátrica — procedimento indicado para tratar casos de obesidade grave.
“Obesidade é algo muito difícil. Tem gente que acha que a obesidade é algo que essa pessoa come, só isso? Não, às vezes pode ser uma doença, pode ser algo que vem para complementar, que é muito difícil. Então, obesidade não é fácil. E a cirurgia bariátrica em si também é algo muito difícil. Tem gente que acha que fazer a cirurgia bariátrica é algo fácil, mas não é. É muito difícil porque tem várias consequências”, relata.
A OMS instituiu o 4 de Março como o Dia Mundial da Obesidade, com a intenção de disseminar conhecimentos sobre a doença. A data também é uma maneira de combater o estigma social a respeito do problema.
Você ainda pensa que uma pessoa que sofre com a obesidade que usa medicamentos para emagrecer, não está perdendo peso de forma saudável? Ainda acredita que para perder peso basta fechar a boca e fazer exercícios?
É importante destacar que quando estamos falando sobre o tratamento da obesidade, o objetivo não é que a pessoa fique magra, mas sim que perca peso para melhorar sua qualidade de vida e reduzir seus riscos. Sabemos que perdendo de 5 a 10% do peso corporal, melhoramos também problemas como diabetes, pressão alta, gordura no fígado, e perdendo acima de 10% podem melhorar apneia do sono e reverter quadro de diabetes.
A obesidade é uma doença crônica que altera a fisiologia do apetite, em que as pessoas sentem mais fome e menos saciedade, por isso, é possível usar medicamentos para corrigir as alterações dessa fisiologia.
Além do medicamento, o tratamento é realizado por meio de mudanças no estilo de vida e acompanhamento multidisciplinar, com médico, nutricionista, psicólogo e educador físico.
Mas quem afirma que para tratar da obesidade que dieta e exercícios são o suficiente, não sabem que o acompanhamento de um profissional apenas com a mudança do estilo de vida, levam a uma perda média de 3% do peso, perdas que quase sempre não são sustentadas a longo prazo. E uma das principais razões para a dificuldade em manter esse peso perdido, vem dessa alteração do apetite, mas se deve também ao fato de que toda vez que emagrecemos, gastamos menos energia e sentimos mais fome, facilitando ainda mais voltarmos ao nosso peso inicial.
Estudos mostram que pessoas obesas que emagrecem usando medicamentos, melhoram sua saúde e de maneira até mais significativa do que quem não usa, porque em geral a perda de peso é maior.
O tratamento com remédios é indicado para pessoas com Índice de Massa Corpórea (IMC), que é calculado o peso dividido pela altura e multiplicado pela altura novamente, maior que 30 ou pessoas com IMC maior que 27, que apresentam complicações da obesidade, como diabetes, pressão alta, apneia do sono e gordura no fígado.
Ainda hoje, existe um grande preconceito com os remédios para tratar da obesidade, pois no passado alguns remédios apresentaram efeitos colaterais graves, mas com os medicamentos que temos hoje e quando usados com a indicação correta e com o acompanhamento médico, esse risco diminui.
Além disso, os efeitos do medicamento é muito individual, o que funciona para um,pode não funcionar para outra pessoa. Existe também uma fase de adaptação com os remédios, em que a presença de efeitos colaterais leves e moderados podem ser aliviados com algumas estratégias até que ocorra a adaptação do corpo com o remédio.
Existem algumas critérios para escolher o melhor medicamento para cada pessoa, e são baseados em:
Sendo a obesidade uma doença crônica (uma doença que controla mas não cura), ela pode ser tratada a longo prazo. Cada vez mais acredita-se que a obesidade deve ser tratada como qualquer outra doença crônica, como a diabete e a pressão alta, sem suspender a medicação, pois toda doença crônica piora quando a medicação é suspensa.
É de extrema importância conversar com um endocrinologista para saber qual o melhor tratamento para você.
Para mais informações, assista o vídeo no canal Doutor Ajuda.
A obesidade não está relacionada apenas a um comportamento. Ela é uma doença, um distúrbio metabólico, genético, que pode ser influenciado por fatores comportamentais e ambientais, segundo o doutor em endocrinologia clínica, Flavio Cadegiani. Ele explica que a obesidade está relacionada à disfunção do tecido adiposo.
