Dados do Observatório de Saúde Cardiovascular do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), com base em informações do Datasus (de 2008 a 2023), do Ministério da Saúde, apontam que há um aumento de internações por infarto no inverno. O aumento chega a até 12% no Brasil, em pessoas que apresentam fatores de risco. Já em nível mundial, o índice chega a 30%.
Segundo o cardiologista e coordenador assistencial do INC, órgão do Ministério da Saúde, Alexandre Rouge, a relação do infarto com o inverno pode ser explicada principalmente por dois fatores: o organismo humano trabalha mais para se manter aquecido e, durante o inverno, há aumento das infecções respiratórias – em ambos os casos, há impactos ao coração.
“Então, você tem um aumento dos níveis de hormônios circulantes para poder aumentar a circulação, poder contrair um pouco os vasos e diminuir a perda de temperatura para o ambiente, isso automaticamente leva a um aumento do trabalho cardíaco para poder tentar preservar a temperatura do corpo para as temperaturas muito frias”, ressalta Rouge.
O especialista alerta para aumento das infecções respiratórias durante o inverno, que podem desencadear doenças do coração já existentes.
“Por outro lado, também a gente sabe que no inverno há um aumento das infecções respiratórias, que são um fator que pode descompensar tanto doenças cardíacas pré-existentes, quanto doenças cardíacas isquêmicas, o que levaria a infarto. Mas também, por exemplo, pacientes com insuficiência cardíaca, que poderia levar à descompensação da insuficiência cardíaca nesses pacientes”, aponta Rouge.
O cardiologista Alexandre Rouge destaca que a diferença percentual de internações por doenças cardiovasculares no inverno no Brasil, bem menor em comparação a outros países, é explicada pelo fato do país ser tropical.
“A diferença é estarmos aqui num país tropical, diferente de países do hemisfério norte, onde as temperaturas chegam muito mais baixas no inverno, e com isso, você tem mais aparecimento de infecções respiratórias e mais alterações dessas baixas temperaturas no funcionamento do nosso corpo”, diz Rouge.
Apesar de não ter dados suficientes, ele afirma que é possível apontar que o alto índice vacinal dos brasileiros também pode explicar a diferença percentual entre o Brasil em relação ao mundo. “A gente pode inferir que no Brasil a gente tem campanhas vacinais mais amplas que em vários países do hemisfério norte. Essa boa cobertura vacinal leva a um menor número de infecções respiratórias e, com isso, menos descompensação das doenças cardíacas”, destaca.
O grupo com mais chance de infartar no inverno são as pessoas com doença cardíaca pré-existente, seja isquêmica, insuficiência cardíaca ou doença cardiovascular grave. Rouge aponta ainda aqueles que não estejam vacinados e mais propensos a ter infecções respiratórias e pessoas com fatores de risco descontrolados, como diabetes, pressão arterial fora do alvo e lipídios mais elevados.
“Pessoas que estejam com fatores de risco propensos a aparecimento de doenças cardiovasculares e aí a temperatura ou uma infecção pode funcionar como gatilho para a descompensação dessa doença”, afirma Alexandre Rouge.
A técnica em enfermagem da Estratégia da Família Viva Mais, da Unidade Básica de Saúde (UBS) São Pedro, de Três de Maio (RS), Bianca Jost, já presenciou dezenas de mortes por infarto durante o frio. Ela relaciona o aumento de internações e até de óbitos por infarto no inverno à falta de cuidado dos pacientes com a saúde, apesar dos profissionais alertarem quanto aos riscos.
“Eu afiro a pressão do pessoal antes da consulta. Quando esfria, a pressão do pessoal vai lá nas alturas. Só que parece que eles não dão bola, levam na brincadeira. Hoje em dia o pessoal fala: “ah não, é só tomar um comprimido que ajuda”. Eles não querem se cuidar, mudar a alimentação. Daí a gente fala que essa pressão está alta hoje. E eles mesmos falam, “é por causa do frio”. Eu acho que o tanto tem a ver com isso. O pessoal não se cuida nem um pouco”, avalia Jost.
