Transplante

05/04/2024 00:04h

Cerca de 8.300 Cartórios de Notas do Brasil estão atendendo as solicitações de forma digital

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Mais rapidez e eficiência nas doações de órgãos. Os Cartórios de Notas do Brasil já permitem que  pessoas interessadas em doar órgãos possam manifestar e formalizar a vontade de forma digital. O documento é considerado oficial e feito por meio de um formulário eletrônico disponível nos 8.344 cartórios ― todos com a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO). Quem explica esse novo procedimento é Leandro Corrêa, diretor do Conselho Federal do Colégio Notarial do Brasil (CNB).

“A autorização eletrônica de doação de órgãos tem um papel crucial aí ao registrar e formalizar o desejo do cidadão em ser um doador de órgãos. Esse processo é simples e pode ser feito totalmente digital. Para iniciar o indivíduo precisa acessar o site da aedo.org.br, emitindo o certificado notarizado; em seguida preenchendo o formulário de solicitação no site. Ele vai de forma online. E depois agendada uma videoconferência com o tabelião completando o processo de autorização de doação”, esclarece.

Todas as autorizações feitas ficarão disponíveis em um sistema eletrônico, podendo ser acessadas pelos profissionais de saúde para comprovar o desejo de quem faleceu. 

De acordo com o Ministério da Saúde, de janeiro a setembro do ano passado cerca de 3.060 doações se efetivaram, totalizando 17% a mais em comparação com 2022, quando se atingiu 2.604. Com essa procura, a pasta informa que o resultado foi o melhor dos últimos dez anos: 6.766 transplantes foram realizados em todo o país, enquanto no ano anterior foram registradas 6.055 no mesmo período.

Como fazer a autorização eletrônica

As pessoas interessadas em obter uma autorização eletrônica precisam apenas acessar o site da AEDO e preencher um formulário eletrônico, que será automaticamente enviado ao cartório selecionado no momento do acesso. Em seguida, uma data será agendada pelo cartório para a realização de uma videoconferência, na qual o cidadão será identificado e deverá assinar o documento eletronicamente. 

O cidadão poderá autorizar a doação dos seguintes órgãos: coração, pulmão, rins, intestino, fígado, pâncreas, medula, pele e músculo esquelético. Quem teve esse gesto de amor sendo feito, agradece.

“Eu fiz uma campanha no Face com família, minha cidade, artistas ajudaram. E depois de tudo que a gente passou, eu vi a importância de divulgar a doação de órgãos. A doação de órgãos salva vidas. E foi isso que aconteceu com a minha filha. Ela foi salva por um gesto de amor. E agora essa novidade no cartório, podendo contribuir na divulgação da doação de órgãos, ajudando as pessoas a manifestarem sua vontade, que é muito importante”

O  relato é da Elaine Passos, Ubatuba (SP). Ela conta que tem uma filha transplantada do coração. A menina apresentou uma doença grave no coração aos 5 anos e aos 9 foi listada. Ficou um mês e 17 dias na fila e depois conseguiu receber o coração de um doador. 

Dados do Ministério da Saúde  apontam que, com 4.514 cirurgias realizadas, o rim é o órgão mais transplantado com 66,72% dos procedimentos. Em segundo e terceiro lugar, aparecem o fígado (1.777) e o coração (323), respectivamente. Até janeiro deste ano, cerca de 41 mil pessoas aguardavam em lista por um transplante de órgãos. Deste total, aproximadamente 24.393 eram homens — e 17.165 mulheres.

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20/01/2024 07:00h

Segundo a Central de Transplantes da Secretaria da Saúde (SES-RS), 712 transplantes ocorreram no estado em 2023

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Rim, fígado e pulmão foram os órgãos mais transplantados no Rio Grande do Sul em 2023, segundo relatório da Central de Transplantes da Secretaria da Saúde do estado (SES-RS). No ano passado, 753 órgãos captados de doadores com morte encefálica permitiram a realização de 515 transplantes de rim, 137 de fígado, 36 de pulmão e 20 de coração.  Ao todo, 712 transplantes de órgãos foram realizados em 2023. O número de transplantes é maior desde 2020.

Conforme as SES-RS, o número de notificações de morte encefálica – 838 – foi o maior desde o início da série histórica, em 1996. Já os 285 doadores efetivos só ficaram abaixo dos 295 de 2017. O total de transplantes envolvendo órgãos sólidos e também tecidos e medula cresceram. Foram 1.867 procedimentos realizados no ano passado, superando os 1.354 em 2022.

Ainda de acordo com o relatório, os transplantes de 2023 superaram em 19,6% os de 2022, 16,9% os de 2021 e 14% os realizados em 2020. O número também ficou bastante próximo dos 721 de 2019 e mesmo dos 739 ocorridos em 2018.

Os transplantes de órgãos são a última alternativa para indivíduos que enfrentam falência definitiva de órgãos vitais ou tecidos. No caso do rim, quando há insuficiência renal crônica. A doença pode ter diversas causas, como explica a médica nefrologista e especialista em transplante renal, Rubia Boaretto.