“A célula de gordura quando aumenta de volume quando ela hipertrofia, ela aumenta a produção de produtos inflamatórios que inflamam o corpo inteiro, além disso quanto maior o volume da célula de gordura, mais ela atrai macrófagos — células imunológicas, que por si vão produzir ainda mais fatores inflamatórios. Hoje, a gente fala que o conceito de obesidade ele é centrado na disfunção do tecido adiposo que é o tecido de gordura”, informa.
A genética é responsável em 70% para o desenvolvimento da obesidade, conforme dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Mas esse cenário pode mudar. Cadegiani diz que já existe uma nova medicação para tratar obesidade e sobrepeso, vista por cientistas como promissora, por apresentar resultados melhores que os remédios existentes no mercado, a chamada Retatrutida.
“O medicamento ainda está em desenvolvimento, mas já é o tratamento com maior eficácia já visto para obesidade. É o primeiro medicamento que tem potencial de ter quase uma equivalência em relação à cirurgia bariátrica”. Ele está otimista com os trabalhos. “Se der tudo der certo na fase 3, talvez em 4 ou 5 anos ele deve ser disponibilizado”, avalia.
No código genético humano, mais de 400 genes estão relacionados ao processo de alimentação e saciedade. Desde o metabolismo, apetite e distribuição corporal de gordura. No Brasil, um em cada 4 indivíduos maiores de 18 anos tem obesidade, o que corresponde a aproximadamente 41,2 milhões de pessoas. E mais da metade dos adultos apresenta excesso de peso 60,3%, o que representa 96 milhões de pessoas, conforme a Pesquisa Nacional de Saúde de 2020. O público feminino tem maior prevalência (62,6%) do que o masculino (57,5%).
O último relatório do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, mostra que a frequência de adultos com excesso de peso variou entre 49,3% em São Luís e 64,4% em Porto Velho. As maiores frequências de excesso de peso foram observadas, entre homens, em Porto Velho (67,5%), João Pessoa (66,5%) e Manaus (65,2%) e, entre mulheres, em Manaus (61,8%), Porto Velho e Belém (61,0%). As menores frequências de excesso de peso, entre homens, ocorreram em Salvador (50,8%), São Luís (51,4%) e Vitória (55,8%) e, entre mulheres, em Palmas (45,0%), Teresina (46,4%) e São Luís (47,5%).
O Atlas Mundial da Obesidade 2023 revela um aumento na prevalência da obesidade em todo o mundo. Para o Brasil, a estimativa é de que 41% dos adultos terão obesidade em 2035. O crescimento anual da obesidade entre adultos é de 2,8%, enquanto na infância, a taxa atinge 4,4% ao ano até 2035. A projeção para 2035 é de que 1 em cada 4 pessoas conviverá com a doença. Isso representa mais da metade da população mundial, sinaliza a pesquisa.
Para o diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Fábio Moura, é muito importante combater a obesidade de todas as formas, principalmente avançando em estudos de medicamentos que ajudem a reduzir os casos. “A obesidade é hoje um das principais preocupações. Há um aumento exponencial do número de casos e com isso vai acontecer um aumento exponencial das doenças que decorrem da obesidade como a diabetes tipo 2, a doença hepática gordurosa não alcóolica, a apneia do sono, o aumento do risco de câncer, tudo isso vai aumentar com o aumento do número de casos de obesidade”, alerta.
Na opinião do endocrinologista, para tratar a obesidade é necessária uma mudança no estilo de vida do paciente. Ele explica que a prevenção é feita com alimentação saudável e uma rotina de atividade física, por exemplo. “A atividade física bem feita ela é muito melhor para prevenir o ganho de peso do que para ter perda, tem muito atleta que tem obesidade porque eles pararam de treinar e não pararam de comer. Então a atividade física ela é muito importante para a prevenção da obesidade, uma atividade física bem feita e regular, uma boa alimentação, não precisa ser rigoroso, mas precisa manter o hábito de uma alimentação saudável, segurar carboidratos, açúcar”, observa.
O especialista conta que é preciso humanizar e individuaizar o tratamento. “Entramos com os medicamentos depois que o paciente tenta todas as formas de mudança de estilo de vida, principalmente com alimentação e com atividade física, e, muitas vezes, não consegue ter uma perda significativa de peso. Acontece que, nem sempre, a pessoa está motivada e a gente deve entender isso também", ressalta Flavio Cadegiani.