Dicas para prevenir risco de infarto durante o inverno:
Em relação às vacinas, o cardiologista Alexandre Rouge alerta: “Inclusive gripe, covid e todas as vacinas que vêm antes do período de inverno para que no período de inverno esteja preparado e com menos possibilidade de adquirir infecções respiratórias ou mesmo adquirir infecções respiratórias graves”, pontua.
De acordo com Instituto Nacional de Cardiologia, as baixas temperaturas podem aumentar em até 30% a incidência de Acidente Vascular Cerebral (AVC). O que explica o aumento é que o frio eleva a pressão arterial – um considerável fator de risco para a doença.
O neurocirurgião e especialista em doenças cerebrovasculares, Victor Hugo Espíndola, explica que em temperaturas mais baixas há uma produção de catecolamina no organismo – uma substância que acelera o metabolismo para preservar o calor do corpo. O processo leva à contração dos vasos sanguíneos e eleva a pressão arterial, o que exige mais esforço do coração para bombear o sangue.
“O aumento da pressão é um dos principais fatores de risco para AVC, tanto o isquêmico como hemorrágico. Então, por si só, já é uma justificativa. E a vasoconstrição, quando as artérias estreitam, por exemplo, você já tem uma doença prévia. Uma artéria ali que já tem uma placa de gordura, na hora que ela estreita, o fluxo sanguíneo pode interromper completamente ou pode ficar deficitário e isso daí também é um dos fatores de risco”, salienta Espíndola
O especialista destaca, ainda, que a alimentação durante o inverno também explica a tendência de aumento de incidência de AVC no frio, além da desidratação – já que a tendência é beber menos água no frio. “ Quando está mais frio, as pessoas tendem a comer mais, tendem a usar mais álcool, com o uso abusivo de álcool quando está frio. Desidratação também é uma coisa importante. Normalmente, quando está frio, a gente bebe pouca água, então tem uma chance maior de desidratar. Isso é fator de risco”, diz Espíndola.
Para a neurocirurgia, a prevenção é feita ao longo do tempo e anterior ao inverno, com a adoção e manutenção de hábitos saudáveis ao longo da vida, como praticar atividades físicas, ir regularmente ao médico e evitar o tabagismo e o sedentarismo.
Neste episódio o pediatra, Rafael Yanes R. da Silva fala sobre o teste do coraçãozinho
Nas primeiras horas de vida, ainda na maternidade, o bebê deve ser avaliado em diversos aspectos, são analisados desde os itens mais simples como a estatura, peso, tamanho da circunferência da cabeça e também itens mais complexos como os reflexos neurológicos, a força muscular, a reação ao estímulos, entre outros para saber se está tudo bem com o bebê.
Para tornar essa avaliação mais completa e segura, existem os chamados testes de triagem neonatal. Esses testes compõem uma lista de exames e avaliações obrigatórias que possibilitam suspeitar precocemente de possíveis condições de saúde que podem não ser aparentes no nascimento, mas que se tratadas cedo, podem garantir um futuro mais saudável para a criança.
O teste do coraçãozinho é um exame importante realizado no recém nascido para detectar cardiopatias congênitas, que são condições em que o coração não se desenvolveu corretamente antes do nascimento. Esse teste permite o diagnóstico precoce e, consequentemente, o tratamento adequado para prevenir sequelas graves. O exame é simples, rápido e indolor e deve ser realizado nas primeiras 24 horas após o nascimento.
A finalidade do teste é medir a saturação no sangue do bebê: se o coração não estiver funcionando corretamente, haverá menos saturação no sangue. Caso o resultado seja alterado, o teste é repetido.
Os testes de triagem neonatal englobam muitos pontos importantes na saúde do bebês, e que geralmente são obrigatórios por lei para todas as maternidades brasileiras, porém representam apenas uma pequena parte de tudo o que precisa ser avaliado em um bebê nas primeiras horas de vida e são a demonstração de que a prevenção de doenças deve estar presente desde o início da vida.