“Doenças como diabetes, hipertensão — que podem ser tratadas — e que passam muito tempo sem diagnóstico e manejo correto, levando à perda do órgão. A falta de informação a respeito das doenças renais, que passam assintomáticas. E o fato de a população estar envelhecendo, esse tempo de acometimento que lesam o rim é cada vez maior. O envelhecimento por si só contribui para a doença renal”, explica.  

Conforme a SES-RS, a meta do estado é reduzir a espera com a realização de 1.502 transplantes de órgãos e de córnea em 2024 e atingir um número de doações 36,5% superior ao de 2023.

Lista de espera

A advogada especialista em Direito da Saúde Nycolle Soares explica que, no Brasil, existe somente uma lista de espera única para transplante de órgãos.  Para receber um órgão, o potencial receptor deve estar inscrito na lista.

“Cada doador e cada receptor fica vinculado a esta fila por critérios de urgência e compatibilidade, independente do órgão em si. Até porque você precisa de uma segmentação dos tipos de órgão, porque você faz os procedimentos em estruturas separadas. Mas o que delimita como é feita essa fila é justamente o critério de necessidade, do ponto de vista do tempo em compatibilidade”, afirma

Segundo a secretaria, no estado, 2.578 pacientes estão na lista de espera de um transplante. A maior fila é para transplante de rim, com 1.228 pessoas. Outras 1.110 aguardam transplante de córnea, 162 de fígado, 63 de pulmão e 15 de coração. 

O médico neurocirurgião Bruno Burjaili destaca a importância de estimular a doação de órgãos. “Todos temos que pensar que podemos precisar de órgãos ao longo da nossa vida e que gostaríamos muito de receber doações de outras pessoas nessa circunstância. Então, por que não doarmos? Existem questões, pessoais, filosóficas, religiosas, que podem motivar a pessoa a doar ou não doar e tem que ser absolutamente respeitado. Mas esse raciocínio humanitário, solidário é muito válido”, ressalta. 

FPM: municípios gaúchos recebem, nesta sexta-feira (19), mais de R$ 124 milhões

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18/01/2024 20:20h

Ao todo, foram 6.766 procedimentos em 2023 — melhor resultado nos últimos dez anos

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O Brasil realizou 6.766 transplantes no ano passado, entre janeiro e setembro. O transplante de rim lidera a lista dos procedimentos no país, com 4.514 cirurgias realizadas, o que representa 66,72% do total. De acordo com o Ministério da Saúde, o fígado é o segundo órgão mais transplantado, com 1.777 procedimentos, seguido do coração, com 323.

Na comparação com 2022 — quando foram realizadas 6.055 cirurgias — houve um aumento de quase 12%. No entanto, até o momento, 41.733 pessoas ainda estão na fila por um transplante — a maioria espera por um rim: 38.460. Do total, 24.510 são homens e 17.223 são mulheres. 

O transplante de algum órgão precisa ser realizado quando acontece a falência dele. No caso do rim, quando há insuficiência renal crônica. A doença pode ter diversas causas, como explica a médica nefrologista e especialista em transplante renal, Rubia Boaretto.

“Doenças como diabetes de hipertensão — que podem ser tratadas — e que passam muito tempo sem diagnóstico e manejo correto, levando à perda do órgão, a falta de informação a respeito das doenças renais, que passam assintomáticas. E o fato de a população estar envelhecendo, esse tempo de acometimento que lesam o rim é cada vez maior. O envelhecimento, por si só, contribui para a doença renal”, avalia. 

Doação

O professor de matemática Luiz Carlos de Domenico, de 74 anos, descobriu que precisava de um transplante de fígado em 2007 e esperou na fila por dois anos. 

“Eu estava perdendo peso e um médico fez um exame e não estava bom, aí ele falou para mim: ou você está com problema no coração ou no fígado. Aí fui fazer uma ecografia e a médica disse: você vai ter que fazer um transplante. E eu falei tudo bem, vamos fazer, eu já tinha histórico de transplante na família, agora vou entrar na fila e esperar”, conta.

No caso de Domenico, diagnosticado com cirrose hepática, um dano nas células hepáticas que pode ter diversas causas, a única solução seria o transplante hepático. De acordo com ele, não é tão difícil conseguir a doação, mas o procedimento é um dos mais complicados. 

Hoje, o professor vive uma vida saudável, com prática diária de atividade física, sem restrições e incentiva a doação de órgãos: “Eu faço campanha de doação, respeitando a opinião de cada um, claro, mas se a pessoa puder ser doadora, eu acho importante externar esse desejo em vida, avisar aos pais, filhos, irmãos”, ressalta. 

Segundo o Ministério da Saúde, de janeiro a setembro do ano passado foram 3.060 doações, totalizando 17% a mais em comparação com 2022, quando foram 2.604. 

