LOC: Mesmo geograficamente distante, os impactos da guerra da Rússia contra a Ucrânia vão trazer consequências que, mais cedo ou mais tarde, chegarão no bolso e na mesa dos brasileiros. O agronegócio é o mais impactado. Atualmente, o Brasil importa 90% dos fertilizantes usados em diferentes tipos de culturas agrícolas e uma parte significativa vem da região de conflitos ou passa por portos que não estão conseguindo escoar a produção.
Mauro Osaki, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP, explica que os preços dos fertilizantes no mercado externo já vinham sofrendo impacto mesmo antes da guerra. Mas ele tranquiliza que a próxima safra já tem os insumos necessários:
TEC//SONORA: Mauro Osaki, pesquisador do CEPEA/USP
“Essa safra está mais tranquila porque o adubo a gente já tinha recebido, já tinha comprado. 21/22 nós conseguimos comprar melhor. E 22/23 que é agora, que nós estamos negociando agora, né? - do final do ano passado para agora - a negociação foi… estava reclamando muito do preço, porque subiu e muito do que nós estávamos acostumados de novembro e dezembro de 2020 em relação ao que estava sendo negociado neste ano, final do ano passado, né? Bem diferente dos valores.”
LOC: Canadá, Rússia, Bielo-Rússia e China são as maiores produtoras de potássio, um insumo importante para que a planta capte a energia do solo com mais facilidade. Hoje, o Brasil já importa parte significativa do Canadá, mas cerca de 3 milhões de toneladas vinham dos países do leste europeu. Para tentar suprir essa demanda emergencial, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, terá uma reunião com os canadenses na próxima semana.
TEC/SONORA: Tereza Cristina, Ministra da Agricultura.
“Nós vamos ser independentes, nós não vamos ter autossuficiência, né? Mas mudar essa matriz. Então isso já vem sendo trabalhado pelo ministério há muito tempo. Esse plano tá pronto, né? Ele deve ser colocado, ele está hoje fazendo a revisão de todo o texto. Esse plano vai ser anunciado agora no mês de março, não sei se dia 20, dia 29, enfim, já tem uma data na Casa Civil ”
LOC: Além da busca de novos parceiros, entre as alternativas para essa maior independência estão a exploração de sais e minerais em território nacional, a ampliação do uso de tecnologias alternativas que não demandem o uso de potássio, fosfatados e nitrogenados no preparo do solo. O detalhamento dessas estratégias para garantir a produtividade do agro brasileiro será feito ainda em março, segundo a ministra.
Reportagem, Angélica Cordova