Ucrânia

31/01/2023 13:30h

Especialistas apontam alta do dólar e aumento da demanda por produtos agrícolas como responsáveis por superávit, mas produção sofre com preço dos fertilizantes

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O presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou o envio de 31 tanques de guerra para uso dos militares ucranianos no conflito contra a Rússia. O comunicado foi feito na última quinta-feira (26) na Casa Branca, dois dias depois da data que marcou 11 meses do início do embate.

Na ocasião, Biden garantiu que a medida não se trata de uma ameaça contra o presidente russo, Vladimir Putin. “O anúncio de hoje agrega no árduo trabalho e compromisso dos países, liderados pelos Estados Unidos, para ajudar a Ucrânia a defender sua soberania e território. É disso que se trata: ajudar a Ucrânia a defender e proteger o território ucraniano”, afirmou o chefe de Estado.

Com a escalada das tensões, o cenário mundial fica mais incerto, o que inclui o Brasil. “Indiretamente, o Brasil acaba também sendo afetado, porque você reduz as relações comerciais entre Brasil e Europa, você provocou uma inflação maior no mundo, o próprio mercado americano trabalhou a política monetária subindo a taxa de juros, isso afetou o preço do dólar também”, comenta o professor e economista Cesar Bergo.

Acontece que o impacto no mercado brasileiro foi positivo. Segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE), a balança comercial do país fechou o ano de 2022 com um superávit – isto é, quando o valor das exportações supera o das importações – de US$ 61,8 bilhões. “A balança comercial brasileira foi beneficiada porque as commodities aumentaram de preço. O Brasil é altamente exportador não só de grãos, mas também de petróleo bruto, então afetou positivamente a economia nesse sentido”, avalia Bergo.

A análise do Ibre indica justamente que as restrições da oferta agrícola associadas à guerra na Ucrânia foram um fator preponderante para esse resultado, uma vez que elevaram os preços agrícolas. O assessor técnico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Lucas Martins, alerta que, se por um lado a demanda pelos produtos agrícolas subiu, por outro, também aumentaram os custos de produção. “Desde o início dos conflitos, em fevereiro de 2022, os fertilizantes dispararam. Os produtores rurais precisam desses insumos para garantirem a produção das lavouras e o alto custo fez com que os produtores precisassem se programar muito mais em relação ao momento de compra desses insumos e de venda da safras. A safra atual de grãos, a safra 2022-23, está sendo a safra mais cara da história. Os produtores nunca desembolsaram tanto para colocar as culturas no solo”, pondera o especialista.

Uma coisa que Bergo e Martins concordam é que a continuidade do conflito não é algo bom para nenhuma parte envolvida, seja direta ou indiretamente. Além disso, caso as tensões não diminuam, tanto o governo quanto o setor produtivo vão precisar usar a criatividade para suavizar o impacto no mercado brasileiro.

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09/03/2022 03:30h

A avaliação é da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). Os russos são os maiores exportadores do produto e a Ucrânia ocupa a quarta posição

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Nos últimos dois anos, o mercado global de trigo sofreu um sério impacto por crises climáticas nos países líderes na produção e pela pandemia da Covid-19. Agora, outra questão preocupa o setor: a guerra entre Rússia e Ucrânia. Na avaliação do presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Rubens Barbosa, é inevitável que esse conflito armado afete diretamente os preços do produto em todo o mundo.

“A desorganização daquela região já está causando um grande impacto no mercado de trigo, como vimos nas cotações. E o trigo é um dos produtos mais afetados, por causa da dependência do mercado global da produção que vem da Rússia e da Ucrânia. Na minha visão, não haverá, a curto prazo, nenhum problema de abastecimento. O que haverá é a continuidade e talvez a ampliação de aumento dos preços”, considera. 

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Os russos são os maiores exportadores do produto no planeta. Já a Ucrânia ocupa a quarta posição neste ranking. Os dois países são responsáveis por aproximadamente 30% do mercado mundial de exportação do produto, o que corresponde a 210 milhões de toneladas.

Elevação dos preços

O mercado mundial de trigo já se movimenta para elevar o preço do cereal. 
De acordo com publicação da Abitrigo, o valor do produto na Bolsa de Chicago (EUA) bateu recorde histórico de US$ 12,94 por bushel, nessa segunda-feira (7). 

O resultado é superior à cotação registrada em março de 2008, de US$ 12,83. Desde o início da guerra, houve elevação para o trigo de 46,25% em Chicago. No interior do Rio Grande do Sul, a tonelada do grão atingiu R$ 1.960. O preço se trata de um recorde, com salto de 26% em uma semana. 

Para a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Tereza Cristina, essa variação deve acompanhar a extensão do conflito. “Se a guerra acabar hoje ou amanhã, teremos um impacto. Se ela continuar por muito tempo, teremos outro impacto. Nós temos que diminuir esses impactos. Precisamos achar as alternativas de ter o fornecimento, o abastecimento. O preço dependerá do mercado. O preço do trigo subiu porque a Ucrânia é um grande produtor e influencia o mercado global”, destaca a ministra. 

Caso a guerra seja prolongada, haverá continuidade da suspensão dos embarques nos portos ucranianos e os importadores devem concentrar as demandas em outros exportadores, como Estados Unidos, Austrália, Canadá e Argentina. 
 

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