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02/10/2023 00:10h

A fila para o transplante de rim é a que possui mais potenciais receptores, com 1.591, seguida pela espera para o recebimento de córnea — com 1.114

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Em Pernambuco, 2.911 pessoas estão na lista de espera por um transplante de órgão. A fila para o transplante de rim é a que possui mais potenciais receptores, com 1.591, seguida pela espera para o recebimento de córnea  —  com 1.114. Segundo Melissa Moura, coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco, 12 pacientes aguardam por um transplante de coração e outros 149 por um de fígado.

A coordenadora explica que muitas vezes os pacientes que aguardam pelo transplante de coração e fígado, entram em critério de prioridade porque são transplantes que necessitam de urgência.

“Nós temos receptores de todos os municípios do Estado e também muitas vezes como Pernambuco é uma referência no Nordeste, também recebemos pacientes de estados circunvizinhos, como pacientes de fígado, de Alagoas, de Sergipe, da Paraíba, da Bahia, que alguns desses estados não exercem a atividade transplantadora”, avalia.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), Pernambuco realizou 727 transplantes de janeiro a junho de 2023, ficando em 7° lugar entre os estados da federação.

Melissa Moura enfatiza que o estado apresentou um crescimento de 13% em relação ao mesmo período de 2022. “Coração nós apresentamos crescimento de 26,1%; córnea 13,5%, medula óssea 1,1%; fígado 8,2% e rim 24,9%”, comenta.

Muitas vezes, o transplante de órgãos é a única chance de sobrevivência ou a oportunidade para um novo começo àqueles que necessitam de um órgão. A coordenadora reforça que é vital que a sociedade compreenda que o ato de doar pode ser a diferença entre a vida e a morte, proporcionando uma renovação na qualidade de vida do receptor.
 

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23/09/2023 00:30h

27 de setembro — Dia Nacional da Doação de Órgãos. A data serve para incentivar, promover e esclarecer à população sobre a importância de expressar a vontade de ser um doador

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Rim, fígado, coração, pâncreas, pulmão e córnea. A lista de transplantes no país tem hoje 66 mil pacientes à espera de algum ou mais de um desses órgãos. Pessoas que dependem da doação e do esclarecimento de outros para continuarem vivendo, ou tendo mais qualidade de vida. 

O transplante de órgãos no Brasil hoje só acontece quando a família do doador permite a doação, como explica a coordenadora-geral do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da Saúde, Daniela Salomão..

“A doação no Brasil hoje é do modelo consentido. Ou seja, você só é doador se sua família autorizar o consentimento da doação. Então, no momento do nosso falecimento, a família é entrevistada e opta ou não pela autorização da doação. E é a única forma de nos tornarmos doadores hoje.”

Por isso, o “setembro verde” é o mês dedicado à conscientização da doação. Para que a informação chegue ao maior número de pessoas e essa fila, que ultrapassa os 66 mil, possa diminuir. Mas não é só a vontade de doar que decide o futuro de um transplante. Há critérios como: compatibilidade sanguínea, tipo físico e até a distância entre doador e paciente podem definir quem receberá um órgão doado.

O rim no topo da lista

De acordo com o levantamento diário feito pelo Ministério da Saúde, até o dia 21 de setembro deste ano, 37.281 pessoas esperavam por um rim no Brasil. O estado de São Paulo lidera com mais pacientes, 19.658. Por outro lado, também é o órgão mais transplantado, foram 4.206 cirurgias desse tipo só em 2023.

A médica nefrologista e especialista em transplante renal Rubia Boaretto, de Cascavel, no Paraná, explica as principais causas da falência renal — motivo que leva as pessoas à diálise e que tem o transplante como solução — na maioria dos casos.

“Doenças como diabetes de hipertensão — que podem ser tratadas — mas passam muito tempo sem diagnóstico e manejo correto, levando à perda do órgão. Além da falta de informação a respeito das doenças renais, que passam assintomáticas. E o fato de a população estar envelhecendo, esse tempo de acometimento que lesam o rim é cada vez maior. E o envelhecimento, por si só, contribui para a doença renal.” 

Segundo a médica, “as chances de uma vida normal após o transplante são de 100%. Há uma recuperação na qualidade de vida exponencial e as taxas de mortalidade são muito menores quando se transplanta em comparação com os pacientes que ficam na diálise — seja na hemodiálise ou na diálise peritoneal.”   

O paciente transplantado ainda consegue ter melhorias em:

  • menos fraqueza, cansaço e indisposição;
  • reversão completa da anemia;
  • controle do balanço hídrico — paciente consegue beber líquidos à vontade;
  • equilíbrio hormonal e melhoria da qualidade sexual;
  • liberdade para viajar e ter uma vida normal.

Luz no fim da fila 

Em 2021, a cantora brasiliense Simone Ribeiro, na época com 51 anos, usava lentes de contato para corrigir uma grave miopia. Como costumava dormir com as lentes e não fazia a higiene correta, acabou pegando uma bactéria e — em poucos dias — desenvolveu uma úlcera na córnea que culminou na perda da visão. 