A obesidade em crianças e adolescentes é ocasionada por diferentes fatores, muitos deles que envolvem condições genéticas e comportamentais, segundo o Ministério da Saúde. O relatório público do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional, com dados de pessoas acompanhadas na Atenção Primária à Saúde, aponta que, até setembro de 2022, mais de 340 mil crianças de 5 a 10 anos de idade foram diagnosticadas com obesidade.
Números que, para a nutricionista Juliana Carricondo, aumentam os riscos para a criança desenvolver doenças graves.
“É um problema muito complexo, porque a obesidade é uma doença multifatorial, ou seja, diversos fatores estão ligados para aquele indivíduo ser diagnosticado ou não com obesidade. E a obesidade infantil, o grande problema dela é que pode ser a porta de entrada para diversas outras doenças, como hipertensão, colesterol alto, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias”, afirmou.
O DF segue a mesma tendência nacional. Segundo boletim divulgado pela Secretaria de Saúde, houve aumento no índice de peso em todas as faixas etárias nos últimos anos. A porcentagem de crianças de zero a cinco anos com excesso de peso aumentou de 7,9% em 2020 para 8,2% em 2021. Já entre as crianças de cinco a dez anos, o índice saltou de 27,9% para 33,4%.
O documento revela que o consumo de bebidas açucaradas por crianças com idades entre seis e 23 meses chega a 19%, enquanto de alimentos ultraprocessados é de 33%. Na faixa etária de dois a quatro anos, esses números aumentam para 69% e 95%, respectivamente. Número maior até que ultrapassa a média nacional de 91% na ingestão de alimentos como refrigerantes, biscoitos recheados e macarrão instantâneo.
Juliana Carricondo, que também é gerente de Nutrição da Secretaria de Saúde do DF, ressalta os esforços da gestão para melhorar o quadro a partir de conversas com as famílias. Uma saída, segundo ela, é usar a criatividade no preparo da comida dos pequenos.
“A gente precisa cuidar da alimentação da criança. E como que os pais podem fazer para ajudar a criança a comer melhor? Primeiro de tudo é dando. A criança aprende muito mais vendo o que a gente faz do que ouvindo o que a gente fala. Então, os pais precisam dar o exemplo. Na hora de colocar, servir o prato, fazer um prato diversificado, colorido, colocar legumes, colocar verdura, porque a criança vai ver aquilo e vai se sentir estimulada a copiar o que o adulto está fazendo. Uma outra maneira é diversificar o modo de preparo dos alimentos”, completou.
O volume da circunferência abdominal está intrinsecamente relacionado ao maior risco de acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico e hemorragia cerebral. É o que aponta estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido. A enfermidade também é conhecida como derrame e trata-se da consequência da alteração de fluxo sanguíneo no cérebro.
O neurocirurgião e especialista em AVC, Victor Hugo Espíndola, afirma que essa possibilidade é um fato e precisa receber atenção de especialistas e dos próprios pacientes. "Os pacientes que têm um aumento da da cintura abdominal são os pacientes obesos e principalmente são pacientes que têm o aumento da gordura visceral, que sabemos que é o tipo de obesidade mais grave e que propicia o aumento do risco de AVC”, destaca.
“A gente sabe que tem essa ligação porque a obesidade é um dos principais fatores de risco do AVC porque na grande maioria das vezes além de ter problema de colesterol associado ela é acompanhada de outras doenças como a hipertensão arterial e o diabetes, que são os dois principais riscos do AVC isquêmico e também do AVC hemorrágico”, completa.
O especialista também diz que até 80% dos casos de AVC podem ser prevenidos com mudanças básicas no estilo de vida, como o controle da pressão arterial, do diabetes, controle da obesidade, interrupção do tabagismo e prática de atividades físicas para evitar o sedentarismo.
De acordo com o Ministério da Saúde, existem dois subtipos de AVC, o acidente vascular isquêmico ou infarto cerebral responde por 80% dos casos. A condição ocorre quando há entupimento dos vasos cerebrais, o que pode se dá devido a uma trombose ou embolia - quando um trombo ou uma placa de gordura originária de outra parte do corpo se solta e chega aos vasos cerebrais pela rede sanguínea.