Para mais informações, assista ao vídeo no canal Doutor Ajuda no youtube.
Neste episódio o cardiologista, Bruno Mioto, fala sobre Miocardite
A miocardite é caracterizada pela inflamação do músculo do coração, conhecido como miocárdio, que é responsável pela contração para bombear o sangue. Esse trabalho complexo do miocárdio de ejetar adequadamente o sangue oxigenado para o organismo é fundamental para a nutrição dos nossos órgãos e tecidos.
O sintoma mais comum é a dor no peito, frequentemente acompanhada por febre em alguns casos. Raramente, pacientes relatam sintomas adicionais, incluindo arritmias, falta de ar, inchaço nas pernas e, em casos extremos, pode ocorrer a morte.
A miocardite geralmente surge após infecções, principalmente quadros virais e gripais. Infecções cardíacas, como febre reumática e doença de Chagas, também podem desencadear a condição. Notavelmente, vírus, incluindo a Covid-19, são frequentemente associados a casos de miocardite. A miocardite também pode ocorrer por conta de doenças autoimunes, em que o nosso sistema de defesa passa a atacar o próprio corpo.
O diagnóstico da miocardite é baseado na história clínica detalhada, exame físico e pode ser complementado por exames de imagem, como ecocardiograma, ressonância nuclear magnética e cintilografia também podem ser usados para avaliar a forma e o funcionamento do órgão.
Já o tratamento tem como objetivo aliviar os sintomas, reduzir a inflamação e tratar quaisquer danos causados ao coração. Pode envolver medicamentos para controlar a inflamação e monitoramento cuidadoso para garantir a recuperação adequada.
É fundamental que qualquer pessoa que suspeite de miocardite ou apresente sintomas cardíacos consulte um profissional de saúde para avaliação precisa e orientação adequada ao seu caso específico.
Para mais informações, assista ao vídeo no canal Doutor Ajuda no youtube.
Ao se deparar com uma suspeita de parada cardíaca, a primeira coisa é confirmar se este realmente é o caso. Para isso, toque na vítima como se estivesse chamando, geralmente, de uma a três vezes já é necessário, se não houver resposta, você vai presumir que é o caso de parada cardíaca.
Essa situação não é fácil de se reconhecer, e é fundamental não perder tempo. Então, após a verificação, ligue para o serviço de emergência e peça ajuda. Nenhuma outra medida tem mais impacto do que pedir ajuda. Você pode ligar para o número 192 que corresponde ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), ou para o 193 que é o número dos Bombeiros.
Para que a massagem cardíaca seja realizada de forma eficiente, é preciso que a pessoa esteja deitada sobre uma superfície rígida e você vai começar com a compressão na altura do osso externo, estrutura óssea no centro do tórax, mais ou menos na altura dos mamilos, e vai realizar numa velocidade de 100 compressões por minuto. Não tente fazer tudo sozinho, peça ajuda de alguém para revezar a cada dois minutos.
Atenção: Não é recomendado que leigos tentem realizar respiração boca a boca, essa medida possui pouco impacto e você ainda tem o risco de adquirir alguma doença infecciosa.
Para mais informações, assista ao vídeo no canal Doutor Ajuda no youtube.
Neste episódio o cardiologista, Lucas Pires, explica o que é sopro cardíaco
Sopro no coração é um problema que costuma preocupar muito as pessoas, umas das razões para isso é porque ele pode ser frequentemente identificado já em crianças. A outra razão é que ele pode indicar problemas no funcionamento do coração, principalmente relacionado às válvulas cardíacas.
O sopro no coração é simplesmente o som do fluxo sanguíneo passando pelo coração de forma mais acelerada, pode ser identificado em consultas médicas quando o médico ausculta o coração e ouve além do som normal das batidas, escuta também um som mais prolongado. Pode acontecer tanto quanto o coração contrai, quanto no momento em que o coração relaxa.
