Sérgio Moro

24/03/2021 17:00h

A decisão anula todo o processo do caso triplex, que havia condenado Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, logo, as investigações devem ser retomadas do zero

Baixar áudio

A 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por maioria, que o ex-juiz Sergio Moro foi parcial na condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do triplex no Guarujá, no âmbito da Operação Lava Jato. Foram três votos a dois. O voto decisivo foi da ministra Cármen Lúcia, que havia se posicionado contra em 2018. 

O julgamento estava empatado, com dois votos contra, do ministro e relator do caso, Edson Fachin e da ministra Cármen Lúcia, e dois pela parcialidade do magistrado, dos ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Após o voto contrário do ministro Nunes Marques, Cármen Lúcia mudou seu voto e reconheceu a suspeição de Moro.

Entenda a decisão que anulou as condenações de Lula e o que deve acontecer a partir de agora

Fachin anula processos contra Lula e petista volta a ficar elegível

A decisão anula todo o processo do caso triplex, que havia condenado Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, logo, as investigações devem ser retomadas do zero. Entretanto, a anulação vale apenas para esse processo, os demais processos da Lava-Jato julgados por Moro só serão revistos caso os réus acionem a justiça para isso.

Em nota, o ex-juiz Sergio Moro ressaltou que a Operação Lava Jato foi um marco no combate à corrupção e que todos os acusados foram tratados nos processos e julgamentos com o devido respeito e imparcialidade. Sem qualquer animosidade de sua parte, ele declarou ter absoluta tranquilidade em relação aos acertos de duas decisões. Moro disse ainda que o Brasil não pode retroceder e destruir o passado recente de combate à corrupção e à impunidade.

Copiar textoCopiar o texto
10/03/2021 00:00h

Juristas dividem opiniões sobre o assunto

Baixar áudioBaixar áudio

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, anulou nesta segunda-feira (8), todas as condenações impostas pela Justiça Federal do Paraná ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no âmbito da Operação Lava Jato. A anulação vale nos casos do triplex do Guarujá, do sítio de Atibaia e das doações ao Instituto Lula. Com a decisão, o ex-presidente recuperou os direitos políticos e se tornou elegível.
 
Segundo Fachin, a 13ª Vara Federal de Curitiba seria “incompetente” para tocar os processos. Ele entendeu que não há relação entre os desvios praticados na Petrobras, investigados na Lava Jato, e as irregularidades atribuídas a Lula. 

A decisão de Fachin não torna o ex-presidente inocente, mas considerou que o ex-juiz federal Sérgio Moro e a juíza federal Gabriela Hardt, que o substituiu em seguida, não poderiam julgá-lo nesses três casos específicos. Por isso a sentença dada no Paraná seria irregular e invalidada.

Fachin anula processos contra Lula e petista volta a ficar elegível

Petrobras já recuperou mais de R$ 4,5 bi por meio de acordos de leniência e delações premiadas
 
O especialista em Advocacia Estratégica, Luís Maximiliano Telesca, acredita que a decisão do ministro Fachin está correta. “Se o plenário do STF falou que os casos de corrupção na Petrobras são investigados em Curitiba ok, mas aqueles que não tem conexão direta com a Petrobras não tem que ser julgados lá”, afirmou.
 
Segundo o ministro, outros casos de agentes políticos denunciados em circunstâncias semelhantes às de Lula, a 2ª Turma do Supremo já vinha transferindo esses processos para a Justiça Federal do Distrito Federal.
 
O advogado criminalista do escritório Marcílio e Zardi Advogados, Leandro Pachani, considerou a decisão do ministro estratégica. “Por mais que se reconheça a incompetência, é fundamental que não se deixe de lado a suspensão, sobretudo pela lógica que está sendo demonstrada através dos diálogos que foram captados pela Operação Spoofing”, afirmou. 
 
A operação investiga as invasões às contas de Telegram de autoridades brasileiras e de pessoas relacionadas à operação Lava Jato. Para o advogado, o ministro teria se antecipado ao julgamento da parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro.

O que deve acontecer agora?

A decisão não zera o jogo, os processos contra Lula serão entregues à seção judiciária federal do Distrito Federal para uma reanálise. Lá, será feito um sorteio para ver quem herdará o julgamento e esses juízes poderão decidir se os atos realizados nos quatro processos são válidos ou se terão de ser refeitos.
 
Fachin anulou também o recebimento das denúncias feitas pelo Ministério Público Federal (MPF) contra Lula, e o ex-presidente deixou assim de ser réu nos processos. O novo juiz dos casos pode até rejeitar as denúncias do MPF e absolver Lula sumariamente. No entanto, a Procuradoria Geral da República (PGR) já anunciou que recorrerá à anulação. 
 
Considerando as circunstâncias judiciais, especialmente a discussão sobre a questão da prorrogação ou não da competência, é provável que a matéria seja revista. Especialmente no que se refere na discussão de perda de objeto das questões sensíveis, como a alegação de suspensão do ex-juiz. Mas segundo os analistas, a tendência pela matemática histórica das votações é de que a decisão seja confirmada.
 
Segundo o advogado criminalista do escritório Marcílio e Zardi Advogados, Leandro Pachani, a decisão não deve anular outros processos no âmbito da operação Lava Jato. “Como a decisão é específica para a questão da competência territorial da 13ª vara, nos parece que a decisão do ministro Fachin somente tem efeito nessas quatro ações”, explicou.
 
Apesar de se tratar de uma decisão específica, o especialista em Advocacia Estratégica, Luís Maximiliano Telesca, acredita que a decisão foi um divisor de águas, que pode sim fazer com que outros processos não relacionados à Petrobras e julgados em Curitiba sejam reavaliados. 
 
A decisão jurídica influenciou o cenário político que deve ter grandes desdobramentos na próxima eleição, como destacou o cientista político Mestre em Ação Política, Márcio Coimbra. “A volta do ex-presidente Lula para o cenário eleitoral pode trazer muitas mudanças significativas para o quadro sucessório em 2022. O cenário muda completamente e nós vamos ter um ano com muitas disputas políticas e jurídicas, o que vai desembocar provavelmente em uma eleição polarizada”, disse.

Copiar textoCopiar o texto
08/03/2021 18:00h

Ministro considerou a Justiça Federal do Paraná “incompetente” para tocar os processos nos casos do triplex do Guarujá, do sítio de Atibaia e das doações ao Instituto Lula

Baixar áudio

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin anulou todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relacionadas às investigações da Operação Lava Jato. Com a decisão, o ex-presidente recupera os direitos políticos e volta a ser elegível.

Ao decidir sobre o pedido de habeas corpus da defesa de Lula impetrado em novembro do ano passado, Fachin considerou a Justiça Federal do Paraná “incompetente” para tocar os processos nos casos do triplex do Guarujá, do sítio de Atibaia e das doações ao Instituto Lula. Segundo o ministro, o ex-juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, não era o "juiz natural" dos casos.

Petrobras já recuperou mais de R$ 4,5 bi por meio de acordos de leniência e delações premiadas

Fachin rejeita pedido para suspender processo do caso Instituto Lula

Agora, os processos serão analisados pela Justiça Federal do Distrito Federal, que decidirá se os atos realizados nos processos envolvendo Lula podem ser validados ou reaproveitados.

 

Copiar textoCopiar o texto