O outro tipo é conhecido como acidente vascular hemorrágico. Trata-se do rompimento dos vasos sanguíneos que se dá na maioria das vezes no interior do cérebro, também conhecido como hemorragia intracerebral. Em outros casos, ocorre a hemorragia subaracnóide, onde o sangramento entre o cérebro e a aracnóide (uma das membranas que compõem a meninge). Como consequência imediata, há o aumento da pressão intracraniana, que pode resultar em maior dificuldade para a chegada de sangue em outras áreas não afetadas e agravar a lesão. Esse subtipo de AVC é o mais grave e tem altos índices de mortalidade.
Fabrícia Chacon, de 44 anos, é moradora de Brasília e analista de sistemas. Em julho de 2017, enquanto trabalhava, ela começou a passar mal e decidiu ir ao hospital. Após uma série de exames, foi diagnosticada com Síndrome Anti-fosfolípide (SAF), um tipo de trombofilia que pode acarretar a formação de coágulos sanguíneos.
“Eu estava no trabalho, comecei a passar mal, minha pressão começou a subir e eu comecei a suar. Liguei pro meu marido, ele me levou para o hospital. Lá, já não conseguia ficar em pé. Minhas pernas já não respondiam e eu tive muita dificuldade na fala. Então eu fui pra UTI e fiz um trabalho com uma fonoaudióloga para poder desenrolar a língua”, completa Fabrícia.
Após esse episódio, Fabrícia procurou fazer uma reeducação alimentar para poder comer de forma mais saudável, pois comia muita fritura e alimentos gordurosos.
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O rol de medicamentos para o tratamento da obesidade acaba de ser ampliado no Brasil. Nesta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a Wegovy, uma solução injetável para perda e manutenção do peso. A obesidade é uma doença que atinge mais de um bilhão de pessoas no mundo, caracterizada pelo excesso de gordura corporal em quantidade capaz de prejudicar a saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 650 milhões de adultos, 340 milhões de adolescentes e 39 milhões de crianças sofrem com o problema.
A doença afeta o indivíduo por meio das barreiras encontradas na sociedade e pelo agravamento ou surgimento de outras enfermidades. Membro da diretoria da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), o médico endocrinologista Fernando Gerchman afirma que a entidade é a favor da implementação do novo medicamento no mercado brasileiro devido à sua eficácia.
“Essa medicação tem eficácia superior às medicações existentes e ela é indicada para pessoas com um Índice de Massa Corporal de 30 ou mais, que caracteriza obesidade, ou 27 ou mais, que caracteriza sobrepeso com complicações relacionadas, como por exemplo, hipertensão, síndrome da apnéia do sono ou pré-diabetes e diabetes”, destaca.
O médico explica, ainda, que o medicamento é aplicado através de uma tecnologia já utilizada em pessoas com diabetes. Ele afirma que será necessário um treinamento feito por profissional para que os pacientes possam realizar a aplicação.
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 96 milhões de pessoas têm excesso de peso e 1 em cada 4 tem obesidade, um total de 41 milhões de pessoas. Fernando Gerchman aponta algumas das dificuldades enfrentadas por essa parcela da população.
“A sociedade tem uma percepção inadequada em relação à obesidade que faz com que as pessoas sejam mais discriminadas, tenham mais dificuldades nos processos seletivos de trabalho. E também as dificuldades relacionadas às complicações da doença. Causa depressão, causa ansiedade ou está relacionada à depressão e à ansiedade. Causa problemas musculoesqueléticos que geram dor física”, explica.
Segundo a OMS, a doença atinge o coração, fígado, rins, articulações e sistema reprodutivo, o que leva a doenças como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão, acidente vascular cerebral, vários tipos de câncer e problemas de saúde mental. Para determinar se uma pessoa é obesa, o peso é dividido pela altura ao quadrado, o chamado Índice de Massa Corporal (IMC). Quando o IMC é maior ou igual a 30kg/m2 trata-se de obesidade, entre 25 e 29,9 kg/m2 está o sobrepeso.
A Anvisa esclarece que a Wegovy é indicada como auxiliar à uma dieta com baixas calorias acompanhada de exercício físico. Segundo o órgão, o medicamento deve passar por definição de preço e da logística de distribuição do fabricante e dos revendedores antes de começar a ser comercializado. De acordo com o Ministério da Saúde, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), ainda não recebeu solicitações para avaliação de incorporação do medicamento no SUS.