Nas crianças que até uma certa idade podem ter o coração batendo naturalmente acelerado que os adultos e que tem um tórax menor, é frequente ouvirmos o fluxo sanguíneo passando pela saída do coração normal, chamado de som inocente, que tende a desaparecer ao longo do tempo conforme a criança vai crescendo.
Em casos mais raros, o pode acontecer por causa de um problema na abertura ou no fechamento de alguma válvula do coração ou então por causa de defeitos na formação do coração. Essas malformações podem deixar o sangue não oxigenado, que passa normalmente pelo lado direito do coração se misturar com o sangue que já foi oxigenado nos pulmões e que normalmente passa pelo lado esquerdo do coração, podendo gerar dificuldades na oxigenação dos órgãos, acúmulo de líquido nos pulmões e inchaço no corpo.
Ao examinar a criança, o pediatra pode identificar o sopro e encaminhar o paciente para o cardiologista pediatra para que seja feita a investigação e determinar se é ou não o sopro inocente.
Já em adultos, o sopro também pode ser um sopro inocente, entretanto, é mais frequente a ocorrência de alterações nas válvulas cardíacas, muitas vezes decorrentes de febre reumática, prolapso da válvula mitral, anomalias congênitas ou mesmo do processo de envelhecimento. Na maioria dos casos, o paciente não apresenta sintomas e o sopro é identificado durante o exame médico de rotina.
O diagnóstico geralmente é realizado através da história clínica e do exame físico detalhado e dos exames cardiológicos complementares, o principal deles é o ecocardiograma, sendo que tanto o eletrocardiograma quanto a radiografia de tórax também são muito importantes
O tratamento dos problemas das válvulas do coração é feito com intervenções invasivas, sendo a mais comum a necessidade de cirurgia do coração para que a válvula que apresenta o problema seja corrigida ou então substituída por uma prótese. Para casos específicos, existem outras formas de tratamento menos invasivas, sendo importante destacar que será determinado de acordo com a causa do sopro, sendo fundamental um diagnóstico precoce para uma melhor abordagem terapêutica.
Para mais informações, assista ao vídeo no canal Doutor Ajuda no youtube.
Ao todo, foram 6.766 procedimentos em 2023 — melhor resultado nos últimos dez anos
O Brasil realizou 6.766 transplantes no ano passado, entre janeiro e setembro. O transplante de rim lidera a lista dos procedimentos no país, com 4.514 cirurgias realizadas, o que representa 66,72% do total. De acordo com o Ministério da Saúde, o fígado é o segundo órgão mais transplantado, com 1.777 procedimentos, seguido do coração, com 323.
Na comparação com 2022 — quando foram realizadas 6.055 cirurgias — houve um aumento de quase 12%. No entanto, até o momento, 41.733 pessoas ainda estão na fila por um transplante — a maioria espera por um rim: 38.460. Do total, 24.510 são homens e 17.223 são mulheres.
O transplante de algum órgão precisa ser realizado quando acontece a falência dele. No caso do rim, quando há insuficiência renal crônica. A doença pode ter diversas causas, como explica a médica nefrologista e especialista em transplante renal, Rubia Boaretto.
“Doenças como diabetes de hipertensão — que podem ser tratadas — e que passam muito tempo sem diagnóstico e manejo correto, levando à perda do órgão, a falta de informação a respeito das doenças renais, que passam assintomáticas. E o fato de a população estar envelhecendo, esse tempo de acometimento que lesam o rim é cada vez maior. O envelhecimento, por si só, contribui para a doença renal”, avalia.
O professor de matemática Luiz Carlos de Domenico, de 74 anos, descobriu que precisava de um transplante de fígado em 2007 e esperou na fila por dois anos.
“Eu estava perdendo peso e um médico fez um exame e não estava bom, aí ele falou para mim: ou você está com problema no coração ou no fígado. Aí fui fazer uma ecografia e a médica disse: você vai ter que fazer um transplante. E eu falei tudo bem, vamos fazer, eu já tinha histórico de transplante na família, agora vou entrar na fila e esperar”, conta.