Foram vários meses de tratamento com antibióticos fortíssimos, até que a lesão fosse curada e ela pudesse, então, entrar na fila do transplante para ter uma chance de voltar a enxergar. Em novembro do ano passado, Simone foi inscrita na lista e, desde então, espera pelo órgão.

“A minha expectativa é que eu não tenha rejeição e que eu consiga enxergar pelo menos 80% do olho direito, já que hoje não enxergo nada dele.”

Segundo a médica oftalmologista do hospital CBV de Brasília Fabiola Gavioli, apesar da maior parte dos transplantes serem bem sucedidos e devolver a visão ao paciente enxertado, ainda existe um índice de rejeição.  

“A córnea é um tecido, por isso ela traz consigo algumas informações genéticas do doador. E ela tem um índice de rejeição de 15%, considerado um índice pequeno. Como não tem sangue, é um índice de rejeição menor que outros órgãos, como fígado e rins, por exemplo.”

Hoje, 245 pessoas estão na frente de Simone na lista para receber o órgão. Segundo ela, todos os exames pré-operatórios já foram feitos, mas ela imagina que só deve receber o novo órgão dentro de um ano. E teme ficar sem enxergar também do olho sadio, já que o grau é alto e tende a aumentar ainda mais com o avançar da idade. 

“Eu parei de trabalhar na música porque não estava enxergando as letras. Hoje eu só enxergo com o olho esquerdo, mas ele está com uma lente de 10 graus e o médico falou que a tendência é aumentar, devido à minha idade.”

Córnea: fila grande apesar de menos critérios

A lista de espera por uma córnea soma 25.945 pessoas. Segundo a oftalmologista Fabíola Gavioli, para doar a córnea não é necessário ter compatibilidade sanguínea, de idade, física, “porque o que a gente leva em consideração é a avaliação do tecido, a quantidade de células, a vitalidade que ela tem.” 

“Eu posso ter uma córnea  jovem, mas que já está bastante comprometida no momento da doação, ou posso ter uma córnea de 60 anos, mas que está ótima. É legal isso da córnea justamente porque a quantidade de pessoas que podem ser doadoras é muito maior.” 

Além disso, um doador pode beneficiar dois pacientes. Apesar da maior facilidade na doação nesse órgão, de acordo com dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), entre 2019 e 2022, o número de pacientes aguardando o órgão duplicou, passando de 12.212 para 24.319. 

Segundo a oftalmologista, a pandemia agravou esse aumento, já que “durante todo o ano de 2020 ficamos sem receber o órgão e sem fazer as cirurgias, porque sabíamos muito pouco sobre a COVID.” 

O Ministério da Saúde confirma que a pandemia atrasou a fila de doação e de cirurgias de transplantes, mas segundo a coordenadora-geral do SNT, tudo já foi normalizado. 

“A pandemia impactou negativamente no número de doadores por conta de a maioria dos pacientes que estavam em UTIs, estavam lá por causa da Covid. E como naquele momento não se entendia direito a forma de contágio, por isso o paciente com Covid não podia ser doador — o que gerou uma diminuição do número de possibilidades de doação.”

De janeiro até hoje, segundo o Ministério da Saúde, foram feitas 11.274 cirurgias de transplante de córnea no Brasil, a maioria, 4.230 no estado de São Paulo. 
 

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19/09/2023 19:20h

Recursos devem ser investidos também nos acompanhamentos pré e pós-transplante, mas especialista alerta para falta de fiscalização

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Uma lista extensa e dinâmica. Assim é o cadastro das pessoas que esperam por um órgão no Brasil. A chamada fila do transplante muda diariamente, à medida que órgãos são destinados a pacientes que dependem da doação para sobreviver. De acordo com a atualização mais recente do Ministério da Saúde — de 18 de setembro — 40.471 pessoas esperam para receber um órgão.

Para otimizar os serviços e melhorar a qualidade do que é feito atualmente no Sistema Nacional de Transplantes, o Ministério da Saúde anunciou um incremento de cerca de R$56 milhões, dinheiro que será investido no aumento da capacidade dos centros de transplantes do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Trata-se de um aporte progressivo que deve variar entre 40% e 80% e será investido não só nos procedimentos de transplante de órgãos e medula óssea, como dos procedimentos pré e pós-transplantes. 

Razões para o investimento 

Segundo o Ministério da Saúde, foi feita uma análise dos indicadores do método de cálculo e das metas, o que permite uma classificação mais adequada dos recursos repassados aos centros transplantadores. O investimento deve servir, segundo o Ministério, para fortalecer as ações no que diz respeito à segurança do paciente e o aumento da qualidade dos serviços feitos hoje pelo SNT. 

Para a médica Nubia Vanessa, especialista em transplante de córnea, não basta investir, é preciso também fiscalizar. 