No caso de Domenico, diagnosticado com cirrose hepática, um dano nas células hepáticas que pode ter diversas causas, a única solução seria o transplante hepático. De acordo com ele, não é tão difícil conseguir a doação, mas o procedimento é um dos mais complicados.
Hoje, o professor vive uma vida saudável, com prática diária de atividade física, sem restrições e incentiva a doação de órgãos: “Eu faço campanha de doação, respeitando a opinião de cada um, claro, mas se a pessoa puder ser doadora, eu acho importante externar esse desejo em vida, avisar aos pais, filhos, irmãos”, ressalta.
Segundo o Ministério da Saúde, de janeiro a setembro do ano passado foram 3.060 doações, totalizando 17% a mais em comparação com 2022, quando foram 2.604.
Neste episódio o cardiologista, Bruno Mioto, fala sobre a aterosclerose
A aterosclerose é uma doença sistêmica que acomete simultaneamente várias artérias e consiste no acúmulo de gordura, cálcio e outros elementos nas paredes das artérias.
Ela pode entupir as artérias de duas maneiras, a primeira é o crescimento da placa de gordura que é um processo lento e progressivo, no começo a pessoa não possui sintoma nenhum, mas quando obstrui cerca de 70% de uma artéria, podem surgir os primeiros sintomas. O segundo já é mais agudo, quando um coágulo se forma após a desintegração das placas de gordura, resultando em riscos como infartos e derrame.
Os sintomas variam conforme as artérias afetadas.
Idade, entre 50 e 70 anos;
Ser do sexo masculino, isso porque as mulheres possuem um proteção por desviarem as gorduras sanguíneas para a produção de hormônios femininos, mas isso não significa que as mulheres não devem se preocupar com a aterosclerose;
Colesterol alto;
Tabagismo;
Hipertensão;
Diabetes;
Falta de atividade física;
A prevenção é essencial para evitar a aterosclerose. Ter um estilo de vida saudável, uma dieta balanceada, praticar exercícios físicos regularmente e não fumar, são medidas fundamentais para evitar a aterosclerose.
Nas fases iniciais, a aterosclerose é uma doença silenciosa, as pessoas não se dão conta de que o problema existe e quando desenvolvem os sintomas, pode ser tarde demais. O tratamento nas fases iniciais, reduz a taxa de mortalidade e de complicações associadas.
O tratamento consiste no controle dos fatores de risco. Em certos casos, um profissional pode recomendar medicamentos e procedimentos cirúrgicos.
Cuide da sua saúde vascular!
Para mais informações, assista ao vídeo no canal Doutor Ajuda.
Saúde sempre esteve entre as prioridades do engenheiro civil Moacyr Procópio, de 50 anos. A vida inteira praticou esportes. Foi triatleta, judoca. Além disso, passou a vida tendo cuidados com a alimentação, nunca fumou e sempre controlou o peso. Apesar disso, em 2021, levou um susto após passar por exames de rotina com o cardiologista.
“Fui fazer um check up de rotina e acabei tendo que passar por uma cirurgia de coração. Estava com 95% de obstrução em uma artéria coronária e 70% na outra. Coloquei 5 stents e passei uma semana internado. Foi um grande susto ", conta o engenheiro.
Na rotina, pouca coisa mudou. Continua praticando atividade física com frequência, mas hoje precisa manter os índices de colesterol controlados, por isso passou a tomar remédios para ajudar na manutenção dessas taxas. “Terei que tomar remédio para o resto da vida, para deixar os níveis de colesterol baixos. Mas mudei também meu estilo de vida. Encaro a vida de forma mais leve, não aumento os problemas e tento não me preocupar tanto com o futuro” diz o engenheiro.
Não é o caso do Moacyr, que tem fatores hereditários ligados ao aumento da taxa de colesterol no organismo, mas a maior parte dos problemas coronarianos — 70% — poderia ser evitada com melhoria no estilo de vida. Como explica a médica funcional, Fernanda Carvalho da clínica de medicina integrativa Viva Mais, em Brasília.
“Para melhorar esse perfil é preciso melhorar hábitos de vida como um todo, atividade física, alimentação mais equilibrada, mais proteica, com menos carboidratos. O consumo de açúcar e farinhas, considerados carboidratos simples, também vai impactar no aumento do LDL, que é o colesterol ruim.”
A cada ano os números aumentam, mas em média 300 mil brasileiros sofrem infarto no Brasil todos os anos, desses — e 30% acabam morrendo. Sedentarismo, estresse, má alimentação, obesidade. Fatores de risco para a saúde do coração que interferem diretamente nos índices de colesterol no sangue. Apesar do título de vilão, o colesterol em níveis adequados é muito importante para o organismo, pois faz parte da produção de hormônios, como a Vitamina D. Atua ainda na digestão, produção de energia, hormônio sexual, entre outros. Porém, em níveis alterados, e associado a outros fatores de risco, pode, sim, causar danos à saúde, como explica o cardiologista Hober Fasciani.
“O colesterol em níveis elevados, associado a fatores de risco, como hipertensão, diabetes, doença coronariana aumenta o risco de infarto e AVC. Principalmente o LDL, que é considerado o colesterol ruim, que pega a gordura do fígado para as artérias. E também o triglicérides, que é esse colesterol remanescente, e um dos principais causadores das placas de carotídea e coronária, aumentando as chances de infarto e AVC.”
Sim. Manter níveis baixos de colesterol não vale para todos eles. Segundo o cardiologista, o LDL e os triglicerídeos devem ser mantidos em níveis próximos de 100 mg/dl, já o chamado colesterol bom, que é o HDL, precisa estar acima de 60 mg/dl para proteger o coração. Isso porque é ele que tem a capacidade de remover e transportar as gorduras das artérias, levando até o fígado, onde é secretado.
Quem tem casos de colesterol elevado na família precisa estar ainda mais atento e começar o acompanhamento com cardiologista ainda na infância.
“A idade não é documento. A genética também influencia, filhos com pais que apresentam níveis elevados de colesterol podem herdar uma condição conhecida como hipercolesterolemia familiar. A maioria dessas crianças são assintomáticas, então os pequenos pacientes devem ter seus índices de colesterol no sangue analisados pelo menos a partir dos 10 anos de idade, mesmo se não apresentar qualquer sintoma” — alerta o cardiologista.
Segundo o médico, alguns alimentos devem ser evitados e, até mesmo, eliminados da dieta de crianças. Sobretudo as que têm histórico familiar de índices elevados de colesterol.
Outros dicas que ajudam a manter a saúde do coração desde a infância:
Neste episódio o Dr. Bruno Mioto dá mais detalhes sobre o assunto.
Hoje em dia tem se falado muito em miocardite. Você já teve ou conhece alguém que teve? Sabe o que é e quais são os sintomas e os riscos nesse caso? Neste episódio o Dr. Bruno Mioto dá mais detalhes sobre o assunto.
A miocardite aparece mais frequentemente após infecções. Pode ser uma complicação dos quadros mais comuns de gripe até de infecções relacionadas ao coração, como febre reumática e doença de Chagas.
Os vírus são os microrganismos mais envolvidos nos quadros desta doença, destacando-se entre eles os enterovírus e mais recentemente o perigoso COVID-19. Além das causas infecciosas, que são as mais comuns, a miocardite também pode ocorrer por doenças autoimunes em que o nosso sistema imunológico, que é nosso sistema de defesa, passa a atacar o próprio corpo.
O sintoma mais comum é dor no peito e em alguns casos pode ocorrer febre. Raramente, apenas em casos severos, pode ocorrer arritmia no coração, falta de ar, inchaço nas pernas e, na pior da hipóteses, a morte.
O diagnóstico depende do conjunto de sintomas, do exame físico com a ausculta cardíaca que pode revelar arritmias ou sopros no coração e da avaliação detalhada da história do indivíduo.