“Por exemplo, um determinado hospital pode ser qualificado para fazer cirurgia de transplante de rim, mas depois que é passada a visita e o hospital está credenciado, o Ministério não retorna para poder ver se os indicadores  —  que foram apresentados no credenciamento  —  estão sendo cumpridos, isso o Ministério não faz. Ele não tem uma fiscalização para poder saber por quê determinado centro diminuiu a quantidade de transplantes, o que foi que aconteceu.”

Para ela, o Ministério falha no aprimoramento e na vigilância desses indicadores. A médica ainda levanta outra questão sobre os repasses de recursos no pós-transplante. No caso do de córnea, o SUS só repassa à instituição que realiza os procedimentos, o valor referente a uma única consulta, mesmo que o paciente precise de acompanhamento frequente nos primeiros dias pós-cirúrgicos. 

“Depois da operação, eu vejo o paciente durante 30 dias e o serviço não recebe nada por isso. E o paciente que passa por um transplante, na verdade, requer várias consultas.” 

O lado de quem já passou pelo transplante 

O servidor público Cássio Cavalcante, de 49 anos, recebeu um transplante renal em 2019, no hospital referência desse tipo de cirurgia em São Paulo  — o Hospital do Rim. Ele conta que o acompanhamento feito pelo SUS antes e depois da operação é fundamental para o sucesso do transplante. 

“O rim, assim como a maioria dos transplantes, se você não tiver o acompanhamento, não fizer os exames regulares, você corre sérios riscos de rejeitar o rim. Então seria um contrassenso você fazer o transplante e não ter o pós-acompanhamento.”

Para Cássio, “qualquer incremento de recursos financeiros para o sistema de transplantes, contribui para aumentar a vida útil de um transplante, sobretudo no pós-operatório”. 

De janeiro até junho deste ano, o número absoluto de transplantes aumentou 16%, segundo o Ministério da Saúde. A expectativa é que com o aporte, esse número cresça ainda mais. 


 

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02/09/2023 00:22h

Segundo o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), o Brasil registrou mais de 1,9 mil doadores efetivos de órgãos e realizou mais de 4,3 mil transplantes entre janeiro e junho

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O Brasil registrou mais um recorde no setor da saúde. De acordo com dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), o país registrou 1,9 mil doadores efetivos de órgãos entre janeiro e junho de 2023. O número é 16% superior ao contabilizado no mesmo período de 2022 e o maior dos últimos 10 anos. Com o avanço, foi possível a realização de mais de 4,3 mil transplantes no primeiro semestre.

Segundo dados do SNT, os órgãos mais transplantados durante o período foram rins e fígado com 2,9 mil e 1,1 mil respectivamente. Foram realizados também 206 transplantes de coração, 47 de pâncreas e rins, 37 de pulmão, 13 de pâncreas e 1 multivisceral.

O levantamento ainda indicou um aumento de 30% no número de transplantes de pâncreas  —  20% nos transplantes renais, 16% nos transplantes de coração e 9% nos transplantes de fígado. Em relação aos transplantes de córneas, no primeiro semestre de 2023, foram realizados 7.810 procedimentos, 15% a mais do que no mesmo período do ano passado. Para os transplantes de células-tronco hematopoéticas (médula óssea) houve realização de 1.838 procedimentos  — 6% de aumento.

No Brasil, o direito à vida está previsto na Constituição Federal de 1988 e na Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997. O texto institui a legalidade sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento, caso seja de livre vontade e autorizada pelo doador ou seu familiar responsável.

A doação de órgãos é livre e deve ser muito bem alinhada entre o doador e os familiares, como explica o neurocirurgião Bruno Burjaili.

“Quem quer ser um doador de órgãos tem que simplesmente expressar desejo claramente para os seus familiares. Existem alguns órgãos que podem ser doados em vida, por exemplo, doar um rim para alguém que precisa. E outras situações em que a pessoa, na verdade, vai doar depois do seu falecimento. Ela pode expressar esse desejo para a família, mas é a família que vai definir quando ocorrer o óbito, se vai ter a doação”, explica.

Lista de Espera

No Brasil, existe uma lista de espera única para transplante de órgãos. A advogada especialista em Direito da Saúde Nycolle Soares explica que para receber um órgão, o potencial receptor deve estar inscrito na lista.

“Cada doador e cada receptor fica vinculado a esta fila por critérios de urgência e compatibilidade independente do órgão em si. Até porque você precisa de uma segmentação dos tipos de órgão, por que você faz os procedimentos em estruturas separadas, mas o que delimita como é feita essa fila é justamente o critério de necessidade do ponto de vista do tempo em compatibilidade”, afirma

A especialista ainda afirma que todo o processo de doação de órgãos é realizado de forma transparente e igualitária.

“O Brasil inclusive é referência no mundo com relação à estrutura de doação de órgãos, então ainda que as pessoas questionem, há transparência e é um procedimento realizado com muita regularidade diante dessa necessidade de igualdade entre os receptores. Os critérios são de fato técnicos — e isso é feito há muitos anos de uma maneira muito regular”, diz.

Quantas pessoas aguardam na fila de transplantes no Brasil?

Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil conta com 66.250 pessoas na fila de espera para transplante de órgãos. Desse total, 37.082 pessoas estão atualmente à espera de um rim. Logo em seguida, aparecem os transplantes de córnea, com 25.941 pedidos, e de fígado, com 2.228 solicitações. No caso do coração, são 386.

Para a especialista em direito da saúde, o baixo número de doadores ainda é a principal dificuldade do processo de doação de órgãos no Brasil.

“Se você for analisar os números pelo quantitativo de pessoas que poderiam ser doadoras, a gente ainda tem uma baixa adesão a esse movimento da doação de órgãos. Por questões culturais, questões relacionadas à informação, mas possivelmente essa é uma das maiores, senão a maior dificuldade”, diz.

O médico neurocirurgião Bruno Burjaili destaca a importância de estimular a doação de órgãos. “Todos temos que pensar que podemos precisar de órgãos, ao longo da nossa vida e que gostaríamos muito de receber doações de outras pessoas nessa circunstância. Então por que não doarmos? Existem questões, pessoais, filosóficas, religiosas que podem motivar a pessoa a doar ou não doar e tem que ser absolutamente respeitado, mas esse raciocínio humanitário, solitário é muito válido”, finaliza.

Dados do Ministério da Saúde ainda indicam que todos os anos, cerca de 20 mil transplantes de órgãos são realizados. Mais de 90% pela rede pública, por meio do SUS (Sistema Único de Saúde). 

Transplantes no Brasil: apesar das críticas, espera por coração pode levar menos de um mês

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Saúde
29/08/2023 19:20h

Ditam a ordem na lista de espera critérios como: disponibilidade do órgão, compatibilidades sanguínea, física e gravidade do paciente. Médicos rechaçam favorecimentos pessoais

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A notícia da insuficiência cardíaca do apresentador Fausto Silva ainda repercutia quando o Brasil inteiro ficou sabendo que ele já havia recebido um novo coração. O que gerou muita especulação, fake news e boatos maldosos sobre o sistema de transplantes brasileiro  —  considerado o maior sistema público de transplantes de órgãos no mundo — segundo o Ministério da Saúde.

Segundo os especialistas, a eficiência do sistema e a rapidez no processo é o que salva vidas. Segundo o Ministério, um em cada quatro transplantes de coração ocorrem em menos de 30 dias. Em 2023 foram realizados 262 transplantes de coração, 72 ocorreram em menos de um mês. E mais da metade dos pacientes recebeu o novo coração em até 90 dias. Segundo a coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), Daniela Salomão, o tempo não é previsível.

“O paciente, no momento que ele entra na lista, ele já está concorrendo. Então se acontecer uma doação duas horas depois que o paciente entrou na lista e os critérios técnicos daquele doador são favoráveis para aquele paciente, ele será contemplado. Já ocorreu no nosso país, de paciente com transplante com menos de 24 horas. Os critérios estão lá, são técnicos, são estabelecidos —  e acontece uma doação que casa os critérios do doador com aquele receptor inserido.” 

Atualmente, 379 pessoas esperam por um transplante de coração no Brasil. A lista é única, ou seja, vale tanto para pacientes do SUS, quanto para os da rede privada. E estas listas de espera são geridas pelas Centrais Estaduais de Transplantes. Os órgãos destinados à doação não utilizados no próprio estado são direcionados para a Central Nacional de Transplantes, que busca um receptor na lista única.

Como funciona a lista de espera

O primeiro critério seguido na lista de transplantes é a ordem de chegada. A partir daí são seguidos critérios técnicos, como: tipo sanguíneo, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e gravidade do estado de saúde do paciente.

Além desses fatores, a equipe médica responsável pelo transplante pode recusar o órgão se o estado de saúde do paciente, que estiver em primeiro lugar na fila, desaconselhar a cirurgia naquele momento.

Segundo a coordenadora-geral do SNT, a doação de órgãos é um processo complexo que “envolve diferentes instituições e requer agilidade para ser bem-sucedido. Cada órgão tem um período máximo de permanência fora do corpo humano, ao longo do qual o transplante é viável, o chamado tempo de isquemia. Para o coração, o tempo de isquemia é de apenas 4 horas, tornando o transplante do órgão ainda mais complexo”.

Transplantes realizados e filas de espera

De janeiro a 28 de agosto deste ano, foram realizados 262 transplantes de coração no Brasil. O número é 20% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. O tempo de espera, de 1º de janeiro a 27 de agosto, teve a seguinte variação de atendimento:

  • Menos de 30 dias - 72 pessoas = 27,5%
  • De 30 a 90 dias - 65 pessoas = 24,8 %
  • De 3 a 6 meses - 39 pessoas= 14,8%
  • De 6 meses a 1 ano - 48 pessoas = 18,3%
  • Mais de 1 ano - 38 pessoas = 14,5%

Além do coração

De janeiro a agosto, 11.908 pacientes realizaram transplantes de órgãos no Brasil. O STN realiza os seguintes transplantes:

Órgãos: rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino;

Tecidos: córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, cartilagem, medula óssea, sangue do cordão umbilical, veias e artérias.

Órgãos como rim, parte do fígado ou da medula óssea podem ser  doados em vida, os demais só ocorrem quando há morte encefálica confirmada ou parada cardiorrespiratória.

Transplante de rins (doador vivo ou não)

Por se apresentar em dupla no organismo, o rim pode ser doado também por pacientes vivos —  e não é raro acontecer. Segundo a médica nefrologista e especialista em transplante renal, Rubia Boaretto, para doar órgão em vida, o doador também precisa ser avaliado, sobretudo para investigar se há doenças prévias. A compatibilidade sanguínea é o primeiro ponto em todos os casos, mas há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso.

A médica, que atua em Cascavel-Paraná, conta que em 2022 foram feitos mais de 4.500 transplantes renais no país, mas ainda existem 30 mil pacientes na lista de espera. Para reduzir essa fila, ela faz um chamado: 

“O sistema de transplante funciona independente de classe, religião e dinheiro; ele funciona muito sério no nosso país. E qual é o recado que eu quero deixar aqui: o que vai agilizar esse sistema? É a sua doação. É o fato de você se declarar doador e falar para a sua família que você é doador.”

Mais vida depois do transplante

Luiz Carlos Domenico, hoje com 73 anos, descobriu numa consulta de rotina ao médico que estava com um problema no fígado. Durante o exame específico, a médica disse que só o transplante salvaria a vida dele. Foram dois anos de espera até que um doador compatível aparecesse. Em 2009 recebeu o órgão de um doador da mesma cidade, Curitiba, no Paraná.

Lá se vão 14 anos desde a cirurgia que salvou a vida do professor de matemática, que atua até hoje. Segundo ele, graças ao doador, e também aos cuidados que tem e terá pelo resto da vida. Já que o pós-operatório do transplante é fundamental para a manutenção da saúde do órgão enxertado.

“A pessoa se sente bem e para de tomar os imunossupressores —  remédios que se usa para evitar rejeição —  por isso acontece muito a perda de transplantados por negligência do transplantado. Ele acha que está bem e daí começa a abusar, começa a comer mal, não tomar os remédio. E isso é fatal.”

Para o professor, que hoje vive uma vida normal e saudável graças a um doador, é fundamental que as pessoas conversem com seus familiares sobre o assunto.

“Tem que conversar por que às vezes é a pessoa é e nunca falou nada. Quem não tem na família ou nenhum conhecido, no vizinho, alguém que está envolvido com transplante, a pessoa não pensa nisso, pois não fez parte da vida dela. Então tem que chamar a atenção para que você tenha mais pessoas querendo ser doadores” incentiva. 

Como se tornar um doador

Qualquer pessoa pode ser doadora de órgãos no Brasil. Mas, por lei, a decisão de doar cabe aos familiares. Portanto, o interessado deve manifestar à família o desejo de ser um doador.
Ao constatar a morte de um parente, a família deve informar a equipe médica, que tomará as medidas necessárias para receber os órgãos doados, no menor prazo e nas condições técnicas adequadas.


 

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12/06/2023 19:15h

A coordenadora da Central Estadual de Transplantes, Irecê Miranda, esclarece que o estado do Pará teve o melhor quadrimestre da história em relação ao número de doadores de órgãos e de córneas

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De janeiro a abril de 2023, foram realizados no estado do Pará 190 transplantes, sendo 3 de fígado, 24 de rim e 163 de córnea. O registro foi feito pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio da Central Estadual de Transplantes do Pará (CET-PA). Nesses 4 meses, 100 famílias paraenses autorizam a doação de órgãos e com isso foram captados 222 órgãos e tecidos, o que resultou em 190 transplantes, superando a marca do mesmo período dos últimos dois anos.

Durante os primeiros quatro meses de 2021, apenas 3 doações foram registradas no estado do Pará e em 2022 esse número aumentou para 13. Porém, o aumento mais significativo ocorreu este ano, quando o total de doações chegou a 87. É importante lembrar que um único doador pode contribuir com mais de um órgão.

Ierecê Miranda, coordenadora da Central Estadual de Transplantes, avalia que sem a doação de órgãos, não é possível realizar transplantes e diante disto, a Sespa elaborou algumas estratégias para aumentar as doações que foram prejudicadas durante a pandemia. E um dos projetos foi a criação da Comissão de Doação de Órgãos em todos os hospitais regionais. 

“Então agora todo o hospital regional é obrigado a ter uma equipe de profissionais para trabalhar para e atuar na doação de órgãos dentro do hospital. Essas comissões nós chamamos de CIHDOTT, que são as Comissão Intra-Hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos. As comissões são formadas por profissionais do próprio hospital e são responsáveis por notificar os óbitos para a central de transplante”, explica.

A coordenadora explica que após a notificação à central de transplante, os profissionais da CIHDOTT, acolhem a família que perdeu um ente querido e fornece informações sobre a doação de órgãos. Após isso, as famílias podem decidir se querem ou não realizar a doação desses órgãos. 

Irecê Miranda esclarece que o estado do Pará teve o melhor quadrimestre da história em relação ao número de doadores de órgãos e de córneas. Nos últimos dois anos, o índice cresceu 72%, passando de 28 para 101 doadores e em 4 meses de 2023 foi registrado o mesmo número de doadores alcançado ao longo dos 12 meses do ano passado.

Fabíola Gavioli Marazato, médica oftalmologista do CBV-Hospital de Olhos, explica ser importante a conscientização da doação de órgãos e dá ênfase ao transplante de córnea, no qual a grande maioria dos pacientes que vieram a óbito são elegíveis para o transplante. 

“É a visão de alguém que você vai estar ajudando a restaurar. Então é importante ter essa consciência de doação, de ajuda, de pensar que pessoas serão beneficiadas com esse tecido”, argumenta.

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23/12/2022 10:30h

Apesar das campanhas educativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), pelos hemocentros espalhados no País, são muitas as dificuldades para se encontrar doadores compatíveis para o transplante

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Apesar das campanhas educativas feitas pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), como a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, que este ano aconteceu entre 14 e 21 de dezembro, a falta de doadores  compatíveis para  possibilitar o transplante é um problema crônico no País, afetando milhares de pessoas com esse problema de saúde. Desde 2009, os nossos hemocentros fazem campanhas informativas e cadastro de doadores para incentivar os cidadãos a praticarem esse ato de solidariedade.

Hoje, o Brasil tem o terceiro maior banco de doadores de medula no mundo, com mais de 5,5 milhões de pessoas cadastradas no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Apesar disso, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a chance de se achar doador compatível de medula óssea é uma em cada 100 mil.

O transplante de medula óssea pode beneficiar pessoas com cerca de 80 doenças diferentes, como leucemias, linfomas, mieloma múltiplo, aplasia de medula e imunodeficiências, segundo o Ministério da Saúde (MS). 

Volney Vilela, hematologista e coordenador de hematologia e transplante de medula óssea do hospital Sírio-Libanês Brasília, explica que o termo mais adequado para o procedimento é “transplante de células-tronco hematopoéticas''. Ele afirma que isso acontece porque 95% dos procedimentos consistem na coleta via sangue periférico para o transplante dessas células, para assim reconstituir uma medula saudável.

As células-tronco hematopoéticas produzem os componentes do sangue, como os glóbulos vermelhos e glóbulos brancos, parte do sistema de defesa do organismo; além das plaquetas, responsáveis pela coagulação. 

Segundo o especialista, o transplante é dividido em dois tipos: autogênico, quando a medula vem da própria pessoa; ou alogênico, com uma doação de outra pessoa, normalmente um familiar, como irmãos ou pais.

Quando um doador familiar não é encontrado, é necessário procurar um doador compatível na população. A busca é feita pelo Redome, que reúne todos os dados dos voluntários, como nome, endereço, resultados de exames e características genéticas. São realizados testes para saber se o doador é compatível.

Diagnosticada com anemia falciforme por toda a vida, Silvane Mendes Lúcio, de 43 anos, passou anos tentando tratamentos para melhorar sua qualidade de vida. Ela recebeu a indicação para fazer o transplante de medula óssea em 2002, mas por conta dos riscos do procedimento para pacientes adultos e das complicações de saúde que enfrentou, o transplante só ocorreu em junho deste ano. 

Após complicações graves da doença, o transplante só foi realizado em junho deste ano, pelo hematologista Volney. “A princípio, quando o doutor Volney me disse que eu precisava desse transplante eu me assustei. Eu sabia que era um procedimento bem difícil, fiquei com bastante medo e relutei um pouco. Mas, por outro lado ,eu sabia que se eu não fizesse eu também correria risco de vida né? Porque já a doença estava bem grave”, lembra Silvane.

Em pacientes com anemia falciforme, o transplante só pode ser realizado entre irmãos com 100% de compatibilidade. Por isso, o doador de Silvane foi o irmão, Robson Mendes Lúcio, 38. 

Como doar?

De acordo com o Ministério da Saúde, para se tornar um doador de medula óssea é necessário ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado geral de saúde, não ter doença infecciosa no sangue ou incapacitante, não apresentar doenças hematológica, sistema imunológico ou câncer.

O primeiro passo é realizar o cadastro no hemocentro mais próximo. Será feita a coleta de amostra de sangue para o exame de compatibilidade, avaliações clínicas e outros exames para garantir a segurança do doador e do paciente.

Após isso, os dados serão inseridos no Redome e quando  houver um paciente com possível compatibilidade, o voluntário é contatado. O material pode ser enviado para o paciente da mesma cidade, país ou fora do Brasil.

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