De qualquer forma, a confirmação depende da realização de alguns exames laboratoriais e do eletrocardiograma. Exames de imagem do coração, como o ecocardiograma, a ressonância nuclear magnética e a cintilografia, também podem ser usados para avaliar a forma e o funcionamento do órgão.
O objetivo do tratamento é atenuar os sintomas, eliminar a inflamação e tratar os danos causados à função do coração, quando presentes.
Medidas simples: durma bem, boa alimentação, evite uso exagerado de antibióticos, antiparasitários e antifúngicos e sempre que possível avaliação médica regular e é claro, se tiver os sintomas que foram apresentados, não deixe de procurar um médico, de preferência um cardiologista.
Para saber mais, assista ao vídeo no canal Dr. Ajuda.
Neste mês, o humorista Renato Aragão foi internado por causa de um Acidente Isquêmico Transitório (AIT), que é a obstrução das artérias que recebem o nome de carótidas, e são as principais fontes de fluxo sanguíneo para o cérebro. Essa obstrução também é uma das principais causas do Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Para entender mais sobre o assunto e as diferenças entre o AIT e o AVC, o Portal Brasil 61 conversou com o cirurgião vascular Marco Lourenço. Além disso, o médico explicou quais são os fatores de risco para essas condições e como prevenir esses problemas.
Brasil 61: Quais são os principais fatores de risco para a obstrução das carótidas?
Marco Lourenço: “Esse entupimento é devido a uma esclerose, um envelhecimento da circulação. É claro que alguns fatores aceleram esse envelhecimento, como o cigarro, a bebida em exagero, o sedentarismo, a obesidade, diabetes, pressão alta, colesterol alto. Todos esses são fatores que acabam acelerando esse processo de envelhecimento da circulação e levando a essas formações de placas, de esclerose na parede das artérias, levando ao entupimento delas.”
Brasil 61: Quais os principais sintomas dessa obstrução?
Marco Lourenço: “No caso das carótidas, muitas vezes, na maioria das vezes, não tem sintoma nenhum. Percebe-se com avaliação, com o cardiologista, com o clínico geral ou cirurgião vascular. Então é detectado muitas vezes através de um exame.”
Brasil 61: Qual a diferença entre o AIT e o AVC?
Marco Lourenço: “O Acidente Isquêmico Transitório (AIT), que o Renato Aragão teve, é uma ameaça de derrame, falando popularmente. Então ocorre um pequeno entupimento de alguma circulação no cérebro. Essa condição causa alguns sintomas, dependendo da área que ocorre isso e, normalmente, a pessoa acaba se recuperando em 24 horas. O AVC já é a instalação do derrame, da falta de circulação e a região atingida é comprometida no cérebro. Isso leva a sintomas que não revertem em 24 horas, permanecem por um tempo. Às vezes se consegue uma recuperação com tratamentos, com fisioterapia e uma série de outros procedimentos.”
Brasil 61: Essas condições tendem a se concentrar em uma faixa etária específica?
Marco Lourenço: “Isso normalmente ocorre a partir dos 60 anos, no pessoal de mais idade. É difícil acontecer precocemente, mas pode acontecer devido aos hábitos alimentares, aos hábitos de vida, e devido também à questão genética. Existem pessoas com alto grau de colesterol, que influencia na formação desses estreitamentos e às vezes isso pode ocorrer precocemente, em idades inferiores. Mas o normal é que ocorra tardiamente, na terceira idade.”
Brasil 61: Há algo que se possa fazer para prevenir?
Marco Lourenço: “Existe toda uma orientação, principalmente cuidar do nosso corpo. O cuidado que é praticar atividade física constante, ter hábitos alimentares saudáveis, evitar o tabagismo, evitar o excesso de álcool, controlar o colesterol, controlar diabetes (se houver), controlar a pressão alta (se houver) e, principalmente, uma avaliação precoce do médico, uma ida ao consultório regularmente para avaliação dessas questões. Com isso a gente consegue reduzir a incidência desses problemas vasculares.”
Confira a entrevista completa: